Em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República, os executivos
da Andrade Gutierrez revelam que as construtoras responsáveis pela obra
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte combinaram o pagamento de uma
propina de R$ 150 milhões, 1% do valor que elas iriam obter pelos
contratos firmados.
Os recursos seriam pagos ao longo da construção da obra e seriam
divididos entre PT e PMDB. Cada partido ficaria com uma cota de R$ 75
milhões. Os recursos foram pagos, segundo a delação premiada, na forma
de doações legais para campanhas de 2010, 2012 e 2014.
O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo disse aos
procuradores que a empresa tinha um caixa único, formado por estes
recursos oriundos da propina de Belo Monte e também dinheiro legal, que
foi usado para fazer as doações de campanha, inclusive em 2014, quando a
construtora doou R$ 20 milhões para a campanha da presidente Dilma.
Ou seja, segundo os executivos, o dinheiro não era carimbado, mas
recursos de propina acabaram sendo usados para bancar as campanhas
petistas e de peemedebistas na última eleição presidencial.
Os R$ 150 milhões foram divididos entre as empreiteiras de acordo com a
participação de cada uma no consórcio construtor da usina Belo Monte.
O leilão de Belo Monte ocorreu em junho de 2010. Odebrecht e Andrade
Gutierrez (autora de estudos iniciais), mais a Camargo Corrêa,
desistiram de apresentar proposta por discordar da estimativa de R$ 19
bilhões feita pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Formado por oito empresas, algumas sem experiência na construção de
hidrelétricas (Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Serveng-Civilsan, Contern,
Cetenco, Gaia, Galvão e J.Malucelli), um outro grupo acabou ganhando a
concorrência, mas logo depois permitiu a entrada das três concorrentes.
"Derrotadas" inicialmente, Andrade Gutierrez (18%), Odebrecht (16%) e
Camargo Corrêa (16%) ficaram com metade dos contratos de construção da
usina. O valor da propina paga a PT e PMDB, segundo Otávio Azevedo,
seguia o percentual de cada uma no Consórcio Construtor de Belo Monte.
Em sua edição desta quinta-feira (07), a Folha revelou que,
em sua delação premiada, os executivos da Andrade Gutierrez revelaram
que a construtora fez doações legais para campanhas de 2010, 2012 e 2014
utilizando recursos de propina obtidos de contratos firmados com a
Petrobras, usina nuclear Angra 3 e a hidrelétrica Belo Monte.
O PT e o PMDB negam oficialmente irregularidades nas doações recebidas
por seus candidatos e também acertos de propina em Belo Monte. A
campanha da presidente Dilma também refuta qualquer irregularidade e diz
que todas as contribuições recebidas foram legais.
ARRANJO EM BELO MONTE
ARRANJO EM BELO MONTE
Em delação, executivo acusa ex-ministro de montar consórcio para hidrelétrica
Em delação, executivo acusa ex-ministro de montar consórcio para hidrelétrica
A LICITAÇÃO
Em abr.2010, a Aneel (agência de energia) confirmou o consórcio Norte Energia como vencedor da disputa pela hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Na época, o grupo propôs vender a energia gerada a R$ 78 por MWh (megawatt hora)
Em abr.2010, a Aneel (agência de energia) confirmou o consórcio Norte Energia como vencedor da disputa pela hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Na época, o grupo propôs vender a energia gerada a R$ 78 por MWh (megawatt hora)
Composição do consórcio vencedor
Composição do consórcio vencedor
O QUE DIZ A DELAÇÃO
> Foi o economista Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, que ajudou a criar o consórcio, com a função de forçar as grandes empreiteiras a reduzir o valor que cobrariam pela obra
> O arranjo teve a participação do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula investigado na Lava Jato
O PROBLEMA
> As empresas que venceram o leilão eram pequenas e não tinham experiência numa obra da complexidade de Belo Monte nem garantias bancárias necessárias
> Em ago.2010, o governo federal fechou acordo para incluir outras três empreiteiras na construção
> Foi o economista Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, que ajudou a criar o consórcio, com a função de forçar as grandes empreiteiras a reduzir o valor que cobrariam pela obra
> O arranjo teve a participação do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula investigado na Lava Jato
O PROBLEMA
> As empresas que venceram o leilão eram pequenas e não tinham experiência numa obra da complexidade de Belo Monte nem garantias bancárias necessárias
> Em ago.2010, o governo federal fechou acordo para incluir outras três empreiteiras na construção
Nova composição do consórcio
Nova composição do consórcio
O QUE DIZ A DELAÇÃO
Delfim também atuou na formação do segundo consórcio, acomodando os interesses das 11 empreiteiras finais. Para isso, ele recebeu propina de R$ 15 milhões, por meio de contratos da Andrade Gutierrez com a empresa de um sobrinho do economista
Delfim também atuou na formação do segundo consórcio, acomodando os interesses das 11 empreiteiras finais. Para isso, ele recebeu propina de R$ 15 milhões, por meio de contratos da Andrade Gutierrez com a empresa de um sobrinho do economista
Usina de Belo Monte
Usina de Belo Monte
Obras começaram em 2011
Custo: R$ 31,5 bilhões
Capacidade de produção: até 11.233 MW, a terceira maior do mundo
Área do reservatório: 503 km²
*Atualmente, a Gaia Energia não participa mais do grupo
Custo: R$ 31,5 bilhões
Capacidade de produção: até 11.233 MW, a terceira maior do mundo
Área do reservatório: 503 km²
*Atualmente, a Gaia Energia não participa mais do grupo
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