terça-feira, 26 de abril de 2016

Odebrecht e bancos vão injetar R$ 6 bilhões para salvar a Agro





O acordo de renegociação da dívida de R$ 10 bilhões da Odebrecht Agoindustrial prevê uma injeção de R$ 6 bilhões para tentar recuperar a companhia–além de até 13 anos de prazo para o pagamento de alguns débitos.

A produtora de etanol é uma das empresas mais endividadas do grupo Odebrecht e não paga os credores desde o ano passado. Os bancos tentam resgatá-la para evitar que recorra à recuperação judicial, o que lhes causaria perdas pesadas.
 
Pelo plano em discussão, os bancos e a própria Odebrecht colocarão recursos da ordem de R$ 4 bilhões na operação. Não está definido quanto cada lado vai desembolsar, mas os credores farão novos empréstimos e grupo fará injeção de dinheiro.

Desse total, R$ 2,5 bilhões serão usados para abater a dívida da Agroindustrial.
 
O R$ 1,5 bilhão restante será destinado a investimento e capital de giro.
 
Para cumprir sua parte no acordo, o grupo Odebrecht colocou à venda um pacote de empresas e negócios avaliados em R$ 12 bilhões. Parte do que for arrecadado vai para a Agroindustrial.
 
Para completar a capitalização, o grupo também vai transferir para a Agroindustrial ativos de geração de energia avaliados em cerca de R$ 2 bilhões. Somando tudo, espera-se chegar à operação de R$ 6 bilhões.
 
O acordo prevê ainda que os bancos recebam em garantia ações da petroquímica Braskem, que é controlada pela Odebrecht e tem a Petrobras como sócia.
 
À medida que o grupo colocar dinheiro vivo na Agroindustrial, poderá resgatar os papéis da Braskem, que é seu ativo mais valioso.
 
Segundo profissionais envolvidos na renegociação, se tudo correr como planejado, o acordo definitivo deve ser assinados nas próximas semanas.
 
Os principais credores da Agroindustrial, segunda maior empresa do setor no país, são o BNDES, o Banco do Brasil, o Bradesco, o Itaú e o Santander.
PLANO FRUSTRADO
 
A Agroindustrial foi criada em 2007 com a pretensão de assumir a liderança de um mercado que prometia ser promissor e tinha forte apoio do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
A Odebrecht se endividou para comprar e construir usinas de etanol em quatro Estados. Quando a empresa estivesse madura, seu capital seria aberto na Bolsa.
 
Mas a Agroindustrial só deu prejuízo. Como todas as empresas do setor, ela foi prejudicada pela decisão do governo Dilma de manter o preço do combustível artificialmente baixo durante anos para segurar a inflação.
 
Hoje é uma das duas empresas mais problemáticas do grupo. A outra é a Odebrecht Óleo e Gás, que este mês deixou de pagar juros de US$ 9,6 milhões de um título em dólares emitido no exterior.
 
A empresa decidiu dar calote nos credores enquanto renegocia essa dívida (Folha de S.Paulo 26/4/16)

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