terça-feira, 29 de março de 2016

Equity crowdfunding cresce no Brasil para pequenas empresas


Thinkstock
economia, dinheiro, porquinho, crowdfunding
Investimento: no exterior, esse processo evoluiu para a distribuição de papéis de empresas que buscam o lucro, o chamado equity crowdfunding
 
Angelo Pavini, da Arena do Pavini

O mercado de capitais entra de vez na era das comunidades virtuais. Depois dos sistemas de negociação eletrônica que permitem comprar e vender ações em bolsa de qualquer lugar usando telefone ou tablets e das comunidades de discussão de investimentos, o próximo passo é a abertura de capital de empresas via internet.

Hoje, já é comum o chamado crowdfunding, usado para financiar projetos e empresas sem fins lucrativos por meio de campanhas em comunidades da internet.
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Uma versão eletrônica da popular “vaquinha” para projetos de cunho social.

No exterior, esse processo evoluiu para a distribuição de papéis de empresas que buscam o lucro, o chamado equity crowdfunding.

Como o custo dessa distribuição é muito baixo e a abrangência de interessados é imensa, ele permite que empresas menores também encontrem investidores dispostos a correr o risco de um negócio principiante, as chamadas “startups”.

Na Inglaterra, onde o equity crowdfund começou há cinco anos, a estimativa é que no ano passado esse tipo de operação tenha permitido a pequenas empresas captarem 150 milhões de libras ou R$ 750 milhões, quase o dobro dos 85 milhões de libras do ano anterior.
 

CVM prepara regulação


No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais, está atenta ao crescimento desse tipo de operação e estuda uma regulação, que estava prevista inicialmente para o fim do ano passado, mas acabou ficando para este ano, ainda sem prazo oficial.

Mas, segundo fontes do setor, a proposta deve entrar em discussão em abril, detalhando como a oferta de papéis das empresas deve ser feita e mudando algumas regras com relação ao porte e ao perfil das candidatas e regulamentando as empresas distribuidoras, explica Gregg Kelly, sócio do site EqSeed e diretor da Associação Brasileira das Empresas Administradoras de Plataformas de Equity Crowdfunding.
 

Mais rapidez nas ofertas


Hoje, o equity crowdfunding já é possível, desde que as empresas respeitem a Instrução CVM 400, que em seu artigo 5º regula as ofertas públicas de micro e pequenas empresas.

O processo, porém, é demorado, pode levar seis meses ou mais, pois depende de aprovação da CVM, Por isso, é grande a expectativa com a regulamentação, que dispensariam as operações do sinal verde da CVM.

Kelly espera que as normas sejam colocadas em audiência pública no começo de abril e, depois, as sugestões do mercado serão analisadas pela CVM.

A aprovação final deve sair até dezembro, espera Kelly. Segundo ele, ao contrário do mercado formal de grandes ofertas públicas de ações, que está paralisado desde o ano passado, há muitas empresas procurando operações de crowdfunding para financiar seus projetos.
 

Quantas ações vai levar no ato


A regulamentação deverá definir os valores máximos das ofertas, o tipo e o porte das empresas que podem participar e a forma como os investimentos serão feitos.

Hoje, o investidor recebe um Título de Dívida Conversível (TDC), uma espécie de debênture conversível, que garante uma fatia de ações da empresa no futuro.

Uma das exigências da CVM é que os investidores saibam na aplicação quantas ações e quanto do capital da empresa terão quando ela abrir o capital.

“É muito importante essa segurança e essa facilidade de entendimento para o investidor iniciante, é preciso que o processo seja simples para ele poder aplicar com segurança”, afirma Brian Begnoche , sócio de Kelly na EqSeed.
 

Ofertas de R$ 5 milhões


Atualmente, as operações via internet estão limitadas, pela Instrução 400, às micro e pequenas empresas, que têm seu próprio critério de tamanho para garantir também vantagens fiscais, como o uso do Simples para pagar menos impostos.

Hoje, esse limite está em um faturamento anual de até R$ 3,6 milhões. O valor que elas podem captar também é limitado a R$ 2,4 milhões.

A proposta das empresas de crowdfunding é que esse limite passe para um faturamento de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões por ano e uma autorização de captação no mesmo valor.

O valor mínimo das captações feitas no Brasil está em torno de R$ 200 mil, mas, após a regulamentação, deverá crescer e chegar a até R$ 1 milhão.
 

