quinta-feira, 7 de abril de 2016

A gestão de ideias deve ser reinventada diariamente. Conhecimentos científicos e perspectivas de quatro décadas.

 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Norbert Thom

Universität Bern
Há quatro décadas que o Prof. Dr. Norbert Thom interessa-se pelo Betriebliches Vorschlagswesen (BVW), sistema empresarial de sugestões e seu desenvolvimento à atual gestão de idéias, Ideenmanagement (IM). Tanto na Alemanha como na Suíça, ele realizou um grande número de estudos empíricos junto com seus assistentes e estudantes. Um processo de pesquisa de longo prazo refletiu persistentemente sobre uma questão central:
 
Como será possível motivar o maior número possível de trabalhadores a contribuir, através de idéias construtivas e criativas, para o aperfeiçoamento contínuo de processos e atividades empresariais?

Para responder à questão da pesquisa, o cientista realizou um grande número de estudos específicos por meio de teses, dissertações e trabalhos acadêmicos. Em 2009, a síntese dos resultados mais importantes e a história de desenvolvimento do conceito de gestão BVW/IM foram publicadas em forma de livro *.

No texto a seguir, Norbert Thom resumiu os conhecimentos sob a forma de fatos e reflexões que o levaram à seguinte conclusão: a alteração contínua do mercado, sujeito sempre a novos desafios, exige uma reinvenção constante da gestão de ideias.

*Norbert Thom und Anja Piening: Vom Vorschlagswesen zum Ideen- und Verbesserungsmanagement. Kontinuierliche Weiterentwicklung eines Managementkonzepts. Bern u.a. 2009 (Nachdruck 2010), Verlag Peter Lang, ISBN 978-3- 0343-0321-7

I. Nossa pesquisa: a visão sobre a metodologia
Estabelecemos em nossas explorações um misto de metodologias. Primeiro, obtivemos uma visão geral sobre a situação atual através de entrevistas com gestores de ideias, dirigentes, grupos de funcionários, outros especialistas, tanto daqueles que têm ideias propostas quanto aqueles que não têm.. Essa visão foi aprofundada por estudos de caso em empresas, nas quais foi interrogado um grande número de funcionários. Na sequência, foi feita uma avaliação deste material e dos demais documentos (acordos, regulamentos, estatísticas, material promocional etc.) através de metodologia quantitativa e qualitativa. Depois de várias décadas de pesquisa, desenvolveu-se finalmente um quadro de referência significativo.

Ele abrange fatores de contexto (fora da empresa, relativos às características da empresa e também de recursos humanos), instrumentos de ação gerais e especiais de gestão (parâmetro de ação) e números de sucesso (critérios pela medição do sucesso de um IM). Com base no conhecimento adquirido até aqui, surgiram indicadores eficazes para a identificação de um nível de IM excelente, com os quais foi escolhida, em 2005 e 2011, a empresa suíça com o melhor IM (veja o checkliste no livro de Thom/Piening, pág. 195-199.)

Além disso, o atual status da pesquisa permite o desenvolvimento de hipóteses fundadas que possam ser verificadas através de estudos empíricos - p. ex. a investigação detalhada da força de trabalho em grandes empresas que têm uma longa tradição com o IM. Assim podem ser descobertas barreiras, caso estas existam, contra a entrega de ideias e desenvolvidos incentivos eficazes.

No caso de grande amostra, a pesquisa de fatores de sucesso pode ocorrer também com metodologias avançadas da estatística (regressões, modelos de equação estrutural) para melhor descobrir as relações de causalidade entre instrumentos aplicados e efeitos realizados. Outros estudos favoráveis podem dedicar-se à questão: „Qual é o impacto para os critérios de eficiência se incluirmos grupos de pessoas externas (especialmente clientes e fornecedores) ao IM?"
 
II. Insights do mais recente grande estudo sobre IM na Suíça
Os resultados desse estudo encontram-se em detalhe no livro já mencionado, de modo que neste texto serão salientados somente alguns resultados caracterizados. Foram interrogadas 57 empresas que dispõem de um IM funcionando. Dessas, cerca de 70% trabalham no setor industrial e 30% no setor de serviços. Isso mostra que o IM é executado mais intensamente na indústria, considerando que na economia geral da Suíça, o setor de serviços domina com cerca de 70% de todos os postos de trabalho. Seis das empresas (o „grupo da dianteira") classificaram o seu próprio IM como excelente. 

Elas foram analisadas com as outras 51 empresas em relação às suas diferenças mais importantes. As respostas de todas as 57 empresas provêm de seus respectivos gestores de ideias.
 
As três exigências mais importantes aos gestores de ideias
Começamos essa pequena visão dos resultados com comentários sobre as três mais importantes exigências à realização do IM. Verificou-se a seguinte ordem de prioridade:
 
Avaliar ideias de forma rápida e transparente: Assim temos um desafio organizacional no topo. Um processo interno é exigido que minimize o tempo entre a entrega da ideia e a avaliação clara e que é estruturado segundo critérios de avaliação compreensíveis. Afinal, todo mundo que propõe uma ideia quer saber: por que a minha ideia foi aceita ou recusada? Por que e como (forma e remuneração) serei recompensado?
 
Promover a participação no IM: Todos os participantes possíveis devem ser alcançados. O número máximo possível deve ser motivado através de mensagens adequadas para participar com ideias próprias. Para isto, um criador-IM deve conhecer a mentalidade de seus funcionários e escolher os canais publicitários de forma competente. A mensagem publicitária teve sucesso se atingiu as cabeças e a reação desejada: „Sim, eu participo com a minha própria ideia!"
 
As vantagens do modelo-chefe: No BVW clássico, o chefe não era envolvido em muitas situações, pois as ideias propostas costumavam ser dirigidas ao gestor central. Hoje, segundo os gestores de ideias, é melhor que o chefe participe diretamente no processo. Não se trata somente de uma inovação organizacional, mas de uma alteração da cultura empresarial. Cada chefe deve estar à disposição para as sugestões de melhorias de seus funcionários, a fim de que se dirijam a ele com confiança. Superiores diretos têm a competência, em certa medida, de decidir apropriadamente sobre a aceitação e implementação da sugestão de melhoria. Por isso eles devem aprender a compreender a produção de ideias dos funcionários como parte do processo de administração normal. As vantagens em resumo: a taxa de participação e valorização pode aumentar. O gestor central de ideias será aliviado e não constituirá mais um fator de gargalo, pois receberá somente ideias que excedam o quadro de competências dos chefes ou que afetem outras unidades organizacionais da empresa. A implementação de ideias é mais fácil se não for preciso convencer um chefe posteriormente (que inicialmente foi deixado de fora) para uma nova ideia de um funcionário. Além disso, o perigo da obstrução sutil será reduzido se a implementação não é determinada de cima.
 
O quadro de referência: 7 principais conclusões do mais recente grande estudo
Durante o trabalho de pesquisa, o quadro de referência recebeu dados e atualizações constantes. 

Destacamos os seguintes elementos:

1. Fatores de contexto fora da empresa: os gestores de ideias interrogados designaram o progresso tecnológico e a intensidade da concorrência como principais propulsores de uma gestão competente de ideias. Por isso, o IM tem uma melhor oportunidade de desenvolvimento nos setores com concorrência intensa (p. ex. fornecedores do setor automobilístico). A administração pública e outros setores de monopólio, pelo contrário, não se caracterizam por um IM bem desenvolvido. Por causa da ligação entre progresso tecnológico e inovação, há boas oportunidades para um processo de melhoria contínua após cada fase maior de desenvolvimento. Especialmente nas áreas de tecnologia de produção, transporte e informação, existe uma chance maior para as ideias dos funcionários.

2. Fatores de contexto relativos às características da empresa, os gestores de ideias interrogados consideraram a implementação dos princípios de liderança como muito importante. Deve-se considerar os princípios do estilo de gestão cooperativo e apreciativo, que pressupõe uma certa imagem do ser humano, segundo a qual o funcionário é considerado muito mais como um parceiro do que como um subordinado. O modelo chefe já mencionado antes corresponde a esses princípios de liderança. Eles devem ser registrados por escrito, treinados e implementados na vida cotidiana empresarial.

3. Em relação às características de recursos humanos, a atitude sobre o IM e a sua aceitação pelos dirigentes de gestão desperta o interesse e a atenção dos funcionários. Isso significa que somente com a atitude afirmativa ao IM dos líderes em todos os níveis até a gerência superior e com o reconhecimento do IM como expressão de um gerenciamento moderno, o IM tem a chance para o seu melhor desenvolvimento. Comentários como „Fazemos isto porque todo mundo em nosso setor o faz" ou „Não pode fazer mal..." restringem a liberdade do IM. Não é suficiente tolerar o IM. Somente o apoio ativo é importante. Isto já é realizado pelo „grupo da dianteira" (inclusive a gerência superior).

