Reuters/Ueslei Marcelino
José Serra: "o impeachment não tem nada a ver com o Executivo, tem a ver com o Congresso"
Rio de Janeiro - O ministro das Relações Exteriores, José Serra, chamou de "besta" e "malfeito" o documento com pedido de explicações sobre o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff enviado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).
"A OEA mandou um documento besta, malfeito, e quem tem que responder a
respeito de impeachment, evidentemente, é o Congresso. O impeachment não
tem nada a ver com o Executivo, tem a ver com o Congresso", afirmou
Serra, durante evento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil), no Rio de Janeiro.
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Os questionamentos foram feitos pelo secretário executivo da OEA, Mario
López Garelli, ao Itamaraty após uma petição elaborada por parlamentares
petistas na entidade, alegando que o processo de impeachment se trata
de um golpe de Estado.
No recurso, parlamentares do PT pedem a suspensão do processo contra a
presidente afastada até que sejam analisadas possíveis infrações.
Ao anunciar a ação no órgão internacional, no dia 10 de agosto, o
deputado Paulo Pimenta (PT-RS) disse que a petição foi feita porque
diversas instâncias do País já haviam sido provocadas, sem sucesso.
"Uma das exigências da OEA é que tenha se esgotado todas as
possibilidades no País", afirmou. No documento enviado ao Itamaraty, a
OEA questiona a jurisprudência aplicada no processo, a possibilidade de
recurso às decisões tomadas e a garantia de direito de defesa à
presidente afastada.
Ao criticar o pedido ontem, Serra acrescentou que o documento foi
encaminhado ao Congresso. "Foi uma iniciativa do Congresso, uma decisão
do Congresso brasileiro. Portanto, a OEA deveria ter se dirigido a eles e
nós encaminhamos para eles", disse o chanceler.
O tucano qualificou de "bobagem" a afirmação de que o impeachment é um
golpe de Estado, que circula no exterior. "Na verdade é um processo
constitucional, levado pelo Congresso, supervisionado pelo Judiciário, e
quem chegou perto pode ver isso. O Brasil é absolutamente democrático."
Congresso
Câmara e Senado enviaram nesta segunda-feira respostas aos
questionamentos da OEA defendendo a legalidade do processo. O Itamaraty
tem até a terça-feira para reunir as explicações e responder à entidade.
"Em síntese, não houve nenhuma violação ao texto constitucional e à Lei
que rege a matéria e, em consequência, assegurou-se a mais ampla
defesa", afirmou a Câmara em texto de 81 páginas assinado pelo
presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na resposta, a Câmara ainda faz ataque a senadores de oposição a Temer.
"Improcedente, descabida e sem nenhum fundamento constitucional, legal e
jurisprudencial, a reclamação levada à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos da OEA", diz o texto.
O documento do Senado segue a mesma linha de defesa, mas tem caráter
menos político do que o da Câmara e se restringe a responder às
perguntas feitas pela entidade.
"Foram observados os preceitos constitucionais, legais e regimentais que
norteiam o processo de impedimento, não havendo que se falar em
qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade dos atos praticados pelo
Senado."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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