segunda-feira, 30 de novembro de 2015

BTG Pactual cogita venda parcial de negócio de commodities




Chris Ratcliffe/Bloomberg
André Esteves, do BTG Pactual
André Esteves: banqueiro renunciou ao cargo de presidente-executivo
 
Sarah McFarlane e Dmitry Zhdannikov, da REUTERS


Londres - O BTG Pactual está revendo seus ativos e uma venda parcial da sua unidade de commodities é uma opção para o banco de investimentos levantar capital, uma fonte familiarizada com o assunto disse nesta segunda-feira.

O BTG Pactual não quis comentar.

André Esteves renunciou ao cargo de presidente-executivo e presidente do Conselho de Administração do BTG Pactual na noite de domingo após ter sido preso como parte de uma investigação de corrupção que atingiu o maior banco de investimentos independente da América Latina.

Esteves, através de seu advogado, negou as alegações.

O sucesso recente do negócio do BTG Pactual em commodities torna a unidade uma candidata óbvia para alienação parcial.

"É evidente que um novo investidor que trouxer capital adicional para o negócio de commodities e fluxo de caixa para o banco seria benéfico para todos os envolvidos", afirmou uma segunda fonte à Reuters.

Em novembro, o banco anunciou lucro do terceiro trimestre acima das estimativas dos analistas. O BTG Pactual atribuiu isso em parte a um aumento nas receitas de vendas e negociação de commodities.

Mas a unidade de commodities apoia sua rentabilidade em negócios próprios, em vez de intermediar negócios em nome de clientes. Isso pode dificultar encontrar um comprador entre outros bancos, que têm reduzido a sua exposição a risco devido a regulamentos mais rígidos.

Ações do BTG Pactual despencam após renúncia de Esteves




Getty Images
André Esteves, presidente do BTG
André Esteves renunciou aos cargos no Grupo BTG Pactual


São Paulo – As units do BTG Pactual caíam 11,6% na manhã desta segunda-feira (30). Ontem à noite, André Esteves renunciou a todos os cargos no Grupo BTG Pactual.

Esteves foi preso na última quarta-feira (25). Além de presidente-executivo, ele acumulava o cargo presidente do conselho de administração do BTG Pactual. Esteves também é o principal acionista da instituição financeira.

Desde a sua prisão, na última quarta-feira (25), as units do banco (BBTG11) já acumulam uma queda de mais de 36%.

Ainda no radar da companhia está a notícia de que o banco pode anunciar ainda hoje a venda de um de seus principais ativos: a participação de 12% na rede de hospitais D’or.


Cidades e Transportes serão os mais afetados por corte




Buda Mendes/Getty Images
A presidente Dilma Rousseff
Dilma Rousseff: o governo tinha até o dia 30 de novembro para publicar o decreto
 
Camila Moreira, da REUTERS


São Paulo - O governo publicou nesta segunda-feira decreto de contingenciamento do Orçamento deste ano de 10,7 bilhões de reais, preservando todas as despesas obrigatórias como o salário dos servidores e pagamentos do Bolsa Família, medida que paralisa a máquina pública em diversos áreas.

"O contingenciamento adicional foi tomado em função do cenário econômico adverso, que resultou em grande frustração de receitas", informou o Ministério do Planejamento por meio de nota. Segundo a pasta, a medida também veio por conta da "interpretação do Tribunal de Contas da União sobre a conduta a ser adotada enquanto o Congresso Nacional avalia a solicitação de revisão da meta encaminhada pelo Poder Executivo".

O governo tinha até o dia 30 de novembro para publicar o decreto, já que o Congresso Nacional ainda não votou a alteração da meta de resultado primário para este ano, prevendo déficit ao invés de superávit. Com isso, o Executivo se viu obrigado a indicar cortes.

A votação estava prevista para quarta-feira da semana passada, mas foi afetada pela prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, por suspeita de obstrução no andamento da operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. A sessão acabou sendo adiada esta terça-feira.

Diante do impacto do contingenciamento, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, vai realizar nesta tarde reunião com os secretários-executivos de todos os ministérios, com o objetivo orientar sobre medidas operacionais.

Segundo o Planejamento, o maior contingenciamento nominal será do Ministério das Cidades, que cuida de boa parte dos investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), chegando a 1,651 bilhão de reais neste ano. Para o Ministério dos Transportes, o corte foi de 1,447 bilhão de reais.

Já o contingenciamento adicional para a Educação é de 189,4 milhões de reais.

Foram preservadas todas as despesas obrigatórias, como salários de servidores, benefícios previdenciários e sociais, o pagamento da Bolsa Família, as despesas com o mínimo da saúde e da educação, seguro desemprego e abono salarial.

O valor de 10,7 bilhões reais, segundo o ministério, corresponde ao total ainda disponível no Orçamento de 2015 para despesas discricionárias que podem ser contingenciadas em 10 de novembro. Essas despesas incluem, entre outros, gastos destinados ao investimento, à manutenção do funcionamento dos órgãos do governo federal, pagamento de aluguel, água e luz.

