quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Fundos têm 16 bilhões de reais em CDBs do BTG

Por que o mercado financeiro está em pânico
 
 
Investidores estão questionando seus bancos sobre o tamanho da exposição em papéis do BTG Pactual e qual o risco para esses investimentos, depois que o presidente do banco, André Esteves, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira. Um levantamento feito pela consultoria Economática a pedido de EXAME mostra que 412 fundos possuem 16,1 bilhões de reais em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGEs) do banco BTG Pactual e da BTG Serviços Financeiros. A maior exposição é da gestora do Banco Bradesco, que tem 6,7 bilhões de reais nesses papéis, seguida das gestoras dos bancos públicos Banco do Brasil (3,5 bilhões) e Caixa (1,7 bilhão).


As 10 gestoras com mais papéis do BTG (CDBs e DPGEs), em reais


1 – Bradesco: 6,7 bilhões
2 – BB: 3,5 bilhões
3 – Caixa: 1,7 bilhão
4 – BTG: 1,7 bilhão
5 – Santander: 491 milhões
6 – HSBC: 422 milhões
7 – JP Morgan: 328 milhões
8 – Western: 268 milhões
9 – Fundação Cesp: 209 milhões
10 – Funcef: 186 milhões
 

Planalto corre para substituir líder e evitar paralisia


Lula Marques/ Agência PT/Fotos Públicas
Dilma Rousseff durante entrevista coletiva após reunião no Palácio do Planalto
Dilma Rousseff: a presidente Dilma Rousseff chamou Berzoini ao Palácio da Alvorada
Lisandra Paraguassu, da REUTERS

Brasília - O Palácio do Planalto foi pego totalmente de surpresa pela prisão do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), nesta quarta-feira, e tenta agora decidir, o mais rapidamente possível, quem assumirá a liderança interinamente para evitar uma paralisia nas votações do Senado, de acordo com fontes do Palácio do Planalto.

São quatro os vice-líderes do governo na Casa --Paulo Rocha (PT-PA), Wellington Fagundes (PR-MT), Telmário Mota (PDT-RR) e Hélio José (PSD-DF). Em reunião pela manhã entre os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, o nome do senador Paulo Rocha foi, ao menos por enquanto, descartado.

O Planalto ainda avalia o impacto da prisão de Delcídio.
Nesta manhã, a presidente Dilma Rousseff chamou Berzoini ao Palácio da Alvorada e o incumbiu de negociar a nomeação do novo líder no Senado, que será interino até o governo ter uma noção mais clara da situação de Delcídio.

Os ministros passaram a manhã tentando obter mais informações sobre as acusações ao senador e sua real situação.

Delcídio foi preso pela Polícia Federal por suspeita de obstruir o andamento da operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

O ministro Teori Zavascki, responsável pelas ações decorrentes da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), disse que Delcídio foi acusado de ter supostamente negociado oferta de fuga ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró em troca de silêncio nas investigações da operação.

A prisão de Delcídio acontece em um momento em que o governo precisa aprovar matérias importantes no Legislativo, como por exemplo a mudança da meta fiscal deste ano. Caso o Planalto não consiga alterar a meta de 2015 e encerre o ano com um déficit, poderá incorrer em crime de responsabilidade fiscal.

STF referenda prisões de Delcídio e do banqueiro Esteves




Nacho Doce/ Reuters
André Esteves do BTG Pactual
André Esteves do BTG Pactual: as decisões do ministro Teori Zavascki foram ratificadas integralmente pelos votos dos ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli


A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, por unanimidade, hoje (25), em sessão extraordinária, as prisões preventivas do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do advogado Edson Ribeiro, além das prisões temporárias do banqueiro André Esteves, do Banco BTG Pactual, e do chefe do gabinete do senador, Diogo Ferreira.

As prisões foram autorizadas, na noite de ontem (24), pelo ministro Teori Zavascki. Segundo o relator, não haveria outros meios de se preservar as investigações, que não sejam as prisões, uma vez que, conforme relatou o Ministério Público Federal, os envolvidos estariam pressionando o ex-diretor Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró a desistir de firmar acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
 
As decisões do ministro Teori Zavascki foram ratificadas integralmente pelos votos dos ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli.

Planalto e PT discutem novo nome para liderança do governo


Geraldo Magela/Agência Senado
Senador José Pimentel (PT-CE), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, durante reunião para ouvir o ex-diretor Internacional da empresa, Jorge Zelada
José Pimentel: o senador, atual líder do governo no Congresso, deve acumular as duas funções temporariamente
 
Isadora Peron e Ricardo Brito, do Estadão Conteúdo


Brasília - Após a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), o Palácio do Planalto e o PT já começam a discutir um nome para substituí-lo na liderança do governo no Senado.

Ainda atônitos com o que ocorreu, os senadores do PT se reúnem na manhã desta quarta-feira, 25, para avaliar a situação do correligionário.

