Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma Rousseff: a intenção é instalar o colegiado em uma sessão extraordinária marcada para as 18h
Líderes partidários e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) fecharam hoje (3) um acordo para que todas as legendas
representadas na Casa indiquem, até as 14h da próxima segunda-feira (7),
os nomes de deputados que integrarão a comissão especial que vai
analisar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A intenção é instalar o colegiado em uma sessão extraordinária marcada para as 18h.
A comissão especial deve se reunir imediatamente depois para escolher, em votação secreta, o presidente e o relator do caso.
Segundo o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), que foi o
primeiro a deixar a reunião na sala de Cunha, os líderes da oposição
devem estar entre os nomes indicados “já que estiveram à frente na
defesa do processo de impeachment”.
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Ao todo o a comissão terá 65 membros. O PSDB terá seis cadeiras no
colegiado e o bloco que compõe, junto com PSB, PPS e PV, totalizará 12
vagas.
O bloco comandado pelo PT, que é integrado ainda pelo PSD, PR, PROS e
PCdoB, terá 19 vagas, das quais oito são do partido do governo. O PMDB
terá oito representantes.
O bloco formado pela legenda e pelo PP, PTB, DEM, PRB, SDD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PSDC, PEM, PRTB tem 25 integrantes.
Com o início dos trabalhos da comissão, a presidenta será notificada e
terá o prazo de dez sessões do plenário para apresentar a sua defesa.
A comissão especial terá, a partir dessa defesa, cinco sessões do plenário para votar o parecer.
Caso o colegiado decida pelo prosseguimento das investigações, o parecer precisará passar pelo crivo do plenário.
Para ser aprovado, são necessários dois terços dos votos da Casa (342).
A partir deste momento, Dilma teria que ser afastada do comando do país
por até 180 dias. Neste período, o Senado julgaria a presidenta.
Acusação de Cunha
Sampaio também comentou a acusação feita pelo presidente da Câmara, na manhã de hoje (3).
Cunha disse que a presidenta Dilma “mentiu à sociedade” ao afirmar, em
pronunciamento em rede nacional que seu governo não participa de
“barganhas” com o Congresso.
O presidente da Câmara disse que, na manhã dessa quarta-feira, o
ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, intermediou uma negociação entre
Dilma e o deputado André Moura (PSC-SE), relator da reforma tributária
na Câmara.
"Ontem, o deputado [André Moura] esteve com a presidenta da República,
que quis vincular o apoio dos deputados do PT [para votarem a favor do
arquivamento do processo contra Cunha no Conselho de Ética] à aprovação
da CPMF”, afirmou Cunha em entrevista à imprensa.
Sampaio disse que é “natural” que interlocutores conversem, mas afirmou
que “é da natureza do governo Dilma a barganha e uma barganha nefasta
para o país”.
André Moura ainda não foi encontrado para confirmar as informações divulgadas por Cunha.
No final da manhã de hoje, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) garantiu que o
partido do governo “jamais entraria em um jogo de barganha”.
Damous afirmou que a situação seria “inadimissível”. O parlamentar
apresentou nesta quinta-feira um mandado de segurança no Supremo
Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação do ato do presidente da Câmara
que aceitou o pedido de abertura do processo de impeachment.
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