Empresas abertas e fechadas


Outra mudança é que a nova regulamentação permitirá que não só empresas de sociedade limitada façam ofertas, liberando também as emissões de sociedades abertas.

Hoje, como as ofertas são só de empresas limitadas, os investidores só podem comprar notas de crédito conversíveis. Com a autorização para as sociedades abertas, as empresas poderão vender ações diretamente via internet.

“A regulamentação deve permitir qualquer natureza de empresa, aberta ou fechada, como já ocorre no exterior”, afirma Kelly. Mesmo assim, ele acredita que muitas continuarão como sociedades limitadas, para continuar com as vantagens fiscais do Simples.
 

Plataformas sem capital mínimo, mas com responsabilidades


A regulamentação deve dispensar as plataformas de distribuição de ter um capital mínimo, mas elas terão de seguir uma série de normas que vão garantir que as empresas e as ofertas cumpram as regras da CVM.

Kelly diz que a ideia é evitar que o excesso de regulação acabe travando o mercado. “Vimos outros países em que houve muita regulação e o resultado foi que os mercados não cresceram”, afirma.

O ideal é algo parecido com a Inglaterra, afirma Kelly, que define apenas pontos básicos, como o tamanho das ofertas e das empresas e um limite para investidores não qualificados, que deve ser de 10% da carteira total no Brasil.

Em troca dessas exigências, as operações não precisarão mais ser aprovadas pela CVM. As plataformas também serão responsáveis por fornecer informações e dados das empresas, antes e depois da oferta, para manter os investidores informados.
 

Meta de 12 ofertas este ano


A primeira empresa da EqSeed a usar o sistema para captar foi a Kokar, de automação de residências, que usou as regras da Instrução 400 da CVM. Kelly diz que está em conversas com outras empresas interessadas em emitir papéis e quatro já estão em estágio avançado.

A meta é fechar o ano com 12 operações e R$ 5 milhões captados no total, com uma média de R$ 400 mil por operação.

“Mas o foco no momento não é o volume de operações, mas a qualidade”, afirma Kelly, que espera que a maioria das operações deste ano saia ainda pela Instrução 400.

A preocupação, diz, nem é tanto com o setor de atuação das empresas, mas que elas tenham capacidade de crescimento forte. Em geral, o setor de tecnologia costuma ter mais candidatas, mas há casos de comércio eletrônico e até microcervejarias.

“São setores com os quais os investidores se identificam, acompanham, e que gostariam de participar, já imaginando também uma porta de saída, como a venda para outra grande empresa do setor”, acrescenta Begnoche.
 

Desintermediação financeira


Há quatro plataformas ativas no Brasil, tentado se firmar no mercado: a EqSeed, a Broota, a StartMeUp e a EuSócio, cada uma com suas características.

Na Broota, por exemplo, há a figura do “investidor âncora”, em geral um fundo ou grande investidor “anjo”, que apresenta a empresa aos investidores na rede.

O objetivo é regulamentar o mercado para formalizar e trazer credibilidade para o segmento.

“No fundo, é um modelo de desintermediação financeira, no qual a análise de crédito que vai ser feita pelo próprio investidor, e em empresas nascentes, que não têm muita estrutura, por isso precisa ser um processo simples, com baixa burocracia e baixo custo para as empresas aproveitarem”, afirma Kelly.

Um processo, portanto, que envolve riscos elevados de perdas caso o projeto não dê certo.
 

Sem espaço na bolsa e sem investidores


O modelo de equity crowdfunding deve preencher uma lacuna que existe hoje entre as empresas pequenas e as médias, que já podem usar o mercado de acesso da BM&FBovespa, o Bovespa Mais, para captar.

“Aqui no Brasil, essa lacuna é ainda maior”, afirma Kelly. “Podemos começar com um limite mais baixo e, mais adiante, mostraremos à CVM a importância desse mercado e os valores podem ser ampliados”, afirma Kelly.

Ele diz que na Inglaterra o equity crowdfunding não tem limite de captação, mas, na zona do euro, o máximo permitido é € 5 milhões por empresa.
“Lá, muitas empresas já estão chegando no limite e pedindo para aumentar”, afirma Kelly.

Duas empresas inglesas com capital em bolsa também pediram para fazer ofertas de crowdfunding, pelo baixo custo, pela possibilidade de atrair mais investidores e pelos benefícios em marketing do sistema.
 

