segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Ele perdeu tudo num assalto, se reergueu e fatura R$ 180 milhões


São Paulo – Toda vez que você pensar que não tem dinheiro para o seu negócio, lembre-se da história deste empreendedor: aos 56 de idade, Wilson Giustino é o dono do Cebrac, uma rede franquias de cursos profissionalizantes que faturou 180 milhões de reais em 2015.

O negócio, que tem 149 unidades, foi iniciado “com pouquíssimo dinheiro, cheques pré-datados e muita confiança de que daria certo”, lembra o empreendedor. Isso porque, quando iniciou a rede, Giustino ainda estava se recuperando financeiramente de um dos momentos mais difíceis de sua vida. Poucos anos antes, ele perdera tudo num assalto em São Paulo.

Na época com apenas 22 anos, Giustino tinha uma joalheria em São Paulo, o seu primeiro negócio. Mas a loja foi alvo de bandidos e o empreendedor perdeu todo o investimento. “Levaram tudo, o ouro que eu tinha ali e as joias de outras pessoas que estavam para ser consertadas. Fiquei com um prejuízo equivalente a 1 milhão de reais na época”, lembra.

Desse valor, ao menos 300 mil reais referiam-se a itens de outras pessoas – portanto, precisariam ser devolvidos. “Conversei com os clientes, expliquei a situação e disse que pagaria, mas não sabia exatamente quando. Levei um ano para conseguir começar a quitar”, conta.

Sem dinheiro, o empreendedor se mudou para Campinas e lá saiu em busca de um emprego urgente. Encontrou uma vaga como vendedor de uma escola de informática, uma área totalmente diferente da que ele estava acostumado. “Fui parar nesse ramo por acaso, por necessidade mesmo. Eu estava desesperado.”

Apesar de novo para ele, o negócio se mostrou promissor e Giustino decidiu abrir ele mesmo uma escola de informática. “Meu chefe na época me ajudou. Comprei tudo com cheque pré-datado”, lembra. A unidade foi aberta em Poços de Caldas, Minas Gerais.

Alguns anos depois, a escola abriu seu leque de atuação com cursos de secretariado e contabilidade. “Começaram a aparecer muitos cursos de informática, então eu precisava mudar”, afirma.

A abertura de novos cursos veio em 1995, foi um sucesso e deu origem ao que hoje é o Cebrac (Centro Brasileiro de Cursos), uma rede que oferece aulas nas áreas de administração, saúde, tecnologia, línguas, dentre outros.

Com 93 unidades ativas e mais 56 já com o contrato assinado, a rede espera faturar 190 milhões de reais neste ano, contra 180 milhões no ano passado.

Para Giustino, os jovens empreendedores que desejam ter sucesso devem, em primeiro lugar, acreditar no negócio que pretendem iniciar.

“Eu sempre pensei positivo. Nunca comecei algo pensando ‘e se der errado?’. Já acreditava desde o início que daria certo. Acho que essa confiança é muito importante. Também procuro me afastar de quem pensa negativo”, afirma.

Outra dica é começar pequeno. “Se a pessoa for esperar ter um monte de dinheiro, fica meio difícil. Tem muita coisa que se pode começar com pouco dinheiro”, aconselha.

Brasil tem superávit primário de R$ 39,5 bi em outubro


Foi o maior superávit primário mensal já anotado na série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001

 




Depois de cinco meses seguidos de contas públicas com resultados negativos, o setor público voltou a registrar superávit primário em outubro.

A União, os estados e os municípios acusaram superávit primário, receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros, de R$ 39,589 bilhões, em outubro, informou hoje (28) o Banco Central (BC).

Foi o maior superávit primário mensal já anotado na série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001.

O resultado do mês passado foi influenciado pela arrecadação com o programa de regularização de ativos não declarados à Receita, conhecido como Lei da Repatriação. Para regularizar os recursos, o contribuinte teve que pagar 15% de Imposto de Renda e 15% de multa, totalizando 30% do valor regularizado.

Em outubro deste ano, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) anotou superávit primário de R$ 39,127 bilhões. Os governos estaduais também apresentaram resultado positivo, com superávit primário de R$ 271 milhões, e os municipais, superávit de R$ 24 milhões.

As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas companhias dos grupos Petrobras e Eletrobras, tiveram superávit primário de R$ 166 milhões no mês passado.
Em dez meses, déficit primário é de R$ 45,912 bi

No acumulado do ano, o resultado é negativo. Em dez meses, o déficit primário é de R$ 45,912 bilhões contra o resultado negativo de R$ 19,953 bilhões em igual período de 2015.

Em 12 meses encerrados em outubro, o déficit primário ficou em R$ 137,208 bilhões, o que corresponde a 2,23% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

Os gastos com juros nominais ficaram em R$ 36,205 bilhões em outubro, R$ 331,238 bilhões em dez meses e em R$ 406,821 bilhões em 12 meses.

Em outubro, o setor público registrou superávit nominal – formado pelo resultado primário e os resultados de juros – de R$ 3,384 bilhões. Esse foi o primeiro resultado nominal positivo desde abril de 2015, quando foram anotados R$ 11,232 bilhões.

Nos dez meses do ano, o déficit nominal chegou a R$ 377,151 bilhões e, em 12 meses, a R$ 544,029 bilhões, que correspondem a 8,83% do PIB.

A dívida líquida do setor público – balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais – somou R$ 2,722 trilhões em outubro, o que corresponde a 44,2% do PIB, com alta de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. A dívida bruta (contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 4,330 trilhões ou 70,3% do PIB, com redução de 0,4 ponto percentual em relação a setembro.


Se livre do peso em excesso


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Vender ou fechar unidades pode salvar a empresa



Eram anos de prosperidade, os negócios cresciam dois dígitos ao ano já por alguns anos consecutivos. O que a empresa botava para vender, vendia. A verdade que não conseguíamos nem atender toda demanda, e muitos negócios escapavam. Aumentávamos os preços e mesmo assim, o mercado comprava, como se estivéssemos vendendo ouro. A inadimplência era baixíssima, e risco era uma palavra estranha, afinal, como dizia meu sócio “Quem não arrisca não cresce”. E foi assim, que decidimos entrar em novos nichos, montamos outras empresas, compramos máquinas, contratamos, injetamos capital próprio no negócio. Os bancos nos procuravam, mas demos as costas; ora bolas, pra que pegar dinheiro a juros altíssimos, quando podemos financiar tudo com capital próprio.

Esta imaginária estória, não foi tão imaginária assim para muito dos empresários que conheci. O mercado virou, e agora a empresa tem excesso de capital imobilizado, funcionários, custo fixo, espaço de armazém, veiculos e estoque. Obviamente, a empresa tenta vender tudo que pode, mas não se tratando de problemas específicos da empresa, a economia como um todo está ruim, e nada é vendido. Difícil encontrar compradores, e os preços de venda não agradam. Se espera mas vai que alguém quer comprar os ativos, ou alugar o imóvel no preço de alguns anos atrás, mas a situação piora e o preço despenca.

Nisso o custo fixo vem corroendo as reservas, começa o atraso de pagamentos de tributos, e o desespero inviabiliza qualquer tentativa de pensar racionalmente. A opção de demitir os funcionários comprometeria ainda mais o caixa da empresa e é adiada, como se houvesse algum momento adequado para demitir.   

Dentro deste triste cenário que afeta milhões de empresas no Brasil e no mundo, empresários e executivos muitas vezes congelam diante da situação extrema. Quando tudo que tentam, apenas soma mais um fracasso que não muda o rumo da empresa a insegurança toma conta de forma generalizada.

Apesar de todo os stress que estão envolvidos, as decisões podem ser bem simples. O verdadeiro problema é que em geral falta coragem para sua execução. Pergunte, o que está verdadeiramente contribuindo para seu lucro imediato? Lembre-se, você está em estado de sobrevivência, hipóteses futuras de clientes que podem ou não realizar contratos imaginários devem ser deixados de fora. O que interessa é apenas o que é real e tangível. Sim, você abrirá mão de trabalho, e ativos que foram construindo com esforço árduo depois de muitos anos serão apenas uma memória. Mas isso não interessa mais. Se você “não largar o osso”, você poderá perder o pouco que lhe resta. O botão de “reset” vai ser apertado, e você terá um recomeço, voltando alguns anos na linha do tempo, se espera que mais maduro. 

