segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Eventual união de AB InBev e SABMiller deve excluir China


Divulgação
Cerveja Stella Artois, uma das principais marcas da AB InBev
Cerveja Stella Artois, uma das principais marcas da AB InBev: a tentativa da AB InBev de abocanhar a SABMiller enfrenta dois grandes obstáculos na China
 
Adam Jourdan e Denny Thomas, da REUTERS


Xangai/Hon Kong - Um eventual casamento bem-sucedido entre as cervejarias Anheuser-Busch InBev e SABMiller vai certamente ter de ser feita sem uma das joias da coroa da SABMiller: a participação de 49 por cento da empresa na marca de cerveja mais vendida da China.

Isso vai significar que a possível megafusão vai ter de deixar de lado a enorme rede de distribuição e instalações de engarrafamento detidas pela joint venture chinesa da SAB, a CR Snow, uma plataforma que ajudaria a companhia combinada a crescer no grande mercado chinês.

A tentativa da AB InBev de abocanhar a SABMiller enfrenta dois grandes obstáculos na China, onde a SAB e sua parceira na joint venture, a China Resources Enterprises (CRE), produzem a Snow, a cerveja mais vendida no mundo em volume.
O primeiro é que a mudança no controle que será gerada pela operação provavelmente vai dar à CRE direito de comprar a participação da SAB na joint venture, uma opção que fontes em bancos de investimento afirmam que a CRE tem interesse em exercer.

O segundo é que a combinação entre AB InBev e SABMiller expandiria a participação de mercado do novo grupo na China para 37 por cento, levantando preocupações entre autoridades de defesa da concorrência no país.

Em 2008, o Ministério do Comércio da China aprovou a compra da Anheuser-Busch pela InBev por 52 bilhões de dólares, mas impediu que as duas empresas aumentassem suas participações em companhias domésticas, em um sinal de preocupação das autoridades chinesas sobre a concentração no mercado de cerveja.

"É altamente provável que a China possa exigir que a SABMiller tenha que vender sua participação de 49 por cento na joint venture como condição para liberar a transação", afirmou o advogado Leon Liu, sócio do escritório de advocacia MWE China, baseado em Xangai.

O Ministério do Comércio da China não comentou o assunto.

As vendas de cerveja na China foram estimadas em cerca de 486 bilhões de iuans (76,4 bilhões de dólares) no ano passado e a expectativa é que atinjam 683 bilhões de iuans até 2019, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor.

A CR Snow tem cerca de 100 cervejarias na China, com uma capacidade anual de produção de 155 milhões de hectolitros de cerveja no ano passado, segundo o Deutsche Bank. A participação da SAB na CR Snow é avaliada em 4 bilhões de dólares e executivos de bancos de investimento consideram que um leilão dessa fatia seria altamente disputado.

"É uma rara oportunidade em um mercado grande e todo mundo vai querer fazer parte", disse um executivo sênior de banco de investimento.

TIM confirma plano de investimentos no Brasil




fm-pas/Flickr
TIM
TIM: “A primeira decisão importante que devemos ter é confirmar o plano de investimentos, tendo o esforço investidor em dólar, apesar da dinâmica do real”, disse Patuano


O presidente-executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, confirmou nesta segunda-feira (21) o plano de investimentos para a controlada brasileira TIM, apesar da situação política e econômica do Brasil.

"A situação no Brasil mudou significativamente, tanto do ponto de vista macroeconômico quanto do político-institucional. É um momento de bastante turbulência que exige reflexão", disse Patuano durante um evento em Roma.

“A primeira decisão importante que devemos ter é confirmar o plano de investimentos, tendo o esforço investidor em dólar, apesar da dinâmica do real”, explicou.
Marco Patuano informou que, nos próximos dias, executivos da Telecom estarão no Brasil e na Argentina para se reunirem com empresários, investidores e governos locais. Entre estes encontros, destaca-se um com o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, e com a diretoria da Anatel.

"O Brasil é uma área monitorada de perto. Nos beneficiamos de uma economia positiva; não precisamos nos assustar, se agora vivemos um momento cíclico diferente do passado recente", disse.

