quarta-feira, 20 de maio de 2015

O que você pode aprender sobre carreira com Mad Men


Hoje vai ao ar o último episódio da série Mad Men, exibida no Brasil pelo canal de TV a cabo HBO. Ele vai mostrar qual será o desfecho dos profissionais da agência de publicidade Sterling Cooper & Partners, na qual os personagens trabalharam por sete anos. 

Ambientada na Nova York dos anos 60, Mad Men acompanha a vida e a carreira de Don Draper (Jon Hamm), um diretor de criação brilhante e admirado que sofre com problemas de identidade, com a perda do vigor criativo causada pelo alcoolismo e com a sensação de que é inadequado a seu tempo. Não à toa, seu drinque favorito é o old fashioned. Enquanto retrata o estilo de vida de uma época romântica da publicidade, a  série expõe dilemas de carreira que continuam bastante atuais: jogadas sujas, ambição, frustração e disputas pelo poder. Descubra a seguir o que trazer da ficção para a vida real.

Recomeços:

Por Don Draper

A CENA: Don descobre que a agência será vendida para uma concorrente grande, a McCann — que tem uma cultura completamente diferente. Preocupado, ele divide a informação com os sócios e faz uma proposta ousada: todos serem demitidos, comprarem a empresa novamente e começarem tudo do zero. 

A LIÇÃO: diante de uma situação de perda grande, arriscar se torna uma oportunidade mais viável. Mas correr riscos demanda planejamento. “A melhor maneira é ter bem claro aonde se quer chegar e fazer escolhas de acordo com esse objetivo maior”, diz Gilberto Guimarães, professor de liderança da Business School São Paulo. A partir daí, é hora de encontrar aliados para aconselharem e até se unirem a você na estratégia. “Use sua rede para pensar bem sobre o novo caminho”, diz Beth Zorzi, da Quota Mais, consultoria de carreira de São Paulo.

Negociar uma promoção

Por Pete Campbell

A CENA: Pete (Vincent Kartheiser) é um dos personagens mais ambiciosos de Mad Men e logo consegue ser promovido a chefe de atendimento. A promoção é feita no meio da fusão da empresa, época em que todos que eram chamados à sala da diretoria temiam ser demitidos. Embora saiba exatamente o que quer, Pete trava e não consegue negociar os termos da promoção — não pergunta nem sobre salário nem sobre atribuições. Só depois descobre que terá de dividir o cargo com seu colega Ken Cosgrove, o que o deixa furioso. 

A LIÇÃO: por mais inseguro que esteja, na hora de uma promoção é necessário falar tanto quanto ouvir. “Descubra quais serão as novas funções e se haverá um aumento”, diz Gilberto, da BSP. E, se algo estiver fora do esperado, será o momento de negociar. Pense sobre os objetivos de carreira para estar preparado para uma conversa crítica. 

Mudar de emprego

Por Peggy Olson

A CENA: profissional em ascensão, Peggy (Elisabeth Moss) é uma das redatoras mais talentosas da Sterling Cooper. Seu chefe, Don, sabe disso. Mas a deixa de lado no projeto mais importante da agência, embora ela fique responsável por quase todas as outras contas. A falta de reconhecimento e a pouca mobilidade na hierarquia causam descontentamento e Peggy decide descobrir se é valorizada fora da empresa — e obtém uma ótima proposta de emprego.

A LIÇÃO: a falta de motivação é o que faz com que a personagem repense sua trajetória, algo que costuma ocorrer com a maioria dos profissionais. Nesse momento, é importante pensar sobre os motivos do desânimo para ter certeza de que trocar de emprego é mesmo a melhor opção. “Os sinais estão sempre presentes. Podem ser uma sensação de estagnação ou de incompatibilidade com o chefe ou com a empresa”, diz Beth, da Quota Mais. Fique atento para descobrir se há chance de trabalhar em um local que seja mais alinhado com seu momento de carreira.

