segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Grupo Pão de Açúcar fecha parceria com a Multiplus



Marcos Issa/Bloomberg
Pão de Açúcar
Parceria: os clientes Multiplus poderão transferir pontos para os programas de fidelidade Clube Extra e Pão de Açúcar Mais
 
Da REUTERS


São Paulo - O Grupo Pão de Açúcar fechou parceria que permitirá o resgate de pontos de programas de fidelidade Multiplus por produtos dos supermercados Extra e Pão de Açúcar, em uma tentativa de impulsionar o poder de compra do consumidor diante da recessão econômica, anunciaram as companhias nesta segunda-feira.

Os cerca de 14 milhões de clientes do Multiplus poderão transferir pontos para os programas de fidelidade Clube Extra e Pão de Açúcar Mais e trocar por produtos nos supermercados das duas bandeiras.

Também haverá a possibilidade de trocar por vouchers de compras nas lojas da Via Varejo (Ponto Frio e Casas Bahia).

Atualmente, a Multiplus já tem parceria com a Cnova, empresa de comércio eletrônico do GPA dona dos sites PontoFrio.com e CasasBahia.com.

De acordo com Renato Camargo, gerente de CRM e fidelidade do GPA, em uma segunda etapa, ainda sem data, a parceria também permitirá que os clientes dos programas Clube Extra e Pão de Açúcar 

Mais acumulem pontos para trocar por produtos nos 425 parceiros da Multiplus.

"O objetivo é aumentar o poder de compra do cliente em um momento da economia em que o consumidor está buscando vantagens e benefícios", disse Camargo. O Clube Extra tem 7 milhões de clientes, respondendo por 40 por cento das vendas do supermercado, enquanto o Pão de Açúcar Mais, cerca de 4 milhões, representando 70 por cento das vendas.

Clientes de programas fidelidade costumam realizar compras com maior valor médio nos supermercados, segundo Camargo.

Para a Multiplus, a vantagem da parceria será adicionar clientes para resgates de pontos e ampliar sua atuação no mercado de troca de produtos e serviços, mais rentável para a empresa quando comparado à troca de pontos por passagens aéreas.

Atualmente, 20 por cento dos pontos resgatados pela Multiplus são produtos e serviços, percentual que deve aumentar nos próximos anos, disse Alexandre Moshe, diretor-executivo de marketing e vendas da Multiplus. "Em mercados maduros, esse percentual é de 25 por cento", disse, completando que o aumento do número de parceiros contribui para o maior "engajamento" dos clientes ao programa de fidelidade.

A parceria está sendo firmada em um momento de dificuldade de vendas no setor supermercadista. Em outubro, as vendas reais dos supermercados do Brasil recuaram 1,56 por cento ante mesmo mês de 2014, como reflexo do aumento do desemprego.

Caixa 2 para Lula foi definido em reunião com Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, IESA e UTC, diz empreiteiro delator










Ricardo Pessoa apontou quais empresas participaram e como teria sido operacionalizado o repasse de R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo para a campanha presidencial do petista em 2006.
© Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula Ricardo Pessoa apontou quais empresas participaram e como teria sido operacionalizado o repasse de R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo para a campanha presidencial do petista em 2006.


Em sua delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, afirmou que as empreiteiras Queiroz Galvão, IESA e Camargo Corrêa tomaram conhecimento e aceitaram pagar, junto com a sua empresa, R$ 2,4 milhões de caixa 2 para a campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Segundo o empreiteiro, o pedido de doação “não oficial” partiu do então tesoureiro da campanha petista José de Filippi Junior, ex-secretário de Saúde do município de São Paulo para a empreiteira Queiroz Galvão, então líder do consórcio QUIP, responsável pela construção da plataforma P53 da Petrobrás junto com a Camargo Corrêa, IESA e UTC.

