segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

FMI reduz projeção de crescimento do Brasil a 0,2% em 2017

 

Cenário de praticamente estagnação neste ano ocorrerá, segundo a entidade, devido ao desempenho pior que o esperado em 2016


São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para apenas 0,2 por cento em 2017, sobre a expansão de 0,5 por cento prevista em outubro, segundo relatório divulgado neste segunda-feira.

O cenário de praticamente estagnação neste ano vem, segundo o FMI, devido ao desempenho pior que o esperado em 2016. Para 2018, o fundo manteve a projeção de avanço da economia brasileira em 1,5 por cento.

O desempenho do Brasil, que há dois anos passa por recessão, deste ano está abaixo do previsto para a América Latina e Caribe como um todo, cuja previsão é de avanço de 1,2 por cento. A projeção de outubro do ano passado era de alta de 1,6 por cento.

Em 2018, a região deve avançar 2,1 por cento, ante 2,2 projetado anteriormente.

Segundo o FMI, a piora na expectativa de crescimento na América Latina “reflete, em certa medida, expectativa de recuperação mais fraca no curto prazo da Argentina e do Brasil, após desempenhos de crescimento mais baixos do que esperados no segundo semestre de 2016”.

O FMI também cita condições financeiras mais apertadas dos Estados Unidos, incerteza com relação ao México e a deterioração contínua na Venezuela como fatores de piora para a região.

A previsão do FMI para a economia brasileira é mais pessimista do que mostra o relatório Focus, do Banco Central. Nele, os analistas consultados esperam avanço para o PIB de 0,5 por cento em 2017 e de 2,2 por cento em 2018.

No caso do México, o Fundo estima avanço do PIB de 1,7 por cento em 2017 e de 2,0 por cento em 2018. Para os dois anos, houve uma redução na projeção de 0,6 ponto percentual.

A economia mexicana deve ser fortemente afetada pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que já mostrou que quer revisar acordos comerciais e construir um muro na fronteira entre os dois países.

O FMI também manteve suas previsões de crescimento global em relação a outubro, a 3,4 por cento para 2017 e 3,6 por cento para 2018, acima dos 3,1 por cento em 2016, o ano mais fraco desde a crise financeira de 2008 e 2009.
 

Frankfurt deve tirar de Londres posto de capital financeira


Segundo pesquisa, o grande impulso para a mudança será a fusão entre a Deutsche Börse AG (DB), a bolsa alemã, e a Bolsa de Londres






São Paulo — Desde que o Reino Unido votou por deixar a União Europeia, em junho do ano passado, vários especialistas tentam prever o que acontecerá com a economia local. Uma forte aposta é a de que Londres perderá, rapidamente, o posto de capital financeira da Europa.

Uma pesquisa publicada na Alemanha afirma que o cobiçado título já tem um destino certo: a cidade de Frankfurt. O grande impulso para a mudança, diz o estudo assinado pelo professor Dirk Schiereck da Technische Universität Darmstadt, será a fusão entre a Deutsche Börse AG (DB), a bolsa alemã e a Bolsa de Londres, a London Stock Exchange Group (LSE).

A junção das bolsas, anunciada em março de 2016, ainda depende do aval dos órgãos reguladores europeus. Caso a operação saia do papel, diz o estudo, Frankfurt terá condições de “roubar” algumas operações, como a de derivativos, atualmente realizadas na bolsa londrina.

“Deutsche Börse tem a oportunidade de ganhar uma importante participação nas áreas de negociação de juros se os participantes do mercado tiverem acesso sem restrições à plataformas comerciais superiores”, diz Schiereck.

 

Passaporte


Além da fusão dos mercados, outro fator que deve influenciar no esvaziamento do centro financeiro de Londres é a perda do “passaporte da União Europeia”.  O tal passaporte permite que bancos baseados na capital britânica operem livremente no mercado de capitais do bloco, apesar de terem a maior parte de seu pessoal e operações baseados fora da zona do euro. Com o Brexit, há uma boa chance deste benefício acabar.

Se isso ocorrer, muitos dos grandes bancos irão migrar parte de suas operações para outros países da União Europeia. Um exemplo é o HSBC que, na última semana, informou que cerca de 1000 postos de trabalho serão transferidos de Londres.

