terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Google ajudou a movimentar até R$ 37 bi na economia brasileira


O relatório mediu o impacto do Google AdWords, AdSense e YouTube usados por empresas no país






São Paulo – As ferramentas oferecidas pelo Google ajudaram empresas brasileiras a movimentarem R$ 37 bilhões na economia e a manterem 430.000 empregos.

O número foi calculado com base no faturamento de companhias, grandes ou pequenas, e criadores de conteúdo “que usaram os serviços do Google para impulsionar os seus negócios, alcançar mais consumidores, monetizar e financiar sua criatividade”, afirmou o diretor de relações institucionais do Google Brasil, Marcelo Lacerda.

O estudo, encomendado pelo gigante de buscas, foi feito de forma independente pela Deloitte e analisou apenas dados que estavam disponíveis publicamente. Os dados são de 2015.

É a primeira vez que a empresa de tecnologia faz essa pesquisa no Brasil. Ela já foi realizada duas vezes na Europa, em países distintos.

O relatório mediu o impacto dos três maiores serviços usados pelas corporações por aqui: o Google AdWords, AdSense e YouTube. As outras opções do portfólio, como o desenvolvimento de aplicativos para Android e o G Suite, não trazem impactos tão relevantes para a economia, explicou o Google, por isso ficaram de fora do estudo.

 

Impacto bilionário


O Adwords é a ferramenta para inserir anúncios nas páginas de busca do Google. É, de longe, o serviço que mais gerou impacto para as empresas no Brasil: de R$ 13 bilhões a R$ 37 bilhões foram movimentados na economia, além de garantir de 160.000 a 430.000 empregos no país.

Para cada real investido em publicidade no Google, as empresas tiveram retorno bruto de R$ 3,40 a R$ 8,00, segundo o relatório. O valor foi estimado com base nos lucros obtidos por meio de investimentos em publicidade nesse serviço.

Já o AdSense é um serviço de inclusão de publicidade em sites, que remunera de grandes editoras a pequenos criadores de conteúdo, sem a intermediação de agências de publicidade. Globalmente, esses editores receberam R$ 34 bilhões por acordos de hospedagem de anúncios.

No Brasil, esse valor foi de R$ 1,1 bilhão a R$ 1,2 bilhão, com a manutenção de 13.000 a 14.000 postos de trabalho.

Ao permitir a publicação de anúncios em seus vídeos, criadores de conteúdo embolsaram de R$ 300 a R$ 400 milhões com o Youtube. O serviço também ajudou a criar de 3.000 a 5.000 vagas de emprego. Esse valor não leva em consideração os ganhos com vídeos pagos, livros ou eventos que alguns Youtubers produzem.

Os valores movimentados com os três serviços não podem ser somados, já que algumas empresas usam mais de uma ferramenta.

 

Obstáculo


Segundo Lacerda, “o estudo mostra como a internet pode ser motor de crescimento da economia”. No entanto, o cenário ainda está longe do observado em países desenvolvidos.

“A publicidade digital no Brasil ainda não é madura”, afirmou Lacerda, apontando que 41% da população brasileira não tem acesso à internet.

O Google espera aumentar o uso dos seus serviços com o novo centro de engenharia, inaugurado em Belo Horizonte, o Google Campus, voltado para startups em São Paulo, e o novo YouTube Space, no Rio de Janeiro, que será aberto em 2017.


Bill Gates lidera fundo de US$1 bi para investir em energia limpa


Fundo vai financiar pesquisa em energia capaz de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa para perto de zero




O fundador da Microsoft Bill Gates juntamente com importantes executivos que incluem o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, e o chefe do Alibaba Group, Jack Ma, estão investindo mais de 1 bilhão de dólares em um fundo de energia limpa.

O fundo, chamado de Breakthrough Energy Ventures (BEV), vai financiar pesquisa em energia capaz de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa para perto de zero.