A solicitação, então, foi discutida em uma reunião com representantes das quatro empresas, incluindo Pessoa representando a UTC. “O atendimento da solicitação (de dinheiro vivo para a campanha de Lula) foi aprovado pelo conselho da QUIP, em uma reunião entre o declarante (UTC), Ildefonso Colares (então presidente da Queiroz Galvão), Valdir Carreiro (executivo da Iesa) e Camerato (executivo da Camargo Corrêa)”, relatou o dono da UTC aos investigadores.

No encontro teria ficado definido que Pessoa seria o responsável por operacionalizar os repasses em espécia “em razão de sua proximidade com Filippi e da facilidade logística pelo fato de ambos estarem em São Paulo”. Ainda de acordo com o delator, os recursos do caixa 2 vieram do dinheiro recebido pelo consórcio pelas obras da P53 “mediante a utilização da empresa Quadrix, no exterior”.

O dinheiro foi entregue a Pessoa por um representante do consórcio QUIP na UTC e, a partir daí, teriam sido feitas três entregas diretamente a Filippi no comitê de campanha de Lula na Av. Indianópolis, na capital paulista, totalizando os R$ 2,4 milhões. Pessoa disse que fez duas entregas pessoais e Filippi e que seu funcionário Walmir Pinheiro fez a terceira.

Na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, constam quatro doações oficiais da UTC para o comitê da campanha presidencial petista totalizando R$ 1,2 milhão, valor que o próprio Pessoa admitiu em sua delação ter repassado oficialmente para a campanha petista sem relação com o caixa 2 envolvendo o esquema de corrupção na Petrobrás.

O PT e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quiseram comentar o caso. A Camargo Corrêa e a UTC não responderam aos contatos da reportagem. A reportagem não localizou representantes da Iesa para comentar o caso.


COM A PALAVRA, A QUEIROZ GALVÃO:


“Queiroz Galvão esclarece que as atividades da companhia são pautadas pelo respeito aos padrões internacionais de ética corporativa.”


COM A PALAVRA, JOSÉ DE FILIPPI JÚNIOR:


“Em relação às informações prestadas pelo sr. Ricardo Pessoa, cabe esclarecer novamente que:

Não solicitei a qualquer pessoa que pedisse ou retirasse qualquer quantia em dinheiro em meu nome;

Todas as contribuições de campanha política que solicitei ao senhor Ricardo Pessoa foram recebidas formalmente via Transferência Eletrônica Direta (TED) e devidamente registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral;

3. Refuto veementemente todas as acusações que o Sr. Ricardo Pessoa dirige a mim;

Ao longo de mais de 20 anos, ocupei cinco mandatos populares, tosos eles conquistados sobretudo pela confiança que a população de Diadema me conferiu. Jamais solicitei ou recebi vantagens indevidas nos cargos que exerci. Este é meu maior patrimônio e que ninguém irá me tirar;

Continuo à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos.

Atenciosamente,

José de Filippi Jr.
Ex-prefeito de Diadema por três mandatos e ex-deputado estadual e federal pelo PT”

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

PF decide intimar Lula para prestar depoimento na Operação Zelotes


Por Rafael Moraes Moura, especial para O Estado, Andreza Matais, de Brasília e Fausto Macedo



Intimação já esta pronta e ex-presidente deve ser ouvido no dia 17; delegado Marlon Cajado cita em despacho esquema de lobby por MPs 

Em seu último dia de mandato, Lula recusou o pedido da extradição feito pela Itália. Foto: JF Diorio/Estadão.
O ex-presidente Lula. Foto: JF Diorio/Estadão.


A Polícia Federal expediu mandado para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja intimado a prestar depoimento na Operação Zelotes sobre o suposto esquema de compra de medidas provisórias editadas em seu governo e no da presidente Dilma Rousseff. O mandado 6262 é do dia três de dezembro e define o comparecimento do ex-presidente na próxima quinta-feira, dia 17, na sede da Polícia Federal em Brasília. O esquema de compras da MPs foi revelado pelo Estado em série de reportagens.