O senador José Pimentel (PT-CE), atual líder do governo no Congresso, deve acumular as duas funções temporariamente. Ele já teria sido chamado para conversar com a presidente Dilma Rousseff sobre o assunto.
A prisão de Delcídio acontece num dia importante para o governo, que esperava votar nesta quarta-feira, o projeto de alteração da meta fiscal. O mais provável, diante do clima de estabilidade, é que a sessão do Congresso seja adiada.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a prisão do senador petista depois que o Ministério Público Federal apresentou evidências de que ele tentava conturbar as investigações da Operação Lava Jato. Delcídio é o primeiro senador preso no exercício do cargo.

PF prende Delcídio do Amaral, do PT, e André Esteves, do BTG




 
 
Andreza Matais, do Estadão Conteúdo
Beatriz Bulla e Julia Affonso, do Estadão Conteúdo


 São Paulo - O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a Polícia Federal a deflagrar uma operação nesta quarta-feira, 25, que levou à prisão do senador Delcidio do Amaral (PT-MS), investigado pela Operação Lava Jato. O parlamentar teria sido flagrado na tentativa de destruir provas contra ele e prejudicar as investigações.

Também foram presos o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Delcidio do Amaral. Até o momento, não há detalhes sobre as circunstâncias da detenção de ambos. A mesma ação da PF prendeu, um pouco mais cedo, Delcídio, o primeiro senador da República detido durante o exercício do mandato.

Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A PF também fez busca e apreensão no gabinete do petista, no Senado, em Brasília, e nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, que também tem como alvo empresários. As ações foram autorizadas pelo Supremo. Não se trata de uma fase da Lava Jato tocada em Curitiba, na 1ª instância.

O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que o senador teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, pela manhã, o ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma do STF dedicada à Lava Jato. A reunião da Corte será reservada - algo raro.

De acordo com fonte no tribunal, a sessão foi marcada pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a pedido de Teori, relator dos casos relativos ao esquema de corrupção na Petrobras.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O que a venda da Alpargatas tem a ver com a Lava Jato




Divulgação
Camargo Corrêa
Camargo Corrêa: holding fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal em agosto
 
 
 
São Paulo – A fabricante Alpargatas se transformou no maior conglomerado calçadista da América Latina, com ajuda das Havaianas, ícone da moda brasileira em todo o mundo.

Por trás do negócio, um dos maiores grupos empresariais do país, a Camargo Corrêa, controlava cada passo desde 1982 – até hoje, quando o controle foi vendido para a J&F.

A transação, antecipada por EXAME, rendeu R$ 2,667 bilhões para a antiga dona, um respiro financeiro considerável para quem tem nas mãos uma dívida bilionária de curto prazo e um acerto histórico a cumprir.
A holding precisava levantar o dinheiro depois da empreiteira ter sido uma das 23 envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobrás.

A condenação da justiça por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa nas obras da refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás, em julho, forçou a empresa a um acerto.

Em 17 de agosto, ela fechou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal, em que terá de devolver R$ 700 milhões aos cofres públicos. E é aí que entra a Alpargatas.
 

Em promoção


A fabricante foi colocada à venda, bem como uma fatia da divisão de cimento InterCement e na CPFL, como alternativa para a holding colocar as contas em dia.

A venda já era prevista pelo mercado há anos, mas foi adiantada pela urgência de engrossar o caixa, aliada a retração da economia dentro e fora do Brasil.

De acordo com a edição 1102 de EXAME, o grupo teria entrado no mês de outubro com uma dívida de curto prazo, com vencimento até junho de 2016, de R$ 2,3 bilhões.

Até lá, outro R$ 1,5 bilhão em dívida venceria. Era preciso levantar recursos para reduzir esse endividamento.

Ainda não se sabe se participações em outras empresas precisarão ser vendidas depois da venda da Alpargatas.

“Com esse movimento, a Camargo Corrêa S. A. direciona ainda mais o foco em seu principal segmento de atuação que é o desenvolvimento, construção e operação de infraestrutura”, limite-se a comentar a empresa.

O que se sabe é que a nova dona da Alpargatas deve levar adiante os planos já traçados para as marcas Havaianas, que devem virar até óculos no ano que vem.

Uma maneira de reforçar a conquista global da marca brasileira de chinelos - e a expansão da J&F por meio de negócios diversos. 

4 heranças que a Olimpíada 2016 pode deixar para o Brasil


Renato Sette Câmara/Prefeitura do Rio
Parque Olímpico - Centro de Tênis em novembro de 2015
Parque Olímpico - Centro de Tênis em novembro de 2015
 
 
 
Rio de Janeiro – Daqui a 255 dias, o Rio de Janeiro será palco de um dos maiores eventos esportivos mundiais. A expectativa é de que 300 mil turistas desembarquem na cidade para acompanhar os 17 dias de competições das Olimpíadas 2016.

Hoje a capital carioca se vê transformada em um enorme canteiro de obras, com a construção de uma nova linha do metrô, a finalização dos estádios e arenas olímpicas e outras obras de infraestrutura. Se já dá para respirar quanto a entrega das obras no prazo, o que se discute agora é qual será o legado deixado pelos Jogos depois que a tocha for apagada.

