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terça-feira, 9 de agosto de 2016
Advogados reclamam de dificuldades para levantar depósitos judiciais
Regra do TJ-SP
Banco do Brasil diz que demora na liberação de valores é resultado da verificação de informações dos interessados no processo.
As
regras impostas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo para pagamento de
guias de levantamento de depósitos judiciais estão sendo criticadas por
advogados. Os profissionais afirmam que o modelo adotado gera
insegurança jurídica e que as guias demoram a ser expedidas. Os valores
são liberados mais de 10 dias úteis depois do pedido, o que geraria
desconfiança dos clientes, que pensam que os montantes estão sendo
retidos propositalmente por seus representantes.
A conselheira da
OAB-SP Rosângela Maria Negrão afirma que o Banco do Brasil não tem
repassado aos juízos os valores depositados e que essa informação só tem
sido obtida na Justiça. A advogada destaca que o foco do problema é a
agência do BB no Fórum de Pinheiros, onde é exigido dos profissionais a
cópia da carteira da OAB junto à guia de levantamento. “Se não entregar,
eles não recebem a guia.”
Rosângela reclama da imposição porque a
carteira da OAB contém todos os dados dos advogados, como RG e CPF. Ela
critica também a demora para poder acessar o valor. Antes, segundo a
advogada, o montante devido era recebido em até cinco dias úteis, mas,
atualmente, esse prazo só estaria sendo respeitado para causas de até R$
10 mil. Acima dessas somas, as datas estariam indefinidas, diz a
conselheira.
A advogada afirma que essa demora interfere diretamente na relação
com o cliente, que pensa que o dinheiro que é seu por direito está sendo
retido indevidamente por seu representante. “O cliente vê que o
advogado já sacou a guia e pensa que o valor está sendo retido
propositalmente por nós.”
Já o conselheiro Ricardo Rui Giuntini,
também da OAB-SP, conta que o Banco do Brasil não fornece o comprovante
de operação ao advogado, que só consegue o documento no site do BB. “Tal
alteração expõe a advocacia a uma temerária situação de insegurança
jurídica, ainda que momentânea, inclusive perante nossos constituintes”,
diz o advogado em ofício enviado à entidade.
O modo de operação adotado pelo Banco do Brasil consta no parágrafo 6º do artigo 1.105 dos provimentos 50/1989 e 30/2013
do TJ-SP. “O comprovante do depósito, disponibilizado no dia posterior
ao pagamento no sítio eletrônico do Banco do Brasil S/A na internet e
obtido a partir do número de identificação do depósito, será apresentado
pelo depositante para juntada aos autos.”
Cartório também dificulta
Além dos dois conselheiros, o advogado Simon Zveiter conta que encontra
dificuldades para conseguir as guias nos cartórios. Ele diz que tem um
caso no qual a expedição da guia de honorários de sucumbência foi
determinada há mais de 30 dias pelo juízo, mas a decisão ainda não foi
cumprida.
Ao questionar o motivo da demora, continua o
profissional, informaram-lhe que o processo não tem local físico. Depois
de explicar o motivo da ausência — o processo é eletrônico —, Zveiter
conta que a pessoa que o atendeu disse que não sabia o que estava
acontecendo.
Emissão de guias está atrasada em vários cartórios das varas do Fórum João Mendes, em São Paulo. TJ-SP
Os cartórios do Fórum João Mendes, em São Paulo, são citados pela
conselheira Rosângela como foco desses problemas. “Você vai às varas e
ouve que os funcionários estão fazendo guias de meses anteriores”, diz a
advogada, complementando que foi ao fórum em julho e ouviu dos
servidores que estavam sendo emitidas as guias referentes a outubro de
2015.
Rosângela afirma ainda que, para conseguir uma guia no Fórum
João Mendes, leva de oito a nove meses. Seu colega de conselho
seccional, Ricardo Giuntini diz que também encontrou dificuldades em
relação às guias nos cartórios. “Os cartórios têm demorado para emitir
as guias, e, também, para emitir os relatórios de guias emitidas ao
Banco do Brasil, sem os quais as guias não são pagas pelo Banco.”
Questionado pela ConJur, o TJ-SP não respondeu as questões enviadas até a publicação desta notícia.
Já oBB afirmou que os tribunais têm acesso direto às contas judiciais por meio do autoatendimento do setor público no site do banco.
"Quando as varas de Justiça optam por solicitar a informação via
ofício, também é atendido pelo banco, naturalmente em prazo maior pelo
trânsito de documentos e consultas manuais", complementou a Assessoria
de Imprensa da instituição financeira.
Ainda sobre a questão
temporal, o Banco do Brasil afirmou que a demora na liberação dos
valores é resultado da verificação de informações junto à Justiça. "Isso
demanda que haja um prazo mínimo necessário ao pagamento seguro, visto
que o beneficiário já passou pelo período do julgamento judicial e não
pode correr o risco de ter seu direito levantado indevidamente."
O
banco destaca ainda que esse processo é aprimorado constantemente e
informou que já há um sistema que interliga o BB ao Tribunal de Justiça,
acelerando a comunicação. "No Rio de Janeiro, por exemplo, essa já é
uma realidade que agiliza muito o levantamento de alvarás. Em São Paulo,
esse processo já está em fase de implementação e a expectativa é que,
ainda neste ano, os resgates já ocorram de forma automatizada para os
processos em que os juízes assim encaminharem os alvarás de
levantamento."
Sobre a obrigatoriedade de apresentar a carteira da
Ordem junto à guia, o banco alega que essa é mais uma medida para
garantir a segurança de todos os interessados na operação e ressalta que
qualquer documento pode ser apresentado. "Para o levantamento de
alvarás judiciais, é preciso que seja o advogado designado pelo
beneficiário ou o próprio. Diante disso, é necessária a identificação do
solicitante para acesso às informações do depósito ou levantamento dos
recursos, o que pode ser feito com a carteira da OAB ou qualquer
documento de identificação legalmente aceito."
Já em relação à
questão do não fornecimento de comprovante do levantamento da guia, a
instituição financeira alega que o documento pode ser obtido nas
agências ou digitalmente. Disse ainda que os correntistas do BB acessam a
comprovação da operação diretamente de sua conta corrente. "Os
comprovantes de resgate são disponibilizados diretamente na página do BB
para todos os beneficiários. Para acesso às informações, as partes do
processo impostam os dados da conta judicial e CPF ou CNPJ."
A Aasp disse à época que os advogados
reclamaram de que, depois de protocolados os alvarás de levantamento, o
Banco do Brasil, “que, infelizmente, detém o monopólio dos depósitos
judiciais perante a Justiça estadual de São Paulo”, prolongava por
vários dias a data da efetiva entrega dos valores devidos, sem
compensação pelo atraso.
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