quinta-feira, 7 de abril de 2016

Investigação do BTG não viu indício de corrupção de Esteves




Nacho Doce/REUTERS
Andre Esteves, presidente do BTG Pactual
Andre Esteves: considerando a investigação realizada, os advogados entendem que não existem indícios que permitem concluir Esteves em atos ilícitos ou atos de corrupção
 
Da REUTERS

São Paulo - O BTG Pactual disse que uma investigação própria foi encerrada com o entendimento de que não há indícios para concluir que alegações de corrupção ou prática de atos ilícitos relacionados à prisão de seu ex-presidente e ex-controlador André Esteves sejam "críveis, fidedignas ou fundamentadas em provas concretas".

A investigação de quatro meses foi conduzida por um comitê especial de seu Conselho de Administração e advogados, examinando as alegações relacionadas à prisão de Esteves e a cobertura pela imprensa do ocorrido.
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Esteves foi preso em 25 de novembro de 2015 sob suspeita de obstruir as investigações da Operação Lava Jato sobre corrupção envolvendo estatais, como a Petrobras, órgãos públicos, empreiteiras e políticos.

O banqueiro permanece em prisão domiciliar, depois de ter deixado em dezembro a penitenciária de Bangu 8, no Rio de Janeiro, após a suspensão pelo Supremo Tribunal Federal de sua prisão preventiva.

"Considerando a investigação realizada, os advogados entendem que não existem indícios que permitem concluir que Esteves, BTG Pactual ou quaisquer de seus funcionários participaram em atos ilícitos ou atos de corrupção", disse o BTG em fato relevante nesta quinta-feira.

Segundo a instituição financeira, o comitê teve amplos poderes para investigar diversas alegações e contratou o escritório de advocacia internacional Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan e o escritório brasileiro Veirano Advogados.

A investigação independente realizada pelo comitê buscava verificar se Esteves, o BTG Pactual ou empregados prometeram vantagem indevida ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que este não fornecesse provas para investigadores da Polícia Federal relacionadas a Esteves.

Além disso, também foi investigado se foi oferecida vantagem indevida ao deputado deferal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), agora presidente da Câmara dos Deputados, em troca de apoio político em relação a medidas provisórias que beneficiariam o BTG Pactual, entre outras alegações envolvendo também a empresa de sondas Sete Brasil e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Durante os quatro meses da investigação, os advogados do Comitê Especial realizaram uma análise exaustiva destes temas", afirmou o banco.

"O sumário das conclusões elaborado pelos advogados indicou que houve total cooperação com a investigação por parte da alta administração e dos demais empregados do BTG Pactual envolvidos e que o Comitê Especial teve completa autonomia para definir os temas a serem investigados bem como para conduzir a investigação", acrescentou.

Matéria atualizada às 10h11

State Grid visita Abengoa e estuda aquisições, dizem fontes


Divulgação
Subestação Assis, da Abengoa Brasil
Abengoa Brasil: State Grid, que tem investido no Brasil desde 2010, em montantes que superam 1 bilhão de dólares, não fez comentários
 
Leonardo Goy e Luciano Costa, da REUTERS

Brasília/São Paulo - A estatal chinesa State Grid realizou visitas a projetos de transmissão de energia da Abengoa no Brasil, para avaliar uma eventual aquisição dos ativos, após a companhia espanhola ter paralisado todas suas obras no país em meio a uma crise financeira, afirmaram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

Segundo uma das fontes, uma autoridade federal próxima das negociações, a venda de todo o pacote de ativos da Abengoa no Brasil aos chineses é vista como alternativa preferencial em Brasília, porque a State Grid é considerada a única companhia com fôlego financeiro para o negócio, e a prioridade seria dar uma solução definitiva para o caso.
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A fonte afirmou, sob a condição de anonimato, que o governo não gostaria de realizar uma venda em separado dos ativos da Abengoa para vários agentes, porque o processo seria mais lento e poderia resultar em ativos sem interesse.

A State Grid, que tem investido no Brasil desde 2010, em montantes que superam 1 bilhão de dólares, não fez comentários sobre a visita aos projetos da Abengoa.

A empresa chinesa apenas reiterou em nota à Reuters que "há interesse nos ativos da Abengoa, mas que nenhuma proposta formal foi realizada". No início de março, a companhia já havia divulgado tal posicionamento.

A Abengoa não respondeu a um pedido de comentário.

O Ministério de Minas e Energia realizou desde o final do ano passado uma série de reuniões com investidores brasileiros e internacionais de transmissão, com o objetivo de encontrar interessados nos ativos da Abengoa, que incluem linhas em operação e projetos a serem implementados.

Entre as linhas a cargo da companhia estão estruturas vistas como essenciais para escoar a produção da hidrelétrica de Belo Monte, do Pará ao Nordeste, e para levar à rede a energia de usinas eólicas e solares.

Especialistas têm dificuldade em estimar os montantes que poderiam ser envolvidos no negócio, uma vez que a Abengoa possui linhas já em operação, que geram receita, mas também cerca de 6 mil quilômetros em linhas em construção, em diferentes estágios, e muitas delas ainda demandando investimentos bilionários.

Além disso, a espanhola deixou mais de 800 milhões de reais em dívidas junto a fornecedores de equipamentos, que já têm as peças prontas, mas não realizaram a entrega pela falta de pagamento, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Já a State Grid tem investido fortemente no Brasil, onde chegou em 2010 por meio da aquisição de sete companhias de transmissão no valor de 989 milhões de dólares.

Desde então, os chineses já investiram mais 200 milhões de reais em uma sede no Rio de Janeiro e arremataram diversos projetos em leilões do governo, como os dois linhões de ultra-alta tensão que levarão a energia de Belo Monte do Norte ao Sudeste do país, atualmente em construção.

Bovespa e Cetip devem aprovar fusão nesta quinta-feira




Reprodução
Cetip
Cetip: fusão com a Bovespa após oferta de R$ 41 por ação vai criar empresa de R$ 40 bilhões de valor de mercado.
 
]Fernanda Guimarães, do Estadão Conteúdo


São Paulo - Os conselhos de administração da Cetip e da BM&FBovespa devem aprovar nesta quinta-feira, 7, a proposta de fusão entre as companhias, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Segundo fontes, os dois grupos devem se reunir para tratar da proposta feita pela bolsa à depositária. Com isso, as empresas estão muito próximas de combinar seus negócios e criar uma nova empresa com valor de mercado de cerca de R$ 40 bilhões.
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Para a transação se concretizar, depois do aval dos conselhos, a combinação das atividades das empresas deverá ser aprovada em assembleia de acionistas.

Como todo o processo de fusão ou aquisição do setor, posteriormente terá de passar pelo crivo do Banco Central (BC), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A operação se desenrola no momento em que o Brasil enfrenta uma crise política e econômica, que leva o mercado de capitais a se arrastar, diante da falta de confiança de empresas e investidores. O objetivo da união seria construir uma empresa mais robusta para quando ocorrer uma retomada do mercado.

A Cetip foi criada em 1984 pelas próprias instituições financeiras (bancos, corretoras e distribuidoras de valores), em conjunto com o Banco Central. Na época, o objetivo era garantir segurança e agilidade às operações do mercado financeiro.

O início das atividades foi em 1986. Hoje, mais de 15 mil instituições participantes utilizam os serviços da Cetip. Além de sua unidade de valores mobiliários, a Cetip possui uma divisão de financiamento, proveniente da aquisição da GRV Solutions, que faz, por exemplo, o registro de gravames pelos órgãos de trânsito.

Atualmente, a principal acionista da Cetip, com 12% do capital social, é a ICE, que adquiriu a Nyse Euronext, controladora da bolsa de Nova York, há quatro anos. Já o restante das ações da Cetip está em circulação no mercado. A companhia é a chamada "true corporation", ou seja, uma empresa de capital pulverizado.

 

Valor do negócio


A oferta da BM&FBovespa estipula um preço de R$ 41 por ação da depositária e foi feita em 19 de fevereiro deste ano. A proposta prevê pagamento aos acionistas da depositária de 75% em dinheiro e o restante em ações.

No entanto, desde que a possibilidade de uma fusão com a Bovespa passou a ser uma possibilidade, as ações da Cetip passaram por um forte movimento de alta.

Na quarta-feira, os papéis fecharam cotados perto de R$ 41, o valor da oferta feito pela Bolsa. Mas com a ação da BM&FBovespa perto de R$ 15, o preço da ação no âmbito da oferta sobe para cerca de R$ 44, o que automaticamente elevaria o valor da proposta da Bolsa pelo ativo.

A BM&FBovespa usou como base o valor de sua ação em 30 de outubro de 2015, dia que antecedeu a primeira proposta feita pela depositária - que foi rejeitada e posteriormente elevada -, quando seu papel fechou cotado a R$ 11,40.

Outra mudança que se dará é o reajuste da proposta pela correção do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) a partir da reunião do conselho da Cetip que aprovar o negócio - ou seja, a partir do fim das reuniões desta quinta-feira -, e não mais a partir da assembleia de acionistas, que ainda não tem data para acontecer.

Segundo fontes ligadas à operação, o "gatilho" para a correção da operação é importante para a Cetip, já que o pagamento efetivo só será feito depois da aprovação pelo Cade - processo que pode levar meses. Se a correção começar mais cedo, o valor em espécie a ser recebido pelos acionistas da depositária será mais alto. Procuradas, as duas empresas não quiserem comentar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

JBS deve registrar perda bilionária com contratos de câmbio




Divulgação
JBS
JBS: empresa liquidou cerca de US$ 2,5 bilhões dos US$ 12 bilhões de sua posição de hedge para evitar prejuízos adicionais.
Gerson Freitas Jr., da Bloomberg


Maior produtora mundial de carnes, a JBS engordou seu caixa em mais de R$ 10 bilhões no ano passado com contratos que simulam uma aposta na desvalorização do real.

Mas a inesperada recuperação da moeda brasileira no primeiro trimestre queimou quase metade desse ganho.
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A empresa, que possui operações na América do Sul, Estados Unidos, Europa e Austrália, deve reportar uma perda financeira de aproximadamente R$ 5 bilhões com seus derivativos de câmbio depois de o real registrar o maior ganho entre 150 moedas do mundo todo no primeiro trimestre, afirma uma fonte familiarizada com o assunto.

Pega na contramão, a JBS liquidou cerca de US$ 2,5 bilhões dos US$ 12 bilhões de sua posição de hedge para evitar prejuízos adicionais, disse a pessoa.

A estratégia de hedging da JBS chamou a atenção de analistas e investidores no ano passado ao gerar lucros maiores do que o das operações de carne.

O presidente da empresa, Wesley Batista, afirmou em teleconferência, em 17 de março, que o programa era necessário para proteger a empresa contra eventuais desvalorizações cambiais, capazes de fazer explodir o tamanho de sua dívida externa quando medida em reais.

Analistas ponderam que essa estratégia é incomum para uma empresa com operações espalhadas pelo mundo e que obtém 80 por cento de suas receitas em dólares.

“Ganhar dinheiro com derivativos por meio da depreciação cambial parece ter sido uma ótima estratégia, olhando para trás”, afirma Viccenzo Paternostro, analista do Credit Suisse, em relatório de 4 de abril.

O analista calcula em R$ 5,1 bilhões a perda de caixa da JBS com hedge cambial no primeiro trimestre. “A JBS deve experimentar o lado negativo desse tipo de estratégia”.

A JBS preferiu não comentar. Na conferência de março com os investidores Batista disse que a estratégia reflete uma visão de longo prazo. “Toda a volatilidade e a incerteza que vimos nos dão ainda mais certeza de que precisamos estar protegidos”, disse ele.

Embora tenha adotado a política de proteger sua dívida em dólar há vários anos, a JBS aumentou em 50 por cento sua posição de hedge em 2015, com US$ 12,2 bilhões em contratos futuros e a termo de moedas em 31 de dezembro, segundo seus relatórios financeiros.

Há quase um ano, em uma entrevista à Bloomberg, Batista afirmou que esperava uma forte desvalorização do real.

Como comparação, a rival da JBS, a Marfrig Global Foods, que também possui uma grande dívida em dólar, afirma que utiliza as receitas das exportações como um hedge natural ao vez de utilizar derivativos cambiais.

Outras grandes exportadoras, incluindo a Vale, que exporta minério de ferro, e a Fibria, de celulose, também adotam a estratégia do hedge natural.