Com novos produtos, dona do Mentos cresce acima do mercado


Dewet/Wikimedia Commons
Pacotes de bala Mentos, da Perfetti Van Melle
Pacote da bala Mentos, da Perfetti: produto é o mais importante da empresa e que recebe mais inovações
 
 
 
São Paulo - Com pesados investimentos em novos sabores, embalagens e campanhas de marketing, a Perfetti Van Melle, fabricante de Mentos e Fruittella, tem crescido acima do mercado no país.

De janeiro a agosto, as vendas da empresa aumentaram 13% em comparação com os mesmos meses do ano passado, segundo ela mesma.

Quando considerada apenas a linha de balas Mentos, carro-chefe da companhia, houve uma expansão de 11,1% nas vendas (em faturamento) entre julho de 2014 e junho de 2015, enquanto a categoria de drops, pastilhas e caramelos apresentou um avanço de 9,6% no período, segundo dados Nielsen fornecidos pela Perfetti.
Apenas no primeiro semestre deste ano, foram lançadas cinco versões de produtos dessa marca, como os sabores de caramelo, maçã verde, cranberry e blueberry; além de novas embalagens em lata e sachê para balas que já estavam no mercado.

De acordo com a fabricante, os lançamentos dos últimos 18 meses já são responsáveis por cerca de 25% do faturamento total.
 

Doce imagem


A companhia não abre números, mas garante que a marca Mentos possui "indiscutivelmente a maior representatividade dentre as outras do grupo" e que a operação brasileira, que abastece toda a América do Sul, é uma das mais importantes para a companhia no mundo.

"Mentos sempre foi líder em inovações e, neste ano, também estamos alocando mais investimentos em comunicação, mídia e promoções", disse o presidente da Perfetti Van Melle no Brasil, Henrique Veloso, em entrevista exclusiva a EXAME.com.

Em 2015, os valores destinados a ações de marketing em plataformas diversas foram de 15% a 25% maiores do que os aplicados no ano passado, segundo Veloso.

Nesta segunda, a empresa lança uma campanha com o ator Fábio Porchat que, ao fim, levará um consumidor e três amigos para uma viagem ao exterior em um jatinho particular.

Ela também tem usado a figura de famosos para construir engajamento com consumidores pelas redes sociais. Ações desse tipo atingiram um público de 3,5 milhões de pessoas nos últimos 18 meses, conforme contou Veloso.

"Além do investimento agressivo no formato digital, temos feito atividades de marketing diretamente nos pontos de venda", disse o executivo. Segundo ele, a malha de distribuição da empresa cresceu aproximadamente 39% nos últimos cinco anos.
 

Visão otimista


Apesar de afirmar que os resultados não decepcionam, Veloso admite que a instabilidade do cenário econômico tem afetado a Perfetti Van Melle.

"Não estamos blindados. Efetivamente estamos em uma situação muito mais austera que no ano passado", afirmou.

Para enfrentar a volatilidade do câmbio, a empresa tem focado nos resultados de longo prazo.

"O que nosso time fez foi voltar todas as despesas para projetos que nos darão sustentabilidade nos próximos três anos. Isso nos deu um certo oxigênio para sobreviver melhor", contou o presidente.

De acordo com o executivo, a companhia não cortou funcionários, mas limou gastos "menos representativos" que ele não revela. Mas, mesmo com os desafios, as perspectivas de Veloso para o futuro são positivas.

"Nós acreditamos no potencial que ainda temos de conquistar os consumidores. Nos próximos anos, se o mercado crescer de 2 a 3%, vamos avançar de 8 a 10%", disse.

Em 2014, a companhia italiana faturou 2,44 bilhões de euros mundialmente (algo em torno de 10,8 bilhões de reais em valores atualizados). Os dados brasileiros não são divulgados.

Tudo começou na Casa Civil do governo Lula, diz procurador




Tânia Rêgo/Agência Brasil
CPI da Petrobras
Operação Lava Jato: nesta segunda-feira, na 19ª fase da Lava Jato, a Nessun Dorma (Ninguém Durma), o executivo José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, foi preso
 
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Andreza Matais, do Estadão Conteúdo
Julia Affonso e Fausto Macedo, do Estadão Conteúdo

São Paulo - O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta segunda-feira, 21, que 'não tem dúvida nenhuma' de que os maiores escândalos de corrupção da história recente do País - Mensalão, Petrolão e Eletronuclear - tiveram origem na Casa Civil do Governo Lula.