Empresas fora do radar dos investidores


A tecnologia permitirá abrir um canal de financiamento para empresas que estão começando, as chamadas “startups”, e que ficam fora do radar dos grandes financiadores, do mercado de capitais e dos pequenos investidores, diz Begnoche.

Ele cita o exemplo dos fundos especializados em empresas emergentes, os “venture capital”, que só trabalham com empresas que faturam mais de R$ 4 milhões.

“O equity crowdfunding permite destravar um grande volume de recursos de investidores que podem se interessar em participar desses projetos hoje sem fonte de financiamento”, explica.
 

Risco de golpes


Kelly diz que a seleção das empresas e a validação dos dados pelos sites vão ajudar a evitar golpes contra os investidores.

Além disso, o crowdfunding é um método de captar recursos muito público, e as empresas vão chamar muita atenção e isso deve ajudar no controle da qualidade.

“Nós, por exemplo, só faremos campanha com empresas já constituídas, com captação e contas em nome delas mesmo, tudo para reduzir o risco”, diz.

“E teremos cem investidores individuais acompanhando a empresa.” A meta é que o investidor corra apenas o risco do negócio mesmo, que já é bastante alto, considerando que são empresas novas.
 

Participação limitada a 10%


No caso do investidor, ele ganhará uma renda variável sobre o crescimento do negócio de acordo com sua participação societária.

“É um produto de diversificação com empresas nascentes, para pessoas com ideia de ganho de capital de longo prazo, mas nível de risco razoável e baixa liquidez, por isso deve ser sempre uma parcela pequena de uma carteira de investimentos”, afirma Kelly.

Por isso a sugestão de que as ofertas pelos sites não superem 10% do valor oferecido para pessoas físicas não qualificadas.

“Com a taxa de juros do Brasil, esse percentual é razoável”, afirma Kelly.
 

Governança variável


Em termos de governança, a empresa que faz a oferta pode oferecer direito de voto ou não. Mas, no contrato, elas têm de prestar informações a cada três meses, um resumo do desempenho, um balanço simples e, a cada ano, um balanço completo.

“O modelo garante um alto nível de transparência, desde o início da campanha, quando a empresa coloca a oferta no site”, afirma. Essa cultura de transparência também é um passo importante para a empresa se tornar uma companhia aberta no futuro.
 

Mais autonomia dos investidores


Para Begnoche, o ideal é que o sistema seja o mais compreensível possível para o investidor não especializado, para liberar os valores que hoje estão aplicados apenas em grandes bancos e em geral em renda fixa.

“O conhecimento dessa pessoa física não é de um profissional, mas ele tem a capacidade de tomar uma decisão sobre a qualidade de uma empresa ou negócio”, afirma.

Ele lembra que há um movimento de mudança no Brasil, com mais pessoas gerenciando sua carteira de investimento.

“Lá fora, nos EUA ou na Inglaterra, essa tendência é ainda mais forte, com muito home broker, que traz mais independentes para o mercado e reduz o custo das empresas que captam”, diz.

“E isso ajuda as empresas que querem crescer e criar valor para a economia brasileira”, explica.
 

Lista de espera para investir


Ele dá o exemplo da Kokar, que captou em dezembro R$ 300 mil de 38 investidores de oito estados.

A média por investidor foi de R$ 8 mil, “mas tinha valores de R$ 1 mil a R$ 50 mil, uma grande variedade de valores e perfis”, afirma Begnoche.

O modelo, diz, serve tanto para profissional, como executivos de empresas, quanto o principiante, e surpreendeu pelo interesse.

“No dia da oferta, fizemos um webinar (apresentação via internet) para um grupo de investidores e um cliente fechou sozinho os R$ 40 mil restantes da oferta’, afirma Kelly.

“Então, no segundo webinar do dia, já não tínhamos mais nada para oferecer e sobrou uma fila de espera.” Outra empresa que está sendo preparada para captar R$ 250 mil pela EqSeed é o site educacional “Me passa aí”, voltado para tirar dúvidas de estudantes universitários.
 

Oferta de 96 segundos


A tendência é que o mercado se desenvolva e mais empresas e investidores participem do equity crowdfunding, permitindo operações maiores e em menor espaço de tempo. Kelly lembra que o mercado inglês começou com operações de 75 mil libras e hoje oscila em torno de 1 milhão de libras.

Uma empresa chegou a fazer uma oferta de 5 milhões de libras no ano passado. Além disso, o tempo das ofertas se encurtou.