A determinação para a intimação é assinada pelo delegado Marlon Oliveira Cajado dos Santos, responsável pelas investigações da Operação Zelotes, e datada do dia 1º de dezembro. No documento, o delegado justifica que Lula deverá prestar esclarecimentos sobre “fatos relacionados ao lobby realizado para a obtenção de benefícios fiscais para as empresas MMC Automotores, subsidiária da Mitsubishi no Brasil, e o Grupo CAOA (fabricante de veículos Hyundai e revendedora das marcas Ford, Hyundai e Subaru), bem como outros eventos relacionados a essas atividades”.

Em nota, a assessoria do ex-presidente Lula disse que: “O ex-presidente Lula não tem qualquer relação com os fatos investigados. A Medida Provisória em questão foi editada e aprovada pelo Congresso em 2013, quando ele não era mais presidente da República. Mesmo sem ter sido notificado oficialmente para depor, Lula estará, como sempre esteve, à disposição das autoridades para contribuir com o esclarecimento da verdade.”

Lula assinou as medidas provisórias 471/2009 e 512/2010 que estão sob suspeita de ter sido compradas por esquema de corrupção que envolve lobistas e montadoras de veículos que se beneficiaram de prorrogação de incentivos fiscais definidas por essas normas.

O filho mais novo do ex-presidente, Luís Claudio Lula da Silva, recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes & Mautoni, consultoria contratada pelas duas montadoras para fazer o lobby pelas MPs, por meio de sua empresa, a LFT Marketing Esportivo. Há suspeitas de que o dinheiro seja pagamento pela edição das normas.

A PF instaurou novo inquérito para aprofundar as investigações sobre os pagamentos feitos a Luís Claudio após identificar que o trabalho que diz ter prestado à Mautoni se resumiu a cópia de material produzido na internet, em especial o site Wikipedia.

O depoimento de Luís Claudio também não foi considerado convincente pela PF e pelo Ministério Público, para quem ele não conseguiu explicar a razão de ter recebido o pagamento milionário. Os sócios da consultoria, Mauro e Cristina Marcondes, estão presos pela PF e a Justiça já acatou denuncia contra os dois.

Luís Cláudio Lula da Silva,  filho do ex-presidente Lula. Foto: Paulo Pinto/Estadão
Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. Foto: Paulo Pinto/Estadão

O ex-ministro Gilberto Carvalho também é alvo das investigações sobre a suposta compra de MPs. As investigações se concentram no período em que ele era chefe de gabinete do ex-presidente Lula. 

E-mails indicam relação de proximidade dele com o lobista Mauro Marcondes. Luís Claudio e Gilberto Carvalho tem negado envolvimento no esquema de compra de MPs, assim como a MMC. A CAOA não tem se manifestado sobre o assunto.

Até o momento, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público contra 18 pessoas suspeitas de participar do suposto esquema de compra de medidas provisórias acusadas pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e extorsão.

Opinião: Como o BTG afeta o sistema financeiro e seu bolso




Thinkstock/buchachon
Engrenagem, sistema financeiro
Engrenagem: Um banco como o BTG pode colocar o sistema financeiro em risco?
Editado por Priscila Yazbek, de EXAME.com


São Paulo - A convite de EXAME.com, Beto Veiga, doutor e mestre em economia pela UnB, advogado especialista em direito financeiro e professor de direito bancário, escreveu o artigo de opinião seguir, que analisa o impacto do banco BTG Pactual para o sistema financeiro nacional e para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) após a prisão de André Esteves, ex-presidente e controlador do banco.
 
Confira a seguir o artigo assinado por Beto Veiga.

Em geral, a grande dúvida que paira sobre acontecimentos das mais diversas naturezas que causam impacto no sistema bancário levam sempre à pergunta: qual é o tamanho do estrago que uma dada situação pode ocasionar? No caso de um banco do tamanho do BTG, então, a dúvida é mais do que pertinente. E a resposta é: na maioria das vezes, não temos a menor ideia.