O jogo, no entanto, não está ganho para Frankfurt. Outras cidades como Paris também estão no páreo para ocupar o posto de capital financeira. De acordo com o site Business Insider, lobistas franceses realizaram, nos últimos meses, diversas viagens a Londres para se reunirem com líderes empresariais e participantes do mercado. A briga será de gigantes.


A glamurosa vida do criador do Snapchat, Evan Spiegel


Evan Spiegel é o bilionário mais novo a construir sua própria fortuna. Com 26 anos, ele tem US$ 2,1 bilhões




São Paulo – Quando o Snapchat começou a ganhar popularidade, muitos se perguntaram qual era o propósito de uma rede social na qual as fotos e textos desapareciam em segundos.

No entanto, o app ganhou o gosto de jovens e adolescentes, cansados das redes sociais convencionais. Isso porque os fundadores também eram bastante jovens. Evan Spiegel tinha apenas 22 anos quando criou a rede social, enquanto ainda era um estudante universitário.

Historicamente, fotografias são usadas para registrar e guardar grandes momentos da vida. O Snapchat, com fotos que se autodestroem em poucos segundos, quebra com conceito, explica Spiegel em um vídeo. “No Snapchat, usamos as fotos para conversar”, diz ele. “É uma expressão instantânea de onde estou e do que estou sentido”, explica.

Evan Spiegel é o bilionário mais novo a construir sua própria fortuna. Com 26 anos, ele tem US$ 2,1 bilhões, de acordo com a Forbes.

Ao contrário de outros bilionários de tecnologia mais discretos, Spiegel é conhecido por aproveitar sua riqueza. Dono de uma mansão de US$ 12 milhões em Los Angeles onde mora com sua noiva, a supermodelo Miranda Kerr, ele se presenteou com uma Ferrari depois de uma rodada de investimentos bem-sucedida na startup.

Infância e juventude

 

Assim como muitos bilionários no mercado de tecnologia, Spiegel foi uma criança tímida e com poucos amigos. Construiu seu primeiro computador quando ainda era pré-adolescente e passava os fins de semana nos laboratórios da escola. “Meu melhor amigo era o professor de computação, Dan”, disse ele em entrevista a Forbes.

Ele veio de uma família de classe alta na Califórnia. Sua mãe, Melissa, estudou direito em Harvard e seu pai, formado em Yale, atuou como advogado para grandes nomes, como Sergey Bin, do Google, e a Warner Bross. Com o divórcio dos pais, se mudou para a casa do pai, de onde saiu apenas para fazer faculdade e para morar com sua noiva.

Ele começou a estudar design de produtos em Stanford em 2010, onde conheceu Bobby Murphy, que estudava matemática e ciências da computação. Ele seria seu futuro sócio no Snapchat, criado em 2011 como um projeto para uma aula. Reggie Brown também foi um dos fundadores, mas deixou a companhia.

E, da mesma forma como outros empreendedores, Spiegel deixou a faculdade em 2012 para se dedicar exclusivamente ao Snapchat.

Zuckerberg vs. Spiegel

 

Pela pouca idade e por também ter abandonado a universidade para criar uma rede social, Evan Spiegel é comparado com Mark Zuckerberg, fundador e presidente do Facebook.

Zuckerberg também achou que os dois eram bastante semelhantes, tanto que enviou pessoalmente um e-mail a Spiegel, demonstrando interesse em conhecê-lo. Spiegel, no alto de seus 22 anos, respondeu: adoraria encontrá-lo, se você vier até mim.

O primeiro encontro ocorreu quando a startup ainda era uma recém-nascida, em 2013. Zuckerberg mostrou um novo produto que a rede social iria lançar, o Poke, que compartilhava imagens efêmeras.
“Era basicamente como se ele dissesse ‘nós vamos massacrar vocês'”, disse Spiegel em entrevista a Forbes.

Mas ele não cedeu. Assim que retornaram ao escritório, Spiegel e o cofundador Bobby Murphy encomendaram um livro para todos os seis funcionários da empresa. Era “A Arte da Guerra” de Sun Tzu.