Em uma delas, de um banco totalmente digital, a oferta foi toda comprada por um único investidor, que em 96 segundos levou o 1 milhão de libras em papéis oferecidos.

“É uma forma rápida de um negócio inovador se financiar, até porque uma ideia nem sempre resiste tendo de esperar seis, nove meses para obter recursos”, afirma Kelly.

Por aclamação, PMDB oficializa rompimento com governo Dilma

Os seis ministros peemedebistas serão orientados a entregar seus cargos.
Saída do PMDB pode desencadear desembarque de outras siglas aliadas.

  Resultado de imagem para fotos da saida do PMDB do governo

Nathalia Passarinho e Fernanda CalgaroDo G1, em Brasília

 

O Diretório Nacional do PMDB decidiu nesta terça-feira (29), por aclamação, romper oficialmente com o governo da presidente Dilma Rousseff. Na reunião, a cúpula peemedebista também determinou que os seis ministros do partido e os filiados que ocupam outros postos no Executivo federal entreguem seus cargos.

O vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, não participou da reunião que oficializou a ruptura com o governo sob o argumento de que não desejava "influenciar" a decisão. No entanto, ele teve participação ativa na mobilização pelo desembarque do partido e passou toda a segunda-feira (28) em reuniões com parlamentares e ministros do PMDB em busca de uma decisão “unânime”.
 

Comandada pelo primeiro vice-presidente do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a reunião durou menos de cinco minutos. Após consultar simbolicamente os integrantes do partido, Jucá decretou o resultado da votação.

"A partir de hoje, nessa reunião histórica para o PMDB, o PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Rousseff e ninguém no país está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do PMDB", enfatizou.

A decisão do PMDB aumenta a crise política do governo e é vista como fator importante no processo de impeachment de Dilma. Há a expectativa de que, diante da saída do principal sócio do PT no governo federal, outros partidos da base aliada também desembarquem da gestão petista.

Atualmente, o PMDB detém a maior bancada na Câmara, com 68 deputados federais. O apoio ao governo, porém, nunca foi unânime dentro da sigla e as críticas contra Dilma se intensificaram com o acirramento da crise econômica e a deflagração do processo de afastamento da presidente da República.


Efeito dominó
 

Na reunião desta terça, os peemedebistas decidiram que os ministros da legenda que descumprirem a determinação de deixar o governo poderão sofrer sanções, como expulsão do partido.

Após a decisão do Diretório Nacional do PMDB, o G1 procurou as assessorias dos ministérios da Agricultura, da Aviação Civil, de Portos, de Ciência e Tecnologia, de Minas e Energia e da Saúde.

Por meio da assessoria, o Ministério da Saúde informou que Marcelo Castro permanecerá "por enquanto" tanto no cargo de ministro quanto no PMDB e aguardará os "próximos passos do partido", como o prazo que será dado pela legenda para que os ocupantes de cargos no Executivo deixem as vagas.

Até esta segunda-feira, o PMDB ocupava sete cadeiras no primeiro escalão do governo Dilma. No entanto, Henrique Eduardo Alves, um dos peemedebistas mais próximos de Michel Temer, se antecipou à decisão da cúpula e entregou seu cargo a Dilma.

Dilma também lançou mão dos últimos esforços para tentar resgatar o apoio do partido. Na manhã de segunda, ela chamou ao seu gabinete no Palácio do Planalto seis dos sete ministros do PMDB para avaliar o cenário. No entanto, no fim do dia, Henrique Alves, um dos presentes ao encontro, apresentou a sua carta de renúncia.

Apesar do desembarque, Temer continuará na Vice-Presidência da República sob o argumento de que foi eleito pela população na chapa de Dilma e de que não ocupa, portanto, cargo de submissão à presidente.


Afastamento
 

A decisão de afastamento já estava tomada, mas o PMDB decidiu dar uma espécie de “aviso prévio” ao governo. Reunião da convenção nacional do PMDB no dia 12 de março foi marcada por discursos em defesa do impeachment de Dilma e do rompimento com o governo.

Na ocasião, ficou decidido que o partido anunciaria em 30 dias se desembarcaria ou não do governo. Também ficou estabelecido que o PMDB não assumiria novos ministérios até que o fosse definido se haveria o rompimento.

No entanto, dias depois, a presidente Dilma ignorou a decisão e empossou o deputado licenciado Mauro Lopes (PMDB-MG) como ministro da Secretaria de Aviação Civil. A nomeação foi vista como uma afronta pelo partido, que abriu um processo no seu Conselho de Ética para expulsá-lo da legenda. O episódio ajudou a agravar a crise e acelerou a decisão do partido.


