segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Transporte é o maior entrave à exportação, aponta pesquisa









Os custos com transporte são o principal entrave apontado por exportadores brasileiros, de acordo com pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 847 empresários de todo o país.

Além dos já conhecidos problemas, como condições das estradas, preços de pedágios, filas nos portos e ausência de ferrovias e hidrovias, o empresariado apresentou, como segundo principal entrave, as tarifas cobradas por portos e aeroportos.

A Universal Leaf, com sede em Santa Cruz do Sul, a 153 quilômetros de Porto Alegre, exporta cerca de 90% da sua produção de tabaco beneficiado. Os principais destinos são Europa (43%) e Extremo Oriente (25%), segundo Valmor Thesing, diretor administrativo da empresa.

Aproximadamente R$ 800 mil são gastos por mês para transportar 8.000 toneladas de tabaco em 400 contêineres até o porto do Rio Grande, no sul do litoral gaúcho, em uma viagem de 350 quilômetros que leva sete horas.

No porto –o único de grande porte do Estado–, o exportador paga taxas para inspeção e embarque da carga.


A logística ficou mais cara em 2014, quando uma portaria da Receita Federal determinou que todos os contêineres do porto do Rio Grande fossem escaneados para inspeção. Até então, o processo era feito de modo aleatório e só uma parte -que variava de acordo com o produto-desses carregamentos era aberta pela alfândega.

"No sistema anterior, nós nem contabilizávamos o custo com a inspeção porque acontecia pouquíssimas vezes", afirma Thesing.

Com a mudança, os exportadores passaram a pagar em média R$ 200 por contêiner escaneado. No caso da Universal Leaf, isso representa custo extra de R$ 76 mil por mês e quase R$ 1 milhão por ano.

"Para um segmento que tinha um custo de R$ 500 mil para exportar por ano, isso passou para R$ 4 milhões. E, nos Estados vizinhos, como Santa Catarina, não existe essa exigência", diz Carlos Sehn, assessor do Sinditabaco, que reúne indústrias do setor.

Paulo Bertinetti, presidente do Tecon -empresa que administra o terminal de cargas do porto do Rio Grande-, afirma que a mudança é uma modernização que acelera o processo de inspeção, aumenta a segurança e a transparência com os custos.

Ele não revela a receita obtida com as taxas, que fica com o Tecon, e diz que o fato de ser o único terminal é uma "solidão por competência".

Segundo o diretor da CNI, José Abijaodi, a entidade passou a receber queixas constantes de industriais em razão do custo do novo procedimento de inspeção.
"Se houvesse maior concorrência no setor, o custo baixaria", diz.


BUROCRACIA


Dos dez principais entraves citados pelos exportadores na pesquisa, seis têm origem na burocracia estatal para liberar as operações no exterior, como o excesso de leis e alterações frequentes de regras e o tempo para autorizar o despacho do produto.

A pesquisa mostra ainda que a maioria (66,8%) dos empresários utiliza pouco ou não usa linhas de financiamento para exportação. E nove em cada dez entrevistados informaram que não usam qualquer instrumento de garantia, como seguro ou pagamento antecipado, para se certificar de que receberá pela venda (Folha de S.Paulo, 8/8/16)
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STF já julgou constitucional lei que proíbe manifestação política em estádios

Jurisprudência da Copa





Com o início dos Jogos Olímpicos, um burburinho que vai além das vaias e aplausos passou a eclodir nas arquibancadas. Pessoas com cartazes com conteúdo político — em geral o bordão “Fora Temer” — são abordadas por policiais que exigem recolher a faixa (veja vídeo abaixo). A outra opção é se retirar do local. Filmagens de cenas como essa passaram a ser compartilhadas e criticadas nas redes sociais, mas a determinação supostamente autoritária tem o amparo na Lei 13.284.
Cartaz contra o presidente interino Michel Temer foi levado ao estádio do Maracanã nessa sexta-feira (5/8), para a abertura da Olimpíada, mas policiais reprimiram a manifestação.

Reprodução Facebook
O próximo passo seria analisar se o legislador avançou o sinal e criou uma lei inconstitucional. Especialistas entendem que sim, a norma fere a Carta Magna. Porém, a jurisprudência aponta em direção contrária. Situação idêntica ocorreu na Copa do Mundo de 2014: uma lei específica para o evento proibia manifestações políticas por parte dos torcedores nos estádios. O texto foi levado ao Supremo Tribunal Federal, que entendeu que a proibição era constitucional — mas houve divergência entre os ministros.

