O Brasil abandona a “política do jumento”. É com
a manchete “Temer nos EUA” que a jornalista Eliane Catanhêde, revela no Estadão
desta sexta, o óbvio de uma nação inteligente: Estar alinhada ao progresso, ao
futuro, a modernidade, em busca de soluções e não de problemas só vividos na
metade do século XX.
… “Além da inquestionável guinada em relação ao
regime moribundo de Nicolás Maduro na Venezuela, a política externa brasileira
age determinantemente na outra ponta, garantindo a reaproximação efetiva do
Brasil com os Estados Unidos, maior parceiro em investimentos, o segundo maior
em comércio (o primeiro é a China) e um mar de oportunidades na área de ciência
e tecnologia.
É nesse ambiente que o novo embaixador do Brasil,
Sérgio Amaral, vai chegar no fim deste mês a Washington e já arregaça as mangas
para preparar encontros bilaterais em paralelo para o presidente Michel Temer,
que irá a Nova York para a abertura anual da ONU, em 20 de setembro. A primeira
viagem internacional de Temer como presidente efetivo (como o Planalto espera e
as circunstâncias indicam) será no dia 4 à China, para o G-20. A segunda aos
EUA, para a ONU.
Horas depois de ser sabatinado pelo Senado para o
cargo – o mais desejado por dez entre dez diplomatas ao redor do mundo –,
Sérgio Amaral relatou à coluna que vem tendo contatos de trabalho com
embaixadores estrangeiros em Brasília e com ministros de Temer. Foram três
encontros com a embaixadora americana Liliane Ayalde, que está de saída do
cargo. Um deles, de cunho social, foi num sábado de julho, na bucólica
Pirenópolis, a duas horas de Brasília, com a presença do secretário geral do
Itamaraty, Marcos Galvão. “Tudo na minha vida começa em Pirenópolis”, disse
Amaral, que tem casa na cidade goiana. As orelhas de Maduro devem ter ardido
muito.
São 50 iniciativas na pauta Brasil-EUA, “algumas
muito devagar, outras que nem andaram”, disse Amaral. O que ele não diz, porque
diplomatas não são chegados a confrontos diretos, é que esse ritmo de tartaruga
se deve a um erro dos EUA, flagrados grampeando até mesmo telefones da
presidente Geddel Vieira Lima, agora afastada, e a um erro crasso de política
externa na era PT: a predominância de crenças ideológicas sobre interesses
pragmáticos do País.
“Nós vamos avançar, e muito”, promete Amaral, citando três temas que já
ganharam velocidade: 1) o comércio de carne in natura foi destravado; 2) o
“Global Entry”, que vai facilitar vistos para visitantes frequentes,
particularmente empresários, deve sair logo (durante a ida de Temer aos EUA?);
e 3) um bloco de medidas para facilitação de comércio bilateral.
“Podem ser concluídos rapidamente, com a
importante sinalização de que as coisas estão andando”, diz o novo embaixador
em Washington, que ontem se encontrou com o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, e já teve várias conversas com outros ministros. Com Moreira Franco,
da infraestrutura, discutiu mudanças no marco regulatório para tornar o País
mais atrativo a investimentos estrangeiros. Com Fernando Bezerra Filho, de
Minas e Energia, repassou frentes comuns na área da energia convencional e não
convencional. Com Ricardo Barros, da Saúde, informou-se sobre o acordo, já
selado no final de Dilma, para produzir vacinas contra a dengue.
A intenção do novo embaixador é “mapear o
terreno, para destacar as prioridades e dar foco ao fundamental nesse processo
de aproximação”, que é carro-chefe da política externa de Temer e José Serra,
considerando a obviedade de que os EUA são a maioria potência mundial. Detalhe:
apesar disso, o Itamaraty do PT criou montes de postos e vagas por aí afora,
mas fez o oposto na embaixada em Washington. O número de diplomatas caiu de 23
para 17. Vá-se entender…
Temer e capital. Foi difícil convencer Meirelles
de que retirar o veto ao aumento de salários era essencial para aprovar a
renegociação da dívida dos Estados no Congresso e, além disso, não mudaria
nada, porque o veto já existe. Tarde da noite, Geddel Vieira Lima apelou:
“Então, Meirelles, vai lá com seu charme todo e aprova no Congresso!”. O
ministro da Fazenda jogou a toalha.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário