quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Serra diz que Venezuela entrou no Mercosul por golpe





 serra mão no peito





O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse hoje (17) que a entrada da Venezuela no Mercosul foi um “golpe” conduzido pelos governo do Brasil e da Argentina na época e reafirmou que o país de Nicolás Maduro não pode assumir a presidência pro tempore do bloco.

“A Venezuela não cumpriu os pré-requisitos do Mercosul. O governo venezuelano entrou no Mercosul a partir de um golpe, porque para entrar é preciso que os outros membros concordem unanimemente e o Paraguai não concordava. Então, naquele momento os governos do Brasil e da Argentina lideraram um processo para suspender o Paraguai”, disse o ministro em entrevista no Itamaraty.

Na ocasião da suspensão temporária do Paraguai, em 2012, o país era presidido por Federico Franco, que se opunha à entrada da Venezuela no bloco. O país foi suspenso após o afastamento do então presidente Fernando Lugo.
Para Serra, a Venezuela não tem condições de presidir o Mercosul por não cumprir requisitos previstos nas normas internas do bloco, entre elas a chamada cláusula democrática. Segundo o ministro, o país não respeita direitos humanos e vive sob um regime autoritário. “País que tem preso político não pode ser um país democrático”, criticou. O descumprimento da cláusula democrática pode levar a sanções e até a saída do bloco regional.

“A Venezuela não vai assumir o Mercosul, isso é seguro. Agora estamos procurando uma fórmula que tem de ser encontrada de levar o Mercosul até dezembro e em janeiro assume o presidente [Maurício] Macri, da Argentina”, disse o chanceler.

O impasse sobre a presidência pro tempore do Mercosul começou no dia 29 de julho, quando o Uruguai deu por encerrada sua gestão. As regras do grupo preveem que o comando seja trocado a cada seis meses, seguindo a ordem alfabética, por isso a sucessora seria a Venezuela. No entanto, Brasil, Paraguai e Argentina são contrários à transferência da presidência ao país de Maduro por divergências políticas com o regime bolivariano.

A passagem oficial da presidência pro tempore deveria ter ocorrido na Cúpula de Presidentes do bloco, prevista para primeira quinzena de julho, em Montevidéu, mas que foi cancelada. Em meio à crise, a Venezuela hasteou a bandeira do Mercosul em Caracas e se declarou na presidência do bloco, mesmo sem o reconhecimento da maioria dos integrantes.

Além da solução alternativa para a presidência, Serra defendeu a reestruturação do Mercosul. “Os países originais [Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina] estão todos de acordo. Temos uma pauta para isso e precisamos logo dar continuidade para trabalhar nessa direção.”


Conteúdo Exame

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