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Dados de usuários: TIM é a empresa mais transparente, Oi é a menos, mas
nenhuma das operadoras segue à risca o Marco Civil da Internet.
São Paulo - A maioria dos provedores de acesso à internet no Brasil não informa claramente de que maneira coleta, utiliza e armazena os dados dos consumidores.
É o que revela o estudo 'Quem defende seus dados?', realizado pelo
Internet Lab - um dos principais centros de pesquisa de política em
internet no País - em parceria com a organização não governamental
norte-americana Electronic Frontier Foundation (EFF), uma das mais
importantes entidades de defesa de direitos digitais em todo o mundo.
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Entre as operadoras brasileiras, a mais bem colocada foi a TIM, que recebeu pelo menos um ponto nos principais quesitos; a pior posicionada foi a Oi, que pontuou em apenas uma das categorias.
Para fazer o estudo, as entidades analisaram contratos de prestação de
serviço de banda larga (fixa, móvel ou ambos) das operadoras Claro, Oi,
TIM, Vivo, NET e GVT.
Cada uma fornece pelo menos 10% do total de acessos à internet no País -
ao todo, elas são responsáveis por cerca de 90% das conexões.
A pesquisa mostra que nenhuma das seis operadoras respeita integralmente
o Marco Civil da Internet. A lei - espécie de constituição que
determina direitos e deveres no uso da rede - determina que os usuários
têm o direito a informações sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento
e proteção de seus dados cadastrais (nome, endereço, CPF, por exemplo) e
de registro (data e hora de uma conexão e endereço IP do usuário). Três
das seis operadoras analisadas não pontuaram neste critério.
Segundo o Internet Lab, os consumidores não encontram nos contratos
detalhes sobre como cada operadora coleta, usa e armazena seus dados
pessoais, nem como elas garantem a segurança dessas informações
sensíveis.
"Os contratos desenvolvem pouco estes temas, muitas vezes de uma forma
bem confusa", diz o diretor do Internet Lab, Dennys Antonialli.
Ordem judicial
As operadoras também não deixam claro em que circunstâncias elas cedem
os dados dos usuários para o Ministério Público ou para a Justiça.
O Marco Civil garante que, na investigação de crimes, autoridades possam
requerer dados cadastrais, mas restringe o acesso a dados pessoais e
conteúdo das comunicações a pedidos com ordem judicial.
Para o Internet Lab, embora empresas como a NET, TIM e GVT tenham
cumprido esta determinação, em seus contratos predomina a linguagem
jurídica, difícil de entender para a maioria dos consumidores.
Para estimular que as operadoras melhorem suas práticas, a pesquisa
também verificou se a empresa contesta judicialmente pedidos de dados
abusivos; se já se posicionou sobre projetos de lei que afetam a
privacidade; se informa quantas vezes recebeu pedidos de autoridades do
governo; e, por fim, se notifica o cliente quando recebe pedidos de
acesso a seus dados pessoais.
Nenhuma operadora pontuou nos últimos dois critérios. "Quando o
consumidor é notificado, ele pode exercer seu direito de defesa contra
irregularidades", disse o vice-presidente da EFF, o norte-americano Kurt
Opsahl.
Versão brasileira
A pesquisa Quem defende seus dados foi inspirada no estudo americano Who
has your back, elaborado anualmente pela EFF, para avaliar as práticas e
políticas de operadoras e empresas de internet em relação a privacidade
de seus usuários.
Nos EUA, além das operadoras, Facebook, Apple, Google e Microsoft estão entre as empresas avaliadas.
Embora a metodologia tenha sofrido alterações para se adaptar à
realidade brasileira, as operadoras locais tiveram desempenho superior
às americanas, quando o estudo foi realizado pela EFF pela primeira vez,
em 2011. "Isso reflete que estas questões sobre defesa dos dados estão
mais presentes na sociedade", diz o especialista.
Em notas enviadas ao jornal O Estado de S. Paulo, Claro/NET e Vivo/GVT
afirmaram que "cumprem a legislação" rigorosamente em relação aos dados
dos clientes.
Para a operadora TIM, "a pesquisa é uma importante ferramenta para
fomentar a discussão sobre a transparência". A operadora Oi preferiu não
comentar os resultados da pesquisa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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