As críticas para a lei de agora, da Olimpíada, têm sido feitas por partidários ou simpatizantes da presidente afastada Dilma Rousseff. A lei, no entanto, foi sancionada por ela, no dia 10 de maio, em um de seus últimos atos no comando do Planalto. E em 2014, quem questionou a lei da Copa — sancionada em 2012, também por Dilma — foi o PSDB.

No julgamento de 1º de julho de 2014, o relator era o ministro Gilmar Mendes, que defendeu a constitucionalidade da lei, ressaltando que ela ajudava a prevenir conflitos em potencial. À época, o ministro disse que era “notória a importância da liberdade de expressão para o regime democrático”, mas que “o constituinte não a concebeu com abrangência absoluta, insuscetível de restrição”. 

Segundo Gilmar, quando houver uma colisão de outros direitos fundamentais, cabe fazer a ponderação entre eles e aplicar o princípio da proporcionalidade.

Como de costume, a divergência veio do ministro Marco Aurélio, mas ele não ficou sozinho: Joaquim Barbosa afirmou que, “se outros direitos forem respeitados, não há razão para restringir a expressão do público nos jogos da Copa ao que os organizadores e o governo entendem como adequado, mas a expressão deve ser pacífica, não impedir que outros assistam às partidas”.


Interpretação forçada
 

O jurista Lenio Luiz Streck vê uma interpretação "forçada e em fatia" da lei por parte das autoridades. Isso porque o artigo 28 contém incisos que proíbem manifestações racistas e xenófobas. Até chegar ao inciso X, que dispõe: "Não utilizar bandeiras para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável". É baseado nesse trecho que a polícia tem retirado os cartazes dos torcedores. 

"O inciso X deve ser lido no contexto no qual estão todos os outros incisos. Ele veda a manifestação com bandeira de mensagens racistas e xenófobas, e não a manifestação política. Para mim, isso está muito claro", afirmou Lenio em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico.

Outro ponto é que, no mesmo artigo, o parágrafo primeiro determina: "É ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana". O jurista explica que o parágrafo tem prevalência sobre o inciso em um texto legislatório. Assim, mesmo que se utilizasse interpretação fechada do inciso X, o parágrafo primeiro deixa claro que a liberdade de manifestação está garantida.


Em busca da liminar
 

Para o professor de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Pedro Estevam Serrano, a lei que veta a manifestação na Olimpíada é inconstitucional e todos que querem se manifestar nos estádios devem ir à Justiça para obter liminar. “A tendência da jurisprudência brasileira e mundial é fazer uma desidratação dos limites da liberdade de manifestação. Desde que a manifestação seja pacífica, ela não deve ser tolhida. O Brasil tem um controle constitucional difuso e não concentrado. Por isso, quem quiser se manifestar deve recorrer ao Judiciário e não depende de uma análise da lei pelo STF”, disse Serrano em entrevista à ConJur.

Já o professor e advogado Eduardo Mendonça entende que a lei não é totalmente arbitrária, mas mesmo o contexto no qual ela foi criada não justifica a proibição de manifestação pacífica como mostrar cartazes. “Devido ao momento político, o medo do legislador era de que uma pessoa fizesse uma crítica política, alguém perto discordasse e um tumulto começasse, colocando a segurança das pessoas em risco. É um medo justificável, já que estamos num momento muito polarizado. Mas vejo com desconforto essa lei, pois a presunção deve sempre ser em favor da liberdade, e não o contrário. 

Qualquer início de tumulto teria a interferência dos seguranças e polícia, como é o que vai acontecer de qualquer forma. É um trecho inconstitucional da lei”, disse Mendonça. 


Veja abaixo a ação da PM contra manifestação:


https://www.youtube.com/watch?v=16_41CCLpFw

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Com Kroton e Estácio fora do jogo, a Ser quer ir às compras





Getty Images
Ser Educacional (SEER3)
Ser Educacional: "estar com a Estácio seria um projeto. Ficar sem ela, também é muito bom"
 
 
 
 
 
São Paulo - A Ser Educacional disputou a compra da Estácio até o último minuto e foi derrotada pela Kroton, mas acredita ter saído da briga como uma vencedora.

"[Estar junto] com a Estácio seria um bom projeto. [Ficar] sem ela, também é muito bom. Com os dois maiores concorrentes fora do mercado [de fusões e aquisições] nos próximos dois anos, teremos mais espaço para transações de grande e médio porte", disse o presidente da empresa, Jânyo Diniz, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira (5).