4. Importantes instrumentos gerais de gestão influenciam o desenvolvimento do IM: sistema de alvo e estratégia, estrutura organizacional e cultura empresarial. A maior influência é atribuída à cultura empresarial que abrange diferentes dimensões de valores. Já falamos sobre os valores dos funcionários (princípios de liderança). Um outro valor-guia importante pode ser a orientação à inovação, se o pensamento e comportamento inovador têm uma elevada importância em uma empresa e é devidamente recompensado. Uma orientação para os custos também é favorável à evolução do IM. Nesse caso, os funcionários devem reduzir os custos e administrar o dinheiro, na utilização de recursos, com economia. E finalmente o valor-guia orientação para o cliente pode provocar um impulso muito positivo para o IM. Todos os funcionários devem estar conscientes de que precisam oferecer aos clientes internos e externos a qualidade desejada com as próprias atitudes.

5. A motivação dos funcionários para o envolvimento construtivo na vida da empresa é de maior importância para os objetivos do IM. Os gestores de ideias de 57 empresas suíças apreciam ainda mais a melhoria de qualidade e economia. O alvo de qualidade atual não abrange somente a qualidade do produto, mas também a qualidade de todos os processos empresariais e do mundo do trabalho.

6. Nove parâmetros de ação atingiram o maior valor em relação aos instrumentos para a promoção da eficiência do IM. Já foram comentados os três primeiros. Os outros instrumentos só serão mencionados de forma sucinta e não precisam, no caso dos leitores desta newsletter, de uma explicação ou justificação: a avaliação rápida e transparente, a publicidade por diferentes mídias (especialmente promovida pelo „grupo da dianteira"), o modelo de chefe, os incentivos tangíveis (p. ex. prêmios), os incentivos intangíveis (p. ex. reconhecimento), a combinação de sugestões autônomas e de grupo, a utilização de base de dados eletrônica de ideias, a coleta ativa de ideias dos funcionários (visível significativamente no „grupo da dianteira") e o maior desenvolvimento para um processo de melhoria contínuo (KVP, Kontinuierlicher Verbesserungsprozess). No que se refere a duas possíveis medidas de expansão, os gestores de ideias interrogados da Suíça ainda foram muito reservados: não consideram uma vantagem fundamental integrar o IM em outros conceitos de gestão (p. ex. a gestão de qualidade, inovação e conhecimento). Também a inclusão de pessoas de fora que sugerem ideias (p. ex. clientes e fornecedores) parece não ser conveniente ao IM, porque esse foi concebido primeiramente para os funcionários.

7. Em relação à escala para medir a eficiência, verificou-se um consenso sólido. Não deve surpreender nenhum especialista que foram mencionados aqui a taxa de participação e valorização, a economia total através de ideias, a relação custo-benefício do IM, os prêmios e o tempo de processamento/duração para as ideias. O desafio que se levanta com esses critérios é a definição comparável nacional e internacional (veja Thom/Piening, pág. 22-31).
 
III. Novas chances do IM: 10 tendências e teses na economia produtiva
Baseando-se na representação de grandes tendências em países avançados (como Alemanha e Suíça), segue a apresentação dos efeitos do IM sob a forma de teses. A representação das tendências é inspirada parcialmente em uma publicação livremente acessível do Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha de 2010 (Título: Industrieland Deutschland).
 
1. Tese: Países desenvolvidos e envolvidos na pesquisa também terão uma forte posição competitiva no futuro.
A indústria na Alemanha contribui por exemplo para mais de 20% do valor agregado bruto. Um valor parecido, de nenhuma forma menor, aplica-se para a Suíça. Na indústria, o IM foi tradicionalmente desenvolvido de forma superior à média (veja publicação mencionada acima). Ela continuará a ter excelentes possibilidades de desenvolvimento. Exemplos: indústria da construção de transporte e engenharia, indústria eletrônica, química e farmacêutica, tecnologia médica. Nesses setores muitas vezes domina uma intensidade de concorrência, o que promove o IM. Não existem "áreas protegidas".
 
2. Proteção do meio ambiente e do clima ganham mais importância. É o caso, particularmente, dos países com elevados padrões ecológicos e regulamentações correspondentes.
Para o IM também podem surgir impulsos positivos desta tendência. Às já altas metas de qualidade é necessário somente adicionar de forma mais explícita a dimensão ecológica. Aqueles que são potencialmente capazes de propor ideias entenderão esse fato e desenvolverão, com objetivos e incentivos adequados, ideias para a proteção do meio ambiente e do clima.
 
3. Eficiência de material e energia serão mais importantes.
Aqui temos excelentes chances para as sugestões de melhorias previsíveis. Se o cálculo do benefício de uma ideia de um funcionário é mais fácil, as chances para um grande prêmio é maior. Também o gerenciamento superior vê o benefício do IM e o promove expressamente.
 
4. Tecnologias favoráveis à demografia têm uma enorme oportunidade de crescimento.
Com o envelhecimento da população, se eleva, por exemplo, a procura crescente por produtos na área da saúde.
 
A consequência para o IM é: aumento da taxa de participação dos funcionários mais velhos. Essas pessoas têm uma afinidade maior com produtos da área mencionada e geralmente com uma clientela mais velha de outros produtos. Sabemos no entanto que a taxa de participação diminui a partir de um período maior do funcionário na empresa. É neste ponto que a gestão de pessoal favorável à demografia tem que começar. Também os funcionários mais velhos devem participar de ações de aprendizagem avançada, ser integrados em projetos, confrontados com novos desafios (p. ex. job rotation), integrados em times com mistura de idade e apoiados e amparados até a época da aposentadoria.
 
5. Há uma expansão da customização em massa. Os clientes são simultaneamente consumidores e produtores. Esta tendência já é bastante visível, por exemplo, na indústria automobilística.
Isto pode ter consequências para o IM. Não devem ser integrados no processo da produção de ideias somente os próprios funcionários. Também com os „Open-Innovation-Konzepte" (conceitos de inovação aberta) a criatividade externa pode ser importada para as empresas (veja. Thom/Piening, pág. 164-167). Para isto, instrumentos especiais devem ser criados. A relutância atual de muitos gestores de ideias (veja acima) com a participação de produtores externos de ideias deverá ser reconsiderada.
 
Pelo menos deve ser estabelecida uma cooperação. Na customização em massa, grande parte do conhecimento e poder está ligado ao funcionário. Os funcionários são desafiados e podem, com as culturas, princípios de liderança e sistemas de incentivo adequados, pensar além de suas obrigações estreitas. Consequentemente, essa tendência também pode influenciar positivamente o IM.
 
6. Haverá uma maior ligação além dos limites de empresa, do mercado e das fronteiras terrestres. Assim se desenvolvem formas organizacionais flexíveis e virtuais como redes e clusters temporários. Eles não se baseiam no modelo hierárquico clássico com uma determinada forma jurídica.
Portanto, o IM precisa ser integrável a outros instrumentos inovadores (veja em detalhes em Thom/Piening, pág. 127). Temos como exemplo a gestão de projetos, o desenvolvimento dos recursos humanos ou a proteção da propriedade intelectual através da matéria de patentes, modelos e marcas. Identificam-se também chances para muitas ideias novas na área da criação organizacional: como deverão ser organizadas as redes? Como protegeremos os padrões de qualidade nas interfaces entre os parceiros de cooperação? São exemplos para assuntos adequados para campanhas de ideias.
 
7. Alianças da indústria com empresas de prestação de serviços de conhecimento intensivo criam vantagens competitivas. As consultorias jurídicas e empresariais, os escritórios de engenharia e laboratórios externos, de pesquisa e desenvolvimento, assim como empresas de pesquisa de mercado, bancos e companhias de seguros são de conhecimento intensivo.
O IM em empresas de prestação de serviços deve continuar a ser desenvolvido para atingir o mesmo nível que existe na indústria. As experiências positivas das premiações nacionais para empresas de prestação de serviços com um IM altamente desenvolvido mostram que é um objetivo claramente alcançável.
 
8. Na exportação da indústria de língua alemã há uma porcentagem crescente de componentes importados. Embora muitos produtos sejam por exemplo „Made in Germany", as contribuições de valor agregado até o produto final são efetuadas na economia interconectada internacionalmente através de empresas no exterior.
A gestão de ideias é um conceito de gestão ideal da indústria alemã. Esta pode ser exportada (e adaptada) aos parceiros estrangeiros. Como analogia, também podem ser aplicados esforços adequados na área da formação dual profissional. Quando o IM se torna um „produto de exportação",recebe novos impulsos. Os criadores do IM devem aprender a levar em conta as diferentes influências culturais dos países. Para o gerenciamento internacional de recursos humanos vale o princípio „culture matters!". Este convite à adaptação cultural promove a exploração dos mecanismos de ação do IM e ajuda a ter uma maior atenção por parte dos chefes.
 