Escalada da crise
 

A relação do PMDB com o governo do PT tem se deteriorado nos últimos anos. Quando Dilma se preparava para disputar o segundo mandato, o partido deu mostras claras de que estava rachado quanto ao apoio à petista.

Na época, em junho de 2014, a manutenção da aliança foi aprovada pela convenção nacional do PMDB, mas recebeu mais de 40,8% de votos contrários. A ala dissidente reclamava que o partido não era ouvido pelo governo federal e que os ministros da legenda não tinham real poder de comando.

Ao longo do primeiro ano do segundo mandato de Dilma, a crise se agravou. O primeiro embate entre PT e PMDB ocorreu na disputa pela presidência da Câmara, quando o governo federal iniciou uma campanha ostensiva para que Arlindo Chinaglia (PT-SP) vencesse a eleição e derrotasse o candidato peemedebista Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se elegeu em primeiro turno. 

Sob o comando Cunha, a Câmara derrotou o Planalto em diversas ocasiões neste ano, com a votação de matérias desfavoráveis ao governo. Além disso, no ano passado, houve na Casa a instalação da CPI da Petrobras, para investigar o escândalo de corrupção na estatal.

Para tentar conter a rebelião na base, a presidente promoveu, em 2015, uma reforma ministerial para ampliar o espaço do PMDB no governo, que chegou a ter sete ministérios. No entanto, a estratégia não foi bem sucedida.

Para agradar os parlamentares na Câmara, o governo entregou ao líder da bancada, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), a incumbência de indicar nomes para duas pastas, incluindo a da Saúde, com o maior orçamento da Esplanada. Essa aproximação descontentou ainda mais a ala rebelde do partido, que se voltou contra Picciani quando ele indicou integrantes menos críticos a Dilma para a comissão do impeachment.

Ele chegou a ser destituído do posto em dezembro por oito dias em uma articulação patrocinada diretamente por Temer e Cunha, mas conseguiu reaver o posto com o apoio da maioria.

Para ser reeleito neste ano, foi preciso uma atuação direta do Planalto para garantir a ele votos suficientes, inclusive com a exoneração temporária do ministro da Saúde, Marcelo Castro, para reassumir como deputado e votar a favor de Picciani.

Apesar da entrega de cargos, a ala do PMDB descontente com o governo ganhou força com a queda continuada de popularidade da presidente, agravada pela escalada de denúncias relacionadas à Operação Lava Jato.

Nomeação de Lula é válida, mas ato tem desvio de finalidade, diz Janot


 Janot disse que a nomeação de Lula deve ocorrer para não haver danos à ordem institucional, mas ressaltou que o cargo foi concedido com desvio de finalidade.





Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é direito da presidente Dilma Rousseff nomear quem ela quiser para os ministérios, mas a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil, apesar de válida, buscou retirar a competência do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

A argumentação consta no parecer enviado nesta segunda-feira (28/3) ao Supremo Tribunal Federal. "Considerando a competência constitucional da presidente da República para nomear ministros de Estado e a crise política instaurada no país, a suspensão do ato político-administrativo poderá causar graves danos à ordem institucional", argumentou Janot.

Porém, o procurador-geral destaca que as provas existentes mostram que a nomeação buscou retirar a competência de Moro sobre o caso envolvendo o ex-presidente. Desse modo, Janot entende que, até a data da efetiva nomeação, as investigações contra Lula na operação “lava jato” devem ficar sob responsabilidade do juiz federal.

"A partir do acervo probatório dos autos e de elementos que se tornaram notórios desde a nomeação e posse do ex-presidente, é lícito concluir que a nomeação foi praticada com a intenção, sem prejuízo de outras legítimas, de afetar a competência do juízo de primeiro grau", acrescentou o procurador.

Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes suspendeu a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Na decisão, Mendes também disse que a nomeação de Lula para a Casa Civil teve o objetivo de retirar a competência de Moro para investigá-lo. Com informações da Agência Brasil.


Revista Consultor Jurídico, 28 de março de 2016, 21h31

As prováveis consequências do plano econômico do PMDB na BM&FBovespa



Ações de empresas de educação e construção tendem a se desvalorizar, enquanto as de papel e celulose podem se beneficiar


Por Infomoney
As prováveis consequências do plano econômico do PMDB na BM&FBovespa

Embora comemorado por boa parte do mercado, o novo programa econômico do PMDB já encontra seus desafetos na BM&FBovespa. A razão é simples: os ajustes propostos pelo partido, que deve anunciar na tarde desta terça-feira (29) a ruptura com o governo da presidente Dilma Rousseff, devem passar por cortes em incentivos para algumas empresas do setor de educação e construção civil, que foram favorecidas por programas governamentais. 