O conselho de administração da Estácio aceitou a compra pela Kroton no começo de julho. A transação, porém, ainda precisa ser aprovada por acionistas e por órgãos reguladores, o que pode levar meses.

Na visão de analistas consultados por EXAME.com, o negócio entre os dois grupos dá origem a um gigante "inalcançável", mas a Ser Educacional não se sente intimidada.

A companhia interpreta que a união das competidoras atraiu novas opções a serem exploradas e, inclusive, já iniciou conversas para futuras associações.

"Estamos avaliando as possibilidades e esperamos ter novidades para o mercado no decorrer dos próximos períodos", afirmou Diniz.

Segundo ele, a Ser está interessada em ativos tanto do nicho presencial quanto de ensino a distância (EAD).
 

Crescer para todos os lados


A empresa aposta ainda na expansão orgânica. No primeiro semestre, abriu seis unidades do segmento presencial, principalmente no Nordeste, um acréscimo de 250 novos cursos. Outras 19 estão previstas para os próximos dois anos.

Também anunciou que, entre 2018 e 2020, deve inaugurar mais 20 campi.

O avanço em ensino a distância é mais um dos pilares. Atualmente, o grupo tem 400 novos polos de EAD em fase de aprovação pelo Ministério da Educação.
 

Resultado


A Ser Educacional teve um lucro líquido de 63,759 milhões de reais no segundo trimestre, um salto de 30,1% ante o mesmo período do ano passado.

A receita líquida cresceu 6% na mesma comparação, para 289,6 milhões de reais.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em 91,001 milhões de reais de abril a junho, um aumento de 16% ante o segundo trimestre de 2015.

A margem Ebitda ajustada passou de 28,7% para 31,4%. Já a margem líquida subiu de 17,9% para 22%.

A dívida líquida em 30 de junho somava 285,4 milhões de reais. Com isso, a alavancagem ficou em 0,89 vezes o Ebitda em 12 meses, abaixo do índice de 0,95 apresentado em no fim de 2015.

O ticket médio para graduação presencial foi de 678,86 reais, 7,7% superior aos 630,53 reais registrados no segundo trimestre do ano anterior.
 

Carteira


A rede de universidades encerrou o primeiro semestre com 152.434 alunos nas modalidades presencial e EAD, 1,7% acima do mesmo período de 2015.

Se retirada da comparação uma parcela de 8.300 estudantes que se matricularam no começo de 2015 e abandonaram os cursos até julho daquele ano porque não conseguiram acesso ao FIES, o crescimento seria de 7,7%.

O número de vagas para o financiamento oferecidas pelo Governo Federal à instituição para o segundo semestre foi de 5.700, aumento de 24% frente o mesmo intervalo de 2015.

A quantidade de inscritos para essas cadeiras atingiu 20.500, contra 11.700 nos seis últimos meses do ano passado.

Censo de Capital Estrangeiro do ano de 2016

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G. Jacintho
De acordo com o artigo 4º, §2º, da Carta do BACEN de nº 3.795/2016 (Anexa), algumas empresas estão obrigadas a entregar a informação quinquenal do censo de Capital Estrangeiro do ano de 2016, relacionado ao ano fiscal de 2015.

A informação quinquenal tem que ser entregue no ano subsequente a todo ano terminado em 0 ou 5, somente pelas empresas Brasileiras que tiverem:

(i) Capital estrangeiro direto investido em qualquer valor na data base respectiva (31 de Dezembro do ano anterior terminado em 0 ou 5); e/ou 
(ii) Débito total de Créditos Comerciais (tais como empréstimos) de curto prazo (devido em até 360 dias) cedido por estrangeiros (não residentes no Brasil), que totalizem US$ 1.000.000,00 (Um Milhão de Dólares Americanos), ou mais, na respectiva data base (31 de Dezembro do ano anterior terminado em 0 ou 5)

Gostaríamos de destacar que o Censo da Base Anual só é devido por empresas que tenham: 

(i) Capital estrangeiro direto investido em qualquer valor E patrimônio líquido acima de US$ 1.000.000,00 (Um Milhão de Dólares Americanos) na respectiva data base (31 de Dezembro todos os anos); e/ou
(ii) Débito total de Créditos Comerciais (tais como empréstimos) de curto prazo (devido em até 360 dias) cedido por estrangeiros (não residentes no Brasil), que totalizem US$ 1.000.000,00 (Um Milhão de Dólares Americanos), ou mais. O formulário de declaração Anual não é devido no ano em que a declaração quinquenal for entregue.
 