Durante entrevista em que foram revelados dados da nova fase da Operação Lava Jato, a 19ª etapa, com onze mandados judiciais cumpridos, o procurador foi taxativo ao ser indagado se os novos alvos têm ligações com o ex-ministro-chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu, preso na Operação Pixuleco 2, em agosto.

"Quando falamos que estamos investigando esquema de compra de apoio político para o governo federal através de corrupção, estamos dizendo que os casos Mensalão, Petrolão e Eletronuclar são todos conexos porque dentro deles está a mesma organização criminosa e as pessoas ligadas aos partidos políticos. Não tenho dúvida nenhuma de que todos ligados à Casa Civil do governo Lula, tudo foi originado dentro da Casa Civil."
Nesta segunda-feira, na 19ª fase da Lava Jato, a Nessun Dorma (Ninguém Durma), o executivo José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, foi preso preventivamente em Santa Catarina. O lobista João Henriques, ligado ao PMDB, também é alvo.

José Antunes Sobrinho é suspeito de ter pago propinas em cima de contratos da empreiteira com a Eletronuclear que somavam R$ 140 milhões, entre 2011 e 2013.

Os valores teriam sido pagos para a Aratec, empresa controlada pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva. José Antunes será levado para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Othon Luiz foi preso em 28 de julho na Operação Radioatividade. Nome de grande prestígio na área, o almirante, no fim dos anos 1970 (governo general Ernesto Geisel) participou diretamente do projeto do submarino nuclear brasileiro.

O alvo desta nova fase são propinas que teriam sido pagas envolvendo a Eletronuclear e a diretoria internacional da Petrobras.

Trinta e cinco policiais cumprem 11 mandados judiciais, sendo sete mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e dois mandados de condução coercitiva em Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro.

Justiça condena ex-tesoureiro do PT a 15 anos de prisão


Rodolfo Buhrer/Reuters
João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, sob custódia da Polícia Federal em Curitiba
João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT: condenado a 15 anos de prisão por corrupção na Petrobras
 
 
 

São Paulo – Nesta segunda-feira, a Justiça Federal condenou o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque,  e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por crimes de corrupção passiva cometidos na estatal.

Segundo sentença proferida nesta segunda-feira pelo juiz Sérgio Moro, Duque recebeu a mais alta pena já imposta pela Justiça aos envolvidos no esquema de desvios de recursos da Petrobras. No total, ele deve pegar 20 anos e oito meses de prisão. O ex-diretor também foi condenado por associação criminosa. 

Para Vaccari, a pena é de 15 anos e 4 meses pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. È a primeira vez que ambos são condenados pela Justiça Federal. Cabe recurso. 
De acordo com a sentença, Vaccari recebeu 4,2 milhões de reais para o PT referentes ao pagamento de propinas acertadas com a Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras em obras feitas pelo consórcio Interpar nas refinarias de Paulínia (SP) e Araucária. 

O ex-tesoureiro do PT, que é alvo de outras ações penais, também precisará pagar multa de 280 mil reais. Já Duque terá que pagar multa de 1,2 milhão de reais - o juiz decretou ainda o confisco de 43,4 milhões de reais de off-shores do Panamá e Mônaco que, segundo ele, pertencem ao ex-diretor. 

"Mais do que o enriquecimento ilícito dos agentes públicos, o elemento mais reprovável do esquema criminoso da Petrobras talvez seja a contaminação da esfera política pela influência do crime, com prejuízos ao processo político democrático", afirmou o juiz Sérgio Moro na sentença. 

A ação penal desta segunda-feira refere-se aos crimes investigados na 10ª fase da Operação Lava Jato, intitulada “Que país é esse”. A frase foi dita pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque em uma conversa com seu advogado em novembro do ano passado, durante o cumprimento do mandado de prisão.  

