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Léo Young, Zé Soares e Bel Pesce: a campanha de crowdfunding da hamburgueria dos sócios foi cancelada
São Paulo - Nesta semana, a futura hamburgueria
Zebeléo deu o que falar. O negócio,
que é uma sociedade entre a empreendedora Bel Pesce, o ganhador da última
edição do Masterchef Leonardo Young e Zé Soares, do blog "Do Pão ao
Caviar", tinha a intenção de ser financiado por meio de uma campanha de crowdfunding (saiba mais sobre esse modelo de
financiamento).
Porém, as críticas dos usuários foram tantas que a arrecadação foi cancelada hoje.
Em nome da campanha, Bel Pesce se pronunciou sobre o cancelamento e sobre as
reclamações (leia o posicionamento da empreendedora ao final da matéria).
Proposta e críticas
À primeira vista, a ideia de abrir o Zebeléo até
parecia boa: afinal, o mais novo Masterchef aproveitaria a fama conquistada no
programa para erguer seu próprio negócio, além de ter o respaldo de nomes já
conhecidos. Houve o lançamento de um vídeo contando como seria a hamburgueria:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=A7kqdZAjuK4
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=A7kqdZAjuK4
Porém, o crowdfunding por meio da plataforma Kickante
parece não ter sido o melhor método para isso, diante do feedback negativo dos
usuários.
Muitos apontaram que as contribuições eram caras
diante das recompensas recebidas. Na proposta mais barata, de 60 reais, o
doador receberia chaveiro, adesivo, camiseta, boné e um passaporte carimbado.
Para conseguir esses brindes e ainda comer no restaurante por meio de um combo,
seria necessário desembolsar 170 reais. A doação mais cara, de 10 mil reais, dá
direito a um fim de semana em Lima (Peru) com os três criadores da
hamburgueria.
Além da reclamação sobre os preços e os brindes
oferecidos, outra grande crítica dos usuários é que a campanha de crowdfunding
não oferecia nenhum tipo de participação no negócio em troca das contribuições
- uma modalidade de investimento que é conhecida pelo nome de equity
crowdfunding (saiba mais sobre ela).
Para os críticos, os três sócios poderiam muito bem
conseguir um investidor para o seu negócio, ou colocar a mão no bolso pela
hamburgueria, em vez de pedir dinheiro para as pessoas comuns.
Vale lembrar que Young acabou de ganhar um prêmio
de 150 mil reais pelo Masterchef, enquanto Pesce é dona de quatro empresas. A
empreendedora já fez outras duas vaquinhas na internet, que juntas arrecadaram
nada menos que 1,6 milhão de reais.
Resposta
Pelo Facebook, Bel Pesce postou há algumas
horas sua explicação sobre o cancelamento da campanha do Zebeléo - o texto
também está no link da campanha no Kickante.
No começo da postagem, ela afirma que
"foi a primeira vez que sentimos na pele o quanto uma percepção que não
esteja alinhada com a intenção pode rapidamente produzir efeitos que te
distanciam ainda mais da sua intenção", alegando que "falhas em comunicação
podem intensificar essa percepção equivocada."
Para a empreendedora, o grande objetivo da campanha
nunca foi levantar o investimento inicial da Zebeléo. "O negócio já
vem sendo estruturado há cerca de 6 meses, e o crowdfunding era muito mais
focado em uma pré-venda de produtos e experiências do que em qualquer outra
coisa."
Mesmo assim, a campanha foi descontinuada e o
dinheiro arrecadado - que estava em cerca de 14 mil reais hoje de manhã - será
devolvido aos doadores. Segundo Bel, a ideia agora é "mostrar as nossas
ideias, conceitos, produtos e experiências através da própria execução do dia a
dia de levantar esse negócio, e principalmente através daquilo que interessados
experimentarão ao visitar o local."
Muitos usuários continuam a fazer críticas nos
comentários da postagem ainda agora.
