Denis Ribeiro
Jaques Wagner: “quando ficou feio para a oposição ele veio tentar conosco"
Lisandra Paraguassu, da REUTERS
Brasília - O governo
abriu mais um capítulo no embate com o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), apesar dos conselhos do vice-presidente da República,
Michel Temer, de que a presidente Dilma Rousseff
não deveria comprar uma briga pública com o parlamentar, que aceitou
na quarta-feira a abertura de processo de impeachmente contra a
presidente.
No final desta manhã, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, chamou
uma entrevista para dizer que Cunha, que havia acusado a presidente de
mentir ao negar que houvesse barganha para salvá-lo no Conselho de Ética
em troca do arquivamente dos pedidos de impeachment, foi quem mentiu.
Segundo Cunha, o deputado André Moura (PSC-SE) teria sido levado por
Wagner até o gabinete de Dilma, que teria proposto que houvesse um
"comprometimento com a aprovação da CPMF", em troca de apoio no
Consehlho de Ética, onde o presidente da Câmara enfrenta processo por
falta de decoro parlamentar.
Wagner admitiu ter estado na quarta-feira com o deputado André Moura,
mas que discutiu com ele pautas econômicas e não o levou à presidente.
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O ministro acusou Cunha de usar sempre a ameaça como ferramenta e ter
tentado apoio do governo quando não o teve mais na oposição.
“Quando ficou feio para a oposição ele veio tentar conosco, e também não
levou. Vai ter que enfrentar sem ameaças um Conselho de Ética”, disse o
ministro.
“Ele não conquistou aquilo que ele alardeia e que foi o motivo de
chantagem. Eu não sou obrigado a ser verdadeiro com alguém que usa seu
próprio poder para paralisar um país e a vida do Congresso.”
Reação
Cedo na manhã desta quinta-feira, Michel Temer, em reunião com Dilma e o
próprio Jaques Wagner, aconselhou a presidente a não entrar em embate
público com Cunha, e a agir de “forma institucional” para diminuir a
temperatura política, informou à Reuters fonte ligada ao
vice-presidente. Mas, depois da entrevista de Cunha, o Planalto resolveu
responder.
Além da entrevista de Wagner, o governo estuda uma nota oficial. A
avaliação foi de que o Planalto não poderia deixar passar as pesadas
acusações do presidente da Casa.
O próprio Jaques Wagner informou que Dilma ligou para Temer esta manhã
para chamá-lo para uma reunião de coordenação política ampliada na tarde
desta quinta-feira.
O vice-presidente estava na Base Aérea, onde embarcaria para São Paulo,
mas voltou para se reunir por cerca de meia hora com a presidente.
Na conversa, os dois analisaram os cenários daqui para a frente, e Temer
se prontificou a ajudar, como jurista, na construção da defesa de Dilma
no processo de impeachment. E Temer fez a recomendação de que o
Planalto evitasse subir o tom.
Nesta tarde, a presidente chamou uma reunião da coordenação política
ampliada, cerca de 12 ministros, para preparar o governo, de acordo com
Wagner, para o embate dos próximos meses. Devem estar presentes
representantes de todos os partidos.
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