Antes de partir especificamente para o caso do BTG, me permita um preâmbulo para explicar algumas questões sobre o nível de segurança do sistema financeiro nacional hoje.

No Brasil, o Banco Central (BC) faz o monitoramento da teia de relacionamentos das instituições financeiras para procurar métricas capazes de apontar o risco sistêmico.

Entre as várias ferramentas de que dispõe o departamento do BC encarregado de prever efeitos danosos ao sistema financeiro como um todo, um elemento importante é a relação de operações em bolsas e interbancárias, que mostra as responsabilidades e riscos assumidos pelos bancos entre si (o que um banco deve a outro).

Não posso deixar de mencionar também o Sistema de Informações de Crédito (SCR), que é a central de risco de crédito do BC, que apura o endividamento de empresas e famílias junto ao Sistema Financeiro Nacional.

A intrincada teia de relacionamentos pode ser rastreada com boa confiabilidade, diferentemente do que acontece em outros países, por incrível que pareça, tendo em conta a quantidade descomunal de informação privada que é compartilhada entre os bancos e o Banco Central.

O que falta ao BC é a possibilidade de entender o que os controladores à frente das instituições financeiras estão fazendo que pode ser classificado como “fora do convencional”.

Essa preocupação havia fugido do radar por um tempo quando, em razão do primeiro Acordo da Basiléia, o foco passou a ser a estrutura de capital dos bancos. Resumidamente, a capacidade das instituições para absorver perdas decorrentes de seus ativos.

Desvio de conduta era um tema fora de moda no âmbito dos fiscais “modernos”. O bonito mesmo era falar sobre os modelos matemáticos de gestão de risco de mercado e de crédito. Tal estado de coisas durou até que o Terceiro Milênio chegou com vasta oferta de motivos para que eles se lembrassem de que existe o fator governança, que deve ser observado muito de perto em suas atividades de supervisão.

De forma geral, a situação de uma instituição financeira é muito frágil em função do que se denomina alavancagem. Nos referimos a isso quando queremos dizer, de maneira vulgar, que o banco trabalha com o dinheiro dos outros.

Os bancos de investimento apresentam, em geral, baixa alavancagem, porque tendem a concentrar seus negócios na compra e venda de empresas e em reestruturações financeiras. O financiamento é utilizado muitas vezes para possibilitar fusões ou posteriores vendas de firmas dos mais diversos segmentos.

Por outro lado, nos Estados Unidos, foi justamente a atuação dos reguladores que instaurou a gigantesca crise cujos frutos ainda estamos a digerir. Eles deixaram que ativos tóxicos se espalhassem por todo o mercado e, quando lhes foi dada a possibilidade de resgatar uma instituição, optaram por permitir a quebra do banco de investimento Lehman Brothers, episódio que acendeu a centelha que faltava para a crise.
 

Caso BTG


Feitas as observações, abordo agora o caso do BTG, que é registrado junto ao BC como um banco múltiplo, mas com ênfase prioritária na atividade de banco de investimento.

Começo pelo balanço de junho de 2015 (não usarei o de setembro em razão de estar consolidado com o banco BSI, adquirido na Suíça), disponível no BC, que apresentava um patrimônio líquido de 16,3 bilhões de reais. Em junho de 2015, o banco captava recursos (funding) no mercado para fazer suas operações de crédito por meio de diversas fontes, mas focarei naquelas que mais diretamente afetam os clientes pessoa física:

Depósitos à vista: 385 milhões de reais;
Depósitos interfinanceiros: 903 milhões de reais;
Depósitos a prazo: 17.604 milhões de reais;

Vemos que os depósitos à vista e a prazo somavam 18 bilhões de reais, montante cujos credores (depositantes) estão parcialmente sujeitos à proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC é uma entidade mantida pelas próprias instituições financeiras com o propósito de manter a segurança e solidez do sistema bancário. Logo na sequência tratarei da estimativa que fiz sobre a parcela desses depósitos que é protegida pelo FGC.