É bem possível que várias linha de negócio estão contribuindo pouco, nada, ou negativamente para a lucratividade de operação. Pouco, significa que o risco de manter o custo fixo, e o peso sobre a alavancagem da empresa com financiamento simplesmente não vale apena. Contribuição negativa ou nula com certeza devem ser eliminados o mais rápido possível. 

Vender ou fechar deve ser julgado sobre o critério do tempo e sua influência através do custo fixo sobre o caixa da empresa. Se tiver algo verdadeiro e rápido, algo que pode reduzir um pouco o passivo, ou transferi-lo mesmo que em algumas situações sem que se tenha de fato transferência de dinheiro pode valer muito apena. 

Existem muitas consultorias hoje que podem ajudar nesses procedimentos, e apesar que dentro de um cenário de redução de custos, contratar uma prestadora de serviços pareça contra-intuitivo, ainda é melhor do que fazer um erro que lhe vai custar muito mais. As empresas que sabem realizar turn-around, spin-off (separação de ativos), fechamento de unidades ou atividades de investment banking (a venda da unidade), em geral fazem o trabalho hoje, para receber parcelado durante um bom tempo, dando assim tempo para você se reorganizar, e sem que haja um grande peso no fluxo de caixa. 

Bote data limite para o fechamento das unidades, ou seja, se não conseguir fechar um contrato de venda até determinada data, feche a unidade sem nenhum pudor. E se a oportunidade vingar meses depois, bem, sobre isso dizemos que sorte é estar no lugar certo na hora certa, e você com certeza não estava, mas se esperasse também não seria adequado, pois o benefício da venda teria sido comprometido pela influência do custo fixo. 

Em determinadas situações , em que a empresa está pré-falimentar, a única forma segura de vender certos ativos, como unidades da empresa, filiais etc. dependendo da estrutura societária que foi usada é através de recuperação judicial. Se alguém alegar que a venda do ativo foi uma tentativa de fraude, por exemplo, tentando vender a parte boa da empresa para salva-la, enquanto a parte que fica é a ruim, onde será declarada a falência mais tarde, é possível que todo passível seja passado para a compradora, comprometendo a operação.  

De qualquer forma, não importa como você tente analisar, diagnosticar, avaliar, a solução é se livrar do peso excessivo. Depois que tiver realizado sua dieta empresarial, se conseguir sobreviver para mais uma rodada da montanha-russa econômica, pense bem antes de começar a comer em excesso; haja coração que aguente.




Brasil será sócio do Clube de Paris

Desde o início do ano, o fórum de credores mostrou sua intenção de abrir-se aos grandes países emergentes





O Brasil passará a integrar a lista de sócios do seleto Clube de Paris, um fórum que reúne credores públicos, informou nesta segunda feira a instituição.

“O Brasil decidiu converter-se em um membro pleno de direito do Clube de Paris”, informou à AFP Odile Renaud-Basso, diretora do Tesouro francês e presidente do Clube de Paris, acrescentando que Brasília formalizará nesta terça-feira sua candidatura durante uma conferência do Fórum de paris dedicada à dívida.

“O Brasil tem importantes dívidas nos países em desenvolvimento. Para nós, é uma evolução muito positiva. É um sinal de adesão às regras internacionais e um sinal sinal da evolução do peso dospaíses emergentes na governança mundial”, afirmou.

Desde o início do ano, por ocasião de seu 60º aniversário, este fórum de credores mostrou sua intenção de abrir-se aos grandes países emergentes, que estão cada vez mais presentes no mercado da dívida soberana, uma iniciativa apoiada pelo FMI.

Como a Coreia do Sul, que se uniu ao grupo em junho passado, o Brasil fazia parte dos países observadores do Clube de Paris, uma condição indispensável para poder ter acesso ao grupo.

“O objetivo para o Clube de Paris é que o maior número de países credores participem nos acordos, a fim de tratar da dívida da forma mais eficaz para os países que assim precisarem”, explicou Renaud-Besso.

O Brasil se converterá no 22º membro do Clube de Paris, do qual foi devedor durante muito tempo.

Como credor, o país participou, no entanto, nas 65 negociações entre os credores e a instituição financeira.

