Renato Araujo / Agência Brasil
FHC: para o ex-presidente, pelo terceiro ano seguido o Brasil está
enfrentando a falta de crescimento econômico por causa de políticas
equivocadas
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defendeu hoje (8) que o Brasil precisa se reorganizar para retomar o crescimento econômico.
Apesar de reconhecer a fase delicada que o país vem atravessando quanto a
indefinição política, ele disse acreditar em saídas no médio prazo.
Para isso, no entanto, FHC entende ser necessário mudar a cultura do
povo.
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“A ideia de que tudo se arranja não é verdadeiro”, acrescentou o
ex-presidente, durante palestra na cerimônia de abertura da 36ª edição
do Encontro Nacional da Cadeia de Abastecimento (Enacab), no São Paulo
Expo Exhibition & Convention Center, antigo Centro de Exposições
Imigrantes, na zona sul da capital paulista.
Para Fernando Henrique, pelo terceiro ano seguido o Brasil está
enfrentando a falta de crescimento econômico por causa de políticas
equivocadas.
Sem citar nomes, ele atribuiu o desempenho ruim à estratégia populista
de se estimular o consumo apenas com a ampliação de crédito, adotada
pelos seus sucessores. “A ideia de ampliar crédito e consumo deu no que
deu”, afirmou FHC.
Outro erro citado pelo ex-presidente foi a criação do Programa Sem
Fronteiras. Segundo ele, o programa se originou de um comportamento
megalomaníaco e, por isso, não dá certo. “Temos de acreditar no futuro,
mas não no vazio.”
Fernando Henrique Cardoso defendeu a necessidade de medidas com
previsibilidade, com investimentos em infraestrutura e em sintonia com
um mercado globalizado.
Conforme FHC, os males do aprofundamento da crise política e econômica
têm relação com o excesso de partidos no país, situação em que ele
admitiu um mea culpa. Lembrando ter participado da Constituinte,
informou que, naquele momento, os pensamentoss estavam mais ligados à
necessidade de uma ruptura do regime de ditadura.
De acordo com o ex-presidente, ao estabelecer que não deveria haver
limitações para o surgimento de agremiações partidárias, se criou “uma
certa anarquia”.
Fernando Henrique disse ainda que o desafio agora é mudar a cultura da
sociedade e lutar contra os desmandos políticos. “Estamos atravessando
um momento delicado, uma crise moral e é inaceitável o jeitinho. O caixa
2 e os responsáveis têm de ser punidos.”
Na opinião do ex-presidente, uma pré-condição para a democracia é ter
regras iguais para todos. Nesse sentido, afirmou que a sociedade não
quer mais esse recurso de foro privilegiado como artifício para se safar
de responsabilidades.
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