Valter Campanato/Agência Brasil
Temer: "as principais demandas são com o término da BR-222, no Ceará,
uma linha de transmissão e a questão da transposição do Rio São
Francisco", exemplificou
Brasília - A duas semanas do fim do processo de impeachment
e em mais uma tentativa de aproximação com a classe empresarial para
angariar apoio para a retomada da economia, o presidente em exercício, Michel Temer,
abriu nesta manhã a agenda para receber cerca de 30 membros do Conselho
Nacional do Sesi e representantes das indústrias da Bahia, Ceará, Piauí
e Rio Grande do Norte.
Na semana passada, Temer fez uma série de reuniões e um evento com 800
empresários da construção civil para demonstrar o apoio ao seu governo.
Na reunião desta terça-feira, 16, o presidente da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), Robson de Andrade, afirmou que os empresários
trouxeram algumas demandas relacionadas à infraestrutura e destacaram a
importância das reformas trabalhista e previdenciária.
"As principais demandas são com o término da BR-222, no Ceará, uma linha
de transmissão, uma vez que o Nordeste possui hoje grande capacidade de
energia renovável e faltam linhas, e a questão da transposição do Rio
São Francisco", exemplificou.
Andrade disse ainda que os empresários apresentaram uma pauta de
desestatizações que consideram importantes como a concessão do aeroporto
do Ceará e a privatização da Companhia de energia elétrica do Piauí.
O governo estudava apresentar a lista de empresas que seriam
privatizadas no próximo dia 25, mas como a data coincide com o início da
votação do impeachment, Temer decidiu adiar o anúncio.
Na parte das cobranças relacionadas às reformas, Andrade afirmou que os
representantes das indústrias demonstraram insegurança com a situação
previdenciária e defenderam o fortalecimento dos acordos sindicais e a
terceirização.
"Essas foram as duas principais questões, além da NR 12, que é uma
constante nas nossas preocupações", afirmou, referindo-se à norma que
disciplina instruções de segurança no manuseio de máquinas e
equipamentos durante a jornada de trabalho.
Câmbio
Andrade voltou a criticar a tendência recente de valorização do real
ante o dólar, que acaba tornando os produtos brasileiros mais caros para
os estrangeiros.
"A indústria tem voltado seus objetivos para a exportação e o comércio
internacional. Câmbio não é algo pontual, tem que ser estratégia de
desenvolvimento. Tem que ter previsibilidade", disse o dirigente.
Segundo ele, a indústria precisa de um patamar de câmbio adequado, ou então, de um "mecanismo de compensação".
O presidente da CNI afirmou que Temer "entende" que o comércio
internacional é fundamental para o Brasil, mas não detalhou se o
presidente em exercício sinalizou com algum tipo de compensação.
Como
positivo, Andrade ressaltou a retomada da confiança.
O presidente do Conselho Nacional do Sesi, João Henrique de Almeida
Sousa, engrossou o coro de que a confiança está em franca ascensão no
País.
Mas destacou que essa retomada se intensificará quando o processo de
impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, for concluído.
"Eu acredito que o empresário voltará a investir, não só o empresariado
nacional mas o internacional, quando estiver definida a questão do
impedimento", disse Sousa.
"Ficou claro pela fala dos empresários que, se hoje já temos sinal de
recuperação, isso se tornará mais evidente quando o presidente tiver
exercício pleno do cargo", acrescentou o dirigente do Sesi, para quem o
fundo do poço já ficou para trás.
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