Intimação já esta pronta e ex-presidente
deve ser ouvido no dia 17; delegado Marlon Cajado cita em despacho
esquema de lobby por MPs
A Polícia Federal expediu mandado para que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva seja intimado a prestar depoimento na Operação
Zelotes sobre o suposto esquema de compra de medidas provisórias
editadas em seu governo e no da presidente Dilma Rousseff. O mandado
6262 é do dia três de dezembro e define o comparecimento do
ex-presidente na próxima quinta-feira, dia 17, na sede da Polícia
Federal em Brasília. O esquema de compras da MPs foi revelado pelo Estado em série de reportagens.
A determinação para a intimação é assinada pelo delegado Marlon
Oliveira Cajado dos Santos, responsável pelas investigações da Operação
Zelotes, e datada do dia 1º de dezembro. No documento, o delegado
justifica que Lula deverá prestar esclarecimentos sobre “fatos
relacionados ao lobby realizado para a obtenção de benefícios fiscais
para as empresas MMC Automotores, subsidiária da Mitsubishi no Brasil, e
o Grupo CAOA (fabricante de veículos Hyundai e revendedora das marcas
Ford, Hyundai e Subaru), bem como outros eventos relacionados a essas
atividades”.
Em nota, a assessoria do ex-presidente Lula disse que: “O
ex-presidente Lula não tem qualquer relação com os fatos investigados. A
Medida Provisória em questão foi editada e aprovada pelo Congresso em
2013, quando ele não era mais presidente da República. Mesmo sem ter
sido notificado oficialmente para depor, Lula estará, como sempre
esteve, à disposição das autoridades para contribuir com o
esclarecimento da verdade.”
Lula assinou as medidas provisórias 471/2009 e 512/2010 que estão sob
suspeita de ter sido compradas por esquema de corrupção que envolve
lobistas e montadoras de veículos que se beneficiaram de prorrogação de
incentivos fiscais definidas por essas normas.
O filho mais novo do ex-presidente, Luís Claudio Lula da Silva,
recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes & Mautoni, consultoria
contratada pelas duas montadoras para fazer o lobby pelas MPs, por meio
de sua empresa, a LFT Marketing Esportivo. Há suspeitas de que o
dinheiro seja pagamento pela edição das normas.
A PF instaurou novo inquérito para aprofundar as investigações sobre
os pagamentos feitos a Luís Claudio após identificar que o trabalho que
diz ter prestado à Mautoni se resumiu a cópia de material produzido na internet, em especial o site Wikipedia.
O depoimento de Luís Claudio também não foi considerado convincente
pela PF e pelo Ministério Público, para quem ele não conseguiu explicar a
razão de ter recebido o pagamento milionário. Os sócios da consultoria,
Mauro e Cristina Marcondes, estão presos pela PF e a Justiça já acatou
denuncia contra os dois.
O ex-ministro Gilberto Carvalho também é alvo das investigações sobre
a suposta compra de MPs. As investigações se concentram no período em
que ele era chefe de gabinete do ex-presidente Lula.
E-mails indicam
relação de proximidade dele com o lobista Mauro Marcondes. Luís Claudio e
Gilberto Carvalho tem negado envolvimento no esquema de compra de MPs,
assim como a MMC. A CAOA não tem se manifestado sobre o assunto.
Até o momento, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público
contra 18 pessoas suspeitas de participar do suposto esquema de compra
de medidas provisórias acusadas pelos crimes de corrupção ativa e
passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e extorsão.
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