Excesso de capacidade mundial de produção de aço e
incertezas no Brasil desafiam a maior empresa do sul
Por Marcos Graciani
graciani@amanha.com.br
Geralmente
as audioconferências do Grupo Gerdau com a imprensa costumam durar até uma
hora, no máximo, ou até mais. Porém, a sessão realizada nesta quarta-feira (6)
para apresentar os resultados do primeiro trimestre foi marcada pela brevidade.
Em praticamente meia hora, o diretor-presidente, André Gerdau Johannpeter, e o
vice-presidente executivo de finanças e controladoria, André Pires de Oliveira
Dias, traçaram um quadro de desafios para a maior empresa do sul, de acordo com
o ranking GRANDES & LÍDERES – 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ em
conjunto com a PwC. A conferência, enxuta, está em linha com o ritmo dos
negócios. Ao longo do trimestre, todos os mercados atendidos pela empresa
apresentaram redução de vendas. Já a receita líquida, de R$ 10,4 bilhões,
apresentou estabilidade perante o mesmo período do ano anterior. E o lucro
encolheu de R$ 440 milhões no primeiro trimestre de 2014 para R$ 267 milhões,
em razão do menor resultado operacional e do maior resultado negativo em
operações financeiras (veja os principais indicadores na tabela abaixo).
Enquanto
o PIB mundial deve crescer 3,5%, o consumo de aço não avançará mais que 0,5%.
“O que tem nos preocupado é a exportação muito grande que chega da China somado
ao baixo consumo aparente. O cenário é bem desafiador”, revela Johannpeter. Até
março, desembarcaram 4,4 milhões de toneladas de aço do gigante asiático na
América Latina, volume 32% maior que o de igual período do ano passado. A
desaceleração na China, a retração na Rússia e a demanda estável nos Estados
Unidos estão fazendo com que o grupo seja cauteloso em fazer qualquer
prognóstico de curto ou médio prazos. No entanto, o que se pode dizer é que a
perspectiva de redução no consumo de aço no Brasil deve ser de 7,8% em relação
a 2014.
No segmento
de aços especiais, a companhia vê expansão moderada da demanda nos Estados
Unidos e perspectiva de evolução dos mercados da Europa e Índia. Por outro
lado, a indústria automotiva brasileira segue enfrentando queda nos volumes de
vendas e produção. E a crise deve se intensificar. Até abril, por exemplo,
cerca de 250 concessionárias fecharam as portas no Brasil, o que representou um
corte de 12 mil empregos. Hoje, a capacidade utilizada de produção na Gerdau em
aços especiais é de cerca de 65%. “Para os próximos meses, seguiremos, com
cautela, acompanhando a evolução dos mercados em um cenário de excesso de
capacidade instalada mundial e de incertezas econômicas no Brasil. Reforço
nossa confiança na flexibilidade de nossas operações, fatores essenciais para
sairmos desse cenário desafiador ainda mais fortalecidos”, espera Johannpeter.
O ajuste da produção à demanda é constante e vem sendo realizado desde o ano
passado, quando a companhia fechou a fábrica de Curitiba e suspendeu a produção
de aço e laminados na unidade de Araucária.
Zelotes
Quando
perguntado sobre a Operação Zelotes — que investiga supostos crimes cometidos
no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), André Dias respondeu
dizendo que até o momento a Gerdau não foi contatada por nenhuma autoridade
pública a respeito do assunto. Dias afirmou ainda que a empresa possui
rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos.
A posição de Dias reflete o mesmo teor do comunicado enviado à Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) no dia 8 de abril deste ano.
1T15
|
1T14
|
Variação
|
|
Vendas
físicas (Mil toneladas)
|
4,143
|
4,387
|
-5,6%
|
Receita
líquida (R$ milhões)
|
10,447
|
10,554
|
-1%
|
Ebitda
(R$ milhões)
|
1,089
|
1,196
|
-8,9%
|
Margem
Ebitda (%)
|
10,4%
|
11,3%
|
-
|
Lucro
líquido (R$ milhões)
|
267
|
440
|
-39,3%
|
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Gerdau vê cenário “bem desafiador”
Excesso de capacidade mundial de produção de aço e incertezas no Brasil desafiam a maior empresa do sul
Geralmente as audioconferências do Grupo Gerdau com a imprensa
costumam durar até uma hora, no máximo, ou até mais. Porém, a sessão
realizada nesta quarta-feira (6) para apresentar os resultados do
primeiro trimestre foi marcada pela brevidade. Em praticamente meia
hora, o diretor-presidente, André Gerdau Johannpeter, e o
vice-presidente executivo de finanças e controladoria, André Pires de
Oliveira Dias, traçaram um quadro de desafios para a maior empresa do
sul, de acordo com o ranking GRANDES & LÍDERES – 500 MAIORES DO SUL,
publicado por AMANHÃ em conjunto com a PwC. A conferência, enxuta, está
em linha com o ritmo dos negócios. Ao longo do trimestre, todos os
mercados atendidos pela empresa apresentaram redução de vendas. Já a
receita líquida, de R$ 10,4 bilhões, apresentou estabilidade perante o
mesmo período do ano anterior. E o lucro encolheu de R$ 440 milhões no
primeiro trimestre de 2014 para R$ 267 milhões, em razão do menor
resultado operacional e do maior resultado negativo em operações
financeiras (veja os principais indicadores na tabela abaixo).
Enquanto o PIB mundial deve crescer 3,5%, o consumo de aço não avançará mais que 0,5%. “O que tem nos preocupado é a exportação muito grande que chega da China somado ao baixo consumo aparente. O cenário é bem desafiador”, revela Johannpeter. Até março, desembarcaram 4,4 milhões de toneladas de aço do gigante asiático na América Latina, volume 32% maior que o de igual período do ano passado. A desaceleração na China, a retração na Rússia e a demanda estável nos Estados Unidos estão fazendo com que o grupo seja cauteloso em fazer qualquer prognóstico de curto ou médio prazos. No entanto, o que se pode dizer é que a perspectiva de redução no consumo de aço no Brasil deve ser de 7,8% em relação a 2014.
No segmento de aços especiais, a companhia vê expansão moderada da demanda nos Estados Unidos e perspectiva de evolução dos mercados da Europa e Índia. Por outro lado, a indústria automotiva brasileira segue enfrentando queda nos volumes de vendas e produção. E a crise deve se intensificar. Até abril, por exemplo, cerca de 250 concessionárias fecharam as portas no Brasil, o que representou um corte de 12 mil empregos. Hoje, a capacidade utilizada de produção na Gerdau em aços especiais é de cerca de 65%. “Para os próximos meses, seguiremos, com cautela, acompanhando a evolução dos mercados em um cenário de excesso de capacidade instalada mundial e de incertezas econômicas no Brasil. Reforço nossa confiança na flexibilidade de nossas operações, fatores essenciais para sairmos desse cenário desafiador ainda mais fortalecidos”, espera Johannpeter. O ajuste da produção à demanda é constante e vem sendo realizado desde o ano passado, quando a companhia fechou a fábrica de Curitiba e suspendeu a produção de aço e laminados na unidade de Araucária.
ZelotesQuando perguntado sobre a Operação Zelotes — que investiga supostos crimes cometidos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), André Dias respondeu dizendo que até o momento a Gerdau não foi contatada por nenhuma autoridade pública a respeito do assunto. Dias afirmou ainda que a empresa possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos. A posição de Dias reflete o mesmo teor do comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no dia 8 de abril deste ano.
- See more at: http://www.amanha.com.br/posts/view/385#sthash.EHxjnayP.dpufEnquanto o PIB mundial deve crescer 3,5%, o consumo de aço não avançará mais que 0,5%. “O que tem nos preocupado é a exportação muito grande que chega da China somado ao baixo consumo aparente. O cenário é bem desafiador”, revela Johannpeter. Até março, desembarcaram 4,4 milhões de toneladas de aço do gigante asiático na América Latina, volume 32% maior que o de igual período do ano passado. A desaceleração na China, a retração na Rússia e a demanda estável nos Estados Unidos estão fazendo com que o grupo seja cauteloso em fazer qualquer prognóstico de curto ou médio prazos. No entanto, o que se pode dizer é que a perspectiva de redução no consumo de aço no Brasil deve ser de 7,8% em relação a 2014.
No segmento de aços especiais, a companhia vê expansão moderada da demanda nos Estados Unidos e perspectiva de evolução dos mercados da Europa e Índia. Por outro lado, a indústria automotiva brasileira segue enfrentando queda nos volumes de vendas e produção. E a crise deve se intensificar. Até abril, por exemplo, cerca de 250 concessionárias fecharam as portas no Brasil, o que representou um corte de 12 mil empregos. Hoje, a capacidade utilizada de produção na Gerdau em aços especiais é de cerca de 65%. “Para os próximos meses, seguiremos, com cautela, acompanhando a evolução dos mercados em um cenário de excesso de capacidade instalada mundial e de incertezas econômicas no Brasil. Reforço nossa confiança na flexibilidade de nossas operações, fatores essenciais para sairmos desse cenário desafiador ainda mais fortalecidos”, espera Johannpeter. O ajuste da produção à demanda é constante e vem sendo realizado desde o ano passado, quando a companhia fechou a fábrica de Curitiba e suspendeu a produção de aço e laminados na unidade de Araucária.
ZelotesQuando perguntado sobre a Operação Zelotes — que investiga supostos crimes cometidos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), André Dias respondeu dizendo que até o momento a Gerdau não foi contatada por nenhuma autoridade pública a respeito do assunto. Dias afirmou ainda que a empresa possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos. A posição de Dias reflete o mesmo teor do comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no dia 8 de abril deste ano.
1T15 | 1T14 | Variação | |
Vendas físicas (Mil toneladas) | 4,143 | 4,387 | -5,6% |
Receita líquida (R$ milhões) | 10,447 | 10,554 | -1% |
Ebitda (R$ milhões) | 1,089 | 1,196 | -8,9% |
Margem Ebitda (%) | 10,4% | 11,3% | - |
Lucro líquido (R$ milhões) | 267 | 440 | -39,3% |
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