A equipe econômica já trabalha com um cenário de possibilidade de rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Moody's. Segundo edição desta quarta-feira (17) do Valor Econômico, o objetivo a partir de agora é impedir que o "downgrade" seja acompanhado de viés negativo. Em julho, o Mauro Leos, analista sênior para rating soberano na agência, desembarca no país para fazer a análise anual das finanças. Tida como a mais conservadora das três grandes agências, a Moody's foi a última a conceder o grau de investimento ao país em setembro de 2009. "O rebaixamento não deve assustar o governo. Já está na conta. A discussão agora é o viés negativo", revela uma fonte da área econômica ao jornal.
O viés negativo indica maior probabilidade de perda do grau de investimento em uma próxima avaliação. A nota brasileira pela escala da Moody's é "baa2". Caso sofra rebaixamento, cairia para "baa3", último degrau dentro do grau de investimento. A Standard & Poor's já mantém o país nesse nível, mas com perspectiva estável. Já a nota atribuída à dívida soberana pela Fitch é "BBB" com perspectiva negativa. A equipe econômica deve apresentar à Moody's todas as medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo. O desafio será mostrar que, apesar do cenário não ser tão positivo atualmente, a perspectiva é de melhora.
“O impacto da recessão nas contas públicas pode ser um ponto na avaliação da Moody's que não estava tão evidente quando a S&P e a Fitch estiveram no país no começo do ano. Sem capacidade de gerar receita e com estreito espaço para ampliar impostos e mesmo cortar ainda mais os gastos, a almejada sustentabilidade do endividamento bruto e líquido pode ser questionada”, afirma o Valor. A ação de política monetária do Banco Central (BC), de acordo com a avaliação de alguns economistas, já teria ido longe demais e que o aprofundamento da recessão, com o objetivo de levar a inflação à meta e ancorar as expectativas, começaria a gerar um elevado risco fiscal. Para esse grupo, o país entra em um ciclo vicioso no qual o baixo crescimento abala receitas, que, por sua vez, pioram o desempenho fiscal, ensejando mais contenção de gastos e que pioram a atividade.