Gil Ferreira/SCO/STF
São Paulo – A crise tem dado trabalho para os advogados
de algumas áreas. Enquanto empresas vêm seu fluxo de caixa minguar,
enxugam equipes e a Serasa divulga recordes atrás de recordes em pedidos
de recuperação judicial no Brasil, há quem só veja o volume de trabalho
aumentar. É o caso de quem atua nestas quatro áreas, segundo
especialistas:
1. Recuperação judicial, restruturação de dívida e falência
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“Esse setor tem sido o carro chefe dos escritórios”, diz Rodrigo
Carmargo, consultor da Talenses. Cenário econômico travado só faz
crescer o número de empresas com problemas. “Essas dificuldades acabam
gerando trabalho para advogados”, diz Guilherme Forbes, advogado do
Stocche Forbes.
Advogados especializados nessa área conduzem o procedimento jurídico de
uma recuperação judicial. “Seu objetivo é ajudar a empresa a sair do
crítico de endividamento, por meio de renegociação de eventuais dívidas e
créditos”, diz Tauan Mendonça, sócio da Vittore Partners.
De acordo com Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, em
2015, foram requeridos 1.287 pedidos de recuperações judiciais, 55,4% a
mais do que em 2014. E neste ano, até julho já foram 1.098 pedidos,
segundo a Serasa, levando 2016 para perto do recorde quantitativo de
pedidos.
Além do aumento de volume, a complexidade também cresceu e empresas
grandes com estruturas mais labirínticas também estão pedindo
recuperação judicial. O caso mais emblemático da atualidade brasileira
talvez seja o da Oi, a maior recuperação judicial já vista no Brasil.
Profissionais que se destacam têm perfil conciliador e são bons
negociadores. Um diferencial que o sócio da Vittore Partners cita é o
domínio de inglês. “Como a maior parte dos credores nesses procedimentos
judiciais são instituições financeiras ou multinacionais, a exigência é
que esses advogados atuem também como interface da matriz de seus
clientes exigindo o inglês no currículo”, diz Mendonça.
Advogados com especializações fora do país (como um L.LM) também saem na
frente. Escritórios têm montado equipes focadas nesse setor e um
advogado júnior começa com uma remuneração fixa de 6 mil reais (líquido)
e um profissional sênior pode ganhar 25 mil reais (líquido) além da
remuneração variável, segundo o sócio da Vittore Partners.
2. Compliance
Antigamente era uma frente dominada por advogados criminais que só
entravam em ação quando havia denúncia, segundo Guilherme Forbes, do
Stocche Forbes. Hoje compliance é visto por jovens advogados como uma
atividade atrativa e em ascensão.
A área começou a ser estruturada no Brasil há sete anos, mas com a
operação Lava Jato e a Nova Lei Anticorrupção o tema ganhou muito mais
destaque nos últimos tempos.
“Hoje virou uma questão corporativa e as empresas estão implementando
programas e dando treinamentos de compliance”, diz o advogado.
“É ainda uma novidade, não se estuda compliance na faculdade de direito e
não há muitos cursos”, diz Camargo, da Talenses. De acordo com ele,
muitos profissionais que trabalham hoje nesta área migraram da área
tributária ou até trabalhista. Experiências em auditoria são
diferenciais importantes.
Estudo da consultoria Hays,
mostra que a remuneração na área de compliance pode variar entre 8 mil
reais (nível de coordenação em empresa de médio porte) a até 30 mil
reais (nível de diretoria em empresa grande).
3. Tributário
É um campo de trabalho em que o profissional do Direito pode oferecer
consultoria, planejamento, atendimento à fiscalização, controle e
gerenciamento de escritórios terceiros, implementação de projetos
fiscais, acompanhamento da legislação, além de suporte tributário às
áreas de negócios, segundo Bruno Lourenço, sócio da Vittore Partners.
Há uma demanda grande agora com a retomada das atividades do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que teve sessões de
julgamento suspensas, por conta da Operação Zelotes da PF que investiga
corrupção no órgão. A fase agora, segundo Camargo, é de aceleração dos
processos que deveriam já ter sido julgados.
A crise e a necessidade de maior fluxo de caixa e resultado financeiro
também faz crescer a demanda por profissionais, já que um planejamento
tributário eficiente pode significar a economia de grandes somas. Os
salários variam entre 8 mil reais e 15 mil reais, segundo dados da
Vittore Partners.
4. Trabalhista
Advogados nesta área são responsáveis por assuntos trabalhistas de uma
empresa, no âmbito consultivo, preventivo ou mesmo litigioso.
O aumento no número de demissões e só fez crescer o volume de processos
trabalhistas, diz Camargo, da Talenses. Com isso a área trabalhista
também aparece em evidência no mercado jurídico.
“A desatualização da legislação - e seu impacto sobre as empresas com
relação ao Direito do Trabalho Coletivo (Direito Sindical) - é outro
fator que leva tanto empresas como escritórios de advocacia estarem
sempre na busca por profissionais qualificados”, diz Raul Cury Neto,
sócio da Vittore Partners
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