9. As alterações demográficas reduzem o número da força de trabalho. Isto aumenta a pressão da produtividade aos trabalhadores restantes.
Não se pode ocultar a demografia; estatísticas demográficas são confiáveis. A disposição da população total da Suíça transforma-se, usando a linguagem figurada, de um pinheiro (1900), para um álamo (1950) até uma tília (2009). Na tília, a parte inferior da copa é menos densa do que no pinheiro. Da mesma forma, na pirâmide demográfica, cada vez menos jovens estão disponíveis no mercado de trabalho. Por sua vez, a parte de trabalhadores com mais de 50 anos aumenta. Mesmo a migração de grandes grupos do estrangeiro pouco consegue alterar essa tendência e o limite máximo de migração da política parece ser um quarto da população residente, demonstrado por referendos recentes. Os trabalhadores existentes estão expostos a uma grande pressão de produtividade. A produtividade pode ser aumentada através de inovação de todos os tipos. Além de inovações de produtos e processos, devem ser mencionadas também inovações sociais. Temos por exemplo novas opções de formação, conceitos de tempo de trabalho e sistemas de compensação etc. A pressão de inovação cria um ambiente certamente frutífero para o IM. Essa tendência deveria ter impactos positivos ao IM.
Bäume 
10. Nos últimos tempos falamos da „Indústria 4.0". Essa baseia-se num impulso de digitalização e novas redes de dados eletrônicos. Máquinas conversam entre si e com pessoas. Sistemas robotizados sensíveis estão sendo cada vez mais usados.
Este cenário oferece novas perspectivas para um fluxo abundante de ideias. Nessa paisagem industrial, muitas ideias são bem-vindas nas áreas de produção, contato com o cliente, manutenção, supervisão e serviço. Os funcionários devem contribuir com as suas ideias para otimizar processos de negócios, criar a própria organização de trabalho e definir as regras convenientes para as relações externas. Dada a experiência adquirida, muitas inovações no ramo da indústria 4.0 virão de start-ups. 

A cooperação com start-ups (comparadas a lanchas rápidas) e com a grande indústria estabelecida (que se move como navios tanques) deve ser melhorada. Isto exige sugestões de melhoria da compatibilidade organizacional e cultural desses tipos de empresa muito diferentes. Como podem as grandes indústrias compreender de forma mais rápida novas ideias, reagir com maior flexibilidade e estar dispostas a assumir riscos (sem a mentalidade extrema de esclarecimento e prevenção que existe em muitas das grandes corporações)? Nesse ambiente, a riqueza de ideias dos funcionários é bem acolhida, pois consultores externos e unidades centrais não podem cumprir todas as tarefas econômicas a tempo.
 
IV. Conclusão: O IM deve ser reinventado permanentemente
A conclusão das dez tendências abordadas é evidente. O IM deve se adaptar, como na longa tradição anterior, às sempre novas condições econômicas, sociais, tecnológicas e ecológicas. Logo, o IM deve ser reinventado permanentemente. A ideia básica, porém, permanecerá igual e é a mesma questão de pesquisa que foi feita no começo desse artigo. O IM é economicamente significativo e legítimo no que diz respeito à ética empresarial, porque salienta as pessoas e seus potenciais especiais. Se as adaptações necessárias nesse conceito de gestão forem exercidas, o IM pode ter um futuro bem sucedido. O IM não é uma estrela incandescente no céu da gestão. Ao contrário, é um dos conceitos de gestão mais sustentáveis desde séculos, pois o seu início é baseado em tentativas em Veneza e na Suécia nos meados do século 18 (comp. Thom(Piening, pág 1 a 12). Desde o estabelecimento por Alfred Krupp (1872), pode-se falar de uma aplicação industrial no espaço de língua alemã. As mutações, mantendo a ideia de base, eram notáveis. O futuro oferece novas oportunidades. A investigação de gestão aplicada pode apoiar os passos para uma criação excelente do IM.

Prof. Dr. Norbert Thom
, suíço-alemão, é economista e foi fundador e diretor do Instituto para Organização e Pessoal da Universidade de Berna entre 1991 e 2012.
Pesquisou e lecionou nas Universidades de Colônia, Gießen, Cantão de Friburgo/Suíça e Berna nas áreas Inovação, Organização e Pessoal (www.iop.unibe.ch). Desde a sua aposentadoria em 2012, o professor emérito concentra-se em dois mandatos de Conselhos de Administração de duas empresas industriais que operam internacionalmente (Tecnologia médica e Indústria de plásticos). Atua como professor convidado no exterior e como palestrante e autor especialista. Publicou livros e artigos em revistas científicas e coletâneas sobre o tema gestão de inovação e sistema empresarial de sugestões.
  

 http://www.swisscam.com.br/a-gestao-de-ideias-deve-ser-reinventada-diariamente.-conhecimentos-cientificos-e-perspectivas-de-quatro-decadas..html

A profissão mais "sexy" do século 21 segue em alta no Brasil




Thinkstock
Cientista de Dados
Cientista de dados: profissional completo é raríssimo
 
 
 
São Paulo – Chamada de a mais sexy deste século pela Harvard Business Review, a profissão cientista de dados segue tão quente quanto rara no Brasil.

Quente porque a demanda continua em expansão mesmo com o mercado de trabalho brasileiro em retração. “Crise? Que crise” dirá, provavelmente, um cientista de dados qualificado.
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Raro porque não é tão fácil assim encontrar profissionais que atendam à tríade exigida pela profissão: conhecimentos de programação, estatística/matemática e visão de negócios.

“É uma carreira nova no Brasil, e estamos percebendo um aumento exponencial na demanda por profissionais. Em contrapartida, ainda não temos muitas pessoas sendo formadas nessa área”, diz Henrique Gamba, diretor geral da Yoctoo, recrutamento especializado em TI.


Segundo ele, a crise não fez cair os salários para estes profissionais: a partir de 9 mil reais para quem tem entre 3 e 4 anos de experiência e até 22 mil para um especialista na área. “É que a geração, captação e armazenamento de dados, em volume cada vez maior (big data), é a chave para o direcionamento e estratégia de qualquer negócio”, diz Gamba.

As empresas que mais contratam cientistas de dados são as fornecedoras de soluções de tecnologia (de big bata) e aquelas que trabalham intensivamente com dados como instituições financeiras, institutos de pesquisa, internet, e-commerce, bureaus de crédito, etc.
 

As diferentes fases do trabalho de um cientista de dados


“O coração da atividade de um cientista de dados é analisar uma massa de informações para fazer inferências”, diz Lucas de Paula da Neoway, empresa que oferece soluções de inteligência de negócios.

O dado é a matéria bruta do cientista. Mas seu primeiro desafio é pensar na pergunta certa a ser feita para chegar na resposta que o negócio precisa responder.

A partir desta questão é que começa o trabalho de captar e preparar os dados. Com o terreno preparado, é hora de aplicar fórmulas matemáticas. Para isto, modelos estatísticos são elaborados e hipóteses criadas e testadas.

“Ele usa a matéria prima (dados) para tirar insights, gerar estas hipóteses que serão postas à prova com trabalho estatístico e matemático”, diz Lucas. A validação científica destas inferências é o que trará, de fato, a resposta de valor para os negócios. O próximo passo é apresentar as conclusões para clientes externos e internos. “Saber comunicar é igualmente importante. Muitas vezes é preciso convencer o cliente de que o modelo é exato”, diz ele.

A análise dos dados e suas conclusões é como combinar as notas tocando piano e produzir uma música, compara Lucas. Mas para tocar este piano, é preciso antes carregá-lo e deixá-lo pronto para ser usado, o que, na linguagem da ciência de dados, significa preparar as informações coletadas.

“A diferença entre um estatístico e um cientista de dados é que o primeiro precisa dos dados já prontos para trabalhar e o segundo tem a versatilidade de fazer esta preparação, tem as chamadas hacking skills (habilidades de hackeamento), que o estatístico não tem.
 

Combinação de habilidades e trabalho em equipe


Justamente por ser extremamente difícil combinar todas estas habilidades, o mais comum é formar equipes com profissionais que se complementam.

“Fazemos um mix e montamos equipes. Um profissional de computação fica encarregado de fazer a preparação, trabalha em conjunto com quem faça análise matemática e embutimos também conhecimento de negócios”, diz Monica Tyszler, diretora de soluções e serviços do SAS América Latina.

A falta de alguma das habilidades compromete todo o sucesso no trabalho. “Se há expertise em computação e matemática, mas nenhuma em negócios, não será possível descobrir qual é o problema que a empresa precisa resolver”, diz De Paula.

Mais expertise na área computação e de negócios e nenhuma em matemática e estatística vai resultar em prejuízos no rigor da análise. E por fim, a ausência de conhecimento em computação impede a extração de um volume significativo de dados que é o que, em última instância, tem a capacidade de trazer valor em termos de negócios.

Na Neoway, De Paula forma duplas de trabalho para garantir que todas as habilidades estejam à mesa. “Por exemplo, temos aqui um físico e um especialista em econometria que atuam juntos”, diz.
 

As formações mais frequentes dos cientistas de dados em ação hoje


Nos Estados Unidos, algumas universidades já possuem programas de formação conceituados. Mas por se tratar de atividade nova, grande parte dos profissionais que atuam hoje na área veio de outras formações acadêmicas.

