Para analistas, novo governo pode encontrar
resistência em casos como a reforma previdenciária
Da Redação, com Infomoney
Na noite
de ontem, foi aprovado na Câmara dos Deputados, por 367 votos, o pedido de
impedimento para a presidente Dilma Rousseff (PT). Após o impeachment ser
aprovado na Câmara (veja mais detalhes aqui),
os agentes econômicos começam a questionar com maior profundidade como seria a
agenda econômica de Michel Temer.
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, acha que o trabalho do vice-presidente recuperar a economia não será fácil. “Mesmo que Temer consiga ter apoio de uma base parlamentar razoável, as medidas que o peemedebista deve tomar são impopulares”, afirmou em entrevista à Rádio Estadão.
Loyola entende que o sistema político brasileiro pode não estar preparado para exigir mais sacrifícios da sociedade. O economista afirmou ainda que o programa "Ponte para o Futuro", do PMDB, é uma agenda "muito boa", mas tem implementação complexa. Entre os aspectos que podem encontrar resistência está a reforma previdenciária. “Temer deve estar trabalhando para viabilizar uma equipe econômica capaz de implementar a agenda apresentada pelo partido, mas a costura política será muito difícil e complexa. Não é uma agenda simples, trivial, do ponto de vista político", opinou.
Carlos Kawall, economista-chefe do banco Safra, entende que u m eventual governo liderado por Temer teria habilidade para costurar alianças e aprovar reformas. “Não vamos fazer em um ou dois anos todas as reformas que não fizemos nos últimos 20. Parte dessa agenda fica para depois de 2018.
O importante é buscar esse ajuste ao longo do tempo. Mas precisaremos de um programa econômico emergencial, que viabilize um orçamento para 2017 com superávit primário”, declarou em entrevista ao Jornal Extra. “Vamos ter de buscar um consenso para evitar o aumento do gasto obrigatório, que cresce acima do PIB e muito acima de um PIB que não está crescendo. A base de tudo isso são as obrigatoriedades, as indexações que estão, em boa medida, mas não só, na Constituição. Não dá para ficar colecionando déficit primário, achando que alguma coisa vai acontecer para que a economia cresça e reverta o quadro, porque isso está na base do problema de confiança”, resumiu.
Bolsa
Para Flávio Conde, analista da consultoria de investimentos Whatscall, o rali da bolsa ainda não acabou e ela deve subir até os 55 mil pontos em uma eventual tomada de posse do vice-presidente. O analista explica que as visões do mercado financeiro estão divididas neste momento. “Há quem acredite que, caso o impeachment venha a acontecer, o novo presidente não conseguiria implantar rapidamente medidas consideradas necessárias para a recuperação econômica do Brasil”, recorda.
Conde, no entanto, acredita que Temer conseguirá surpreender positivamente o mercado financeiro e as pessoas que esperam por reformas na economia do Brasil. “Acho que o Temer já vai chegar cortando ministérios e com nomes de peso na economia para apoiá-lo”, aposta o analista. Nesse cenário, deveriam se beneficiar especialmente as empresas estatais, os grandes bancos, como o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4), por exemplo, e o setor de siderurgia. No lado negativo, podem recuar papéis do setor educacional e construtoras que se beneficiam do programa do governo Minha Casa Minha Vida, de acordo com Conde.
Em relação à Petrobras (PETR4), especificamente, o analista comenta que a empresa precisará de uma grande capitalização para sanar suas dívidas. Para Conde, no caso de uma mudança de gestão da estatal, com mais eficiência, o mercado financeiro avaliaria bem essa capitalização, o que faria com que a companhia se recuperasse mais rapidamente. Outro segmento que poderia se beneficiar bastante é o de energia elétrica, uma vez que a atual presidente interferiu diretamente no setor. Além disso, a cadeia do etanol também poderia ter elevação no médio prazo em uma possível gestão Temer, uma vez que o governo provavelmente adotaria novas políticas para o preço de combustíveis.
http://www.amanha.com.br/posts/view/2158
Mercado tenta desvendar Temer
Para analistas, novo governo pode encontrar resistência em casos como a reforma previdenciária
Na noite de ontem, foi aprovado na Câmara dos Deputados, por
367 votos, o pedido de impedimento para a presidente Dilma Rousseff
(PT). Após o impeachment ser aprovado na Câmara (veja mais detalhes aqui), os agentes econômicos começam a questionar com maior profundidade como seria a agenda econômica de Michel Temer.
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, acha que o trabalho do vice-presidente recuperar a economia não será fácil. “Mesmo que Temer consiga ter apoio de uma base parlamentar razoável, as medidas que o peemedebista deve tomar são impopulares”, afirmou em entrevista à Rádio Estadão. Loyola entende que o sistema político brasileiro pode não estar preparado para exigir mais sacrifícios da sociedade. O economista afirmou ainda que o programa "Ponte para o Futuro", do PMDB, é uma agenda "muito boa", mas tem implementação complexa. Entre os aspectos que podem encontrar resistência está a reforma previdenciária. “Temer deve estar trabalhando para viabilizar uma equipe econômica capaz de implementar a agenda apresentada pelo partido, mas a costura política será muito difícil e complexa. Não é uma agenda simples, trivial, do ponto de vista político", opinou.