Segundo o Planejamento, outros 500 milhões de reais também foram contingenciados de emendas impositivas, somando ao todo corte de 11,2 bilhões de reais. Com isso, o contingenciamento total do Poder Executivo, em 2015, poderá atingir 89,6 bilhões de reais.


Suíço BSI, do BTG, abandona negociação com Veneto Banca




Nacho Doce/REUTERS
Andre Esteves, presidente do BTG Pactual
Andre Esteves, presidente do BTG Pactual
 
Da REUTERS


Milão - O banco suíço BSI, controlado pelo BTG Pactual, abandonou negociações exclusivas com o italiano Veneto Banca envolvendo uma possível aquisição da unidade de private banking Banca Intermobiliare, informou o Veneto Banca nesta sexta-feira.

Como consequência, o Veneto Banca vai reiniciar as negociações com outros potenciais interessados, informou a instituição financeira.

O BSI tinha entrado em negociações exclusivas para comprar o Banca Intermobiliare em 23 de outubro. O período de exclusividade se encerra nesta sexta-feira.

"O BSI não está pedindo extensão do prazo das negociações exclusivas, apesar de interesse estratégico na transação e querer deixar a porta de diálogo aberta", disse o banco italiano.

O anúncio do Veneto veio depois que o presidente do BTG Pactual, André Esteves, foi preso na quarta-feira pela Polícia Federal do Brasil sob suspeita de agir para obstruir investigação relacionada à Operação Lava Jato.

O Veneto Banca, um de 13 bancos italianos sob supervisão direta do Banco Central Europeu, está se preparando para levantar até 1 bilhão de euros em dinheiro junto a investidores de modo a atender exigências regulatórias de capital.

Fundo Insight compra o site de viagens Hotel Urbano




Divulgação
Loja-conceito do Hotel Urbano no Rio
Loja do Hotel Urbano no Rio: a empresa foi avaliada em cerca de 2 bilhões de reais
São Paulo — O fundo de investimentos americano Insight Venture Partners fechou a compra do controle do site de viagens Hotel Urbano, fundado há cinco anos pelos irmãos João Ricardo e José Eduardo Mendes.

O Insight era dono de cerca de 30% da empresa e, agora, passou a deter 41% das ações e a ter controle sobre as decisões. Os fundadores continuam com 35% do negócio.

A negociação avaliou o Hotel Urbano em cerca de 2 bilhões de reais. O Hotel Urbano deve faturar cerca de 600 milhões de reais em 2015. Procurada, a empresa não comentou.

Grupo Cruzeiro do Sul vai às compras para crescer


Divulgação
Prédio da Universidade Cruzeiro do Sul
Universidade Cruzeiro do Sul: com apenas 38 mil alunos em 2012, o grupo tem hoje 130.000 matriculados


São Paulo - Para se sobressair no mercado de educação, o grupo Cruzeiro do Sul Educacional está comprando escolas e universidades já consolidadas. Tendo adquirido quase duas empresas por ano desde 2007, o grupo acredita que ainda há espaço para crescer.
O ritmo acelerado de aquisições começou em 2007, mas se intensificou em 2012, quando o grupo de private equity Actis investiu 180 milhões de reais no grupo, em troca de uma fatia de 37%. Em oito anos, ela adquiriu 14 instituições.
Com apenas 38 mil alunos em 2012, hoje ela tem 130.000 matriculados em cursos presenciais e à distância.

Recentemente, ela adquiriu o Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – CEUNSP, além de colégios nas cidades de Itu e Salto.

Mas o grupo ainda não pensa em frear o ritmo de crescimento, apesar da crise econômica no país. “Temos caixa e um nível e alavancagem confortável, temos fôlego para continuar crescendo”, diz Fábio Figueiredo, diretor de planejamento da Cruzeiro do Sul Educacional.

Com faturamento de 750 milhões de reais em 2014, o grupo prevê chegar a 850 milhões de reais em 2015 e a 1 bilhão de reais em receitas em 2016.

 

Concorrência regional


Figueiredo afirma que o objetivo não é fazer frente a gigantes como Kroton e Estácio, pois, para ele, a competição no ensino superior é regional, e não nacional.

“Para crescer por meio de aquisições, nossos alvos são colégios ou universidades que são líderes em seus mercados, marcas conhecidas regionalmente”, diz Fábio Figueiredo, diretor de planejamento da Cruzeiro do Sul Educacional.

Seus concorrentes mais diretos são o grupo Ser Educacional e Anima.

Segundo Figueiredo, o grupo também cresceu de forma orgânica em 2014 e 2015. O número de alunos nos cursos de educação à distância cresce 40% a 50% por ano, por exemplo – em 2015, eram 40 mil alunos nessa modalidade.