Por falar no FGC, na ocasião da aquisição do banco Panamericano pelo BTG, em 2011, foi concedida uma aplicação no banco, que foi feita com o objetivo de dar mais liquidez ao BTG. Foi praticamente um brinde concedido ao BTG, sem contar o fato de o Fundo ter permitido a realização do financiamento em um prazo fora do convencional.

A aplicação foi realizada pela administradora do Bradesco, que cuida de um fundo exclusivo que tem apenas o FGC como cotista e colocou na carteira um título do BTG, no montante de 5,7 bilhões de reais, segundo informações divulgadas pela própria administradora. Em outras palavras, o FGC (que era o único investidor desse fundo) fez um depósito no valor de 5,7 bilhões de reais no BTG, com a intermediação, exclusivamente operacional, do Bradesco.

Assim, o risco que o BTG traz ao FGC é, de cara, equivalente a quase 13% do patrimônio total do Fundo Garantidor de Créditos. Mas não para por aí.

Na última sexta-feira (04) foi anunciada mais uma exposição do FGC ao BTG: o Fundo concedeu uma nova linha de liquidez no valor de 6 bilhões de reais ao BTG. Incluindo essa nova linha, portanto, a exposição do FGC ficaria em 11,7 bilhões de reais, o que representa 26% do atual patrimônio de 44,3 bilhões de reais do FGC (segundo dados do relatório do primeiro semestre de 2015).

Como o BTG tinha 18 bilhões de reais em depósitos, parte deste valor está coberta pelo FGC. Lembro que os clientes que fizeram depósitos à vista ou a prazo (ao comprar CDBs, por exemplo) no BTG - assim como ocorreria com qualquer outro banco - contam com a garantia do FGC, que em caso de quebra da instituição reembolsa aos clientes seus prejuízos até o limite de 250 mil reais.

Infelizmente, não podemos precisar qual é a parcela exata de depósitos à vista e a prazo do BTG que contam com a garantia do FGC. Mas, ao considerar os dados do FGC sobre o sistema bancário no geral, a garantia do Fundo engloba 45% do valor total dos depósitos feitos em bancos hoje. Assim, se os depósitos do BTG seguirem a mesma linha e 45% deles estiverem dentro da cobertura do FGC, isso significa que um total de 8 bilhões de reais poderiam ter de ser reembolsados a clientes do BTG pelo FGC.

Essa, no entanto, é apenas uma estimativa grosseira, porque a carteira do BTG conta com clientes de maior porte do que aquela dos bancos de varejo, assim, muitos deles possuem altos valores aplicados, o que reduz a cobertura em relação ao total depositado. Como a garantia está limitada a 250 mil reais, um banco de varejo tenderá a apresentar um percentual de cobertura mais próximo dos 45% do saldo do que o BTG, que tem uma clientela mais abastada e possui depósitos que podem superar o limite de 250 mil reais.

Vale lembrar que uma das razões da existência do FGC é justamente contornar possíveis impactos danosos que instituições financeiras possam causar ao sistema. Isso quer dizer que está na essência do FGC socorrer os bancos e, como consequência, solicitar novos aportes às instituições para recompor seu patrimônio.

Competirá, portanto, às demais instituições financeiras repor os recursos, como forma de manter ativa esta ferramenta de seguro de depósitos.

Finalmente, destaco que a parcela de recursos investidos no BTG que não está coberta pelo FGC pode causar impacto à própria carteira de fundos de investimentos que têm papéis do banco nessa situação.

Podemos supor, com base na estimativa limite feita anteriormente, que algo em torno de 10 bilhões de reais seriam suportados diretamente pelos cotistas individuais, ou seja, pelos investidores pessoa físcia. Conforme EXAME já informou, vários fundos de investimento e de pensão têm papeis do banco, sendo os principais alguns fundos do BB, Caixa, Bradesco, Santander, HSBC, JP Morgan e, inclusive, do próprio BTG.