A adesão da Coreia do Sul e do Brasil acontece depois da compra em massa de obrigações de países emergentes por parte dos grandes emergentes nos últimos anos.

Os novos membros devem respeitar os critérios do Clube de Paris, entre eles a solidariedade e o intercâmbio de dados.

O fórum, fundado em 1956, é um grupo informal de países industrializados, entre eles França, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Suíça.

Seu objetivo é permitir “aos credores cobrar suas dívidas atrasadas, e encontrar uma solução rápida e eficaz para as crises da dívida soberana, segundo a própria instituição.

Outros três países emergentes gozam do mesmo estatuto e poderão, portanto, integrar o fórum: China, Índia e África do Sul.


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

União deve pagar por auxílio pré-escolar de juízes, define Conselho da Justiça Federal

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A União deve pagar sozinha pelo auxílio pré-escolar concedido aos servidores e magistrados da Justiça Federal de 1ª e 2ª instâncias. A decisão é do colegiado do Conselho da Justiça Federal (CJF), em sessão na terça-feira (22/11), na qual foram aprovadas mudanças na Resolução 4/2008. Com a alteração, fica excluída a participação dos servidores e magistrados no custeio do benefício.

Ficou determinado que o auxílio pré-escolar será custeado pelo órgão, por meio de verbas específicas de seu orçamento, e que, na hipótese de o dependente ser beneficiário de pensão alimentícia, ele será pago ao magistrado ou servidor e deduzido em favor do alimentando, salvo se o alimentante estiver obrigado, por decisão judicial, pela integralidade das despesas escolar.

Segundo o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, desembargador Luiz Fernando Wowk Penteado, relator do processo, inúmeras decisões judiciais apontam para a inexigibilidade da cota de custeio por parte de servidores e magistrados. “Além disso, o próprio Tribunal de Contas da União já expurgou de seu regulamento a cobrança do custeio dos servidores sobre o benefício, alinhando-se à interpretação ora proposta”, disse o desembargador em seu voto.

A proposta de suprimir a exigibilidade da parcela de custeio do auxílio pré-escolar a cargo dos magistrados e servidores veio por meio de ofício da Advocacia-Geral da União. A Assessoria Jurídica do CJF se manifestou sobre a matéria e sugeriu a supressão da exigibilidade da cota de custeio por parte de todos os servidores e magistrados da Justiça Federal, prevista na Resolução 4/2008, em face da jurisprudência já pacificada no âmbito da Justiça Federal, pela Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU), no sentido de que, “sem previsão legal, a União não pode cobrar de servidor público o pagamento do custeio de auxílio pré-escolar” (Processo 0040585-06.2012.4.01.3300, de 18/2/2016).


Gratuidade universal

 
O tema já correu pelos tribunais em outubro deste ano, quando a 3ª Vara Federal de Florianópolis julgou procedente Ação Civil Pública ajuizada pela Associação Catarinense dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Acafip).

Ficou decidido que o Decreto 977/93, que dispõe sobre a assistência pré-escolar aos dependentes de servidores públicos federais, vai contra as normas constitucionais e legais que asseguram a gratuidade universal da educação infantil a todas as crianças de até cinco anos de idade. Por isso, a União não pode descontar parte do auxílio-creche de servidores substituídos da Receita Federal em Santa Catarina, como autoriza o artigo 6º do referido decreto. Com informações da Assessoria de Imprensa do CJF.


Processo 2012/00003


 http://www.conjur.com.br/2016-nov-24/uniao-pagar-auxilio-pre-escolar-juizes-cjf

Comerc prevê crescer 20% no próximo ano






Maior gestora de energia do país aposta na diversificação de serviços

Da Redação

redacao@amanha.com.br

 Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia


De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o mercado deve ter 4.367 consumidores livres e especiais até o final de dezembro, praticamente o dobro do alcançado em 2015. O ano de 2016 foi particularmente marcado pelo aumento de consumidores especiais, que possuem demanda entre 500 kW e 3.000 kW e devem contratar energia de fontes renováveis incentivadas pelo governo. Esse cenário ajudou a impulsionar os resultados da Comerc, maior gestora de energia do país. 