Os investidores no fundo incluem Masayoshi Son, fundador e presidente-executivo do SoftBank Group; o co-fundador da rede social LinkedIn, Reid Hoffman; o presidente-executivo da Amazon.com, Jeff Bezos; e o fundador do Virgin Group, Richard Branson.

O fundo é um veículo de investimento da Coalizão para o Avanço da Energia, um clube informal de investidores e instituições privadas ao redor do mundo que concordaram em aplicar recursos em pesquisa e desenvolvimento de energia.

Tweet de Trump faz fabricante de aviões perder US$ 3,5 bi


Ações da Lockheed Martin caíram mais de 4% depois que o republicano criticou o valor das compras do governo norte-americano




São Paulo — Uma mensagem de três linhas de Donald Trump foi o suficiente para que uma empresa perdesse 3,5 bilhões de dólares em valor de mercado.

O caso aconteceu na manhã desta segunda-feira (12) e envolveu a Lockheed Martin, que fabrica produtos aeroespaciais, incluindo os caças F-35 usados pela Defesa norte-americana.

Pelo Twitter, Trump disse que os custos do programa F-35 estão “fora do controle” e que “bilhões de dólares serão economizados em compras militares” depois do próximo dia 20 de janeiro, quando ele tomará posse.


The F-35 program and cost is out of control. Billions of dollars can and will be saved on military (and other) purchases after January 20th.

Não demorou muito para que os investidores reagissem ao comentário de Trump. As ações começaram a despencar ainda no pré-market. Logo após a abertura de Wall Street, os papéis da Lockheed Martin recuaram mais de 4%, como é possível ver no gráfico abaixo.


lockhedd


Esta não foi a primeira vez que comentários do futuro presidente dos EUA impactaram o mercado de ações. Na última quarta-feira (07), Trump propôs que um contrato de compra com a Boeing fosse cancelado.

“Boieng está construindo um 747 Air Force One novo em folha para futuros presidentes, mas os custos estão fora do controle”, afirmou ele, também pelo Twitter. No mesmo dia, a fabricante de aviões ficou 1,4 bilhão de dólares menos valiosa.

Prescrição de 3 anos vale para casos contratuais e extracontratuais, diz STJ


O prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual. Reafirmando seu entendimento, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou Recurso Extraordinário de uma revendedora de automóveis que teve rescindidos contratos de vendas e serviços com uma montadora de veículos.
De acordo com o ministro Bellizze, o enunciado 419 da V Jornada de Direito Civil já havia estabelecido esse prazo
STJ
A revendedora ajuizou ação de reparação de danos alegando prejuízos causados pela fabricante por ter deixado de observar o direito de exclusividade e preferência para comercializar os veículos da marca na região de Presidente Prudente (SP).

Mas o juiz de primeiro grau reconheceu a prescrição e extinguiu a ação. O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a sentença, confirmando o prazo prescricional previsto no artigo 206, parágrafo 3º, V, do Código Civil de 2002.

Em recurso ao STJ, a revendedora alegou ser aplicável o prazo de prescrição decenal, previsto no artigo 205 do Código Civil. Isso porque, segundo a empresa, trata-se de responsabilidade civil contratual, tendo em vista que o prazo trienal seria aplicável “unicamente às hipóteses de responsabilidade ex delicto".

O relator, ministro Marco Aurélio Bellizze, afirmou que o termo "reparação civil", constante do artigo 206, parágrafo 3º, V, do Código Civil, deve ser interpretado de maneira ampla, alcançando tanto a responsabilidade contratual (artigos 389 a 405) como a extracontratual (artigos 927 a 954), ainda que decorrente de dano exclusivamente moral (artigo 186, parte final), e o abuso de direito (artigo 187).


Jornada de Direito Civil


“A prescrição das pretensões dessa natureza originadas sob a égide do novo paradigma do Código Civil de 2002 deve observar o prazo comum de três anos. Ficam ressalvadas as pretensões cujos prazos prescricionais estão estabelecidos em disposições legais especiais”, ressaltou Marco Aurélio Bellizze.

