Greg Baker / Reuters
Wang Yi: trata-se da primeira vez que o governo chinês se pronuncia
sobre o escândalo, depois de vários dias sem nenhum comentário a
respeito
Da EFE
Pequim - O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, se referiu nesta sexta-feira ao escândalo
causado pelos documentos filtrados da firma panamenha Mossack Fonseca,
que afetam nove líderes do país e até agora tinham sido ignorados por
Pequim, e disse que "é preciso investigar primeiro o que ocorreu
exatamente".
Wang, que fez essas declarações em entrevista coletiva junto a seu
colega alemão, Franz-Walter Steinmeier, de visita em Pequim, acrescentou
que o "Panamá também está fazendo investigações".
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Trata-se da primeira vez que o governo chinês se pronuncia sobre os
"Panama Papers", depois que em dias prévios vários porta-vozes do
Ministério das Relações Exteriores se limitaram a repetir ou dizer que
não havia comentários a respeito, ou que as informações sobre o
escândalo eram "infundadas".
O escândalo dos documentos da firma panamenha filtrados afetou desde o
cunhado do presidente da China, Xi Jinping, o artífice da campanha em
massa anticorrupção e contra o consumo feito pelas autoridades há três
anos, até o neto político do fundador da República Popular, Mao
Tsé-tung.
Gente próxima a outros sete líderes, entre eles Zhang Gaoli e Liu
Yunshan, dois dos sete membros do órgão de mais poder chinês, o Comitê
Permanente, também foram citados nas filtragens, passando por um
ex-primeiro-ministro, um ex-vice-presidente e pelo ex-ministro Bo Xilai,
assim como por um ex-secretário geral da formação ou que fora "número
quatro" na hierarquia comunista até 2012.
Também pela primeira vez hoje, um dos envolvidos da elite chinesa, Hu
Dehua, filho do ex-secretário geral do Partido Comunista nos anos 80 Hu
Yaobang, se manifestou publicamente para admitir que era diretor e
beneficiado da Fortalent International Holdings, nas Ilhas Virgens
Britânicas, como dizem os documentos.
"Não há nada o que esconder", disse hoje Hu ao jornal "South China
Morning Post", e acrescentou que "o registro foi feito com meu próprio
passaporte e meu nome real".
Hu, o primeiro a falar entre os chineses envolvidos, indicou ao jornal
que não sabia por que outros preferiram se calar. "Este é meu estilo de
fazer as coisas".
Em todos os casos que afetam a China, familiares ou membros muito
próximos destes líderes abriram companhias em paraísos fiscais, algo que
a princípio não é ilegal, mas que sugere que poderiam ser empresas de
fachada para lavagem de dinheiro e evasão de impostos.
Das 16,3 mil companhias internacionais para as quais o Mossack Fonseca trabalhou até 2015, 29% procedem da China e Hong.
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