Estatística, engenharia, matemática, física são bastante frequentes nos currículos dos profissionais, segundo o diretor geral da Yoctoo. “Importante notar que formações como mestrado e doutorado são quase sempre mandatórias”, diz Gamba. Segundo ele, carreiras que facilitam a migração para a área são inteligência de negócios, estatística ou tecnologia, de modo geral.

Na opinião da diretora do SAS, a formação em engenharia de produção atrelada à engenharia de computação dá uma boa base para quem quer seguir carreira na área de ciência de dados. “Tem aula de programação, matemática estatística, pesquisa e há o conhecimento de negócios aplicado à engenharia de produção”, explica.

Saber programar e ter conhecimentos de sistemas gerenciadores de bancos de dados é essencial. 

Grande parte das linguagens usadas neste ramo são open source, ou seja, código aberto. Na Neoway, as equipes trabalham com as linguagens Python, R, Spark, Scala, Go e os gerenciadores de bancos de dados MongoDB, SQL, Elasticsearch, Neo4j, Cassandra e o sistema de mensagens Apache Kafka.

O SAS é uma das empresas que investem na qualificação de profissionais. “Começamos com um curso de formação de cientista de dados nos Estados Unidos e a ideia foi trazer para o Brasil”, diz Mônica. Técnicas de gerenciamento de big data, de análises avançadas, de visualização de dados, machine learning e técnicas de comunicação que também são essenciais para os cientistas de dados, a Academia para Ciência de Dados do SAS é uma opção para quem quer certificação nesta área.

Resultado do ano de 2015 da Nestlé S.A: 4,2% de crescimento orgânico, margem de lucro operacional bruto com crescimento de 10 pontos-base nas moedas de valor constante



Nestlé
Paul Bulcke, CEO da Nestlé: "Em 2015 entregamos um crescimento rentável na faixa superior da indústria em um ambiente que ainda é desafiador. Este crescimento rentável apoiou-se nos desempenhos consistentes dos anos anteriores. Nosso crescimento orgânico de 4,2% foi sustentado por um impulso maior no crescimento real combinado com uma contínua melhoria da margem. Além disso, aumentamos ou mantivemos a participação de mercado na maioria de nossas categorias e mercados.

Paralelamente, continuamos a investir no futuro com crescente apoio a nossas marcas e maior desenvolvimento de nossas novas plataformas em nutrição e saúde, além do E-commerce. 

Mantivemos o foco na gestão do portfólio, mediante a recuperação de nosso negócio de alimentos congelados nos Estados Unidos, a alienação dos negócios não fundamentais e o estabelecimento de uma nova parceria para criar um líder no segmento de sorvetes.

Nossa geração de fluxo de caixa livre situou-se novamente no topo da indústria alimentícia com 11,2% de vendas, como resultado de nosso foco nas margens com disciplina nos gastos de capital e capital de giro. Consequentemente, propomos aumentar os dividendos, exatamente como nos últimos vinte anos.

Prevemos um ambiente comercial em 2016 similar aos anos anteriores, com uma política de preços ainda menos agressiva. Dessa forma, esperamos entregar um crescimento orgânico alinhado com 2015, com melhoria nas margens e ganhos subjacentes por ação nas moedas de valor constante, e eficiência de capital."


Resultados do Grupo

Vendas

• Em 2015, o crescimento orgânico da Nestlé foi de 4,2%, composto por 2,2% de crescimento real e 2,0% de política de preços.
• Vendas totais de CHF 88,8 bilhões, com impacto cambial de -7,4%. As aquisições, descontados os desinvestimentos, adicionou 0,1% às vendas.
• O crescimento orgânico teve base ampla nas geografias e categorias.
o 5,8% na Zona Américas (AMS)
o 3,5% na Europa, Oriente Médio e Norte da África (EMENA)
o 1,9% na Ásia, Oceania e África Subsaariana (AOA)
• O crescimento real também teve base ampla.
o 2,4%% na AMS
o 2,8% na EMENA
o 1,2% na AOA
• Força contínua nos mercados desenvolvidos com crescimento orgânico de 1,9% e nos mercados emergentes com 7,0%.
• Aumento ou manutenção da participação de mercado na maioria de nossas categorias e mercados.
Lucro Operacional Bruto

• O lucro operacional bruto foi de CHF 13,4 bilhões, com margem de 15,1%, queda de 20 pontos-base na base declarada afetada pelo Franco Suíço forte, aumento de 10 pontos-base nas moedas de valor constante.
• Entregamos esta melhoria de margem ao mesmo tempo em que:
Aumentamos substancialmente nossos investimentos no apoio a nossas marcas, na área digital, em pesquisa e desenvolvimento, e em nossas novas plataformas de nutrição e saúde.
Absorvemos os custos de eventos excepcionais, como o macarrão instantâneo Maggi na Índia.


Lucro Líquido


• Lucro Líquido de CHF 9,1 bilhões. A redução de CHF 5,4 bilhões comparativamente ao ano anterior foi devida, principalmente, ao impacto excepcional da alienação, em 2014, de parte da participação na L'Oréal combinado com a reavaliação da participação na Galderma. Houve também certo impacto cambial.
• Os ganhos declarados por ação de CHF 2,90 caíram 36,1% pelos mesmos motivos.
• Os ganhos subjacentes por ação nas moedas de valor constante aumentaram 6,5%. 


Fluxo de Caixa/Capital de Giro


• O fluxo de caixa operacional do Grupo continuou sólido em CHF 14,3 bilhões e o fluxo de caixa livre foi de CHF 9,9 bilhões ou 11,2% das vendas. Isto resultou do nosso foco nas margens e nossa disciplina nas despesas de capital e capital de giro, mostrando a capacidade da Nestlé de entregar um fluxo de caixa muito sólido apesar do ambiente cambial desafiador.
• A média do capital de giro total melhorou 60 pontos-base, de 5,3% das vendas para 4,7%.
Zona AMS
Vendas de CHF 25,8 bilhões, 5,5% de crescimento orgânico, 1,6% de crescimento real; 19,4% de margem de lucro operacional bruto, +80 pontos-base

• O crescimento na Zona ganhou impulso ao longo do ano e as participações de mercado cresceram amplamente tanto na América do Norte como na América Latina.
• Na América do Norte o crescimento acelerou, liderado pela recuperação do negócio de refeições congeladas.
As vendas das novas linhas de Lean Cuisine e Stouffer's foram fortes, sustentadas por tendências de consumo positivas. O segmento de pizzas também acelerou, impulsionado positivamente pela inovação.
 No segmento de sorvetes, Häagen-Dazs e snacks continuaram a direcionar o crescimento com novos lançamentos de produtos.
 Coffee-mate manteve seu bom impulso por meio da inovação e renovação constante de sabores e embalagens, bem como uma nova distribuição.
 O segmento de Petcare apresentou um desempenho sólido e constante na América do Norte, com Fancy Feast, Purina One e areia sanitária para gatos. O maior apoio às marcas está ajudando a recuperação de Beneful.
• Na América Latina, vimos bons desempenhos em muitos países apesar do ambiente volátil.
No Brasil, nosso negócio obteve crescimento real e orgânico positivo, apesar do ambiente desafiador e recessivo. O café solúvel Nescafé e Nescafé Dolce Gusto, KitKat e Nesfit foram os líderes do crescimento.
 O México entregou um bom crescimento em todo o portfólio, ajudado por desempenhos fortes no segmento dos creamers, Nescafé Dolce Gusto, café solúvel Nescafé e produtos culinários.
 Outros destaques foram o Chile, liderado por sorvetes e biscoitos, a Colômbia, com produtos culinários, o Peru com Nescafé, e a Região Platina e o Equador com crescimento geral em seus portfólios.
 Petcare continuou a ter um impulso de crescimento muito bom em toda a América Latina, beneficiando-se da expansão da capacidade da Argentina e do México.
• Aumentamos os investimentos no apoio ao marketing voltado para o consumidor, e paralelamente melhoramos a margem do lucro operacional bruto graças a um mix de produtos favorável, eficiências operacionais, menores custos de insumos e baixos custos de reestruturação e de litígios.