O ministro lembrou que na V Jornada de Direito Civil, promovida em 2011 pelo STJ e pelo Conselho da Justiça Federal, foi editado o Enunciado 419, segundo o qual "o prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual".

Para o relator, considerando todos os pedidos indenizatórios formulados na petição inicial da rescisão unilateral do contrato celebrado entre as partes, “é da data desta rescisão que deve ser iniciada a contagem do prazo prescricional trienal”. O voto do ministro rejeitando o recurso da revendedora foi acompanhado por unanimidade pelos demais ministros da 3ª Turma.


Interpretação restritiva


A mesma 3ª Turma já decidiu que as regras de prescrição descritas no Código Civil são restritivas, e por isso não podem ser aplicadas a casos considerados análogos. Por isso, a prescrição de um ano para causas securitárias de que trata o artigo 206, parágrafo 1º, inciso II, só pode ser aplicada a discussões relativas ao contrato de seguro, para quando uma das partes deixa de cumprir o acordado. Nunca para o caso de a seguradora deixar de cumprir obrigação extracontratual. O dispositivo do CC diz que as causas do segurado contra o segurador, ou vice-versa, prescrevem em um ano. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.


Clique aqui para ler a íntegra da decisão.
REsp 1.281.594

 http://www.conjur.com.br/2016-dez-12/prescricao-anos-vale-casos-contratuais-extracontratuais

Bill Gates e outros ricos criam fundo para energia limpa


Bill Gates e outros ricos criam fundo para energia limpa

Bill Gates e mais de uma dúzia dos indivíduos mais ricos do mundo divulgaram na noite de domingo um novo fundo de investimento de US$ 1 bilhão para promover grandes avanços na produção de energia limpa.

Batizado de Breakthrough Energy Ventures, o fundo de 20 anos é apoiado por personalidades importantes do ramo da tecnologia e por pesos-pesados do setor de energia. O objetivo é injetar dinheiro a longo prazo em tecnologias energéticas de risco que poderiam reduzir drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa, segundo comunicado. Os investimentos provavelmente irão para áreas como geração e armazenagem de eletricidade, agricultura e transporte.

Entre os investidores estão Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon.com, Richard Branson, fundador da Virgin Group, Jack Ma, presidente executivo do conselho de administração da Alibaba, John Arnold, um bilionário trader de gás natural, e o príncipe Alwaleed Bin Talal, fundador da Kingdom Holding.

No ano passado, vários desses investidores se uniram a Gates para anunciar a Breakthrough Energy Coalition — um grupo de investidores ricos que prometeram destinar uma grande fatia de suas fortuBill Gates e outros ricos criam fundo para energia limpanas a tecnologias de energia. A chegada do fundo marca um passo mais concreto desse grupo em direção às metas declaradas.

“Estou honrado por trabalhar com esses investidores para construir a poderosa fundação do investimento público em pesquisa básica”, disse Gates em comunicado. “Nosso objetivo é formar empresas que ajudarão a trazer a próxima geração de energia confiável, acessível e livre de emissões ao mundo.”

Gates, cofundador da Microsoft, passou boa parte do ano passado em busca de avanços na produção de energia. Ele sustenta que usinas solares, energia nuclear e carros elétricos vão fazer pouco para resolver a questão do aquecimento global em um prazo relativamente curto. A única maneira de parar o aquecimento global é encontrar uma fonte de energia que não produza gases causadores do efeito estufa, disse Gates.

Ele tem apoiado pessoalmente uma série de iniciativas radicais em energia e incentivado outros indivíduos ricos a seguirem o exemplo. A energia limpa era um nicho aquecido de investimento de capital de risco há vários anos, mas muitos desses investimentos não tiveram sucesso e algumas empresas de capital de risco recuaram.