Esse desafio foi tema do EXAME Fórum Olimpíada, realizado nesta terça-feira no Rio de Janeiro. Veja quais serão as principais heranças que os Jogos Olímpicos deixarão para o Rio e para o Brasil, segundo os participantes: 

A Cidade Maravilhosa com mais infraestrutura

Eduardo Paes
, prefeito do Rio de Janeiro, contou que, assim que a cidade foi escolhida como sede, ele decidiu visitar outras anfitriãs para ver o que poderia dar certo em terras brasileiras.
“Em uma conversa com o prefeito de Barcelona, ele me disse que eu tinha duas opções: ou os jogos usariam a cidade ou a cidade usaria os jogos para crescer”, disse. “Desde então, começamos a pensar a Olimpíada como uma justificativa para os investimentos que a cidade precisava”, disse Paes.

Rosane Bekierman
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante EXAME Fórum em 24/11/2015
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante EXAME Fórum em 24/11/2015


Em 2009, de acordo com a prefeitura, os sistemas de transporte de alta capacidade carregavam 18% da população do Rio. Em 2017, a expectativa é que 67% da população seja transportada, com a construção de novas linhas de BRT e do metrô carioca. Outros problemas que devem ser atenuados são as enchentes e parte do trânsito, com a ampliação de algumas vias.

Se os esforços são visíveis a cada volta que se dá na cidade, o grande temor é que eles se limitem apenas ao período pré-Jogos. “Não podemos esquecer que a cidade carrega uma dívida histórica em questões de infraestrutura”, disse Vinicius Netto, arquiteto e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). “A minha preocupação é que a atenção seja dispersa em várias frentes antes que o básico seja resolvido. É algo que precisa ter continuidade”.


A promessa de menos elefantes brancos

 
Reaproveitar os espaços construídos para as competições é uma daquelas dores de cabeça comuns a qualquer cidade que abrigue um evento do porte dos jogos. Dado inclusive o histórico brasileiro, não é de se espantar que algumas instalações acabem se deteriorando com o tempo.

No Rio, a promessa é que pelo menos algumas delas ganhem um novo uso, como ginásios e escolas – e, no caso de duas instalações, até novos endereços.
De acordo com o projeto, a Arena do Futuro e o Estádio Aquático serão desmontados como peças de blocos de montar para dar origem a escolas e dois parques aquáticos em outras áreas da cidade.
 

As PPPs como um modelo a ser seguido


Boa parte dos 38,67 bilhões de reais gastos nos Jogos Olímpicos não sairá de cofres públicos, mas do caixa de empresas. No caso das obras de legado, por exemplo, 57% do orçamento é privado. “Parafraseando o ex-presidente Lula, nunca antes na história das olimpíadas tivemos tanto dinheiro privado”, disse Eduardo Paes.

Para Thomaz Assumpção, presidente da consultoria Urban Systems e José Carlos Pinto, sócio-líder da consultoria Ernst & Young no Rio de Janeiro, apesar de não ser inédito, a utilização de parcerias público-privadas, as chamadas PPPs, serão uma boa forma de despertar no país a necessidade da união com o setor privado para o maior desenvolvimento.

“É claro que se fosse pra buscar uma parceria dessas nos dias de hoje, com um ambiente macroeconômico instável, elas poderiam não sair do papel, mas é preciso um esforço do governo para garantir aos investidores que haverá fontes de recurso, segurança jurídica e a taxa de retorno de investimento”, disse Pinto.

“O governo tem hoje uma ingerência sobre as PPPs, mas o papel dele deve ser o de facilitar o desenvolvimento”, disse Assumpção.
 

A venda da marca Brasil e o turismo impulsionado

 
“Somos muito ruins em cacarejar o ovo que a gente põe”. Foi com essa frase que Nizan Guanaes, sócio fundador do Grupo ABC definiu a dificuldade brasileira de vender a marca do país. “Temos uma vocação óbvia que não é utilizada”, disse. “É preciso vender a imagem do país. Se temos a cidade mais bonita do mundo porque ela não é vendida? Temos crise, mas continua tendo um monte de coisa incrível”.

Deixar qualquer turista com brilho nos olhos só de ouvir o nome Brasil é o grande desafio enfrentado atualmente por Henrique Alves, ministro do Turismo. “A Copa teve uma alta aprovação, mas faltou um legado para o país”, disse Alves.

Rosane Bekierman
O ministro Henrique Eduardo Alves, durante Exame Fórum Olimpíada em 24/11/2015


Uma das apostas do ministro para impulsionar a vinda dos estrangeiros é a aprovação de um projeto que acaba com a necessidade de visto de entrada por um prazo de 90 dias. A proposta recebeu diversas críticas após os atentados ocorridos há 15 dias em Paris, na França.

“Não acho que essa isenção vai alterar o que planejamos para a segurança”, rebateu Alves. “Como diria a música, chega de espera, a hora é de fazer acontecer”.