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Navios descarregam no Porto de Santos
Pedro Peduzzi, da AGÊNCIA BRASIL
Brasília - A indústria naval
contabiliza uma redução de 11 mil empregos desde dezembro de 2014. As
causas são as dificuldades resultantes dos escândalos envolvendo a
Petrobras [na Operação Lava Jato] e a crise político-econômica do país.
A informação é do Sindicato da Indústria Naval Brasileira (Sinaval) e
foram apresentadas hoje (20), durante audiência pública na Câmara dos
Deputados.
De acordo com o presidente do Sinaval, Ariovaldo Santana de Rocha, não
procedem as informações de que as demissões já seriam 20 mil.
“Até o momento, foram cerca de 11 mil demissões no setor. Em dezembro
do ano passado, a indústria naval tinha 82 mil empregos diretos. Hoje,
são 71 mil. Não fossem os problemas atuais, poderíamos ter mais de 100
mil pessoas empregadas”, explicou Ariovaldo.
Ao mesmo tempo em que elogiou as iniciativas do governo para estimular o
setor, Rocha fez críticas a instituições financeiras que têm criado
dificuldades para o crédito necessário à execução dos investimentos
previstos em contratos.
“Estamos tralhando diretamente com o governo federal. No entanto,
infelizmente não temos conseguido solução para o problema de
financiamentos com o setor financeiro. A exceção é o BNDES [Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]”, disse Rocha.
Representando o BNDES, a chefe do Departamento de Gás, Petróleo e
Cadeia Produtiva do banco, Priscila Branquinho das Dores, informou que
que a instituição já desembolsou R$ 16,7 bilhões para a indústria naval.
Desse total, 54% foram destinados a embarcações de apoio, 23% para
navios petroleiros e 23% estaleiros e plataformas. “Só em 2015, já foi
desembolsado R$ 1,5 bilhão para a indústria naval”, afirmou Priscila.
Segundo Ariovaldo Rocha, os bancos demoram mais de 90 dias apenas para dar posicionamento sobre pedidos de financiamento.
"E boa parte das respostas é negativa. Em 40 dias, o BNDES consegue
informar se tocará ou não o projeto. É melhor fazer isso que ficar
sentado em cima do projeto, enrolando”, acrescentou.
Assessor do presidente e coordenador executivo do Programa de
Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural da
Petrobras, Paulo Sérgio Rodrigues Alonso esclareceu que alguns projetos
não conseguiram financiamentos em bancos públicos.
“No caso da Sete Brasil [consórcio que tem a Petrobras como sócia para
fabricação de 28 sondas], isso não foi possível, porque não conseguimos
cumprir a exigência do BNDES para mitigação de risco”.
Ele destacou que, para esse empreendimento, as dificuldades são maiores
porque a Sete Brasil tem um "modelo financeiro muito complexo". Segundo
Alonso, a Sete Brasil não está quebrada, mas “carente de solução” para a
questão financeira.
“Cada sonda é uma sociedade de propósitos específicos. Nunca havíamos
construído uma sonda no Brasil. Por isso, tínhamos de dotar o estaleiro
de estrutura. Só com a Petrobras como sócia é que os estaleiros teriam
condições de dar conta desse modelo complexo e com necessidade de
financiamento”, disse o representante da Petrobras.
“Temos de vencer a situação financeira pela qual passamos. Não é
possível um país que criou, com competência e iniciativa, esse mundo que
é a indústria naval, não conseguir equacionar questões financeiras e
técnicas para manter essa indústria, que é altamente estratégica para o
país. Em termos de soberania nacional e de reparos navais, a indústria
pode construir muito para a Petrobras e Marinha”, concluiu Paulo Sérgio
Alonso.
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