Zona EMENA 


Vendas de CHF 16,4 bilhões, 3,7% de crescimento orgânico, 2,5% de crescimento real; 15,7% de margem de lucro operacional bruto, +50 pontos-base

• A Zona continuou a ter um desempenho acima do esperado nos mercados em suas principais categorias, com contribuições positivas de todas as geografias e boa evolução das participações de mercado apesar da volatilidade econômica e política.
• O desempenho excepcional relativo ao ambiente na Europa Ocidental foi liderado por inovações e renovações de sucesso.
Petcare continuou a entregar crescimento em toda a região com Felix e as rações secas para gatos Purina One.
Nescafé Dolce Gusto e pizza congelada com as marcas Wagner e Buitoni foram os outros direcionadores de crescimento.
Os produtos culinários foram impactados pelo competitivo ambiente de varejo e desaceleração na categoria.
França, Alemanha e Benelux foram os destaques e a Espanha acelerou.
• O crescimento sólido na Europa Central e Oriental foi liderado pela Rússia, Ucrânia e Polônia.
Petcare, Nescafé Dolce Gusto, café solúvel Nescafé e confeitos entregaram um crescimento muito bom em toda a região, alavancando sólidas posições de mercado. o Apesar do contexto comercial difícil, a Rússia teve um bom ano, com crescimento positivo e ganhos de participação de mercado, especialmente no segmento de cafés premium.
• O desempenho no Oriente Médio e Norte da África foi sólido, apesar do ambiente instável. o O café solúvel Nescafé, confeitos e petcare tiveram bom crescimento, o que compensou parcialmente o ambiente comercial mais desacelerado dos produtos lácteos de prateleira.
Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Irã contribuíram com um desempenho sólido em geral.
O café solúvel Nescafé e os chocolates lideraram o forte crescimento na Turquia. o As difíceis condições no Iêmen, Líbia e Síria tiveram impacto.
• A melhoria da margem do lucro operacional bruto resultou de uma política de preços cuidadosa e reduções de custo significativas que foram parcialmente reinvestidos em atividades promocionais e de marketing para gerar crescimento futuro.


Zona AOA


Vendas de CHF 14,3 bilhões, 0,5% de crescimento orgânico, -0,1% de crescimento real; 18,4% de margem de lucro operacional bruto, -80 pontos-base

• O desempenho da Zona foi seriamente afetado pelo problema do macarrão instantâneo Maggi na Índia.
• Os mercados emergentes melhoraram gradualmente, com a China mostrando um impulso maior no final do ano.
Na China, nosso reinvestimento no café solúvel Nescafé e nos produtos prontos para beber Nescafé lideraram o crescimento, juntamente com Totole no segmento culinário e os wafers Shark no segmento de confeitos.
Hsu Fu Chi entregou um desempenho sólido em um ambiente econômico muito difícil. Yinlu melhorou, mas precisa de mais tempo.
Na Índia, suspendemos a produção e as vendas do macarrão instantâneo Maggi por cinco meses, enquanto lidávamos com as alegações feitas contra o produto. Começamos a voltar ao mercado em novembro.
O Vietnã e a Indonésia foram os destaques entre os outros mercados asiáticos. o A África Subsaariana entregou um crescimento sólido apesar das pressão dos preços do petróleo mais baixos em vários países. A África do Sul teve bom desempenho.
• Os mercados desenvolvidos tiveram novamente um bom ano, com crescimento na maioria das categorias.
No Japão, os principais direcionadores de crescimento no segmento de bebidas foram Nescafé Dolce Gusto e a máquina barista para o café solúvel Nescafé. KitKat continuou sendo o destaque em confeitos, direcionado pela inovação de novos sabores e formatos. O crescimento na Oceania foi liderado pelo segmento de confeitos, principalmente KitKat, e pelo café solúvel Nescafé e Nescafé Dolce Gusto. Houve, também, benefícios resultantes da melhor gestão dos termos comerciais.
• A margem do lucro operacional bruto da Zona continuou forte e acretiva para o Grupo, apesar dos custos de remoção e destruição do macarrão instantâneo na Índia. A evolução favorável dos custos dos insumos permitiu aumentar os investimentos em apoio ao marketing voltado para o consumidor.
Nestlé Waters
Vendas de CHF 7,6 bilhões, 6,7% de crescimento orgânico, 6,7% de crescimento real; 10,8% de margem de lucro operacional bruto, +110 pontos-base

• Nestlé Waters entregou crescimento real e orgânico de base ampla em todas as geografias, direcionado pela dinâmica e inovação da categoria.
A nossa marca líder para uma hidratação saudável, Nestlé Pure Life, teve desempenho forte.
As marcas internacionais premium Perrier e S.Pellegrino mantiveram seu bom impulso de crescimento, criando valor adicional para a categoria.
Complementando esses desempenhos, nossas fortes marcas locais também contribuíram com um bom crescimento, especialmente Poland Spring nos Estados Unidos, Buxton no Reino Unido, Erikli na Turquia e Sta. María no México.
• A melhoria da margem do lucro operacional bruto deveu-se à combinação de crescimento do volume, contínua melhoria de custo e menores custos dos insumos, o que permitiu aumentar o investimento em nossas marcas.


Nestlé Nutrition


Vendas de CHF 10,5 bilhões, 3,1% de crescimento orgânico, 1,4% de crescimento real; 22,6% de margem de lucro operacional bruto, +110 pontos-base
• O sólido crescimento orgânico da Nestlé Nutrition foi sustentado por um impulso maior no crescimento real durante o ano.
As fórmulas infantis, inclusive leites para a fase de crescimento, apresentaram bom crescimento. Weyth Infant Nutrition manteve a liderança com sua marca premium Illuma. Houve contribuição positiva dos mercados emergentes, em especial a China e o México. Nos mercados desenvolvidos, Espanha e Alemanha foram os destaques, ajudados pela inovação de sucesso na linha NAN.
Os alimentos infantis entregaram um crescimento de base ampla. Os cereais infantis tiveram bom desempenho, com ganhos de participação em especial na América Latina e nos Estados Unidos.
Comparações duras e uma política de preços menos agressiva devido ao menor custos dos insumos e ao crescimento mais moderado na categoria em toda a Ásia tiveram impacto.
• O aumento da margem do lucro operacional bruto foi direcionado por um controle rigoroso dos custos fixos, menor custo dos insumos, os resultados da gestão do portfólio e menores encargos de imparidades. Paralelamente, aumentamos o investimento em nossas marcas.


Outros Negócios


Vendas de CHF 14,1 bilhões, 5,3% de crescimento orgânico, 3,7% de crescimento real; 15,7% de margem de lucro operacional bruto, -330 pontos-base

• O crescimento da Nestlé Professional foi liderado pelos mercados emergentes, particularmente Turquia, Região do Oriente Médio, Rússia, México, Sudeste Asiático e China. A Europa Ocidental continuou a enfrentar desafios no ambiente fora-de-casa. Os direcionadores de crescimento estratégico, soluções em bebidas e condimentos continuaram a ter um bom desempenho. O desinvestimento de Davigel foi concluído em novembro.

• Nespresso entregou um crescimento sólido em todas as regiões em 2015, confirmando sua forte posição nos mercados europeus e continuando a criar impulso na Ásia e nas Américas. Nos EUA, as vendas do sistema VertuoLine, recentemente lançado, aceleraram com o apoio de novas variedades de máquinas e Grands Crus, e a nova campanha de comunicação. O crescimento global foi sustentado por inovações e investimentos significativos em cafés, máquinas e linhas de serviços, bem como em atividades de sustentabilidade, conscientização de marca e expansão geográfica em mercados novos e já existentes.

• Nestlé Health Science apresentou um bom crescimento, liderado pelos fortes desempenhos na Europa, AOA e nos EUA. Consumer Care foi a locomotiva do crescimento, liderado por Boost e Carnation Breakfast Essentials, e pelo desenvolvimento contínuo da linha Meritene na Europa. Medical Nutrition teve bom crescimento, em especial seu portfólio de hipoalergênicos (Alfaré, Althéra, Alfamino) em todas as geografias, e particularmente na China. O crescimento também foi sustentado pela expansão geográfica de Vitaflo e o desenvolvimento contínuo da linha de produtos. Novel Therapeutic Nutrition fez investimentos estratégicos na Seres Therapeutics, uma empresa terapêutica líder na área de microbiomas, paralelamente ao impacto da concorrência dos genéricos sobre o Lotronex.
• Nestlé Skin Health apresentou bom crescimento. Houve resultados muito bons no segmento de produtos Estéticos & Corretivos liderados por Restylane e Azzalure, e em Automedicação, direcionados pelos limpadores e hidratantes Cetaphyl, o tratamento para acne Benzac e pelo contínuo desenvolvimento de extensões da linha. O negócio de produtos sob prescrição médica lançou, com sucesso, o tratamento para rosácea Soolantra e o medicamento mais forte para acne Epiduo Forte, apesar de ter enfrentado a pressão da entrada de alguns genéricos nos EUA e na Europa. Houve o impacto da decisão do negócio de ter uma abordagem mais conservadora com relação à sua política de descontos para medicamentos sob prescrição médica nos EUA, o que resultou em uma despesa extraordinária no terceiro trimestre.
• A margem do lucro operacional bruto de Outros Negócios foi impactada pelos ajustes dos descontos na Nestlé Skin Health, o efeito do Franco Suíço forte sobre a Nespresso e a concorrência dos genéricos sobre o Lotronex. Esses impactos ofuscaram a boa melhoria dos lucros subjacentes em todos os negócios.