O PMDB está preparando uma ampliação do plano nomeado como "Uma Ponte para o Futuro". A nova redação inclui uma revisão de gastos na área social e uma nova política para essa área. No caso da educação, o ajuste passaria por uma restrição maior ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que aos olhos do partido precisa de "meritocracia". Na Bolsa, há quatro empresas do setor expostas ao programa. Os papéis do segmento como Estácio, Kroton, Ser Educacional e Anima já sofreram quedas nos últimos pregoes. O partido estuda, ainda, tornar o Pronatec mais seletivo. 

Já na construção civil, a alteração se daria em cortes de subsídios do programa "Minha Casa, Minha Vida", que têm como principais ações expostas na Bovespa MRV Engenharia e Direcional. No plano do PMDB está uma revisão do uso do FGTS para financiar o "Minha Casa, Minha Vida". Segundo Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o problema precisa ser enfrentado antes que se torne maior. “Estão levando o uso do FGTS ao limite – e o fundo é do trabalhador, precisa ser remunerado, não dá para fazer graça com dinheiro dos outros", afirmou recentemente Moreira Franco. Ele faria parte de um restrito grupo de assessores de Temer e estaria encarregado de propor programas numa eventual transição política, de acordo com o jornal O Estado de São Paulo. 

Além das questões que vêm sendo estudadas para ampliação do "Uma Ponte para o Futuro", há alguns pontos no antigo plano que, embora venham sendo deixados de lado pelo mercado, podem impactar outras empresas na Bolsa. Isso porque, embora o dólar venha em uma trajetória de queda diante da possibilidade do impeachment, se houver uma transição do governo Dilma para Temer, alguns fatores devem ser levados em consideração. “No programa do PMDB, alguns fatores devem trabalhar como limitador de uma desvalorização mais abrupta”, alerta José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos. 

Ele aponta duas passagens que constam no documento para acreditar nisso. Em primeiro lugar,  o programa fala que é preciso "repensar seriamente a ação do Banco Central" nas dispendiosas operações de swap cambial, cujo custo para o governo poderá estar em 2015 em cerca de 2% do PIB. 

Um segundo ponto é que a agenda propõe uma taxa de câmbio que reflita as condições relativas de competitividade. Ou seja, na possibilidade do programa se tornar realidade, o dólar poderia ser elevado para níveis mais altos, beneficiando novamente no médio prazo as ações exportadoras, que foram prejudicadas no início deste ano pela queda da moeda. Entre elas, a fabricante de aeronaves Embraer, além das empresas do setor de papel e celulose Suzano, Fibria e Klabin.


- See more at: http://www.amanha.com.br/posts/view/2038#sthash.4PEXNWeC.dpuf

As prováveis consequências do plano econômico do PMDB na BM&FBovespa

Ações de empresas de educação e construção tendem a se desvalorizar, enquanto as de papel e celulose podem se beneficiar