A informação requerida pelo BACEN na data base de 31 Dezembro de 2015 é relacionada à:

1. Estrutura Societária da Empresa;
2. Informações sobre os quotistas e/ou acionistas não residentes no Brasil;
3. Informação contábil e financeira da empresa;
4. Informação sobre os passivos da empresa relacionados a Credores não residentes no Brasil.

Lembramos que o prazo de entrega da informação do Censo vai do dia 1 de Julho até às 18 horas do dia 15 de Agosto.

Penalidades

O não fornecimento ou prestação de informações falsas, incompletas, incorretas ou fora dos prazos estabelecidos sujeitam os infratores à multa de até R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), conforme os artigos 6° e 58º da Lei n° 4.131, de 03 de setembro de 1962, com as modificações introduzidas pela Medida Provisória n° 2.224, de 04 de setembro de 2001. A aplicação de tais penalidades é regulamentada pela Resolução n° 4.104, de 28 de junho de 2012.

 http://www.swisscam.com.br/censo-de-capital-estrangeiro-do-ano-de-2016.html


Competência para autorizar o funcionamento de empresas estrangeiras no Brasil


 
 
 
 

Loeser e Portela Advogados
Pelo presente, informamos que, a partir do dia 7.7.2016, a competência para autorizar o funcionamento de sociedade estrangeira no Brasil, por meio de filiais, inclusive para aprovar modificações no contrato ou no estatuto, sua nacionalização e a cassação de autorização de seu funcionamento (que antes era do Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), passou a ser exercida pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República (Decreto n. 8.803, de 6 de julho de 2016). 
 
Nos termos da legislação brasileira, uma sociedade estrangeira (constituída e organizada em conformidade com a legislação do seu país de origem) apenas poderá exercer a sua atividade empresarial no Brasil, por meio de filiais, mediante autorização do Poder Executivo (artigo 1.134 do Código Civil). Além disso, a sociedade ficará sujeita às leis e aos Tribunais do Brasil quanto aos atos ou operações raticados em território nacional.

Caso a atividade a ser exercida pela sociedade estrangeira envolva produtos controlados pelo Comando do Exército (relacionados no Regulamento aprovado pelo Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000), a autorização do Ministro Chefe da Casa Civil deverá ser precedida de anuência do Comando do Exército. 


 http://www.swisscam.com.br/competencia-para-autorizar-o-funcionamento-de-empresas-estrangeiras-no-brasil.html

MPF diz que Lula foi ativo em corrupção da Petrobras







Paulo Whitaker/Reuters
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Lula: MPF diz que ex-presidente recebeu "vantagens indevidas" em esquema de corrupção na Petrobras
 
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Julia Affonso, do Estadão Conteúdo
 
 
Fausto Macedo e Mateus Coutinho, do Estadão Conteúdo

São Paulo - Em manifestação de 70 páginas, o Ministério Público Federal defende a competência do juiz federal Sérgio Moro para julgar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e afirma que o petista 'participou ativamente do esquema criminoso' na Petrobras.

O documento é subscrito por quatro procuradores da República que compõem a força-tarefa da Operação Lava Jato.

"Considerando os dados colhidos no âmbito da Operação Lava Jato, há elementos de prova de que Lula participou ativamente do esquema criminoso engendrado em desfavor da Petrobras, e também de que recebeu, direta e indiretamente, vantagens indevidas decorrentes dessa estrutura delituosa", acusam os procuradores.

A manifestação é uma resposta à ofensiva da defesa de Lula que, em exceção de incompetência, alega parcialidade do juiz Moro para conduzir as investigações contra o ex-presidente.

A Lava Jato suspeita que Lula é o verdadeiro proprietário do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), e do tríplex 164-A no Guarujá - os advogados de Lula negam taxativamente que ele possua tais propriedades.

A investigação também mira a LILS, empresa de palestras do ex-presidente.

A defesa de Lula alega que inexistem motivos para que Moro 'seja competente para processar e julgar os feitos que o envolvem, em razão de os fatos supostamente delituosos - aquisição e reforma de imóveis nos municípios de Atibaia e Guarujá e realização de palestras contratadas - consumaram-se no Estado de São Paulo, não apresentando conexão com os fatos investigados no âmbito da Operação Lava Jato'.

Os procuradores Julio Carlos Motta Noronha, Roberson Henrique Pozzobon, Jerusa Burmann Viecili e Athayde Ribeiro Costa afirmam que há 'fortes indícios' de envolvimento de Lula no esquema Petrobrás.