Propostas do Conselho para a Assembleia Geral Anual


Na Assembleia Geral Anual de 7 de abril de 2016, o Conselho de Administração proporá um aumento do dividendo de CHF 2,25 por ação. O último dia de pregão com direito a receber o dividendo é 8 de abril de 2016. Os dividendos líquidos serão pagáveis a partir de 13 de abril de 2016. Os acionistas registrados no registro de acionistas com direito a voto em 31 de março de 2016 às 12:00 horas do Horário de Verão da Europa Central (CEST) terão o direito de exercer seus direitos de voto. O Conselho proporá a eleição individual dos atuais membros do Conselho de Administração para um mandato até o final da próxima Assembleia Geral Ordinária. Daniel Borel se aposentará do Conselho por ter chegado ao prazo-limite de 12 anos. Gostaríamos de agradecer sua inestimável contribuição para o sucesso de nossa companhia.

Ademais, o Conselho deseja propor a eleição de Peter Brabeck-Letmathe como Presidente do Conselho de Administração, a eleição individual dos membros do Comitê de Remuneração e a eleição da KPMG como auditores legais até o final da próxima Assembleia Geral Ordinária. O Conselho também submeterá a remuneração do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva à aprovação dos acionistas. Além disso, o Conselho proporá uma redução de capital para cancelar as ações recompradas sob o programa de recompra de ações encerrado em dezembro de 2015.


Perspectiva


Prevemos um ambiente comercial em 2016 similar aos anos anteriores, com uma política de preços ainda menos agressiva. Dessa forma, esperamos entregar um crescimento orgânico alinhado com 2015, com melhoria nas margens e ganhos subjacentes por ação nas moedas de valor constante, e eficiência de capital.

Sobre a Nestlé - É a maior empresa mundial de nutrição, saúde e bem-estar, com operações em 194 países e fábricas em 86 países. No Brasil, instalou a primeira fábrica em 1921, na cidade paulista de Araras, para a produção do leite condensado Milkmaid, que mais tarde seria conhecido como Leite Moça por milhões de consumidores. A atuação da Nestlé no Brasil abrange segmentos de mercado achocolatados, biscoitos, cafés, cereais, cereais matinais, águas, chocolates, culinários, lácteos, refrigerados, sorvetes, nutrição infantil (fórmulas infantis, cereais infantis e papinhas prontas para o consumo), nutrição clínica, produtos à base de soja, alimentos para animais de estimação e serviços para empresas e profissionais da área de alimentação fora do lar. Atualmente, a rede de distribuição dos produtos cobre mais de 1.600 municípios dos mais diversos tamanhos. A Nestlé Brasil e suas empresas coligadas estão presentes em 99% dos lares brasileiros, segundo pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel. A empresa tem 30 unidades industriais, localizadas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Emprega mais de 21 mil colaboradores diretos e gera outros 220 mil empregos indiretos, que colaboram na fabricação, comercialização e distribuição de mais de 1.000 itens. 

 http://www.swisscam.com.br/resultado-do-ano-de-2015-da-nestle.html

Advocacia japonesa enfrenta crise por falta de problemas jurídicos







Muitos advogados japoneses estão vivendo na pobreza. Ou buscando trabalhos fora da profissão para sobreviver. E, segundo os advogados, a culpa da crise recai nas autoridades governamentais que, em 2001, sonharam com um sistema jurídico dinâmico, como o dos EUA.

Como primeira providência, um conselho governamental elaborou um plano para elevar o número de advogados, promotores e juízes, então em torno de 20 mil, para 50 mil, em 2018. O governo criou cursos de Direito de três anos, copiando o sistema americano.

O plano deu certo. O número de profissionais de Direito no Japão saltou de pouco mais de 17 mil, em 2000, para cerca de 37 mil, em 2015, de acordo com o The Wall Street Journal e o Jornal da ABA (American Bar Association).

Mas surgiu um problema: não há demanda para tantos advogados, promotores e juízes no país. Por exemplo, o índice de criminalidade no Japão está mais baixo do que nunca — está muito longe do modelo americano. Há falta de crimes para tantos advogados, promotores e juízes.

Em outras áreas as coisas também não vão bem. Por exemplo, o número de falências também é baixo e, em vez de crescer, está baixando. O número de ações civis, protocoladas a cada ano, não se altera há mais de uma década. Contenciosos entre empresas ou entre consumidores e empresas são muito mais raros que nos EUA.

“Litígios entre pessoas também são raros, porque os japoneses são pouco litigiosos, culturalmente. Preferem resolver suas disputas por meios informais, como através de negociações privadas entre as partes envolvidas”, diz o advogado Shinichi Sakano.

Outro fator tem raiz cultural. Tradicionalmente rigorosos com suas regras, os japoneses têm um Judiciário que, costumeiramente, pune as duas partes em litígio. Esse desestímulo à judicialização de controvérsias faz qualquer um pensar duas vezes antes de ir à Justiça.

Como está difícil para todos os advogados gerar negócios, uma seccional da ordem veiculou um comercial de 30 segundos na TV, no estilo drama samurai, em que um advogado, de terno e gravata, aparece no último minuto para salvar uma jovem de um contrato fraudulento. Mas a entidade desistiu do anúncio após um mês de veiculação, porque não estava funcionando.


Tábua de salvação
 

A única área do Direito que está indo relativamente bem é a de Família, em que há disputas tais como divórcio, custódia de filhos e heranças. Há um número maior de disputas sobre a guarda de pessoas idosas – um problema comum em um país em que mais de um terço da população tem mais de 65 anos.

O advogado Shinichi Sakano, que tem uma banca em Osaka, com um sócio, disse aos jornais que está muito difícil para a maioria dos advogados sobreviver — e até mesmo para pagar as contas.

Entre os advogados que estão trabalhando regularmente, a renda média caiu para 9 milhões de ienes (286.805 reais) por ano, o que é pouco em um país caro como o Japão (em comparação com os EUA). Em 2006, a renda média era de 17,5 milhões de ienes.

Tradicionalmente, o Japão tem menos advogados que os Estados Unidos e países da Europa. A diferença se manteve após o plano governamental para ampliar o número de profissionais de Direito:



Número de advogados por
100 mil habitantes em 2015
Estados Unidos
377
Reino Unido
240
Alemanha
202
França
91
Japão
29


Há outros “problemas” que tornam a probabilidade das pessoas buscarem a Justiça no Japão muito menor que nos EUA. Um deles é que as indenizações por danos são muito mais baixas no Japão, tanto para demandantes como para advogados.

No Japão também não existe o sistema do honorário de sucumbência, pelo qual o advogado só recebe alguma coisa (uma percentagem da causa) se for vencedor, em um processo de indenização por danos. É um sistema bem popular nos EUA, principalmente entre os advogados que especializam em danos por acidente ou imperícia médica.

Não existe também um mecanismo jurídico que permita a formação de ações coletivas. E, porque o sistema japonês é baseado no europeu, também não existe o conceito de “discovery”, que permite a cada parte requisitar informações, documentos e provas da outra parte. Isso dificulta, por exemplo, obter provas incriminatórias de uma grande corporação.

Mas a situação vai melhorar em alguns anos, disse aos jornais o ex-presidente do Tribunal Superior de Hiroshima, Kozo Fujita. Os estudantes estão perdendo interesse nos cursos de Direito. O problema é que o sistema “está perdendo mentes brilhantes para outras carreiras profissionais”.

 http://www.conjur.com.br/2016-abr-06/advocacia-japonesa-enfrenta-crise-falta-problemas-juridicos

A praga da incompetência


 

O suíço especialista em recrutamento diz que a falta de qualificação dos funcionários públicos nomeados por padrinhos políticos chega a ser mais danosa do que a corrupção
Escolher o melhor candidato para comandar estatais ou órgãos públicos deveria ser um processo muito mais cuidadoso e rigoroso do que o adotado pelas empresas privadas. Essa é a tese central defendida pelo suíço Egon Zehnder, um dos mais famosos headhunters do mundo. Dono de uma empresa de recrutamento com escritórios em 38 países, inclusive o Brasil, ele participou da seleção e escolha de presidentes de estatais e de instituições públicas da Inglaterra, da Austrália, de Singapura e da Suíça. Aos 82 anos, Zehnder entrevista, todos os dias, pessoalmente, candidatos às vagas de consultor em sua empresa. Defensor apaixonado da meritocracia, ele critica a proliferação de cargos de confiança na administração pública brasileira.

Veja – No Brasil, mais de 22 mil cargos do governo federal são de confiança (preenchidos por critérios políticos). Mais de um mil só no primeiro escalão. O que o senhor acha desses números?
Egon Zehnder – Mesmo considerando o tamanho do país, são números exageradamente altos. Na Suíça, onde moro, não existe um único cargo público que possa ser preenchido por alguém cuja única qualificação seja atender a critérios políticos.

Veja – Por que o excesso de cargos de confiança é ruim?
Zehnder – Quando se fazem concursos públicos ou se adotam outros métodos objetivos de seleção, a chance de que os critérios utilizados tenham sido justos e adequados é maior. A sociedade precisa ter a garantia de que o escolhido é o mais capaz para desempenhar a função, conhece a área e já passou por várias situações parecidas com as que vai enfrentar no futuro. Exercer um controle rigoroso sobre os processos de recrutamento é algo plenamente possível. Mas é muito difícil ter esse domínio quando se precisa preencher dezenas de milhares de cargos. Se o eleito não tiver as exigências mínimas para a função, certamente a empresa ou instituição enfrentará percalços a curto, médio ou longo prazo. Nenhuma nomeação de diretor de estatal ou de autarquia deve ser 100% política.