Após os eventos ocorridos no final de novembro, a própria administradora do BTG informou que retirou da carteira dos seus fundos os papéis emitidos pelo BTG. Por falar nisso, o que se espera em uma situação assim é que as demais administradoras também retirem ativos do BTG de suas carteiras, assim o banco pode ter dificuldade de obter recursos. A propósito, o BTG colocou à venda o recém-adquirido banco suíço BSI com a finalidade de fazer caixa.
 

Pouco importa o perfil banco, mas sim sua teia de relacionamentos


Concluindo, muito mais do que o tipo de instituição financeira – se ela é um grande banco de varejo ou um banco de investimentos - o que importa para a estabilidade do sistema é a teia de relacionamentos, ou seja, o quanto ela está conectada com as demais instituições.

No caso em questão, essa teia está muito ligada ao FGC. Mas, como o Fundo pode sempre chamar seus participantes a fazerem aportes extras e o volume que discutimos é compatível com a dimensão do FGC, não vejo nenhum problema a esse respeito.

Sem abordar a governança do FGC, que acaba decidindo quem fica ou quem sai do sistema (tema que daria um outro longo artigo), do ponto de vista do investidor pequeno e médio, portanto, as aplicações financeiras que não tenham títulos do BTG na carteira não serão afetadas.

Já aquelas que tiverem, podem sofrer redução no valor das cotas em função da desvalorização dos papéis da instituição nesse momento e, em último caso, podem enfrentar alguma perda no principal, equivalente ao montante de recursos que o fundo estiver aplicando.

Essa segunda hipótese, no entanto, aconteceria apenas se o banco sofresse demais com os acontecimentos e acabasse submetido a processo de intervenção ou liquidação, sem que fosse desenhada uma solução de mercado, como a venda do negócio (em geral, o controle é transferido para outra grande instituição para que os clientes não tenham perdas).
 

Beto Veiga é doutor e mestre em Economia pela UnB, advogado especialista em direito financeiro e professor de direito bancário, autor do livro "Case com seu banco com separação de bens".

PF prende 4 executivos por corrupção no Rio São Francisco


Arquivo/Agência Brasil
Polícia Federal
Polícia Federal: a informação foi confirmada nesta manhã pelos delegados da Polícia Federal em Recife, núcleo da operação
 
Mateus Coutinho, do Estadão Conteúdo
Andreza Matais e Fausto Macedo, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A Polícia Federal prendeu temporariamente nesta sexta-feira, 11, quatro diretores das empresas Galvão Engenharia, OAS, Coesa e Barbosa Mello suspeitos de envolvimento no superfaturamento e desvio de R$ 200 milhões em dois lotes das obras da transposição do Rio São Francisco, entre o sertão de Pernambuco e a Paraíba.

A informação foi confirmada nesta manhã pelos delegados da Polícia Federal em Recife, núcleo da operação.

Ao todo, foram detidos um executivo que representa a OAS e a Coesa, um da Barbosa Mello e dois da Galvão Engenharia.

As prisões são temporárias, com duração de cinco dias podendo ser prorrogadas por mais cinco ou convertidas em preventiva - quando não há prazo definido para acabarem - e ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e no Distrito Federal.

As empresas compõem um consórcio responsável por dois dos 14 lotes da transposição que está na mira da Polícia Federal deflagrada por repassar os recursos recebidos do Ministério da Integração Nacional referentes à obra para empresas de fachada dos doleiros Alberto Youssef e Adir Assad, ambos já presos e condenados na Lava Jato por usarem suas empresas para lavar dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras.

Ao todo, o consórcio recebeu R$ 680 milhões pelas obras dos dois lotes, dos quais R$ 200 milhões foram repassados para empresas de fachada, segundo as investigações.