A posição agressiva da JBS tem sido bem sucedida, pelo menos até agora. Em 2015, a JBS registrou um ganho financeiro de R$ 10,6 bilhões com sua mesa de câmbio depois que o real caiu 33 por cento.

A JBS -- como a maioria dos analistas de câmbio -- foi pega de surpresa pela alta repentina do real no primeiro trimestre. Os traders começaram o ano prevendo uma queda de 10 por cento, segundo os contratos a termo. Em vez disso, o real subiu 10 por cento.

A valorização do real ajudou a pressionar as ações da JBS. Os papéis registraram uma perda de 20 por cento desde o início do ano, contra um ganho de 11 por cento do Ibovespa.

O Brasil e seu equilíbrio instável da continuidade

Para Zeina Latif, independente do desfecho do impeachment, governo deve adotar uma agenda que tire o país da crise

Por Zeina Latif*


Cresce o apoio da sociedade ao impeachment, segundo pesquisas de opinião recentes. Mas isso não significa que ele será aprovado pelo Congresso. Há questões jurídicas e políticas que tornam o quadro incerto. Qualquer que seja o desfecho do processo, é crucial que o governo, novo ou velho, esteja preparado para apoiar tempestivamente uma agenda econômica consistente que tire o país da grave crise. 

Caso contrário, a recessão poderá ser mais severa e comprometerá de forma preocupante o mercado de trabalho, sem contar o risco de inflação crescente.

Um cenário com Dilma é certamente muito desafiador, para dizer o mínimo. Além de não haver clareza sobre a gravidade da crise e suas causas, o déficit de credibilidade, a incapacidade de apontar os problemas e erros e de propor a correção de rumo e a falta de apoio político são fatores que ameaçam sua gestão. 

Não há mais tempo para diversionismo. A credibilidade se foi e há urgência na resposta do governo à crise, que só tem agido para adiar o problema.

O quadro político hoje é ainda mais frágil do que o de 2015, quando Dilma enfrentou a resistência da própria base aliada ao ajuste fiscal, fruto da campanha eleitoral que pregou que a desaceleração da economia era temporária e que os alicerces do crescimento estavam sedimentados. Não se discutiu na campanha a imperativa mudança na condução da política econômica e a necessidade de reformas, e isso retirou legitimidade da presidente para fazer o ajuste fiscal. O PT contestou a inflexão (incompleta, diga-se de passagem) da política econômica e o resultado é conhecido: o ministro Levy caiu e o risco fiscal aumentou. 

Agora é provável que a base aliada fique ainda mais arisca. Segundo a imprensa, os petistas depositam em Lula a esperança de governabilidade do país, já que Dilma não consegue. Enquanto isso, Lula indica que será o presidente de fato, sinalizando mais afrouxamento fiscal e de crédito e corte da Selic. As reformas estruturais estariam descartadas – tal como a proposta de reforma da previdência mais palatável (porém, ineficaz) de Nelson Barbosa, que evita temas polêmicos, mas necessários, como idade mínima, desvinculação do salário mínimo e ajustes de regras especiais. 

Lula poderá tentar uma reversão abrupta depois do impeachment, fazendo uma segunda “Carta aos Brasileiros”. Mas não adianta fazer discurso de conciliação e não entregar uma agenda fiscal ambiciosa o suficiente. Teria de trair suas promessas e frustrar os anseios do PT e tentar novamente abraçar a agenda do ajuste, que hoje teria que ser muito mais ambiciosa do que aquela desejada por Levy, pois o quadro fiscal se agravou. Mas como virar o jogo depois de tantas promessas ao PT, hoje com ânimos mais acirrados? 

Quem aceitaria ser o Levy de Lula? 

O cenário recente é um agravante. Analistas políticos apontam que as negociações no varejo poderão garantir a minoria necessária para barrar o processo, mas não a maioria necessária para governar. O PMDB, que cumpriu importante papel na aprovação das medidas de ajuste fiscal em 2015, procurando um equilíbrio entre as propostas do governo e as demandas do PT, provavelmente não terá a mesma postura. 

Vale lembrar que Michel Temer assumiu a articulação política do governo entre abril e agosto do ano passado. A não ser que Lula proponha uma enorme correção de rumos, o que parece pouco provável, o bloco oposicionista do PMDB não terá a mesma disposição para cooperar.