Veja – Nomeações equivocadas são mais danosas no setor público ou no privado?
Zehneder – A escolha errada de um funcionário de alto escalão traz mais consequências indesejadas em instituições governamentais. Elas têm um papel na sociedade que vai muito além dos interesses econômicos dos acionistas. Um erro na nomeação reduz a possibilidade de a empresa estatal ou o órgão público desenvolver seu papel social e limita a capacidade do país para alcançar seus objetivos estratégicos. Também leva a resultados decepcionantes em termos de volume de produção e no desenvolvimento interno de tecnologia. Uma pesquisa publicada na revista da Harvard Business School em 2001 mostrou que, entre os diversos fatores que determinam o desempenho de uma empresa e que podem ser controlados, a seleção dos gestores é a que tem a maior relevância estratégica. A escolha certa do presidente de uma empresa pode ter um impacto positivo de 40% no seu resultado.

Veja – Existe alguma relação entre corrupção e incompetência administrativa?
Zehneder – É claro que se devem selecionar sempre pessoas com integridade, para impedir fraudes, tanto no setor público quanto no privado. Estima-se que o custo da corrupção represente 5% do faturamento das companhias, um dado aviltante. Estatisticamente, porém, a corrupção é menos nociva do que a escolha de um gestor ineficiente.

Veja – Como assim?
Zehneder – Basta fazer a conta. Um trabalhador na linha de produção de uma fábrica que tenha todas as qualidades para o seu ofício produz 40% mais do que um funcionário-padrão. Pesquisas acadêmicas também têm mostrado que, quanto mais complexa é a tarefa, maior a diferença de produtividade entre os funcionários. Um bom vendedor de seguros consegue comercializar 240% mais do que um colega mediano. Para funções que exigem mais qualificação, como programador de computador ou gerente de contas em uma empresa de serviços, o aumento de produtividade pode ser da ordem de 1000% ou mais. Uma companhia que possui um quadro de pessoal sem brilho produzirá, portanto, uma fração de uma concorrente cheia de talentos. Ao se compararem esses números com os 5% de perdas provocadas por corrupção, fica claro o que é mais relevante. É absolutamente necessário combater a corrupção, mas também se deve evitar o escândalo oculto das nomeações de funcionários incompetentes, cujos efeitos chegam a ser piores do que os desvios éticos. Nesse sentido, o grande número de apadrinhados políticos no Brasil é um escândalo em si.

Veja – Em que países a seleção dos altos funcionários estatais é feita de forma mais profissional?
Zehneder – Em alguns países, as nomeações são feitas puramente por motivos políticos. Raramente, ou nunca, isso leva a bons resultados. Em outros, o processo é tão regulado e engessado que se torna difícil atrair bons candidatos. De modo geral, quanto mais o conceito de meritocracia está enraizado em uma sociedade, menos provável é que a população aceite pessoas ineptas para ocupar funções executivas. Meritocracia é um valor que anda de mãos dadas com os níveis de ensino. Uma sociedade bem-educada entende mais claramente as consequências desastrosas das nomeações erradas. Um ministro sem credibilidade em seu campo de atuação ou sem habilidade para montar uma boa equipe pode paralisar os serviços públicos sob sua responsabilidade. Uma população bem-educada não toleraria isso. Em pouco tempo os cidadãos perceberiam o que há por trás dos resultados decepcionantes, e futuras nomeações que não levassem em conta a meritocracia não seriam mais aceitas. Em países com baixo nível educacional, os erros de nomeação são a regra.

Veja – Esse é o caso do Brasil?
Zehneder – O Brasil já melhorou bastante. No setor de telecomunicações, até os anos 1990, os dirigentes das empresas eram todos escolhidos pela conveniência política e pela influência nos governantes. Em geral, eram deputados e senadores. A meritocracia não estava no jogo. Esse é um setor particularmente crítico, porque as decisões precisam ser rápidas e baseadas em tecnologias que se renovam rapidamente. Uma única decisão errada pode ser catastrófica para a empresa. Nesse período, antes da privatização, eu conheci o presidente de uma estatal brasileira que tinha todas as credenciais necessárias para o trabalho, mas que não conseguiu nomear um único membro do seu conselho de diretores com base em critérios objetivos. Todas as indicações que ele foi obrigado a fazer eram políticas. Como resultado, a empresa era ineficiente. Não havia linhas telefônicas suficientes para a população e o custo dos serviços era proibitivo. As privatizações mudaram essa realidade.

Veja – As estatais brasileiras hoje sabem contratar seus presidentes e diretores?
Zehneder – O cenário atual é bastante heterogêneo. Algumas empresas conseguem fazer boas escolhas. Um exemplo é a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que tem capital aberto e é controlada pelo governo do estado. Mesmo com as leis restritivas que governam as companhias estatais, como a que impede os recrutadores de comparar os candidatos internos com os melhores do mercado, a Cemig tem feito um bom trabalho. Nossos consultores no Brasil, contudo, têm escutado muitos empresários de grandes companhias privadas queixando-se dos diretores das agências reguladoras. Algumas dessas nomeações foram tão equivocadas que o setor como um todo foi prejudicado. Faltam aos chefes das agências reguladoras brasileiras os conhecimentos básicos para poder dialogar com diretores de companhias privadas. Com isso, muitos investimentos acabam sendo adiados. Setores inteiros da economia passaram a ter um desenvolvimento aquém do seu potencial.

Veja – A legislação trabalhista brasileira dificulta muito as demissões. No setor público isso é praticamente impossível. Qual é a consequência disso para o desempenho das companhias?
Zehneder – O consultor americano Jim Collins enumerou vários fatores que levam uma organização a obter sucesso. Colocar um grande líder no topo do organograma é apenas um deles. Também conta a capacidade de demitir os piores funcionários e manter os melhores. De preferência, nas posições certas. Uma companhia sem liberdade de dispensar as pessoas que não atendem às expectativas obviamente terá de operar de forma precária. Nessas situações, a qualidade dos produtos e dos serviços quase sempre é ruim. Um contexto em que é quase impossível demitir os funcionários não faz sentido no sistema capitalista. Nos países em que foram adotadas medidas para facilitar os processos de demissão, as empresas privadas e públicas ganharam competitividade. Foi o que ocorreu quando Silvio Berlusconi assumiu o governo da Itália na década de 90, após anos de administração socialista. Os lucros das empresas cresceram e elas puderam competir melhor no exterior. Na Inglaterra, o Partido Conservador, de David Cameron, substituiu o Partido Trabalhista no poder, há dois anos. Como essa mudança ocorreu recentemente, é cedo para analisar seus efeitos. Em geral, eles aparecem depois de quatro anos de reformas, mas acredito que serão positivos.

Veja – Para enfrentar uma profunda crise financeira, países como a Grécia e a Itália escolheram tecnocratas para conduzir o governo. Foram boas escolhas?
Zehneder – Enquanto nos ministérios, nas estatais e nas fundações é preciso sempre ter um especialista na liderança, quem deve estar na chefia do governo são os políticos. As situações de crise extrema são uma exceção. Nesses casos, um tecnocrata, ou seja, um economista ou um administrador qualificado para a gestão pública, pode tomar uma série de decisões polêmicas e urgentes que seriam extremamente difíceis para os políticos tradicionais. Governar um país inteiro por muito tempo sem uma base de apoio política, contudo, é inviável. Pelas leis da democracia, o chefe de governo precisa ter uma base política ampla. Essa sustentação vem dos partidos políticos, dos sindicatos, das prefeituras e, acima de tudo, dos cidadãos. São eles que devem orientar as políticas públicas. A longo prazo, os tecnocratas devem ocupar apenas cargos de nível ministerial para baixo.

Veja – Nos países onde a presença do estado na economia é maior, há mais dificuldade para escolher as pessoas certas nas estatais e no governo?
Zehneder – Não necessariamente. Singapura tem uma economia muito controlada. Apesar disso, os diretores das estatais são cuidadosamente selecionados e estão sempre muito bem alinhados com as necessidades do negócio. O país tem um grande número de empresas públicas. Singapura tem um governo muito integrado ao mercado, e ao mesmo tempo é extremamente controlador. Trata-se de uma situação diferente da dos Brics (Brasil, Rússia, índia e China), que, em geral, são céticos em relação ao mercado e tampouco querem entregar o comando das empresas ao setor privado.