Enquanto diversos setores enfrentaram os reflexos de uma economia em crise, 2016 foi um ano particularmente positivo para a Comerc. “De um lado, diversificamos nossos serviços, investindo nas frentes de eficiência energética e energia solar. De outro, abrimos quatro novos escritórios pelo país, em Manaus (AM), São José dos Campos e Campinas (SP), além de Bento Gonçalves (RS), para ficarmos mais perto de nossos clientes”, conta Cristopher Vlavianos (foto), presidente da companhia. No Sul, a companhia também possui um escritório em Florianópolis (SC). Os planos para 2017 são otimistas. Vlavianos prevê crescer 20% em faturamento e 35% no número de clientes.


Balanço

 
“O ano de 2016 foi marcado pela migração de consumidores para o mercado livre. Desde 2012, os preços no mercado cativo estavam represados em função da MP 579, que reduziu em 20% as tarifas mesmo com um cenário hidrológico crítico”, explica Vlavianos. “O custo real da energia ficou sendo bancado com recursos do Tesouro, até que, em 2016, o governo teve que passar a aplicar o custo real nas tarifas, que tiveram altas expressivas. Neste momento, a diferença de preços entre os mercados cativo e livre ficou evidente, favorecendo a migração de consumidores”,  contextualiza. 

Entre os clientes da Comerc, os setores que lideraram a adesão ao mercado livre neste ano foram empresas alimentícias, seguidas pelo segmento de serviços, de manufaturados, shopping centers e plásticos. “Já havíamos estabelecido uma parceria com essas empresas há vários meses, analisando o contexto e as condições de cada uma, com o objetivo de identificar o momento ideal para a migração de cada uma delas”, afirma Vlavianos.

O executivo esclarece que o crescimento acentuado em 2016 também tem relação com o tempo necessário para um consumidor migrar para o mercado livre de energia. “Entre o consumidor entrar com o pedido de migração até começar a consumir de fato no mercado livre, são necessários aproximadamente seis meses para a realização de todos os trâmites burocráticos. Por isso, boa parte dos consumidores que efetivamente entraram no mercado livre em 2016, já tinham iniciado o processo em 2015, que foi o ano de eclosão da crise no país”, conta o presidente da Comerc. 

Vlavianos ressalta que, além da redução de custos, há outros motivos que levam as empresas a buscarem o mercado livre de energia. A principal é a previsibilidade do custo da conta de energia, que não está sujeita às oscilações do mercado cativo. Com um contrato de curto, médio ou longo prazo, o consumidor livre torna-se imune às alterações de preço de energia que ocorrem com a aplicação das bandeiras tarifárias. “No mercado livre, o preço da energia muda apenas nos reajustes anuais, de acordo com os índices previamente acordados em contrato. Isso proporciona uma segurança semelhante à das operações de hedge cambial, já muito utilizadas pelas empresas para proteção contra oscilações no câmbio, por exemplo”, ilustra. 


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Agronegócio brasileiro e o apetite da China


Agronegócio brasileiro e o apetite da China
 – Por Valdemar Carneiro Leão


A explosão do consumo de alimentos na China mudou a trajetória do agronegócio brasileiro. Na primeira metade deste ano, quase um terço de tudo o que o setor exportou destinou-se ao país asiático, esmagadoramente produtos ligados à indústria alimentar. Até onde irá o ‘apetite’ chinês? Há razões para otimismo, mas não para uma euforia displicente.

A dinâmica que explica o crescimento do consumo não se esgotou. A economia chinesa seguirá expandindo-se, a população crescerá pelo menos até 2030, o fluxo campo-cidade deve manter-se acima de 10 milhões ao ano e o aumento da renda, somado à urbanização, continuará induzindo mudanças no padrão alimentar (mais proteína animal e lácteos).

Do lado da oferta, obstáculos virtualmente insuperáveis inibem a expansão da agropecuária chinesa: terras agricultáveis no seu limite físico, estrutura fundiária fragmentada e um passivo ambiental (reconhecido pelo governo) que afetou solo, rios e lençóis freáticos.

Estudo dom Departamento de Agricultura dos EUA, de 2014, com projeções até 2023, prevê que as importações de carne bovina e suína acumulariam, cada qual, aumento de quase 60% no período, acompanhadas por crescimento discreto das importações de carne de aves. Para a soja, a importação estimada é de cerca de 112 milhões de toneladas em 2030, equivalente a 75% do total mundial.

