Milton Pomar analisa vantagens dos acordos entres
os países
Por Milton Pomar
Perguntaram-me
o que é que a China ganha(rá) com esses acordos e negócios realizados com o
Brasil, durante a visita da comitiva do primeiro-ministro chinês, na semana de
19 de maio. É fácil saber: basta olhar da China para o Brasil.
Os dois
países possuem quase a mesma área (a China tem um milhão de quilômetros quadrados
a mais). Mas enquanto os chineses caminham para reduzir a sua área agricultável
para menos de 100 milhões de hectares - abaixo do limite mínimo, de 125 milhões
de hectares -, o Brasil possui quase três vezes isso em stand-by.
Na água,
a situação não é diferente. Com 20% da população mundial, a China possui apenas
6% da água doce do planeta. Em compensação, o Brasil tem algo entre 12% e 14%
da água do mundo, e uma população que representa 3% do total.
Portanto,
no básico, que continua sendo água e comida, somos um parceiro e tanto.
Essas
"vantagens comparativas" brasileiras ocorrem também em outras áreas,
das energias alternativas (etanol, solar, eólica, biomassa em geral) ao
petróleo velho de guerra – um ponto sensível para a China, que produz apenas metade
da montanha que consome diariamente, com sua frota de 80 milhões de veículos.
Hoje a China é o país que mais importa petróleo no mundo. Está, portanto, em
extrema vulnerabilidade - condição que abomina para si - e justo em
energia!
Como
olham sempre muitos anos à frente, os chineses investem aqui, hoje, de olho em
2020, quando o Brasil deverá atingir a posição prevista de 6º maior exportador
mundial de petróleo.
Resumindo:
no essencial – energia, água e comida – precisamos do suficiente para apenas 200
milhões de pessoas. Já a China precisa destes insumos para atender a uma
população sete vezes maior. Se faltar esse básico, era uma vez a maior economia
do mundo, e também o regime político que já dura 65 anos.
Mas a
conta não para aí. Há muito mais em jogo para os interesses brasileiros,
considerando a demanda chinesa por nióbio, ferro, celulose, aviões para a
aviação regional, e... a condição de ser o primeiro, segundo, terceiro, quarto
e quinto maior mercado consumidor do mundo para muitos produtos importantes. E
do ponto de vista de suas dimensões esse mercadão é único no mundo para tudo o
que diga respeito a ferrovias, por exemplo. Enquanto a China possui mais de 100
mil quilômetros de ferrovias, o Brasil tem 40% disso, o que pressupõe que
dobrará a quantidade, pelo menos, nos próximos dez anos.
Por isso,
por tudo isso, para a China é um baita negócio vender para o Brasil, investir
no Brasil, comprar do Brasil. E se aproximar cada vez mais, estabelecer
cooperação em vários setores, da Cultura aos Esportes, passando pelas áreas
educacional, esportiva, agrícola, de ciência e tecnologia etc., etc.
Há ainda
a necessidade chinesa de investir em ativos, ao invés de continuar com a maior
reserva cambial do mundo, de quase 3,5 trilhões de dólares. Entre outras
coisas, porque todo esse dinheiro papel pode virar pó, deixando a China com o
maior mico da história mundial...
Detalhe:
a relação continua sendo muito mais da China para o Brasil, do que daqui para
lá, infelizmente.
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http://www.amanha.com.br/posts/view/477#sthash.S8bZrMQM.dpuf
O que a China ganha com o Brasil?
Milton Pomar analisa vantagens dos acordos entres os países
Perguntaram-me o que é que a China ganha(rá) com esses acordos e
negócios realizados com o Brasil, durante a visita da comitiva do
primeiro-ministro chinês, na semana de 19 de maio. É fácil saber: basta
olhar da China para o Brasil.
Os dois países possuem quase a mesma área (a China tem um milhão de quilômetros quadrados a mais). Mas enquanto os chineses caminham para reduzir a sua área agricultável para menos de 100 milhões de hectares - abaixo do limite mínimo, de 125 milhões de hectares -, o Brasil possui quase três vezes isso em stand-by.
Na água, a situação não é diferente. Com 20% da população mundial, a China possui apenas 6% da água doce do planeta. Em compensação, o Brasil tem algo entre 12% e 14% da água do mundo, e uma população que representa 3% do total.
Portanto, no básico, que continua sendo água e comida, somos um parceiro e tanto.