“A escassez de capital de risco para tecnologias de energia limpa ameaça criar um vale da morte no setor, porque as ideias que surgirem não conseguirão encontrar o capital necessário para chegarem a ser comercializadas”, disse Arnold, em comunicado. “Na qualidade de esforço liderado por investidores, a Breakthrough Energy Ventures foi criada como uma fonte de capital paciente para estimular a inovação para atender a crescente demanda por soluções de baixo custo de energia limpa.”

Dois capitalistas de risco em startups de energia limpa — John Doerr e Vinod Khosla — estão entre os financiadores do novo fundo (Bloomberg, 12/12/16)

Exportadores de carne bovina esperam 2017 melhor com ajuda dos EU

Exportadores de carne bovina esperam 2017 melhor com ajuda dos EUA
As exportações de carne bovina do Brasil deverão crescer cerca de 7 por cento em 2017 para 1,5 milhão de toneladas, após ficarem estagnadas em 1,4 milhão de toneladas em 2016, com expectativa de uma recuperação em diversos mercados e crescimento de embarques para os Estados Unidos, previu nesta segunda-feira a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

O Brasil e os Estados Unidos fecharam neste ano um acordo que libera o comércio de carne bovina in natura entre os dois países. Os primeiros envios do país foram efetivados em setembro, com volumes simbólicos de 127 toneladas, acelerando para 202 toneladas em novembro.

Mas em 2017 o Brasil, maior exportador global de carne bovina, poderá disputar vendas dentro de uma cota de 64,8 mil toneladas anuais com tarifa mais baixa, que é compartilhada com países como Nicarágua, Costa Rica, Honduras, Irlanda e Chile.

"Em 2017, os embarques para os EUA são melhores", disse o presidente da Abiec, Antônio Camardelli, em encontro com jornalistas, destacando que o patamar de exportações para o mercado norte-americano deve melhorar especialmente a partir do segundo semestre.

O Brasil já vende carne industrializada para os EUA, mas as indústrias miram sempre o mercado de carne in natura, que é volumoso e bastante lucrativo.

A associação também espera colher efeitos indiretos da recente abertura do mercado dos EUA, que inclui a entrada em países que se guiam pelos padrões norte-americanos.

 
2016 AQUÉM DO ESPERADO

 
O patamar de 1,5 milhão de toneladas previsto para 2017 já foi alcançado em 2013 e 2014, enquanto o volume de 2016 deve repetir o de 2015, de 1,4 milhão de toneladas, ficando bem abaixo da projeção inicial para este ano.

Um ano atrás, a Abiec havia estimado que os embarques de 2016 deveriam crescer 25 por cento, mas os volumes ficaram estáveis devido a dificuldades nas vendas para Egito, Rússia, Irã e Venezuela, países que vivem diferentes crises políticas e econômicas.

Em faturamento, a previsão para 2017 é de 6 bilhões de dólares, ante 5,5 bilhões em 2016 e 5,9 bilhões em 2015.

Para o ano que vem, o dirigente da Abiec assinalou que há indicativos de melhora nos embarques para Rússia e para o Irã, por exemplo.

No caso do Irã, deverá ser uma repercussão ainda relacionada ao fim das sanções ocidentais impostas anteriormente devido ao seu programa nuclear.

A entidade espera que o número de países comprando carne bovina do Brasil cresça em 2017, ante 133 em 2016, devido à perspectiva de abertura de novos mercados.

Coreia do Sul, Taiwan, Indonésia, Canadá, México e Japão são os principais alvos de negociações, porque figuram entre os 20 maiores compradores globais de carne bovina do mundo.

A Abiec estimou que, se todos esses seis mercados prioritários estivessem abertos à carne bovina do Brasil, isso representaria 180 mil toneladas (equivalente carcaça) e 1 bilhão de dólares adicionais por ano em negócios para os frigoríficos brasileiros.

Em alguns casos, como Canadá e México --vizinhos dos Estados Unidos--, o otimismo é maior e uma abertura já poderia ser acertada ainda em 2017.