Também para o milho, o crescimento previsto é dramático, fazendo supor o fim da política chinesa de autossuficiência para o cereal. No açúcar, diversas análises aponta para o declínio da produção doméstica e aumento da demanda. São dados animadores, mas que não devem induzir à acomodação.

O agronegócio brasileiro está exposto, numa escala sem precedentes, aos movimentos e humores do mercado chinês. O caso da soja é preocupante: 75% do total exportado em 2015 destinou-se à China. 

Há outras vulnerabilidades. O rigor na aplicação das normas sanitárias e fitossanitárias pelas autoridades chinesas (às vezes justificável, outras nem tanto) provoca súbitas interrupções do fluxo comercial, como ocorreu com o milho e o frango americanos e com a carne bovina brasileira.

Disfunções do sistema de preços mínimos geram surtos de importação, logo seguidos de medidas ‘corretivas’, com consequente insegurança para o exportador. Foi o caso do milho no início deste ano e, agora, do açúcar. E há de se ter em conta a existência de concorrentes de peso (EUA, UE, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Tailândia), alguns deles com acesso preferencial ao mercado chinês.

A lista não é exaustiva. A aprovação de novos eventos de OGM a as preocupações da China com sua segurança alimentar mereceriam capítulos à parte.

Nenhum desses riscos colaterais deve ser motivo de desestímulo. O que se requer é atenção e cuidado redobrados. A aposta na China ficou alta demais para não merecer tratamento diferenciado. 

Começando pelo setor privado, é espantoso constatar que se contam nos dedos da mão as empresas brasileiras do agronegócio que mantêm representação presencial em Pequim.

As associações de classe, por sua vez, estão inteiramente ausentes, excetuada uma representação quase fictícia da CNA. O quadro é insólito para um comércio de dezenas de bilhões de dólares quando se constata a presença, em Pequim ou outras cidades de associações de classe americanas (de soja e de carnes, entre outras), independentemente da força dominante das tradings. Conclui-se, como dizem alguns, que o Brasil não ‘vende’, o Brasil é ‘comprado’. É urgente mudar essa atitude.

É necessário mudar também a forma desatenta com que o setor vislumbra seu próprio futuro. Projeções de demanda, como as citadas acima, têm seu valor limitado para o Brasil, se não se buscar compreender o que será a futura competitividade brasileira face aos concorrentes, operando em condições diferenciadas de custos e de acesso. Faltam estudos nessa linha.

No plano governamental, a incapacidade de ação no quesito logística é o retrato de um Brasil sem fôlego para investir e enredado em suas próprias amarras ao tentar atrair quem invista. Mesmo com uma infraestrutura de transportes mais eficiente, a distância geográfica, por si só, já colocaria o Brasil em desvantagem. Não é preciso dizer mais.

Se resultados nessa área não são viáveis a curto prazo, há espaço para ações ma categoria ‘melhores práticas’, duas em particular. O sistema brasileiro de inspeção e certificação sanitária, embora satisfatório, tem que estar submetido a permanente aperfeiçoamento. Falhas podem redundar no fechamento do mercado por meses ou anos e não faltarão interessados em explorar a situação.

Na vertente política, a construção da confiança recíproca requer visitas anuais do ministro da Agricultura à China, prática que teria que estar complementada por frequentes convites a ministros e outras autoridades chinesas para conhecerem de perto a excelência alcançada pelo Brasil no setor. Na China, barreiras ao acesso podem ser científicas ou técnicas no seu embasamento, mas são políticas no seu tratamento.

É imperativo, até mesmo para melhor compreender a própria China, explorar comercialmente outros espaços na Ásia. O recente périplo do ministro Blairo Maggi, inédito em sua cobertura geográfica, requer continuidade.

Até onde se pode prever, a China continuará gerando demanda e absorvendo o que o Brasil tiver a ofertar a preços competitivos. Mas, o agronegócio brasileiro ainda não se deu conta de sua própria dimensão nem parece preocupado em articular ação externa compatível com a escala de seus interesses. É possível fazer melhor

(Valdemar Carneiro Leão foi embaixador do Brasil na China)