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Ricardo Galhardo, Vera Rosa - O Estado de S.Paulo
Ex-presidente deve viajar pelo País ainda este mês em campanha contra o vice
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BRASÍLIA
- Depois do fracasso das articulações contra o impeachment da
presidente Dilma Rousseff na Câmara, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vai se dedicar a articular a resistência contra um eventual
governo Michel Temer. Interlocutores do ex-presidente avaliam que,
apesar da derrota, Lula ainda pode se beneficiar com o afastamento de
Dilma e chegar a 2018 como candidato de oposição.
Segundo
o Instituto Lula, o ex-presidente ainda não decidiu se vai disputar a
Presidência pela sexta vez. Mas os sinais são cada vez mais fortes.
Anteontem, em ato com manifestantes anti-impeachment, em Brasília, Lula
disse que “espera chegar em 2018”. Aliados do ex-presidente dizem que o
petista ficou animado com resultado de pesquisas que o colocam na
liderança da disputa eleitoral.
O presidente do PT, Rui Falcão, já disse que Lula se colocou à
disposição para viajar o País ainda este mês. A avaliação de que Lula
poderia “fazer do limão uma limonada” é recorrente entre interlocutores
do ex-presidente. Para eles, caso o impeachment de Dilma se confirme no
Senado, Temer vai enfrentar um cenário negativo na economia em médio
prazo e desgaste político por ter se aliado ao presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na condução do impeachment. A esperança dos
petistas é que Lula surja como o salvador da pátria em 2018. “Ele não
vai e não deve jogar a toalha por causa do resultado de hoje”, disse
Celso Marcondes, diretor do Instituto Lula.
No curto prazo, o ex-presidente vai continuar articulando a
defesa do mandato de Dilma no Senado, independentemente de assumir ou
não o ministério da Casa Civil e apesar de estar ciente de que a tarefa é
praticamente impossível.
Lula também vai liderar a reação ao possível governo Temer em
parceria com movimentos sociais ligados ao PT. A ideia é aproveitar a
alta rejeição ao vice apontada em pesquisas para carimbar sua gestão
como ilegítima.
Eleições gerais. Setores do PT defendem que o partido lance os
próximos dias uma campanha nacional de coleta de assinaturas em apoio a
uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) por novas eleições
presidenciais.
O ex-presidente tentou convencer deputados a votarem contra o
impeachment até momentos antes do início da votação na Câmara. No
sábado, viajou para São Paulo onde conversou com o apóstolo Valdemiro
Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus.
Santiago tem influência sobre três deputados federais, mas
Lula pediu que ele o ajudasse a ampliar o apoio a Dilma na bancada
evangélica. Preocupado com os protestos previstos para hoje, Lula também
aproveitou a ida a São Paulo para tirar sua família do apartamento de
São Bernardo do Campo, acomodando-a em outro local não divulgado.
De volta a Brasília na manhã deste domingo, 17, continuou
telefonando para deputados a fim de conquistar votos para Dilma.
Investiu nos indecisos, mas também tentou mudar a avaliação dos que já
tinham opinião formada, como Paulo Maluf (PP-SP). Muitos, no entanto,
não atenderam suas ligações.
Lula falou pessoalmente com Maluf, que, ao chegar ao plenário
da Câmara, comparou Dilma à Virgem Maria e disse não ver motivos
jurídicos para o afastamento da petista, mas votou a favor do
impeachment.
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,lula-ja-articula-resistencia-a-temer,10000026696
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