Assédio

Por Joan Holloway

A CENA: a gerente administrativa Joan (Christina Hendricks) é assediada por um cliente que diz que fecharia negócio com a agência se passasse uma noite com ela. Depois de pensar muito, ela diz que cederia caso se tornasse sócia. Diante da concordância dos publicitários, Joan se torna acionista, mas convive com a sombra de que nunca será respeitada por sua capacidade.
A LIÇÃO: a ficção cria uma situação de dubiedade moral insolúvel: Joan é vítima, mas se beneficia financeiramente. E depois é assombrada pela humilhação da proposta e pela desconfiança de que nunca chegaria à diretoria apenas por seus méritos. “Em momentos de dilemas éticos, pense sobre seus valores e se posicione dentro do que acredita”, diz Beth, da Quota Mais. 

Descontrole

por Lane Pryce

CENA: inglês, Lane (Jared Harris) chega à agência com a primeira fusão da Sterling Cooper e, depois da manobra de Don para comprar a empresa de volta, torna-se um dos sócios e diretor financeiro. O problema é que todos os seus investimentos vão para a empresa, que, por ser muito jovem, ainda não dá lucro. Quebrado e pressionado a pagar impostos na Inglaterra, caso contrário perderá seu visto, Lane esconde o problema dos colegas e falsifica um cheque com a assinatura de Don para tentar salvar a pele, mas é descoberto.

A LIÇÃO: em momentos de crise na vida pessoal que afetem o desempenho no trabalho, não tem jeito: é preciso falar a verdade. “Ser transparente é ser ético”, diz Beth,  da Quota Mais. Procure explicar o problema e peça ajuda se necessário. Os líderes devem ser compreensivos nesse momento. Só tome cuidado para não achar que será totalmente poupado das metas e entregas depois de ter compartilhado o problema. “A compreensão é necessária, mas o chefe também tem de cobrar resultados, qualquer que seja a circunstância”, diz Beth.

Limites

por Ken Cosgrove

A CENA: responsável por atender a conta da Chevy — a mais importante da empresa, por ser da montadora GM —, Ken Cosgrove (Aaron Staton) vive em viagens entre Nova York e Detroit. Até aí, tudo bem. O problema é o tipo de atendimento que os executivos da fabricante de carros exigem. Ken é obrigado a aguentar a bebedeira alheia e a correr acima da velocidade permitida nas estradas americanas. O personagem chega ao limite quando, em uma caçada, leva um tiro no olho. Casado e com um filho para nascer, ele percebe que o esforço não vale a pena e que prefere ser visto como uma “piada da publicidade”, nas palavras de um colega, a continuar com a conta.

A LIÇÃO: ninguém precisa chegar ao limite como Ken, mas, quando o trabalho prejudica a vida pessoal, é o momento de pensar sobre quais são as prioridades e fazer ajustes na carreira. “Somos os mesmos em casa e no trabalho. O importante é encontrar o ponto de equilíbrio e ver que ações são adequadas ou inadequadas em cada momento da vida”, diz Gilberto, da BSP.

Atualização

por Harry Crane

A CENA: Harry (Rich Sommer) tem facilidade em entender quais serão as tecnologias que mudarão o modo como a publicidade vai trabalhar. Isso ocorre duas vezes ao longo da série. Na segunda temporada, ele convence um dos sócios de que todas as agências da cidade têm um departamento de televisão e de que é importante fazer anúncios para esse meio — e se torna diretor do departamento de mídia. Na sétima temporada, nota que a informática será essencial para fazer pesquisa e é o responsável pela compra do primeiro computador da empresa.

A LIÇÃO: o mérito de Harry é estar atento às novidades do mercado e ter coragem para propor inovações, mesmo que ainda não exista uma estrutura prévia de pessoas ou equipamentos. “O profissional deve ser uma solução para as necessidades que a empresa já tem e antecipar as necessidades futuras”, diz Gilberto, da BSP.

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