Difícil saber como se comportará a oposição tradicional. Antes de a discussão de impeachment crescer, chegou-se a sinalizar a intenção de apoio a medidas que vão na direção correta, superando a fase do “quanto pior melhor”. No entanto, isso não impediu, já no calor das discussões de impeachment, a aprovação em primeiro turno na Câmara da PEC da Saúde, que eleva o valor mínimo obrigatório de repasse de recursos da União para entes subnacionais. A oposição pegou carona na própria decisão de deputados do PT, que decidiram votar favoravelmente à matéria, contrariando a posição do governo. O risco de a oposição manter essa postura de aprovação de medidas irresponsáveis, seguindo o PT, parece relevante, à luz dos fatos recentes.

Já temos presenciado uma mostra do que poderá acontecer no cenário de continuidade. As últimas decisões do governo e o posicionamento do PT, se confirmados, estarão contratando mais rombo fiscal. E a conta é grande. Exemplos disso são a negociação da dívida dos Estados que poderá tomar um caminho perigoso de não aprovação das contrapartidas, ficando apenas o ônus da renegociação; a discussão sobre o Banco Central voltar a emitir papéis da dívida pública, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal; as propostas recentes que aumentam a rigidez orçamentária e reduzem o rigor fiscal. Em outras palavras, o governo tem optado por medidas que adiam o enfrentamento dos problemas e flexibilizam metas fiscais, sem contrapartida de reformas estruturais, aumentando o risco fiscal.

É difícil a materialização de cenários em que Lula entrega o que o PT deseja ou, no outro extremo, promove um grande ajuste. Ele poderá ficar no meio do caminho. No entanto, o “mais do mesmo” só irá agravar ainda mais a crise econômica, cuja origem está na crise fiscal. Crise econômica se aprofundando abala os alicerces da política. Assim, é difícil enxergar um cenário com Dilma como um equilíbrio estável.


*Economista-chefe da XP Investimentos.

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O Brasil e seu equilíbrio instável da continuidade

Para Zeina Latif, independente do desfecho do impeachment, governo deve adotar uma agenda que tire o país da crise

Por Zeina Latif*

Cresce o apoio da sociedade ao impeachment, segundo pesquisas de opinião recentes. Mas isso não significa que ele será aprovado pelo Congresso. Há questões jurídicas e políticas que tornam o quadro incerto. Qualquer que seja o desfecho do processo, é crucial que o governo, novo ou velho, esteja preparado para apoiar tem

Propina de Belo Monte foi de R$ 150 milhões, diz Andrade Gutierrez




 



Em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República, os executivos da Andrade Gutierrez revelam que as construtoras responsáveis pela obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte combinaram o pagamento de uma propina de R$ 150 milhões, 1% do valor que elas iriam obter pelos contratos firmados.

Os recursos seriam pagos ao longo da construção da obra e seriam divididos entre PT e PMDB. Cada partido ficaria com uma cota de R$ 75 milhões. Os recursos foram pagos, segundo a delação premiada, na forma de doações legais para campanhas de 2010, 2012 e 2014.

O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo disse aos procuradores que a empresa tinha um caixa único, formado por estes recursos oriundos da propina de Belo Monte e também dinheiro legal, que foi usado para fazer as doações de campanha, inclusive em 2014, quando a construtora doou R$ 20 milhões para a campanha da presidente Dilma.

Ou seja, segundo os executivos, o dinheiro não era carimbado, mas recursos de propina acabaram sendo usados para bancar as campanhas petistas e de peemedebistas na última eleição presidencial.

Os R$ 150 milhões foram divididos entre as empreiteiras de acordo com a participação de cada uma no consórcio construtor da usina Belo Monte.

O leilão de Belo Monte ocorreu em junho de 2010. Odebrecht e Andrade Gutierrez (autora de estudos iniciais), mais a Camargo Corrêa, desistiram de apresentar proposta por discordar da estimativa de R$ 19 bilhões feita pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Formado por oito empresas, algumas sem experiência na construção de hidrelétricas (Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Serveng-Civilsan, Contern, Cetenco, Gaia, Galvão e J.Malucelli), um outro grupo acabou ganhando a concorrência, mas logo depois permitiu a entrada das três concorrentes.

