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Turbinas na Praia de Tourinhos, no Rio Grande do Norte: fonte eólica atende 30% da necessidade elétrica do Nordeste brasileiro
Os ventos fortes e constantes que sopram no Nordeste brasileiro fazem da
região um polo importante de produção de energia eólica. Turbinas
gigantes com mais de 100 metros de altura e rotores de 120 metros de
diâmetro, o equivalente a um prédio de 40 andares, já fazem parte do
cenário naturalmente formado por belas praias de mar esverdeado.
Os mais de 200 equipamentos de última geração instalados nos estados do
Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Ceará são operados remotamente e
permanentemente controlados para extrair o máximo potencial das
correntes de vento. A energia eólica gerada com alta eficiência tem
ajudado a região a enfrentar os extensos períodos de seca e ainda coloca
o Nordeste como a melhor área do país para a produção de energia com a
força dos ventos.
“A fonte eólica tem atendido cerca de 30% da necessidade do Nordeste e
contribui para aumentar a segurança do fornecimento de energia por esse
sistema”, afirma Élbia Silva Gannoum, presidente executiva da Associação
Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Sem a energia eólica, a
região poderia estar em situação de racionamento.
A forte seca expandiu-se nos últimos anos pelo Brasil e colocou os
principais reservatórios do país em estado de emergência. Veio à tona,
com a escassez de água, o risco iminente de apagão, uma vez que o país
depende predominantemente da geração de energia proveniente de
hidrelétricas. A crise hídrica deixou uma mensagem clara: é preciso,
mais do que nunca, diversificar a matriz elétrica para evitar problemas
de abastecimento de energia no futuro.
As hidrelétricas produzem 61% da energia do país hoje. Mas esse cenário
já apresenta sinais de mudanças. “Até 2040, projetamos que a dependência
da geração de eletricidade a partir de fontes hídricas acabará”, afirma
Lilian Alves, diretora para a América Latina da Bloomberg New Energy
Finance. Segundo a projeção, as fontes eólica e solar representarão 42%
da matriz brasileira até 2040.
A energia eólica começou a se tornar representativa nos últimos cinco
anos e já tem 7% da matriz elétrica brasileira. Se, no fim de 2014, a
capacidade instalada de energia eólica era de 5,9 gigawatts, esse número
está em 9,9 gigawatts hoje.
Segundo o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), o
Brasil foi, nos dois últimos anos consecutivos, o quarto país onde a
fonte mais cresceu. Ficou atrás de China, Estados Unidos e Alemanha.
Apesar do ambiente macroeconômico desfavorável, 111 usinas eólicas
começaram a funcionar em 2015. Hoje, existem 392 usinas em operação em
70 municípios brasileiros. “Houve um crescimento de 46% da capacidade
instalada no período de um ano e a geração de 40 000 postos de
trabalho”, afirma Élbia.
A energia eólica gerada em 2015 também pode ser medida pela quantidade
de lares abastecidos por essa fonte. De acordo com a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), cerca de 33 milhões de brasileiros usaram
eletricidade proveniente de fonte eólica em todos os meses do ano. Isso
equivale ao dobro da população do estado de Minas Gerais.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou,
desde 2003, financiamentos superiores a 20 bilhões de reais para
projetos eólicos no país. Além de ajudarem a diversificar a matriz
brasileira, os investimentos contribuem para a diminuição da emissão de
gases poluentes, uma vez que o vento é uma fonte limpa e inesgotável. O
total de emissões evitadas em 2015 foi de 10,42 milhões de toneladas de
CO2, o mesmo que a emissão anual de uma frota com cerca de 7 milhões de
automóveis.
Os empreendimentos eólicos também mudam a realidade no entorno dos
parques industriais. Considerando apenas cinco cidades do Nordeste,
foram investidos 500 000 reais em projetos socioambientais no ano de
2015, que beneficiaram 5 000 pessoas com, por exemplo, tratamento
odontológico e capacitação em habilidades como empreendedorismo e
liderança.
Somam-se às vantagens a qualificação especializada de profissionais, a
geração de emprego, o desenvolvimento das economias locais e a criação
de tecnologia de última geração. Segundo Élbia, cerca de 80% da cadeia
produtiva está nacionalizada. São mais de 50 geradores em funcionamento,
sete fabricantes de turbinas, além de centenas de empresas
especializadas na fabricação de peças e componentes.
O desenvolvimento exponencial da fonte eólica estará em discussão entre
diversos empreendedores, especialistas e autoridades durante o Brazil
Windpower, maior feira do setor da América Latina, que acontecerá entre
30 de agosto e 1º de setembro no Rio de Janeiro. O evento, que está em
sua sétima edição, mostra que o país está empenhado em construir um
futuro sustentável.
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