"Contextualizando os fortes indícios, diversos fatos vinculados ao esquema que fraudou as licitações da Petrobras apontam que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) tinha ciência do estratagema criminoso e dele se beneficiou", acusam os procuradores.

A peça é um verdadeiro libelo e remonta ao episódio do Mensalão, 11 anos atrás, primeiro escândalo da era Lula.

"Considerando que uma das formas de repasse de propina dentro do arranjo montado no seio da Petrobras era a realização de doações eleitorais, impende destacar que, ainda em 2005, Lula admitiu ter conhecimento sobre a prática de "caixa 2" no financiamento de campanhas políticas", destacam.

Os procuradores observam que Lula, em recente depoimento à Polícia Federal, "reconheceu que, quanto à indicação de Diretores para a Petrobras 'recebia os nomes dos diretores a partir de acordos políticos firmados'".

"Ou seja, Lula sabia que empresas realizavam doações eleitorais 'por fora' e que havia um ávido loteamento de cargos públicos. Não é crível, assim, que Lula desconhecesse a motivação dos pagamentos de 'caixa 2' nas campanhas eleitorais, o porquê da voracidade em assumir elevados postos na Administração Pública federal, e a existência de vinculação entre um fato e outro", acusam.

Segundo os procuradores, "a estrutura criminosa perdurou por, pelo menos, uma década". A Lava Jato investiga o esquema de corrupção, cartel e propinas instalado na Petrobras entre 2004 e 2014.

A peça lista quadros importantes do PT, antigos aliados de Lula, muitos deles acabaram na prisão da Lava Jato.

"Nesse arranjo, os partidos e as pessoas que estavam no Governo Federal, dentre elas Lula, ocuparam posição central em relação a entidades e indivíduos que diretamente se beneficiaram do esquema: José Dirceu, primeiro ministro da Casa Civil do Governo de Lula, pessoa de sua confiança, foi um dos beneficiados com o esquema; André Vargas, líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados durante o mandato de Lula, foi um dos beneficiados com o esquema; João Vaccari, tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, legenda pela qual Lula se elegeu, foi um dos beneficiados com o esquema; José de Filippi Júnior, tesoureiro de campanha presidencial de Lula em 2006, recebeu dinheiro oriundo do esquema; João Santana, publicitário responsável pela campanha presidencial de Lula em 2006, recebeu dinheiro oriundo do esquema."

Os procuradores se reportam também a inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal e relatam que "partidos políticos da base aliada do Governo Federal de Lula e seus filiados receberam recursos oriundos do esquema".

"Executivos das maiores empreiteiras do País, que se reuniam e viajavam com Lula, participaram do esquema criminoso, fraudando as licitações da Petrobras, e pagando propina. Considerando que todas essas figuras, diretamente envolvidas no estratagema criminoso, orbitavam em volta de Lula e do Partido dos Trabalhadores, não é crível que ele desconhecesse a existência dos ilícitos", destaca o documento.

A Procuradoria afirma que "mesmo após o término de seu mandato presidencial, Lula foi beneficiado direta e indiretamente por repasses financeiros de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato".

"Rememore-se que, no âmbito desta operação, diversos agentes públicos foram denunciados por receber vantagem indevida mesmo após saírem de seus cargos. Além disso, é inegável a influência política que Lula continuou a exercer no Governo Federal, mesmo após o término de seu mandato (encontrando-se até hoje, mais de cinco anos após o fim do seu mandato com a atual Presidente da República). E, por fim, não se esqueça que diversos funcionários públicos diretamente vinculados ao esquema criminoso, como os Diretores da Petrobrás Paulo Roberto Costa e Renato Duque, foram indicados por Lula e permaneceram nos cargos mesmo após a saída deste da Presidência da República."

 

Defesa de Lula


O advogado José Roberto Batochio, que coordena a estratégia de defesa do ex-presidente Lula, afirma que a Justiça Federal no Paraná, base da Lava Jato, não detém competência para conduzir os feitos relativos ao petista.

"A defesa de Lula arguiu a incompetência do juiz do Paraná para apreciar e julgar estes casos que envolvem o apartamento do Guarujá, o sítio de Atibaia e o Instituto Lula por uma razão muito simples."

"A lei diz que o juiz competente para julgar os fatos é o juiz do local onde os fatos teriam ocorrido. O apartamento que, indevidamente, é apontado como de propriedade de Lula, fica no Guarujá, que não se confunde com Guaratuba. Guaratuba fica no Estado do Paraná. De outro lado, o sítio se situa em Atibaia, que é Estado de São Paulo. Atibaia não é Atobá, uma cidade do Paraná", destacou o advogado.

