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BTG: o banco pretende se desfazer de todos os negócios que estão sob o guarda-chuva de "principal investments"
Mônica Scaramuzzo e Fernando Scheller, do Estadão Conteúdo
São Paulo - O BTG Pactual
está acelerando a venda de seus ativos considerados mais atraentes no
mercado para levantar recursos em momento considerado crítico para o
banco.
Além da fatia de 12% da rede D'Or, que já está em conversas avançadas
com o fundo soberano de Cingapura, o GIC, as vendas das participações do
banco na rede de estacionamentos Estapar, no Uol e na Petro África
também estariam em andamento, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
Fontes dizem que o banco talvez tenha de aceitar deságios de 15% a 20% para encontrar compradores.
O banco pretende se desfazer de todos os negócios que estão sob o
guarda-chuva de "principal investments", que incluem investimentos
diretos do BTG em participações em empresas, títulos e ativos
imobiliários, informou uma fonte próxima ao banco.
Entre 2010 e 2012, o BTG entrou em mais de 40 negócios, nos mais
variados setores, de óleo e gás a mineração, de lojas de departamentos a
redes de farmácias.
Algumas das empresas que o BTG tem participação já estavam à venda, mas a prisão do banqueiro André Esteves, na quarta-feira passada, 25, dentro da Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras, acelerou o processo.
O primeiro ativo a ser vendido, como publicado no domingo, 29, no portal
de internet do jornal O Estado de S. Paulo, é a rede DOr, que
administra hospitais. É considerado o melhor ativo em private equity
(fatias de companhias) do BTG - a fatia de 12% que a instituição detém
valeria cerca de R$ 2 bilhões.
O principal interessado no ativo é o fundo soberano de Cingapura, o GIC, que adquiriu 16% da DOr em maio, por R$ 3,2 bilhões.
À venda
Depois da D'Or, a rede de estacionamentos Estapar, que está no portfólio
do banco desde 2009, é a que atrai mais interesse. Segundo apurou o
jornal O Estado de S. Paulo, o ativo poderia render cerca de R$ 400
milhões à instituição (o BTG tem 75% da empresa). O banco também estaria
negociando sua fatia de 5,4% na empresa de mídia UOL e a Petro África,
parceria com a Petrobras que administra refinarias em países africanos.
A venda da rede DOr tem chances de sair mais rápido porque o GIC já
conhece bem o ativo. "Eles estão muito satisfeitos com o investimento",
diz uma fonte com conhecimento do assunto. A Estapar também já teria
interessados, incluindo a rede de estacionamentos concorrente Moving.
Apesar desta negociação, a aposta do mercado é que a venda do negócio
ainda leve algum tempo. "Acho que não deve sair imediatamente", afirma
uma fonte.
Procurado, o BTG não quis se pronunciar. Rede D'Or e Estapar não
quiseram comentar o assunto. O GIC e o UOL não retornaram os pedidos de
entrevista da reportagem até o fechamento desta edição. A Moving não foi
encontrada.
Problemas
Parte do restante do portfólio de empresas do BTG é considerado
problemático pelo mercado - o interesse de investidores pelos demais
ativos é limitado. A BR Pharma, braço de varejo farmacêutico do banco,
tem dívida superior a R$ 800 milhões e problemas de administração.
A instituição havia se comprometido a aportar mais R$ 600 milhões para dar nova vida ao negócio.
O investimento deveria ser formalizado agora em dezembro, mas, de acordo
com fontes, a prisão de Esteves deve inviabilizar a operação.
Outro negócio de varejo, a rede fluminense Leader, também é vista como
uma compra ruim do BTG e está passando por um processo de reestruturação
comandado por Enéas Pestana, ex-presidente do Grupo Pão de Açúcar.
A BR Properties, empresa de ativos imobiliários e que tem o grupo
canadense Brookfield como um dos fortes interessados, vai fazer nesta
terça-feira, 1º de dezembro, em Bolsa venda de um bloco de ações - 17,8
milhões de papéis ordinários (ou 5,9% do total) como forma de levantar
recursos rapidamente para a operação.
Procurada, a BR Properties não retornou os pedidos de entrevista.
Na opinião de fontes ouvidas, mesmo esses ativos pouco atraentes precisariam ser vendidos o mais rápido possível pelo BTG.
"Se alguém quiser levar, mesmo pagando muito pouco, seria vantagem, pois
o banco poderia desativar a área de private equity e cortar custos",
diz uma fonte de mercado. "Não dá para o BTG fingir que está fazendo
essas vendas em condições normais."
Credibilidade
Correr contra o tempo para vender ativos nunca foi posição vantajosa para banco algum, ponderou outra fonte do setor.
"O BTG está fazendo o que deve ser feito para resolver o problema de
curto prazo (venda de ativos), mas não sabemos se será suficiente para
recuperar a credibilidade perdida com a prisão de André Esteves", disse
um banqueiro à reportagem.
Mesmo que o banco arrecade o suficiente para manter a operação e a
participação de Esteves seja comprada, outro banqueiro diz que há a
questão da credibilidade da marca. "São muitos escândalos juntos. Será
que os investidores terão coragem de confiar seu dinheiro ao BTG?",
questiona.
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