"México tem um acordo separado (sendo negociado). Para o Canadá, o Brasil está preenchendo um questionário e tem expectativa de visita técnica ainda no primeiro semestre", disse Camardelli. "É a credencial que o norte-mercado americano dá pra gente."

 
JAPÃO

 
O Japão, segundo maior importador mundial de carne bovina, tem as negociações mais complexas para abertura de seu mercado, admitiu a Abiec, que não descarta pedir a abertura de um painel na Organização Mundial do Comércio caso as barreiras não sejam levantadas num futuro próximo.

O embarques para o Japão haviam sido suspensos em 2012 após a detecção de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como "doença da vaca louca" no Brasil.

Há cerca de dez dias o Ministério da Agricultura do Brasil chegou a anunciar que o Japão havia aberto seu mercado para carne bovina processada e in natura do Brasil, mas acabou retratando-se, dizendo que a liberação que está encaminhada é apenas para alguns tipos de carne processada.

Cuidadoso nas palavras e evitando criticar a comunicação do Ministério da Agricultura, Camardelli disse apenas que a liberação da carne processada já era esperada, uma vez que retoma, em linhas gerais, o status anterior a 2012.

"Se sabia que haveria um retorno do que estava antes do achado priônico", disse o presidente da Abiec, referindo-se à descoberta do agente infeccioso quatro anos atrás.

Camardelli disse que as indústrias vão aguardar as negociações em andamento entre autoridades dos dois países, que ganharam fôlego nos últimos meses.

Contudo, o ritmo das tratativas será analisado nos próximos meses. Um pedido de abertura painel de arbitragem na OMC pode ser avaliado, já que o entendimento da associação é de que não há argumentos técnicos para o Brasil não exportar carne in natura ao Japão.

"Não dá pra ficar esperando, se você não tem culpa nenhuma", disse o executivo (Reuters, 12/12/16)

Minoritário questiona Renuka do Brasil


Minoritário questiona Renuka do Brasil
No momento em que se prepara para leiloar uma de suas usinas para quitar parte de sua dívida de R$ 2,3 bilhões, a Renuka do Brasil, em recuperação judicial, passa por um conflito societário que vem se acirrando nos últimos dias.

A sócia minoritária Halpink reclama que a controladora, a indiana Shree Renuka Sugars, a está excluindo das decisões em torno do cumprimento do plano de recuperação judicial. Além disso, há um fogo cruzado a respeito do valor patrimonial da empresa, que pode levar a uma diluição da fatia da minoritária.

Pertencente ao grupo Equipav – que também atua em construção, saneamento, transporte e mineração -, a Halpink tem 40% das ações da Renuka do Brasil e, dessa forma, tem direito a veto no conselho de administração, já que o acordo de acionistas determina que as decisões precisam ser aprovadas por 80% do capital social.

Desde 2012, os dois sócios passaram a ser credores da Renuka do Brasil, seguindo um acordo de reestruturação de dívida feito com bancos. Na época, a Shree Renuka Sugars emprestou R$ 150 milhões para a empresa e a Halpink emprestou R$ 30 milhões. O aporte dos sócios foi uma exigência dos bancos, que fizeram empréstimo equivalente, de R$ 180 milhões.

Essa dívida com os acionistas nunca foi paga, mas o plano de recuperação judicial, aprovado pelos credores em agosto e homologado pela Justiça em setembro, prevê que ambos podem converter esses créditos em participação acionária.

Se os dois sócios resolverem realizar essa conversão, isso implicaria obviamente um aumento de capital da companhia, mas também um aumento da participação do grupo indiano, já que, do valor emprestado pelos acionistas, a Shree Renuka Sugars detém mais de 80% dos créditos. Atualizada para valores correntes, esse aumento de capital, em caso de conversão dos créditos por ambos os acionistas, seria de R$ 250 milhões.