Além deles, outras oito pessoas foram condenadas. Veja quem são elas: 

  Crime Pena
Mário Góes Corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa 18 anos e 4 meses
Pedro Barusco Corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa 18 anos e 4 meses
Augusto Mendonça Corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa 16 anos e 8 meses
Julio Camargo Corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa 12 anos
Adir Assad Lavagem de dinheiro e associação criminosa 9 anos e 10 meses
Sônia Mariza Branco Lavagem de dinheiro e associação criminosa 9 anos e 10 meses
Dario Teixeira Alves Junior Lavagem de dinheiro e associação criminosa 9 anos e 10 meses
Alberto Yousseff Lavagem de dinheiro 9 anos e 2 meses

TJ-SP suspende penhora de faturamento para que empresa continue em atividade


Sentenciar uma empresa a encaminhar parte considerável de sua renda para o Estado é condená-la a encerrar suas atividades. Com base nesse entendimento, a 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu decisão que determinava que uma empresa do ramo alimentício penhorasse 10% do seu faturamento em favor da Fazenda do Estado de São Paulo por dívidas de ICMS.

A Fazenda busca receber R$ 2.496.763,76 referentes a ICMS declarado e não pago e recusou precatórios como garantia de execução da dívida — além de veículos dados em garantia, que somados valem  R$ 374 mil.

O relator do Agravo de Instrumento, desembargador Leonel Costa, amparou sua decisão no perigo de que a espera por uma decisão de outra instância gere risco para a sobrevivência da empresa, com base no conceito jurídico fumus boni iuris (quando existe a possibilidade de que o direito pleiteado exista no caso concreto).

"Tendo em vista os balanços e demonstrativos financeiros apresentados pela agravante, as despesas e gasto com pessoal, observa-se que, neste momento, a penhora de 10% sobre o faturamento da empresa executada pode inviabilizar sua atividade empresarial", registra a decisão. De acordo com o processo, 10% da receita da empresa em junho de 2015 equivaleriam a R$ 482 mil. 

O escritório Ribeiro e Odeon, responsável pela defesa da companhia, afirmou que decisão de penhorar 10% do faturamento “afronta os princípios da razoabilidade, proporcionalidade, preservação da empresa e menor onerosidade”, contidos no artigo 620 do Código de Processo Civil.

Clique aqui para ler a decisão.
Agravo de Instrumento 2179042-53.2015.8.26.0000.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Economia brasileira é um "desastre", diz Business Insider




Yves Herman/Reuters
 
Mulher olha da sacada de seu apartamento bandeirinhas formando a bandeira do Brasil, durante a Copa do Mundo de 2014, em Manaus
Enfeites formam a bandeira do Brasil em uma rua de Manaus, durante a Copa do Mundo de 2014
São Paulo - "Não tem como dizer de outra forma: o Brasil está um desastre". Assim começa um dos principais destaques de hoje do site americano Business Insider. 

"Em resumo, a situação é um pesadelo", diz outro trecho do texto assinado por Myles Udland, editor de Mercados, que toma como base um relatório sobre a economia brasileira enviado hoje pelo Deutsche Bank aos seus clientes. 

Segundo o banco alemão, o risco da presidente Dilma Rousseff não terminar seu mandato em 2018 é "significativo" e subiu para aproximadamente 40%.
"O cenário econômico continua muito volátil, na medida em que a recessão e a crise política se retroalimentam. A presidente está ficando cada vez mais isolada", diz o texto do Deutsche.

Mas isso não significa que o impeachment seria uma boa solução. Pelo contrário: o processo pode piorar ainda mais a performance e trazer volatilidade aos mercados:

"Está longe de certo que a saída de Rousseff melhoraria a governabilidade, na medida em que um novo presidente teria sua legitimidade questionada por grupos esquerdistas e continuaria tendo de enfrentar os mesmos problemas econômicos complexos e consequências políticas da Operação Lava Jato. Turbulências sociais poderiam acontecer".

O texto do Business Insider diz que há pouco para se animar com o Brasil, citando dados da queda na confiança dos negócios e dos consumidores, inflação em alta com salários em queda e um aumento significativo do desemprego.

As últimas estimativas de consultorias econômicas são de que o país termine 2015 com um milhão de vagas formais a menos do que começou.

No começo da semana, o jornal britânico Financial Times disse que o Brasil era um "paciente em estado terminal" com situação cada vez mais instável.