Veja, a seguir, o texto na íntegra:
Ontem foi um dos dias mais intensos de nossas
vidas. Sabemos bem o poder da internet. Temos negócios que foram
potencializados pela distribuição que a internet é capaz de trazer. Mas foi a
primeira vez que sentimos na pele o quanto uma percepção que não esteja
alinhada com a intenção pode rapidamente produzir efeitos que te distanciam
ainda mais da sua intenção. E, claro, falhas em comunicação podem intensificar
essa percepção equivocada.
Muitas vezes me apresento como alguém que gosta de
sentir novas dores. Aprendo muito nas dores.
Quando iniciamos as discussões de
começar uma hamburgueria, no começo do ano, o que me chamou atenção nesse
projeto foi exatamente a quantidade de aprendizados que eu poderia adquirir ao
ficar muito próxima de um mundo novo para mim.
Fizemos mil planejamentos de como o projeto teria
um viés de repassarmos tudo que aprendêssemos adiante, já que um número
significativo de pessoas que entram nesse mundo acabam se sentindo perdidas ou
frustadas, e sem acesso a informação. Além disso, sabíamos que queríamos trazer
as pessoas para perto. Somos pessoas comuns que nos últimos anos sentiram na
pele a aproximação de muita gente Brasil afora por meio da internet e também
presencialmente, e aprendemos a fazer os nossos projetos de forma a incluir as
pessoas.
Tínhamos diversas razões que nos levaram a decidir
fazer algo diferente e lançar uma campanha de financiamento coletivo da
hamburgueria, e nenhuma delas visava necessariamente levantar dinheiro para
começar o negócio. O negócio já vem sendo estruturado há cerca de 6 meses, e o
crowdfunding era muito mais focado em uma pré-venda de produtos e experiências
do que em qualquer outra coisa.
Explico melhor: uma mesma ferramenta, como o
crowdfunding, pode ser usada para diversas metas, dentre elas aproximar o
público interessado de certas experiências e validar pré-vendas exclusivas de
produtos ou serviços.
Financiamento coletivo não é sinônimo de vaquinha
ou doações. Mas pecamos na comunicação desse ponto. É importante entender que
valores arrecadados em crowdfundings são raramente lucros.
Inclusive para campanhas que batem a meta final, e continuam sendo apoiadas mais e mais, como foi o caso das minhas outras duas campanhas, o lucro não necessariamente escala.
Inclusive para campanhas que batem a meta final, e continuam sendo apoiadas mais e mais, como foi o caso das minhas outras duas campanhas, o lucro não necessariamente escala.
Nesse momento, poderíamos focar em disseminar o
financiamento coletivo como uma modalidade que pode ser usada por qualquer
empreendedor, que acho que é um assunto que sem dúvidas vale ser discutido a
fundo e de forma neutra, sem a associação a uma ou outra campanha. Poderíamos
também tentar reverter algumas críticas respondendo uma a uma, mas o foco é
outro: o que é sabido, e não é falado, não é percebido. Temos muitas coisas bem
relevantes no posicionamento do nosso negócio e poderíamos focar nelas agora,
mas poderia parecer uma resposta reativa diante de críticas, e poderíamos
entrar em um espiral de mais percepções incorretas.
Pensamos muito no compromisso que temos com todos
que acreditam no nosso trabalho e nos seguem de perto. Tivemos também uma
resposta extremamente positiva daqueles que estiveram mais próximos do projeto,
e poderíamos deixar a campanha no ar, mas decidimos que vamos aproximar aqueles
que querem estar próximos através de outras maneiras.
O nosso plano continua o mesmo de antes,
continuamos construindo cada detalhe do restaurante com o maior carinho do
mundo, mas achamos que a melhor forma de ser fiel a todos que acreditam em nós
é tomar duas ações:
1. Descontinuar a campanha, devolvendo tudo que havia sido levantado a cada um que contribuiu.
2. Mostrar as nossas ideias, conceitos, produtos e experiências através da própria execução do dia a dia de levantar esse negócio, e principalmente através daquilo que interessados experimentarão ao visitar o local
Valeu de coração a todos que estão próximos e
apoiaram o projeto, e também a parcela de pessoas que nos abriu os olhos para
algo que não faz de maneira alguma parte da intenção da gente, e queremos
clarificar.
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