Apesar das coincidências com a operação tocada pelo juiz Sérgio Moro, no Paraná, a investigação é realizada pela Polícia Federal no Recife (PE), independentemente da Lava Jato.

Ao perceber que os alvos se cruzaram, contudo, a Polícia Federal compartilhou informações com a força-tarefa da emblemática operação que desmontou o esquema de corrupção na Petrobras.

Cerca de 150 policiais federais cumpriram nesta manhã 32 mandados, sendo 24 de busca e apreensão, 4 de condução coercitiva e quatro de prisão nos Estados de Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e em Brasília.
 

Obra


A obra de transposição do Rio São Francisco é tocada pelo governo federal e foi reiniciada na gestão do ex-presidente Lula.

Segundo o Ministério da Integração Nacional, responsável pela execução, a obra engloba a construção de quatro túneis, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e 27 reservatórios. Desde que foi retomada, ela se arrasta há oito anos.

Além da recuperação de 23 açudes existentes na região que receberão as águas do Rio São Francisco.

O projeto esta orçado em R$ 8,2 bilhões, com base na planilha orçamentária vigente.

O governo diz que a obra beneficiará uma população estimada de 12 milhões de habitantes, em 390 municípios nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde a estiagem ocorre frequentemente.

A Região Nordeste possui 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água. O Rio São Francisco apresenta 70% de toda a oferta regional.

Em outubro deste ano, conforme o ministério, 81% da execução física da obra estava concluída, sendo o Eixo Norte com 82,2% e o Eixo Leste com 79,2%.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou entre 2005 e 2013 irregularidades que somam R$ 734 milhões nas obras da transposição, o que inclui contratos que não foram honrados ou que têm sobrepreço, pagamento duplicado por obras ou pagamento de serviços que não foram executados.

Cade aprova venda de restante de aterro CDR Pedreira ao BTG




Nelson Ching/Bloomberg
Persio Arida, do BTG Pactual
Persio Arida, do BTG Pactual: aval foi publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial da União
 
Da REUTERS


São Paulo - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a compra por uma sociedade do grupo BTG Pactual de 35 por cento do capital da CDR Pedreira, um aterro na cidade de São Paulo parte da Estre Ambiental.

A sociedade do BTG, a AZPSPE, detida pelo Fundo de Investimento em Participações Turquesa, passa, com a operação, a deter todo o capital da CDR Pedreira, já que tinha fatia de 65 por cento na empresa antes do negócio.

O aval foi publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial da União.

BTG Pactual avalia venda de filial no Chile





REUTERS/Denis Balibouse
Ex-CEO e ex-controlador do BTG Pactual, André Esteves
Ex-CEO e ex-controlador do BTG Pactual, André Esteves: procurado pela Reuters, o BTG Pactual Chile afirmou que não comenta rumores da imprensa
 
Da REUTERS


Santiago - O grupo BTG Pactual está avaliando vender sua filial no Chile a sócios locais, em uma decisão que será definida na próxima semana, publicou um jornal chileno nesta quinta-feira.

Apesar da unidade chilena do BTG Pactual assegurar que sua situação financeira é robusta, os sócios chilenos do banco --Celfin Capital-- estão interessados em recuperar o controle da operação para se distanciarem o máximo possível dos problemas que afetam o grupo financeiro brasileiro.

Segundo o Diario Financeiro, os sócios chilenos do BTG Pactual estão dispostos a oferecer 200 milhões de dólares pelos ativos no país, mas o grupo brasileiro não está inclinado a aceitar menos de 400 milhões de dólares pela unidade.

Para facilitar as supostas negociações, o empresário chileno Jorge Errázuriz, um dos fundadores da Celfin, assumiu a tarefa de viajar a São Paulo para tentar obter um acordo com o BTG Pactual.

Procurado pela Reuters, o BTG Pactual Chile afirmou que não comenta rumores da imprensa.