Segundo Batochio, "não há nenhuma razão para esses processos estarem no Paraná". "Como questionamos isso, que o caso não tem nada a ver com o Paraná, o Ministério Público Federal, para contestar nossa exceção de incompetência, escreve setenta páginas. Só pelo fato de ter escrito setenta páginas significa que a tese é insustentável. Guarujá é, de fato, no Estado de São Paulo. E Atibaia é, de fato, no Estado de São Paulo. Guarujá e Atibaia não são no Paraná", disse. "Para 'provar' que Guarujá e Atibaia estão no Paraná, os procuradores escrevem setenta páginas", salientou.

O advogado afirmou ainda que o caso vai ser resolvido pelos tribunais superiores, "de modo a colocar as coisas nos devidos lugares". "A não ser que tenham mudado Guarujá e Atibaia para o Estado do Paraná", comentou.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Otimismo com transação da SABMiller dá impulso a AB InBev






Spencer Platt/Getty Images
Garrafas da cerveja Budweiser, da AB InBev, em exposição em um bar de Nova York, Estado Unidos
Ab Inbev: ação chegou a subir 2,6 por cento em Bruxelas
 
Thomas Buckley, da Bloomberg


As ações da Anheuser-Busch InBev subiram com a perspectiva otimista de que a maior cervejaria do mundo conseguirá obter apoio suficiente dos acionistas para completar sua oferta de US$ 103 bilhões pela SABMiller mesmo depois de o maior acordo do setor cervejeiro ter encontrado um obstáculo inesperado nesta semana.

A ação chegou a subir 2,6 por cento em Bruxelas. Marshall Wace, um hedge fund com sede em Londres, disse na sexta-feira que apoia a nova oferta e controla mais de 1 por cento das ações da SABMiller.

A cervejaria belga repetiu na sexta-feira que pretende concluir a aquisição neste ano ao reportar um crescimento dos lucros no segundo trimestre inferior às estimativas dos analistas em mercados desafiadores na América do Sul.

“Em um dia normal, esperaríamos que as ações sofressem algum tipo de pressão nesta manhã”, escreveu Jonathan Fyfe, analista da Mirabaud.

‘‘No entanto, as notícias da noite de ontem, de que vários acionistas da SABMiller se declararam a favor da oferta, podem muito bem ser uma compensação conveniente”.

Diante da queda da popularidade de suas grandes marcas nos EUA e na Europa Ocidental, o CEO Carlos Brito passou os últimos 10 meses correndo atrás da SABMiller.

A oferta encontrou dificuldades inesperadas depois que a libra despencou devido à decisão do Reino Unido, em referendo, de sair da União Europeia.

No início desta semana, a AB InBev elevou sua oferta pela última vez e a SABMiller congelou todo o contato com a empresa sobre a integração, levantando a possibilidade de que o maior acordo da história do setor cervejeiro possa cambalear.
 

Ações em alta


A SABMiller chegou a avançar 1,7 por cento, para 43,97 libras, em Londres. A AB InBev elevou a oferta na segunda-feira para 45 libras por ação ou uma alternativa em dinheiro e ações no valor de cerca de 50,72 libras.

Os resultados registraram alta de 4,3 por cento, para US$ 4,01 bilhões, ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização, porque as remessas caíram 1,7 por cento inesperadamente, disse a fabricante da Stella Artois. Os analistas esperavam um crescimento de 6,9 por cento.

A AB InBev disse que a receita brasileira vai estagnar apesar da Olimpíada do Rio de Janeiro no próximo mês.

O consumo está sofrendo no Brasil devido a impostos mais altos, a uma mudança no governo, à economia em queda e ao surto do vírus Zika.

No primeiro trimestre do ano, a fraqueza no Brasil provocou as piores vendas na América Latina desde 2009 e a AB InBev disse na sexta-feira que essa fraqueza demorou mais do que o previsto e obrigou-a a abandonar sua projeção de crescimento da receita no Brasil neste ano.

“O Brasil está enfrentando um ambiente de consumo muito difícil, a inflação está alta, os salários estão sob pressão e tivemos um trimestre muito duro”, disse Brito em teleconferência com jornalistas.

“Vemos sinal de melhora macroeconômica e tentamos adotar uma visão de longo prazo e o Brasil ainda é um ótimo lugar para fazer negócios”.