Colaboradores são incentivados a trabalharem suas próprias ideias
Por Tiago Bosco
A geração Y, formada por jovens nascidos em meados das décadas de 80 e 90, fortemente influenciados pela instantaneidade da internet, está tomando o mercado de trabalho e criando novos cenários dentro das organizações. Ávidos por inovações constantes, eles costumam passar por cerca de 20 empregos durante a carreira, como aponta um estudo realizado recentemente pela Future Workplace, empresa especializada em desenvolvimento executivo.
Por esse motivo, cativar novos talentos tem se tornado um grande desafio para os gestores, mas algumas empresas parecem já ter encontrado um caminho de sucesso: o intraempreendedorismo, que permite que os funcionários se dediquem a projetos pessoais durante o período de trabalho. Dessa forma, a expectativa dos jovens de promover a inovação é atendida, tornando-os mais motivados e produtivos.
Encontrando o equilíbrio
O que fazer para garantir que o funcionário não gaste mais tempo em seu próprio projeto do que em sua função dentro da empresa? Essa é uma das questões mais comuns quando se fala em intraempreendedorismo e, para solucioná-la, a Santo Digital, empresa que revende e implementa aplicações corporativas do Google, se inspirou na política dos 20% aplicada pela parceira norte-americana. O funcionário pode dedicar 20% do tempo de trabalho no mês a projetos individuais.
"Estabelecemos metas: quanto mais resultados ele traz para a empresa, mais liberdade tem para desenvolver suas ideias", explica Cláudio Santos, CEO da empresa.
Um exemplo do sucesso dessa prática é Flávio Valiati, que trabalha há dois anos na Santo Digital. Ele usou os 20% de "tempo criativo" para colocar em prática um programa de recrutamento e orientação profissional direcionado a jovens, o Vamos Subir. Começar seu empreendimento dessa forma representou mais segurança para Flávio.
"Isso me trouxe a mesma independência de criação que eu teria se estivesse autônomo, mas com a vantagem de ter apoio financeiro e menos riscos". Cláudio fez o investimento inicial, ajuda na divulgação e no marketing e tem participação acionária no Vamos Subir.
O líder da Santo Digital vê o intraempreendedorismo como uma relação de troca positiva e uma forma inteligente de manter sua equipe motivada.
"É fácil cair no marasmo. As pessoas têm sonhos, querem colocar sua cara nos projetos, conquistar coisas. Por que não incentivar que as ideias saiam do papel? Todo mundo sai ganhando", analisa Cláudio. "As empresas são carentes de inovação e acabam buscando soluções fora, quando têm o que precisam dentro de casa", completa.
Plantando a semente
Inspirações internacionais não faltam. Dois dos mais tradicionais centros acadêmicos dos Estados Unidos, a Universidade de Stanford e o MIT ? Massachusetts Institute of Technology, são fortemente reconhecidos por incentivarem os alunos a desenvolverem projetos, criarem veias empreendedoras e abrirem empresas. Em Stanford já nasceram mais de 40 mil startups, que empregam 5,4 milhões de pessoas e faturam mais de US$ 2,7 trilhões. Já o MIT encubou cerca de 26 mil empresas, que geram 3,3 milhões de empregos e somam faturamento de US$ 2 trilhões por ano.
Aqui no Brasil, a Faculdade Impacta de Tecnologia começa a seguir os mesmos passos das universidades norte-americanas. A instituição inclui a disciplina de "Gestão" em todos os seus cursos, inclusive nos de desenvolvimento.
"A ideia é que os profissionais formados tenham, ao menos, o conhecimento necessário para gerir o aplicativo ou projeto que desenvolveram. Às vezes as pessoas têm ideias rentáveis, mas não sabem como gerenciar um negócio", Pedro Paulo Mendes Alves, diretor da Faculdade Impacta.
A Impacta também é parceira da FIESP no projeto Acelera Startup, em que o fundador da instituição, Célio Antunes, é um dos mentores das empresas que participam do programa. Na última edição, que ocorreu no início de novembro, duas das startups finalistas nasceram dentro da Faculdade Impacta.
http://www.revistawide.com.br/tecnologia/ja-ouviu-falar-em-intraempreendedorismo
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