Justiça da Suíça multa Cunha por atrapalhar investigação





Ueslei Marcelino/Reuters
 
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante entrevista
Rejeitado: Cunha foi obrigado a arcar com todos os gastos do processo, inclusive as horas de trabalho dos juízes e da administração pública na Suíça
 
Jamil Chade, do Estadão Conteúdo
correspondente, do Estadão Conteúdo

Genebra - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi obrigado a pagar R$ 22,3 mil à Justiça suíça por tentar impedir que os extratos de suas contas fossem enviados ao Brasil.

Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo confirmam que o Tribunal Penal Federal da Suíça constatou que o parlamentar, sua mulher, Cláudia Cordeiro Cruz, e integrantes do seu truste (conta de "confiança", gerida por terceiros com autorização do deputado) usaram o mesmo advogado e os mesmos argumentos no esforço de impedir que seus dados bancários fossem enviados ao Brasil e que o caso fosse julgado no país.

Os três recursos foram rejeitados e Cunha foi obrigado a arcar com todos os gastos do processo, inclusive as horas de trabalho dos juízes e da administração pública na Suíça.

"O montante do pagamento é calculado em função de dimensão e dificuldade da causa, a forma das partes de proceder, sua situação financeiras e as taxas de administração", indicou uma decisão do tribunal.

Segundo os juízes, as pessoas que apresentaram recursos terão de arcar com os custos do processo, fixados em 6 mil francos suíços (R$ 22,3 mil).

O Ministério Público da Suíça já havia indicado a existência de US$ 2,4 milhões em contas secretas no banco Julius Baer, controladas pelo deputado e sua mulher. Os suíços, porém, optaram por transferir o processo ao Brasil.

A defesa do deputado apresentou um primeiro recurso, que foi negado ainda em início de outubro. Sem sucesso, seus advogados na Suíça recorreram ainda ao Tribunal Penal, pedindo a anulação da transferência da competência do caso ao Brasil.

Se tal medida fosse entendida, nenhum dos documentos enviados teria a autorização de ser usado como provas em um processo no país contra Cunha.

Mas o recurso sequer foi tratado em sua substância, sob a alegação de que tal apelação apenas poderia ser considerada se a parte envolvida no processo fosse residente na Suíça.

"Apenas pessoas processadas que tenham suas residências atuais na Suíça tem a legitimidade de recorrer", indicou a decisão do tribunal.

"Entre os três que recorrem, apenas Cunha é visado por um processo penal, cuja delegação às autoridades brasileira foi realizada", diz a decisão.

"Entretanto, nenhuma das duas pessoas físicas que recorrem têm sua residência atual na Suíça. Quanto à sociedade, apesar da conta sob litígio que ela é titular na Suíça, ela não tem relações com esse país", constataram os juízes suíços Stephan Blatter, Giorgio Bomio e Nathalie Franciolli.

"De forma definitiva, nenhum dos recorrentes pode pretender dispor do direito ao recurso."
 

Idênticos


O que chama a atenção dos juízes é que os recursos, os advogados e argumentos usados por Cunha foram "idênticos" ao que a empresa de truste que detém suas contas utilizou. "Eles são representados pelo mesmo advogado e que evocam em todos os pontos os mesmos argumentos", indicaram.

Para tentar se defender das acusações, Cunha insiste que é "apenas o beneficiário em vida" das contas na Suíça e que, de fato, os valores estão em nome de trustes. Esse será o seu principal argumento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Cunha ainda apontou que "abriu mão de ser o dono do dinheiro no momento que eu contratei o truste".

Mas a apresentação de um recurso idêntico entre o truste, a mulher de Cunha e o parlamentar revela, segundo os juízes suíços, uma estratégia comum para tratar do caso. "Os três recursos foram gerados a partir do mesmo conselho jurídico e são rigorosamente idênticos", indicou a decisão do Tribunal.

"Os recorrentes concluem na anulação da decisão de delegação e pedem um efeito suspensivo", explicaram os juízes. "Eles pedem, entre outros, que o Departamento de Justiça interpele as autoridades brasileiras para que as proibissem de utilizar os documentos e informações obtidas na delegação (do processo), apontou a decisão.

Um desses trustes, o Orion SP, é suspeito de ter sido abastecido pelo lobista João Henriques. Em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, Henriques indicou que o dinheiro enviado ao deputado estava relacionado com um contrato da Petrobras na África.

"Foram 5 transferências realizadas entre 30 de maio de 2011 e 23 de junho de 2011, sendo 4 no valor de 250.000,00 francos suíços e 1 no valor de 311.700,00 francos suíços. Todas essas transferências foram confirmadas tanto no extrato da conta de origem dos recursos (conta Ancona International LTD, de João Henriques), como no extrato da conta destinatária dos recursos (conta Orion SP, de Eduardo Cunha)", informa o processo contra Cunha no Ministério Público Federal.

Na decisão do Tribunal na Suíça, o documento ainda confirma que o MP em Berna "abriu um processo penal" contra Cunha, "suspeito de ser culpado por lavagem de dinheiro".

O caso, segundo a decisão, está relacionado "ao escândalo político-econômico sobre os supostos atos de corrupção em grande escala cometidos no Brasil". Nesse contexto, houve o sequestro de documentos bancários.