Carlos Kawall, economista-chefe do banco Safra, entende que u m eventual governo liderado por Temer teria habilidade para costurar alianças e aprovar reformas. “Não vamos fazer em um ou dois anos todas as reformas que não fizemos nos últimos 20. Parte dessa agenda fica para depois de 2018. O importante é buscar esse ajuste ao longo do tempo. Mas precisaremos de um programa econômico emergencial, que viabilize um orçamento para 2017 com superávit primário”, declarou em entrevista ao Jornal Extra. “Vamos ter de buscar um consenso para evitar o aumento do gasto obrigatório, que cresce acima do PIB e muito acima de um PIB que não está crescendo. A base de tudo isso são as obrigatoriedades, as indexações que estão, em boa medida, mas não só, na Constituição. Não dá para ficar colecionando déficit primário, achando que alguma coisa vai acontecer para que a economia cresça e reverta o quadro, porque isso está na base do problema de confiança”, resumiu.
Bolsa
Para Flávio Conde, analista da consultoria de investimentos Whatscall, o rali da bolsa ainda não acabou e ela deve subir até os 55 mil pontos em uma eventual tomada de posse do vice-presidente. O analista explica que as visões do mercado financeiro estão divididas neste momento. “Há quem acredite que, caso o impeachment venha a acontecer, o novo presidente não conseguiria implantar rapidamente medidas consideradas necessárias para a recuperação econômica do Brasil”, recorda. Conde, no entanto, acredita que Temer conseguirá surpreender positivamente o mercado financeiro e as pessoas que esperam por reformas na economia do Brasil. “Acho que o Temer já vai chegar cortando ministérios e com nomes de peso na economia para apoiá-lo”, aposta o analista. Nesse cenário, deveriam se beneficiar especialmente as empresas estatais, os grandes bancos, como o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4), por exemplo, e o setor de siderurgia. No lado negativo, podem recuar papéis do setor educacional e construtoras que se beneficiam do programa do governo Minha Casa Minha Vida, de acordo com Conde.
Em relação à Petrobras (PETR4), especificamente, o analista comenta que a empresa precisará de uma grande capitalização para sanar suas dívidas. Para Conde, no caso de uma mudança de gestão da estatal, com mais eficiência, o mercado financeiro avaliaria bem essa capitalização, o que faria com que a companhia se recuperasse mais rapidamente. Outro segmento que poderia se beneficiar bastante é o de energia elétrica, uma vez que a atual presidente interferiu diretamente no setor. Além disso, a cadeia do etanol também poderia ter elevação no médio prazo em uma possível gestão Temer, uma vez que o governo provavelmente adotaria novas políticas para o preço de combustíveis.
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Carlos Kawall, economista-chefe do banco Safra, entende que u m eventual governo liderado por Temer teria habilidade para costurar alianças e aprovar reformas. “Não vamos fazer em um ou dois anos todas as reformas que não fizemos nos últimos 20. Parte dessa agenda fica para depois de 2018. O importante é buscar esse ajuste ao longo do tempo. Mas precisaremos de um programa econômico emergencial, que viabilize um orçamento para 2017 com superávit primário”, declarou em entrevista ao Jornal Extra. “Vamos ter de buscar um consenso para evitar o aumento do gasto obrigatório, que cresce acima do PIB e muito acima de um PIB que não está crescendo. A base de tudo isso são as obrigatoriedades, as indexações que estão, em boa medida, mas não só, na Constituição. Não dá para ficar colecionando déficit primário, achando que alguma coisa vai acontecer para que a economia cresça e reverta o quadro, porque isso está na base do problema de confiança”, resumiu.
Bolsa
Para Flávio Conde, analista da consultoria de investimentos Whatscall, o rali da bolsa ainda não acabou e ela deve subir até os 55 mil pontos em uma eventual tomada de posse do vice-presidente. O analista explica que as visões do mercado financeiro estão divididas neste momento. “Há quem acredite que, caso o impeachment venha a acontecer, o novo presidente não conseguiria implantar rapidamente medidas consideradas necessárias para a recuperação econômica do Brasil”, recorda. Conde, no entanto, acredita que Temer conseguirá surpreender positivamente o mercado financeiro e as pessoas que esperam por reformas na economia do Brasil. “Acho que o Temer já vai chegar cortando ministérios e com nomes de peso na economia para apoiá-lo”, aposta o analista. Nesse cenário, deveriam se beneficiar especialmente as empresas estatais, os grandes bancos, como o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4), por exemplo, e o setor de siderurgia. No lado negativo, podem recuar papéis do setor educacional e construtoras que se beneficiam do programa do governo Minha Casa Minha Vida, de acordo com Conde.
Em relação à Petrobras (PETR4), especificamente, o analista comenta que a empresa precisará de uma grande capitalização para sanar suas dívidas. Para Conde, no caso de uma mudança de gestão da estatal, com mais eficiência, o mercado financeiro avaliaria bem essa capitalização, o que faria com que a companhia se recuperasse mais rapidamente. Outro segmento que poderia se beneficiar bastante é o de energia elétrica, uma vez que a atual presidente interferiu diretamente no setor. Além disso, a cadeia do etanol também poderia ter elevação no médio prazo em uma possível gestão Temer, uma vez que o governo provavelmente adotaria novas políticas para o preço de combustíveis.
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