"Derrotadas" inicialmente, Andrade Gutierrez (18%), Odebrecht (16%) e Camargo Corrêa (16%) ficaram com metade dos contratos de construção da usina. O valor da propina paga a PT e PMDB, segundo Otávio Azevedo, seguia o percentual de cada uma no Consórcio Construtor de Belo Monte.

Em sua edição desta quinta-feira (07), a Folha revelou que, em sua delação premiada, os executivos da Andrade Gutierrez revelaram que a construtora fez doações legais para campanhas de 2010, 2012 e 2014 utilizando recursos de propina obtidos de contratos firmados com a Petrobras, usina nuclear Angra 3 e a hidrelétrica Belo Monte.

O PT e o PMDB negam oficialmente irregularidades nas doações recebidas por seus candidatos e também acertos de propina em Belo Monte. A campanha da presidente Dilma também refuta qualquer irregularidade e diz que todas as contribuições recebidas foram legais. 

ARRANJO EM BELO MONTE

Em delação, executivo acusa ex-ministro de montar consórcio para hidrelétrica

A LICITAÇÃO

Em abr.2010, a Aneel (agência de energia) confirmou o consórcio Norte Energia como vencedor da disputa pela hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Na época, o grupo propôs vender a energia gerada a R$ 78 por MWh (megawatt hora)

Composição do consórcio vencedor

O QUE DIZ A DELAÇÃO
> Foi o economista Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, que ajudou a criar o consórcio, com a função de forçar as grandes empreiteiras a reduzir o valor que cobrariam pela obra

> O arranjo teve a participação do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula investigado na Lava Jato

O PROBLEMA
> As empresas que venceram o leilão eram pequenas e não tinham experiência numa obra da complexidade de Belo Monte nem garantias bancárias necessárias

> Em ago.2010, o governo federal fechou acordo para incluir outras três empreiteiras na construção

Nova composição do consórcio

O QUE DIZ A DELAÇÃO
Delfim também atuou na formação do segundo consórcio, acomodando os interesses das 11 empreiteiras finais. Para isso, ele recebeu propina de R$ 15 milhões, por meio de contratos da Andrade Gutierrez com a empresa de um sobrinho do economista

Usina de Belo Monte

Obras começaram em 2011
Custo: R$ 31,5 bilhões
Capacidade de produção: até 11.233 MW, a terceira maior do mundo
Área do reservatório: 503 km²

*Atualmente, a Gaia Energia não participa mais do grupo


TCU identifica políticos e mortos entre beneficiários e manda parar reforma agrária



O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou nesta quarta-feira (7) ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a imediata paralisação do programa de reforma agrária no país.

O programa atinge hoje 1,5 milhão de famílias e, pela decisão do órgão, não poderão ser mais cadastrados ou assentados novos beneficiários.

Na prática, o programa já está paralisado por falta de dinheiro, conforme mostrou reportagem da Folha do mês passado.

De acordo com o TCU, sem a medida cautelar de interrupção de novos cadastros, o país poderia ter um prejuízo de R$ 2,5 bilhões até 2018.

A medida foi tomada após o tribunal identificar mais de 578 mil beneficiários irregulares do programa do governo federal, ao cruzar a base de dados do Incra com outros bancos de dados.

Entre as irregularidades na relação de beneficiários, foram identificados 1.017 políticos. Há também 61.965 empresários, 144.621 servidores públicos e 37.997 pessoas falecidas. Essas pessoas, pelas regras, não teriam direito aos lotes distribuídos no programa.

A auditoria revelou ainda que 19.393 dos cadastrados são donos de veículos de luxo, de marcas como Porsche, Land Rover e Volvo.

"O programa não está sendo efetivo ao permitir que indivíduos que não estão no público-alvo do PNRA [Programa Nacional de Reforma Agrária] ocupem o lugar do público esperado", afirma o relator do caso, ministro Augusto Sherman.

Em sua defesa, o Incra informou ao TCU que já vinha fazendo cruzamentos para identificar problemas no cadastro, tendo retirado da lista 38 mil famílias que estavam irregulares.

Mas, segundo o órgão, as medidas estavam sendo tomadas de forma morosa, não se mostraram suficientes e havia risco de cadastramento de novos beneficiários irregulares.
 
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