Por Infomoney

As prováveis consequências do plano econômico do PMDB na BM&FBovespa
Embora comemorado por boa parte do mercado, o novo programa econômico do PMDB já encontra seus desafetos na BM&FBovespa. A razão é simples: os ajustes propostos pelo partido, que deve anunciar na tarde desta terça-feira (29) a ruptura com o governo da presidente Dilma Rousseff, devem passar por cortes em incentivos para algumas empresas do setor de educação e construção civil, que foram favorecidas por programas governamentais.
O PMDB está preparando uma ampliação do plano nomeado como "Uma Ponte para o Futuro". A nova redação inclui uma revisão de gastos na área social e uma nova política para essa área. No caso da educação, o ajuste passaria por uma restrição maior ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que aos olhos do partido precisa de "meritocracia". Na Bolsa, há quatro empresas do setor expostas ao programa. Os papéis do segmento como Estácio, Kroton, Ser Educacional e Anima já sofreram quedas nos últimos pregoes. O partido estuda, ainda, tornar o Pronatec mais seletivo.
Já na construção civil, a alteração se daria em cortes de subsídios do programa "Minha Casa, Minha Vida", que têm como principais ações expostas na Bovespa MRV Engenharia e Direcional. No plano do PMDB está uma revisão do uso do FGTS para financiar o "Minha Casa, Minha Vida". Segundo Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o problema precisa ser enfrentado antes que se torne maior. “Estão levando o uso do FGTS ao limite – e o fundo é do trabalhador, precisa ser remunerado, não dá para fazer graça com dinheiro dos outros", afirmou recentemente Moreira Franco. Ele faria parte de um restrito grupo de assessores de Temer e estaria encarregado de propor programas numa eventual transição política, de acordo com o jornal O Estado de São Paulo.
Além das questões que vêm sendo estudadas para ampliação do "Uma Ponte para o Futuro", há alguns pontos no antigo plano que, embora venham sendo deixados de lado pelo mercado, podem impactar outras empresas na Bolsa. Isso porque, embora o dólar venha em uma trajetória de queda diante da possibilidade do impeachment, se houver uma transição do governo Dilma para Temer, alguns fatores devem ser levados em consideração. “No programa do PMDB, alguns fatores devem trabalhar como limitador de uma desvalorização mais abrupta”, alerta José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos.
Ele aponta duas passagens que constam no documento para acreditar nisso. Em primeiro lugar,  o programa fala que é preciso "repensar seriamente a ação do Banco Central" nas dispendiosas operações de swap cambial, cujo custo para o governo poderá estar em 2015 em cerca de 2% do PIB. Um segundo ponto é que a agenda propõe uma taxa de câmbio que reflita as condições relativas de competitividade. Ou seja, na possibilidade do programa se tornar realidade, o dólar poderia ser elevado para níveis mais altos, beneficiando novamente no médio prazo as ações exportadoras, que foram prejudicadas no início deste ano pela queda da moeda. Entre elas, a fabricante de aeronaves Embraer, além das empresas do setor de papel e celulose Suzano, Fibria e Klabin.
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Grampo mostra Lula como interlocutor do PMDB no pré-sal


Adriano Machado/ Reuters
Luis Inácio Lula da Silva
Luis Inácio Lula da Silva: "ficará também muito ruim se a Petrobras mantém a titularidade e não tem dinheiro para fazer nada".
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Julia Affonso e Fausto Macedo, do Estadão Conteúdo

São Paulo - Os grampos da Operação Lava Jato que monitoraram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com autorização da Justiça mostram que, mesmo fora do governo, ele foi um dos principais interlocutores de caciques do PMDB, que nesta terça-feira, 29, desembarcam da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff.

Em conversa gravada da entre Lula e o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, no final de fevereiro, os dois discutem os bastidores da aprovação pelo Senado do projeto que acabou com a participação obrigatória da Petrobras na exploração do petróleo nos campos do pré-sal - uma das derrotas do governo Dilma no Congresso.
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Proposta pelo senador José Serra (PSDB-SP) - arquirrival dos petistas - o projeto foi aprovado no dia 24, com texto substitutivo do senador Romero Jucá (PMDB-RR), após acordo entre o PSDB e parte da bancada peemedebista.

"A orientação que ela (presidente Dilma Rousseff) passou: só não pode dar o Serra", afirma Wagner, para Lula, em conversa após a aprovação do projeto pelo Senado.

Lula então conta que esteve reunido com a bancada governista do PMDB e tratou do assunto. "Deixa eu te falar uma coisa de bom senso, vai ficar entre eu e você essa porra. Logo que foi a primeira votação do José Serra, você está lembrado? Eu estava em um almoço, Jucá, Renan (Calheiros, presidente do Senado), (José) Sarney, (Edison) Lobão, eu. Quando me disseram que o Renan ia votar a posição do Serra, eu falei na mesa 'o Renan, pelo amor de Deus, o PMDB não pode embarcar nessa porra. O PMDB pode até flexibilizar mas garantindo que a decisão seja da Petrobras".

Para Lula, "no fundo, no fundo, um pouco dos que eles fizeram foi isso" ao aprovar o projeto, com o substitutivo de Jucá.

Briga


Ao saber de Lula que ele havia se encontrado com a cúpula congressista do PMDB, Wagner fala: "Presidente ainda bem que você tocou no ponto, porque o Renan publicamente estava trabalhando para essa posição que ficou saindo. Então a gente ia ficar no isolamento, porque o Lindbergh acha que ia ganhar."