Veja – Como foi que Singapura, uma cidade-estado com 5 milhões de pessoas, conseguiu formar alguns dos melhores executivos do mundo?
Zehneder – Os fundadores de Singapura decidiram que, por serem pobres em recursos naturais e terem um mercado interno restrito, a única saída econômica era investir no talento humano. Então, enviaram os estudantes mais promissores às melhores universidades no exterior e por fim os contrataram para trabalhar dentro do governo. Depois de décadas de decisões acertadas no setor público, Singapura se tornou uma das nações mais competitivas do planeta. Esse processo disciplinado de formar, selecionar, e reter os melhores talentos na administração pública levou a uma transformação incrível. Singapura comprovou que a meritocracia no governo tem ótimos resultados. Esse caminho não foi o escolhido, por exemplo, pela Jamaica. Os dois países deixaram de ser colônia inglesa ao mesmo tempo, no início dos anos 1960. Eram duas nações situadas em ilhas subtropicais, igualmente pobres e com populações equivalentes. O que é a Jamaica hoje? Um país irrelevante.


‘O Brasil dá adeus a Lula’, - um artigo de Marcos Antonio Villa




Publicado no Globo

Assistimos aos últimos dias do projeto criminoso no poder. O país padeceu durante treze anos de uma forma de ação política que associou o velho coronelismo tupiniquim ao leninismo — e com toques de um stalinismo tropical, mais suave, porém mais eficaz. Ainda não sabemos — dada a proximidade histórica — quais os efeitos duradouros deste tipo de domínio que levou à tomada do aparelho de Estado e de seus braços por milhares de funcionários-militantes, que transformaram a ação estatal em correia de transmissão do projeto petista, criminoso em sua ação e devastador na destruição do patrimônio nacional.

É nesta conjuntura — a mais grave da história do Brasil republicano — que as nossas instituições vão ser efetivamente testadas. Até o momento, uma delas, o Supremo Tribunal Federal, ainda não passou no exame. Muito pelo contrário. Inventou um rito de impeachment que viola a Constituição. Sim, viola a Constituição. Deu ao Senado o “direito” de votar se aceita a abertura de processo aprovada pela Câmara, o que afronta os artigos 51 e 52 da Constituição. E interferiu até na composição da comissão processante da Câmara. Pior deverá ser a concessão de foro privilegiado e, mais ainda, do cargo de ministro-chefe da Casa Civil a Luís Inácio Lula da Silva. Caso isso ocorra — e saberemos nesta semana — o STF deixará de ser um poder independente e passará a ser um mero puxadinho do Palácio do Planalto, uma Suprema Corte ao estilo da antiga URSS.

Ainda na esfera do STF, causa preocupação o seu protagonismo em um processo estritamente político como é o impeachment. Não cabe à Suprema Corte decidir o andamento interno e o debate congressual do impeachment. O STF não pode, em nenhuma hipótese, se transformar no Poder Moderador — de triste memória, basta recordar os artigos 98-101 da Constituição de 1824. E nem desempenhar o papel que o Exército teve nas crises políticas desde a proclamação da República até a promulgação da Constituição de 1988. Em outras palavras, o STF não pode ser a carta na mão de golpistas, que a colocam na mesa quando estão correndo risco de derrota. Judicializar o impeachment é agravar ainda mais a crise e jogar o país no caos social e político.

A solução do impasse político é no Parlamento — e com a participação das ruas. A manifestação de 13 de março — a maior da história do Brasil — impediu uma saída negociada do projeto criminoso do poder. O sinal das ruas foi claro: fora Dilma e Lula na cadeia. A estas duas palavras de ordem, as ruas reforçaram ainda mais a necessidade imperiosa de continuidade da Lava Jato até o final. O impulso popular levou o PMDB a mudar radicalmente de posição, basta recordar a dúbia decisão tomada a 12 de março — de independência — e a meteórica reunião de 29 de março, quando rompeu com o governo.

A participação das ruas na política brasileira inaugurou um novo momento na nossa história. É incrível o desinteresse da universidade em estudar o fenômeno representado, entre outros, pelos movimentos Vem pra Rua e Brasil Livre. Ao invés de enfrentar este desafio interpretativo, os docentes das instituições públicas organizam atos e manifestos em defesa de um governo corrupto, antibrasileiro e criminoso. É a apologia ao crime — e paga com dinheiro público.

A resposta do projeto criminoso de poder foi pífia. Tentou de todas as formas organizar manifestações para demonstrar que ainda domina as ruas e tem apoio popular. Fracassou. Mesmo utilizando-se de fartos recursos públicos, de partidos políticos, centrais sindicais pelegas e contando com setores da imprensa para inflar o número de participantes. Pior foram os comícios realizados no Palácio do Planalto. Nunca a sede do Executivo Federal assistiu aos tristes espetáculos de incitação à violência, de ameaça à propriedade privada e ao rompimento da ordem legal. E contando com a conivência de Dilma. Lula, o presidente de fato, optou por permanecer em uma suíte de hotel, em Brasília, de onde governa o Brasil, como se a ficção dos clássicos da literatura latinoamericana — “A festa do bode”, de Mário Vargas Llosa, entre outros — fosse transformada em realidade.

Neste momento decisivo da vida nacional é necessário evitar cair nas armadilhas produzidas à exaustão pelo projeto criminoso de poder. Num dia insinuam que adotarão o Estado de Defesa (artigo 136 da Constituição), noutro que vão antecipar a eleição presidencial, depois que contam com um número confortável de deputados para impedir a abertura do processo de impeachment, ou que o Senado vai rejeitar a decisão da Câmara. E mais: que a saída de Dilma vai produzir uma grave crise social. Falácias. É o desespero, pois se avizinha — ainda neste mês — a derrota acachapante do petismo.

A hora do acerto de contas político está chegando. Manter o respeito à lei, à ordem e à Constituição é essencial. Lula — que é quem, de fato, vai ser “impichado” — agirá para desestabilizar o processo democrático, como se fosse um general abandonando território conquistado. Destruirá o que for possível destruir. Não deixará pedra sobre pedra — daí a necessidade da sua prisão, pois solto coloca em risco a ordem pública, desrespeita as instituições e ameaça o país com uma guerra civil. Quer transformar a sua derrota em um cataclismo nacional. Não vai conseguir. A desmoralização da política não pode chegar ao ponto de dar a ele o direito de decidir que vai incendiar o país. Ele sabe que, desta vez, como se diz popularmente, a crise não vai acabar em pizza — ou na rota do frango com polenta, em São Bernardo do Campo. Vai terminar em sushi.

Lava Jato está mais segura do que Mãos Limpas, diz Vilhena



Sergio Moraes/ Reuters
Carro da Polícia Federal
Carro da Polícia Federal
 
 
 
São Paulo - Oscar Vilhena, diretor da escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, acredita que a Operação Lava Jato está mais segura do que estava a Operação Mãos Limpas na Itália, uma de suas inspirações.

No evento Itaú Macro Vision hoje em São Paulo, o professor de Direito Constitucional disse que "qualquer ameaça [à operação] deve gerar uma escalada punitiva" porque ela é resultado de vários fatores.

Entre eles estão a maturidade das instituições, uma mudança geracional entre os juízes e o aumento da expectativa social de igualdade. Há tambem novos instrumentos jurídicos - como a delação premiada, que gera o "fator novelo: desenrola e não acaba".

Vilhena não espera que o impeachment vá "ocorrer de maneira simples como muitos esperavam". e que há não um processo, mas uma "série de ondas" em instâncias diferentes 

No mesmo debate, o analista da Eurasia Group, Christopher Garman, disse que há hoje 75% de chance da presidente não terminar o seu mandato.

A probabilidade do impeachment nas próximas semanas pelo processo atual é calculada hoje como próxima de 60%. Há uma semana, ficava entre 60% e 70% - e "se fosse hoje, o governo levaria".

O que vai determinar a evolução nas próximas duas semanas, segundo ele, são os protestos e os desdobramentos diários da Operação Lava Jato.

Para Vilhena, o processo de impeachment, como estruturado na lei, é para proteger o presidente. Para que ele seja estabelecido, é necessário "entusiasmo social de um grau muito elevado", e o Legislativo tem muita discricionariedade sobre o processo.

No caso de Fernando Collor, o ponto fora da curva era um governo sem qualquer base parlamentar. No caso Dilma, temos "um player muito disfuncional": Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados.

Garman diz que a saída do PMDB do governo, calculada para gerar um novo fato político de desgaste, acabou saindo pela culatra porque abriu espaço para o espaço do partido ser negociado pelo governo em troca de votos.

O Supremo Tribunal Federal, segundo Vilhena, deve continuar "calibrando incidentes institucionais" interferindo sobre o processo, mas não sobre o mérito.

Ele vê o momento atual como "uma série de ondas". Os dois concordam que uma nova eleição geral é a melhor solução do ponto de vista de estabilidade institucional e legitimidade do novo governante.

A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral com casos anteriores de governadores é que se a chapa for cassada, assume o segundo lugar nas eleições.

Há uma nova regulação que determina novas eleições. Ela só entra em vigor dentro de alguns meses, mas o TSE poderia definir que esta é uma solução. De qualquer forma, o caminho é improvável:

"O TSE é composto de 7 juizes desconhecidos; eles assumirem essa responsabilidade é algo que só vai acontecer em um caso de crise aguda", diz Vilhena.