A questão é que, enquanto a Shree Renuka Sugars afirma que o patrimônio líquido da empresa é de R$ 80 milhões – conforme laudo da KPMG -, a Halpink apresenta um laudo da Apsis com a avaliação de um patrimônio líquido de R$ 1,02 bilhão, segundo uma fonte a par do assuto. Ambos os pareceres já coonsideram a venda da Usina Madhu, que será leiloada no próximo dia 19.

Independentemente do laudo considerado correto, a Halpink estaria fadada a ver sua participação de 40% sobre o capital da companhia reduzido se ela e o grupo indiano decidirem converter seus créditos. Mas se o laudo de R$ 1,02 bilhão for válido, essa diluição seria muito menor (ver abaixo).

Mesmo com direito de veto preservado em ambas as situações, a Halpink tem acusado a sócia majoritária de ignorar o acordo de acionistas nas decisões relativas ao cumprimento do plano de recuperação.

Nesta semana, porém, a minoritária sofreu um revés com a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo de dispensar o voto afirmativo da Halpink ‘sempre que sua postura se mostrar contrária ao cumprimento do plano’, conforme decisão do juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais.

A empresa recorreu, mas o tribunal avaliou, em decisão proferida na quarta-feira, que ‘o regime jurídico sobre o qual a recuperanda está inserida possui caráter especial, que se sobrepõe ao acordo de acionistas firmado’.

Ainda assim, a Halpink acusa a controladora de não ter trocado a administração da Usina Madhu, por uma gestão profissional. Conforme previsto no plano, a Renuka do Brasil deveria trocar seu presidente e seu diretor financeiro três meses após a assembleia de credores (ocorrida em 25 de agosto) ou três dias após a homologação (em 26 de setembro).

Até o momento, houve apenas troca do presidente da empresa. O cargo é ocupado desde outubro por Manoel Bertone. De acordo com o executivo, ele responde por toda a Renuka do Brasil, o que inclui a usina em questão. Bertone substituiu Vijendra Singh, da Shree Renuka Sugar. A companhia ainda estaria procurando um executivo para ocupar o cargo de diretor financeiro.

 
Trocando em miúdos

 
Se for considerado o laudo de avaliação patrimonial elaborado pela KPMG a pedido da sócia majoritária, a Shree Renuka Sugars, que calcula o patrimônio líquido da Renuka do Brasil em R$ 80 milhões, uma eventual conversão de créditos em participação acionária por parte dos dois sócios elevaria o patrimônio da sucroalcooleira para R$ 330 milhões. 

Levando-se em conta que a Shree Renuka Sugars detém uma participação de 60% sobre o capital atual e de 83% sobre os créditos dos acionistas (de R$ 250 milhões), essa conversão faria com que ela passasse a deter uma participação de 78% sobre a Renuka do Brasil.

Dessa forma, a Halpink veria sua participação cair de 40% para 22%. No entanto, caso seja considerado o laudo apresentado pela sócia brasileira elaborado pela consultoria Apsis, que avalia o patrimônio líquido da Renuka do Brasil em R$ 1,02 bilhão, uma conversão dos créditos elevaria esse valor para R$ 1,27 bilhão.

Nessa situação, a participação do grupo indiano passaria a ser de 64%, enquanto a da Halpink ficaria em 36%. A Halpink já foi dona das duas usinas sucroalcooleiras hoje administradas pela Renuka do Brasil.

Em 2010, a brasileira vendeu o controle acionário das duas plantas para o grupo indiano em um negócio avliado em R$ 600 milhões. Na época, a Shree Renuka Sugars passou a deter pouco mais de 50% de participação.

Esse número subiu em 2012, quando a companhia brasileira vendeu mais uma fatia de sua participação à sócia indiana, ficando com quase 40% das ações.

 
TJ-SP nega suspensão de leilão da Madhu.


O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou na sexta-feira um pedido do BNDES para suspender o leilão judicial da Usina Madhu, pertecente à Renuka do Brasil, que está em recuperação judicial. O leilão da usina está marcado para o dia 19 (Assessoria de Comunicação, 12/12/16)