O acordo de renegociação da dívida de R$ 10 bilhões da Odebrecht Agoindustrial prevê uma injeção de R$ 6 bilhões para tentar recuperar a companhia–além de até 13 anos de prazo para o pagamento de alguns débitos.
A produtora de etanol é uma das empresas mais
endividadas do grupo Odebrecht e não paga os credores desde o ano
passado. Os bancos tentam resgatá-la para evitar que recorra à
recuperação judicial, o que lhes causaria perdas pesadas.
Pelo plano
em discussão, os bancos e a própria Odebrecht colocarão recursos da
ordem de R$ 4 bilhões na operação. Não está definido quanto cada lado
vai desembolsar, mas os credores farão novos empréstimos e grupo fará
injeção de dinheiro.
Desse total, R$ 2,5 bilhões serão usados para abater a dívida da Agroindustrial.
O R$ 1,5 bilhão restante será destinado a investimento e capital de giro.
Para
cumprir sua parte no acordo, o grupo Odebrecht colocou à venda um
pacote de empresas e negócios avaliados em R$ 12 bilhões. Parte do que
for arrecadado vai para a Agroindustrial.
Para completar a
capitalização, o grupo também vai transferir para a Agroindustrial
ativos de geração de energia avaliados em cerca de R$ 2 bilhões. Somando
tudo, espera-se chegar à operação de R$ 6 bilhões.
O acordo prevê
ainda que os bancos recebam em garantia ações da petroquímica Braskem,
que é controlada pela Odebrecht e tem a Petrobras como sócia.
À
medida que o grupo colocar dinheiro vivo na Agroindustrial, poderá
resgatar os papéis da Braskem, que é seu ativo mais valioso.
Segundo
profissionais envolvidos na renegociação, se tudo correr como planejado,
o acordo definitivo deve ser assinados nas próximas semanas.
Os
principais credores da Agroindustrial, segunda maior empresa do setor no
país, são o BNDES, o Banco do Brasil, o Bradesco, o Itaú e o Santander.
PLANO FRUSTRADO
PLANO FRUSTRADO
A
Agroindustrial foi criada em 2007 com a pretensão de assumir a
liderança de um mercado que prometia ser promissor e tinha forte apoio
do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Odebrecht se
endividou para comprar e construir usinas de etanol em quatro Estados.
Quando a empresa estivesse madura, seu capital seria aberto na Bolsa.
Mas
a Agroindustrial só deu prejuízo. Como todas as empresas do setor, ela
foi prejudicada pela decisão do governo Dilma de manter o preço do
combustível artificialmente baixo durante anos para segurar a inflação.
Hoje
é uma das duas empresas mais problemáticas do grupo. A outra é a
Odebrecht Óleo e Gás, que este mês deixou de pagar juros de US$ 9,6
milhões de um título em dólares emitido no exterior.
A empresa decidiu dar calote nos credores enquanto renegocia essa dívida (Folha de S.Paulo 26/4/16)
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