Wagner diz que defendeu Dilma, afirmando que ela não mudou de posição. O diálogo gravado entre os dois petistas ocorre no domingo, 28 de fevereiro, após a festa de aniversário dos 36 anos do PT, no Rio, em que Lula fez discurso aos partidários.

O ministro da Casa Civil começa a conversa dizendo que tinha uma reunião marcada com senadores e que não queria desmarcar por conta da votação do projeto da Petrobras.

"A festa foi boa. Acho que não tinha aquele mal humor que a imprensa falava contra a Dilma, sabe.

Eu falei ó 'tem problemas? Tem. O partido não é obrigado a acatar tudo que o governo faz, o governo não é obrigado a atender tudo que o partido quer. Mas temos que ter em conta que a Dilma é nossa presidenta. E ela sabe que somos o exército dela', afirma Lula.

O ex-presidente brincou com Wagner: "É que nem a mãe da gente, faz comida a gente não gosta, mas come".

Lula demonstrou desacordo com o enfrentamento travado pelo governo no Congresso pela aprovação do projeto - o Senado aprovou por 40 votos favoráveis, 26 contrários e duas abstenções, o texto substitutivo, alterando as regras de exploração de petróleo do pré-sal.

A proposta retira da Petrobras a exclusividade das atividades no pré-sal e acaba com a obrigação de a estatal a participar com pelo menos 30% dos investimentos em todos os consórcios de exploração dos campos.

Lula relatou, também, conversa com lideranças sindicais, que tinham ato público marcado contra o governo Dilma. "Vamos imaginar que a medida provisória do Serra era o bode. Tirou o bode da sala e colou uma coisa mais razoável, que é garantir que a Petrobras tenha preferência, mas que pode ser negociado montando uma boa diretoria da Petrobras, um bom conselho nacional de política energética", afirma Lula.

Para o ex-presidente, "ficará também muito ruim se a Petrobras mantém a titularidade e não tem dinheiro para fazer nada".

"Acho que Dilma poderia conversar com a nossa base, criando uma comissão especial para tentar fazer um acordo estratégico com os chineses em cima do pré-sal em cima desses 30%. Tentando dar para os caras um discurso que coloca, como fala, um capilé, uma rota de fuga."


Barbosa e professor da UERJ defenderão Dilma em impeachment


Evaristo Sa / AFP
Dilma Rousseff

Dilma Rousseff: pelo cronograma, nesta quarta-feira (30), serão ouvidos dois dos três autores do pedido de impeachment com base nas "pedaladas fiscais"
 
Daiene Cardoso e Julia Lindner, do Estadão Conteúdo


Brasília - O vice-líder do governo na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), indicou na manhã desta terça-feira, 29, os dois nomes que defenderão o governo na comissão do impeachment.

O petista anunciou que poderão vir ao colegiado o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) e o professor de Direito Tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Lodi Ribeiro.
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Pelo cronograma apresentado, nesta quarta-feira (30), serão ouvidos dois dos três autores do pedido de impeachment com base nas "pedaladas fiscais", os juristas Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. No dia seguinte serão ouvidos os indicados pelo governo.

Líderes partidários da Câmara dos Deputados decidiram mais cedo que a comissão especial ouvirá nesta semana dois representantes da defesa e dois da acusação para formular o relatório de admissibilidade da denúncia contra a presidente Dilma Rousseff.

Ao todo, foram protocolados 67 requerimentos, entre convites, solicitação de documentos e convocações. As oitivas acordadas hoje serão submetidas à votação ainda hoje.

Teixeira chegou a sugerir que as oitivas acontecessem após o fim do prazo de 10 sessões para apresentação da defesa de Dilma, mas seu apelo foi ignorado. O prazo da defesa terminará na próxima segunda-feira, dia 4 de abril.


Brasil assina acordo com OMC que reduz custo de transações comerciais em 14,5%



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Brasília (29 de março) - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, participou nesta terça-feira de reunião no Palácio do Planalto com a presidente Dilma Rousseff e o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo. 

Durante o encontro, a presidente Dilma Rousseff assinou o instrumento de ratificação do Acordo de Facilitação do Comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC). O acordo vai diminuir o custo das transações comerciais com outros países em torno de 14,5%, além de tornar as exportações brasileiras mais competitivas.

Segundo o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, o instrumento “é uma bela sinalização para o mundo de que o Brasil quer se modernizar, quer se inserir mais no comércio internacional e na economia mundial”.

O Brasil se tornou o 72º membro da OMC a ratificar o Acordo de Facilitação do Comércio.