Essas "vantagens comparativas" brasileiras ocorrem também em outras áreas, das energias alternativas (etanol, solar, eólica, biomassa em geral) ao petróleo velho de guerra – um ponto sensível para a China, que produz apenas metade da montanha que consome diariamente, com sua frota de 80 milhões de veículos. Hoje a China é o país que mais importa petróleo no mundo. Está, portanto, em extrema vulnerabilidade - condição que abomina para si - e justo em energia!
Como olham sempre muitos anos à frente, os chineses investem aqui, hoje, de olho em 2020, quando o Brasil deverá atingir a posição prevista de 6º maior exportador mundial de petróleo.
Resumindo: no essencial – energia, água e comida – precisamos do suficiente para apenas 200 milhões de pessoas. Já a China precisa destes insumos para atender a uma população sete vezes maior. Se faltar esse básico, era uma vez a maior economia do mundo, e também o regime político que já dura 65 anos.
Mas a conta não para aí. Há muito mais em jogo para os interesses brasileiros, considerando a demanda chinesa por nióbio, ferro, celulose, aviões para a aviação regional, e... a condição de ser o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto maior mercado consumidor do mundo para muitos produtos importantes. E do ponto de vista de suas dimensões esse mercadão é único no mundo para tudo o que diga respeito a ferrovias, por exemplo. Enquanto a China possui mais de 100 mil quilômetros de ferrovias, o Brasil tem 40% disso, o que pressupõe que dobrará a quantidade, pelo menos, nos próximos dez anos.
Por isso, por tudo isso, para a China é um baita negócio vender para o Brasil, investir no Brasil, comprar do Brasil. E se aproximar cada vez mais, estabelecer cooperação em vários setores, da Cultura aos Esportes, passando pelas áreas educacional, esportiva, agrícola, de ciência e tecnologia etc., etc.
Há ainda a necessidade chinesa de investir em ativos, ao invés de continuar com a maior reserva cambial do mundo, de quase 3,5 trilhões de dólares. Entre outras coisas, porque todo esse dinheiro papel pode virar pó, deixando a China com o maior mico da história mundial...
Detalhe: a relação continua sendo muito mais da China para o Brasil, do que daqui para lá, infelizmente.
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Na água, a situação não é diferente. Com 20% da população mundial, a China possui apenas 6% da água doce do planeta. Em compensação, o Brasil tem algo entre 12% e 14% da água do mundo, e uma população que representa 3% do total.
Portanto, no básico, que continua sendo água e comida, somos um parceiro e tanto.
Essas "vantagens comparativas" brasileiras ocorrem também em outras áreas, das energias alternativas (etanol, solar, eólica, biomassa em geral) ao petróleo velho de guerra – um ponto sensível para a China, que produz apenas metade da montanha que consome diariamente, com sua frota de 80 milhões de veículos. Hoje a China é o país que mais importa petróleo no mundo. Está, portanto, em extrema vulnerabilidade - condição que abomina para si - e justo em energia!
Como olham sempre muitos anos à frente, os chineses investem aqui, hoje, de olho em 2020, quando o Brasil deverá atingir a posição prevista de 6º maior exportador mundial de petróleo.
Resumindo: no essencial – energia, água e comida – precisamos do suficiente para apenas 200 milhões de pessoas. Já a China precisa destes insumos para atender a uma população sete vezes maior. Se faltar esse básico, era uma vez a maior economia do mundo, e também o regime político que já dura 65 anos.
Mas a conta não para aí. Há muito mais em jogo para os interesses brasileiros, considerando a demanda chinesa por nióbio, ferro, celulose, aviões para a aviação regional, e... a condição de ser o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto maior mercado consumidor do mundo para muitos produtos importantes. E do ponto de vista de suas dimensões esse mercadão é único no mundo para tudo o que diga respeito a ferrovias, por exemplo. Enquanto a China possui mais de 100 mil quilômetros de ferrovias, o Brasil tem 40% disso, o que pressupõe que dobrará a quantidade, pelo menos, nos próximos dez anos.
Por isso, por tudo isso, para a China é um baita negócio vender para o Brasil, investir no Brasil, comprar do Brasil. E se aproximar cada vez mais, estabelecer cooperação em vários setores, da Cultura aos Esportes, passando pelas áreas educacional, esportiva, agrícola, de ciência e tecnologia etc., etc.
Há ainda a necessidade chinesa de investir em ativos, ao invés de continuar com a maior reserva cambial do mundo, de quase 3,5 trilhões de dólares. Entre outras coisas, porque todo esse dinheiro papel pode virar pó, deixando a China com o maior mico da história mundial...
Detalhe: a relação continua sendo muito mais da China para o Brasil, do que daqui para lá, infelizmente.
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