As ações da Anheuser-Busch InBev subiram com a perspectiva otimista de que a maior cervejaria do mundo conseguirá obter apoio suficiente dos acionistas para completar sua oferta de US$ 103 bilhões pela SABMiller mesmo depois de o maior acordo do setor cervejeiro ter encontrado um obstáculo inesperado nesta semana.

A ação chegou a subir 2,6 por cento em Bruxelas. Marshall Wace, um hedge fund com sede em Londres, disse na sexta-feira que apoia a nova oferta e controla mais de 1 por cento das ações da SABMiller.

A cervejaria belga repetiu na sexta-feira que pretende concluir a aquisição neste ano ao reportar um crescimento dos lucros no segundo trimestre inferior às estimativas dos analistas em mercados desafiadores na América do Sul.

“Em um dia normal, esperaríamos que as ações sofressem algum tipo de pressão nesta manhã”, escreveu Jonathan Fyfe, analista da Mirabaud.

‘‘No entanto, as notícias da noite de ontem, de que vários acionistas da SABMiller se declararam a favor da oferta, podem muito bem ser uma compensação conveniente”.

Diante da queda da popularidade de suas grandes marcas nos EUA e na Europa Ocidental, o CEO Carlos Brito passou os últimos 10 meses correndo atrás da SABMiller.

A oferta encontrou dificuldades inesperadas depois que a libra despencou devido à decisão do Reino Unido, em referendo, de sair da União Europeia.

No início desta semana, a AB InBev elevou sua oferta pela última vez e a SABMiller congelou todo o contato com a empresa sobre a integração, levantando a possibilidade de que o maior acordo da história do setor cervejeiro possa cambalear.
 

Ações em alta


A SABMiller chegou a avançar 1,7 por cento, para 43,97 libras, em Londres. A AB InBev elevou a oferta na segunda-feira para 45 libras por ação ou uma alternativa em dinheiro e ações no valor de cerca de 50,72 libras.

Os resultados registraram alta de 4,3 por cento, para US$ 4,01 bilhões, ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização, porque as remessas caíram 1,7 por cento inesperadamente, disse a fabricante da Stella Artois. Os analistas esperavam um crescimento de 6,9 por cento.

A AB InBev disse que a receita brasileira vai estagnar apesar da Olimpíada do Rio de Janeiro no próximo mês.

O consumo está sofrendo no Brasil devido a impostos mais altos, a uma mudança no governo, à economia em queda e ao surto do vírus Zika.

No primeiro trimestre do ano, a fraqueza no Brasil provocou as piores vendas na América Latina desde 2009 e a AB InBev disse na sexta-feira que essa fraqueza demorou mais do que o previsto e obrigou-a a abandonar sua projeção de crescimento da receita no Brasil neste ano.

“O Brasil está enfrentando um ambiente de consumo muito difícil, a inflação está alta, os salários estão sob pressão e tivemos um trimestre muito duro”, disse Brito em teleconferência com jornalistas.

“Vemos sinal de melhora macroeconômica e tentamos adotar uma visão de longo prazo e o Brasil ainda é um ótimo lugar para fazer negócios”.