sexta-feira, 15 de abril de 2016

Indústria de aves e suínos vê melhora ainda em 2016





Matt Cardy/Getty Images
Venda de carnes
Carnes: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considera também que os preços do milho tendem a cair em breve
 
 
Roberto Samora, da REUTERS


São Paulo - A indústria de carne suína e de aves do Brasil avalia que suas margens poderão melhorar e o setor terminará o ano no azul, após sofrer com a forte alta nos custos do milho que agravou as contas das companhias, deixando muitas delas deficitárias, em um ambiente econômico de fraco consumo que limita repasse de preços.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considera também que os preços do milho tendem a cair em breve ante máximas históricas, após importações de volumes relativamente altos do cereal e com a entrada da segunda safra, que está em boas condições no Sul do Brasil, apesar de preocupações com a redução do potencial produtivo no Centro-Oeste pelo tempo seco.
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O vice-presidente para aves da ABPA, Ricardo Santin, disse ainda acreditar que a confiança dos consumidores brasileiros melhorará e o consumo poderá sair da estagnação, que hoje limita repasses de custos, após questões políticas como o impeachment da presidente Dilma Rousseff ficarem definidas.

"Com cenário político menos conturbado, o consumo pode se recuperar... Há atualmente diminuição de margens, mas é algo pontual, ainda vamos encerrar o ano positivo para ambos os setores (aves e suínos), não tenho dúvida", declarou Santin, em entrevista à Reuters nesta sexta-feira. Segundo ele, o milho, que representa cerca de 70 por cento dos custos da ração, deixou muitas empresas com margens negativas neste início de ano, principalmente aquelas companhias menores, que trabalham com foco maior no mercado interno.

Aquelas que têm uma parcela maior de vendas na exportação, como BRF e JBS, estão sofrendo menos, com as vendas externas do país aceleradas devido à maior demanda da China, principalmente.

Os embarques de carne de frango do Brasil, o maior exportador mundial, atingiam o segundo maior volume mensal em março, tendo crescido 12 por cento no primeiro trimestre.

"Em condições normais da economia, esse aumento da exportação teria algum reflexo no mercado interno (subiria o preço)... Mas também não é ambiente tão ruim (no mercado interno), porque o preço (do frango) não está caindo, há estabilidade." O Brasil exporta cerca de um terço de sua produção de carne de frango, enquanto a exportação de carne suína representa cerca de 20 por cento da oferta nacional.

As maiores produtoras de carne de frango --JBS, BRF e Aurora-- que respondem por boa parte da exportação do país, representam cerca de 50 por cento da produção nacional.

"Há empresas que estão com margens negativas e outras com margens positivas... Quem deixou para comprar após a alta (do milho), está com margens negativas... As empresas pequenas alavancadas sofrem mais... A pressão de custos fugiu de padrões normais, houve uma alta do milho de 50 por cento de janeiro para cá", ressaltou.

Uma escassez recente de milho no mercado brasileiro resultou em preços recordes no país, em torno de 50 reais a saca, o que impulsionou produtores de aves e suínos a buscarem importações mais baratas.

"A economia começará a estabilizar, o milho, que é o grande gargalo, ele vai baixar com a entrada da safra, e a gente vai continuar aumentando volumes de exportação, principalmente para China", declarou.
 

SEGUNDO SEMESTRE


O diretor da associação admitiu que o setor não tem conseguido repassar custos para o varejo, "mas inevitavelmente vai ter que repassar" em algum momento.

Ele acredita que o segundo semestre, que tradicionalmente tem um mercado mais aquecido, deverá registrar melhora das vendas do setor, exatamente quando as indústrias passarão a ter uma oferta maior de matéria-prima, o que tende a aliviar as margens.

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