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Carnes: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considera também que os preços do milho tendem a cair em breve
São Paulo - A indústria
de carne suína e de aves do Brasil avalia que suas margens poderão
melhorar e o setor terminará o ano no azul, após sofrer com a forte alta
nos custos do milho que agravou as contas das companhias, deixando
muitas delas deficitárias, em um ambiente econômico de fraco consumo que
limita repasse de preços.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considera também que
os preços do milho tendem a cair em breve ante máximas históricas, após
importações de volumes relativamente altos do cereal e com a entrada da
segunda safra, que está em boas condições no Sul do Brasil, apesar de
preocupações com a redução do potencial produtivo no Centro-Oeste pelo
tempo seco.
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O vice-presidente para aves da ABPA, Ricardo Santin, disse ainda
acreditar que a confiança dos consumidores brasileiros melhorará e o
consumo poderá sair da estagnação, que hoje limita repasses de custos,
após questões políticas como o impeachment da presidente Dilma Rousseff
ficarem definidas.
"Com cenário político menos conturbado, o consumo pode se recuperar...
Há atualmente diminuição de margens, mas é algo pontual, ainda vamos
encerrar o ano positivo para ambos os setores (aves e suínos), não tenho
dúvida", declarou Santin, em entrevista à Reuters nesta sexta-feira.
Segundo ele, o milho, que representa cerca de 70 por cento dos custos da
ração, deixou muitas empresas com margens negativas neste início de
ano, principalmente aquelas companhias menores, que trabalham com foco
maior no mercado interno.
Aquelas que têm uma parcela maior de vendas na exportação, como BRF e
JBS, estão sofrendo menos, com as vendas externas do país aceleradas
devido à maior demanda da China, principalmente.
Os embarques de carne de frango do Brasil, o maior exportador mundial,
atingiam o segundo maior volume mensal em março, tendo crescido 12 por
cento no primeiro trimestre.
"Em condições normais da economia, esse aumento da exportação teria
algum reflexo no mercado interno (subiria o preço)... Mas também não é
ambiente tão ruim (no mercado interno), porque o preço (do frango) não
está caindo, há estabilidade." O Brasil exporta cerca de um terço de sua
produção de carne de frango, enquanto a exportação de carne suína
representa cerca de 20 por cento da oferta nacional.
As maiores produtoras de carne de frango --JBS, BRF e Aurora-- que
respondem por boa parte da exportação do país, representam cerca de 50
por cento da produção nacional.
"Há empresas que estão com margens negativas e outras com margens
positivas... Quem deixou para comprar após a alta (do milho), está com
margens negativas... As empresas pequenas alavancadas sofrem mais... A
pressão de custos fugiu de padrões normais, houve uma alta do milho de
50 por cento de janeiro para cá", ressaltou.
Uma escassez recente de milho no mercado brasileiro resultou em preços
recordes no país, em torno de 50 reais a saca, o que impulsionou
produtores de aves e suínos a buscarem importações mais baratas.
"A economia começará a estabilizar, o milho, que é o grande gargalo, ele
vai baixar com a entrada da safra, e a gente vai continuar aumentando
volumes de exportação, principalmente para China", declarou.
SEGUNDO SEMESTRE
O diretor da associação admitiu que o setor não tem conseguido repassar
custos para o varejo, "mas inevitavelmente vai ter que repassar" em
algum momento.
Ele acredita que o segundo semestre, que tradicionalmente tem um mercado
mais aquecido, deverá registrar melhora das vendas do setor, exatamente
quando as indústrias passarão a ter uma oferta maior de matéria-prima, o
que tende a aliviar as margens.
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