Cofundador e presidente do Snapchat, Evan
Spiegel em entrevista no TechCruch Disrupt SF 2013 em San Francisco
(Steve Jennings/Getty Images)
São Paulo – Quando o Snapchat começou a ganhar
popularidade, muitos se perguntaram qual era o propósito de uma rede
social na qual as fotos e textos desapareciam em segundos.
No entanto, o app ganhou o gosto de jovens e adolescentes,
cansados das redes sociais convencionais. Isso porque os fundadores
também eram bastante jovens. Evan Spiegel tinha apenas 22 anos quando
criou a rede social, enquanto ainda era um estudante universitário.
Historicamente, fotografias são usadas para registrar e
guardar grandes momentos da vida. O Snapchat, com fotos que se
autodestroem em poucos segundos, quebra com conceito, explica Spiegel em
um
vídeo.
“No Snapchat, usamos as fotos para conversar”, diz ele. “É uma
expressão instantânea de onde estou e do que estou sentido”, explica.
Evan Spiegel é o bilionário mais novo a construir sua própria fortuna. Com 26 anos, ele tem US$ 2,1 bilhões, de acordo com a
Forbes.
Ao contrário de outros bilionários de tecnologia mais
discretos, Spiegel é conhecido por aproveitar sua riqueza. Dono de uma
mansão de US$ 12 milhões em Los Angeles onde mora com sua noiva, a
supermodelo Miranda Kerr, ele se presenteou com uma Ferrari depois de
uma rodada de investimentos bem-sucedida na startup.
Infância e juventude
Assim como muitos bilionários no mercado de tecnologia,
Spiegel foi uma criança tímida e com poucos amigos. Construiu seu
primeiro computador quando ainda era pré-adolescente e passava os fins
de semana nos laboratórios da escola. “Meu melhor amigo era o professor
de computação, Dan”, disse ele em
entrevista a Forbes.
Ele veio de uma família de classe alta na Califórnia. Sua
mãe, Melissa, estudou direito em Harvard e seu pai, formado em Yale,
atuou como advogado para grandes nomes, como Sergey Bin, do Google, e a
Warner Bross. Com o divórcio dos pais, se mudou para a casa do pai, de
onde saiu apenas para fazer faculdade e para morar com sua noiva.
Ele começou a estudar design de produtos em Stanford em
2010, onde conheceu Bobby Murphy, que estudava matemática e ciências da
computação. Ele seria seu futuro sócio no Snapchat, criado em 2011 como
um projeto para uma aula. Reggie Brown também foi um dos fundadores, mas
deixou a companhia.
E, da mesma forma como outros empreendedores, Spiegel deixou a faculdade em 2012 para se dedicar exclusivamente ao Snapchat.
Zuckerberg vs. Spiegel
Pela pouca idade e por também ter abandonado a universidade
para criar uma rede social, Evan Spiegel é comparado com Mark
Zuckerberg, fundador e presidente do Facebook.
Zuckerberg também achou que os dois eram bastante
semelhantes, tanto que enviou pessoalmente um e-mail a Spiegel,
demonstrando interesse em conhecê-lo. Spiegel, no alto de seus 22 anos,
respondeu: adoraria encontrá-lo, se você vier até mim.
O primeiro encontro ocorreu quando a startup ainda era uma
recém-nascida, em 2013. Zuckerberg mostrou um novo produto que a rede
social iria lançar, o Poke, que compartilhava imagens efêmeras.
“Era basicamente como se ele dissesse ‘nós vamos massacrar vocês'”, disse Spiegel em
entrevista a Forbes.
Mas ele não cedeu. Assim que retornaram ao escritório,
Spiegel e o cofundador Bobby Murphy encomendaram um livro para todos os
seis funcionários da empresa. Era “A Arte da Guerra” de Sun Tzu.
Logo em seguida, o presidente do Facebook
fez uma oferta para comprar o Snapchat por US$ 3 bilhões. Spiegel disse não.
Hoje, a companhia tem mais de 1.000 funcionários em três
continentes, valor de mercado de US$ 25 bilhões e está preparando uma
oferta pública de ações para o primeiro trimestre de 2017.
No entanto, Zuckerberg ainda não desistiu da briga. O
Instagram, rede social que foi comprada pelo Facebook, lançou o Stories
em agosto do ano passado, uma aplicação muito semelhante ao Snapchat.
Na Califórnia, de óculos escuros
Spiegel começou a namorar a super modelo Miranda Kerr em 2015 e logo ficaram noivos.
Na primeira viagem do casal – para Big Sur, região na
Califórnia, Estados Unidos – ele começou a testar um novo produto, que
foi a primeira investida da companhia em hardware.
Ele filmou todo o trajeto de sua caminhada nas montanhas,
mas não com a câmera do seu smartphone. Ele usou óculos escuros, que
receberam duas pequenas câmeras e conexão com o smartphone.
O aparelho grava vídeos de 10 segundos em primeira pessoa e
os vídeos são circulares, mais semelhantes ao olho humano, diz Spiegel.
“Estávamos andando por entre as matas, pisando em galhos e
troncos, olhando as árvores maravilhosas. Quando vi as filmagens mais
tarde, eu podia visualizar minha própria memória. Era inacreditável. Uma
coisa é ver as imagens de uma experiência que você teve, mas outra é
ter a experiência da própria experiência. Foi o mais perto que já
cheguei de me sentir como se estivesse lá, de novo”, disse na
ocasião da inauguração do produto.
Ao mesmo tempo em que lançou os Spectacles, companhia
mudou o seu nome para apenas Snap Inc., para sinalizar que é maior do que o aplicativo Snapchat. O aparelho começou a ser vendido em novembro por US$ 129.