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Abengoa Brasil: State Grid, que tem investido no Brasil desde 2010, em
montantes que superam 1 bilhão de dólares, não fez comentários
Leonardo Goy e Luciano Costa, da REUTERS
Brasília/São Paulo - A estatal chinesa State Grid realizou visitas a projetos de transmissão de energia da Abengoa no Brasil, para avaliar uma eventual aquisição
dos ativos, após a companhia espanhola ter paralisado todas suas obras
no país em meio a uma crise financeira, afirmaram à Reuters duas fontes
com conhecimento do assunto.
Segundo uma das fontes, uma autoridade federal próxima das negociações, a
venda de todo o pacote de ativos da Abengoa no Brasil aos chineses é
vista como alternativa preferencial em Brasília, porque a State Grid é
considerada a única companhia com fôlego financeiro para o negócio, e a
prioridade seria dar uma solução definitiva para o caso.
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A fonte afirmou, sob a condição de anonimato, que o governo não gostaria
de realizar uma venda em separado dos ativos da Abengoa para vários
agentes, porque o processo seria mais lento e poderia resultar em ativos
sem interesse.
A State Grid, que tem investido no Brasil desde 2010, em montantes que
superam 1 bilhão de dólares, não fez comentários sobre a visita aos
projetos da Abengoa.
A empresa chinesa apenas reiterou em nota à Reuters que "há interesse
nos ativos da Abengoa, mas que nenhuma proposta formal foi realizada".
No início de março, a companhia já havia divulgado tal posicionamento.
A Abengoa não respondeu a um pedido de comentário.
O Ministério de Minas e Energia realizou desde o final do ano passado
uma série de reuniões com investidores brasileiros e internacionais de
transmissão, com o objetivo de encontrar interessados nos ativos da
Abengoa, que incluem linhas em operação e projetos a serem
implementados.
Entre as linhas a cargo da companhia estão estruturas vistas como
essenciais para escoar a produção da hidrelétrica de Belo Monte, do Pará
ao Nordeste, e para levar à rede a energia de usinas eólicas e solares.
Especialistas têm dificuldade em estimar os montantes que poderiam ser
envolvidos no negócio, uma vez que a Abengoa possui linhas já em
operação, que geram receita, mas também cerca de 6 mil quilômetros em
linhas em construção, em diferentes estágios, e muitas delas ainda
demandando investimentos bilionários.
Além disso, a espanhola deixou mais de 800 milhões de reais em dívidas
junto a fornecedores de equipamentos, que já têm as peças prontas, mas
não realizaram a entrega pela falta de pagamento, segundo a Associação
Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Já a State Grid tem investido fortemente no Brasil, onde chegou em 2010
por meio da aquisição de sete companhias de transmissão no valor de 989
milhões de dólares.
Desde então, os chineses já investiram mais 200 milhões de reais em uma
sede no Rio de Janeiro e arremataram diversos projetos em leilões do
governo, como os dois linhões de ultra-alta tensão que levarão a energia
de Belo Monte do Norte ao Sudeste do país, atualmente em construção.
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