Logo em seguida, o presidente do Facebook fez uma oferta para comprar o Snapchat por US$ 3 bilhões. Spiegel disse não.

Hoje, a companhia tem mais de 1.000 funcionários em três continentes, valor de mercado de US$ 25 bilhões e está preparando uma oferta pública de ações para o primeiro trimestre de 2017.

No entanto, Zuckerberg ainda não desistiu da briga. O Instagram, rede social que foi comprada pelo Facebook, lançou o Stories em agosto do ano passado, uma aplicação muito semelhante ao Snapchat.
Poucos meses depois, veio o contra-ataque do Snapchat, o seu primeiro produto físico.


Na Califórnia, de óculos escuros


Spiegel começou a namorar a super modelo Miranda Kerr em 2015 e logo ficaram noivos.

Na primeira viagem do casal – para Big Sur, região na Califórnia, Estados Unidos – ele começou a testar um novo produto, que foi a primeira investida da companhia em hardware.

Ele filmou todo o trajeto de sua caminhada nas montanhas, mas não com a câmera do seu smartphone. Ele usou óculos escuros, que receberam duas pequenas câmeras e conexão com o smartphone.

O aparelho grava vídeos de 10 segundos em primeira pessoa e os vídeos são circulares, mais semelhantes ao olho humano, diz Spiegel.

“Estávamos andando por entre as matas, pisando em galhos e troncos, olhando as árvores maravilhosas. Quando vi as filmagens mais tarde, eu podia visualizar minha própria memória. Era inacreditável. Uma coisa é ver as imagens de uma experiência que você teve, mas outra é ter a experiência da própria experiência. Foi o mais perto que já cheguei de me sentir como se estivesse lá, de novo”, disse na ocasião da inauguração do produto.

Ao mesmo tempo em que lançou os Spectacles, companhia mudou o seu nome para apenas Snap Inc., para sinalizar que é maior do que o aplicativo Snapchat. O aparelho começou a ser vendido em novembro por US$ 129.


Em reino de antipolítica, quem faz marketing vira rei


Com o sucesso de candidatos que se venderam como "não políticos" nas eleições, o segredo para o sucesso agora é fazer muito marketing




São Paulo – A dedicação em cumprir uma agenda popular e performática tem marcado o início de diversas administrações municipais.

Com o óbvio desgaste da figura do político tradicional, e o sucesso eleitoral de quem se apresentou ao eleitor como “não político”, os novos prefeitos estão tentando mostrar que também “trabalham de verdade”, “acordam cedo”, “põem a mão na massa”, “arregaçam as mangas” e “são gente como a gente”.

Não à toa, em São Paulo, João Doria (PSDB) estreou como prefeito vestido de gari e cimentando uma calçada; enquanto no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) deixava-se fotografar em plena doação de sangue e durante uma roda de capoeira.

Os mandatários de Belo Horizonte e Curitiba também não ficaram atrás: Alexandre Kalil (PHS) virou notícia por “almoçar de marmitex”; e Rafael Greca (PMN) destacou-se por usar o transporte público para comparecer à própria diplomação.

Em cidades menores, o fenômeno é ainda mais comum. Além das varrições públicas, prefeitos capinam um lote, desentopem bueiros, dirigem empilhadeiras e etc. e tal.

“Os prefeitos estão buscando uma legitimidade típica de começo de mandato. Trata-se, claro, de uma legitimidade simbólica – que no universo político é muito importante. Ao se vestir de gari, por exemplo, o político quer passar a mensagem de que vai trabalhar duro pela cidade”, comenta o cientista político Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Para ele, o marketing por trás desse tipo de ação não é um “mal em si”. “A questão é que isso não pode se tornar o fator principal dentro de uma administração. Não é se vestir de trabalhador que vai transformar alguém em um bom prefeito.”

Fora dos grandes centros, quem tem personificado com entusiasmo a persona do “prefeito mão na massa” é Marcelo Pecchio (PSD).

Como chefe do Executivo da cidade de Quatá, no interior paulista, ele tem feito ações diárias de limpeza, corte de grama e promovido longas caminhadas para ouvir o que a população tem a dizer.

“O funcionalismo público não é muito bem-visto pela população. Então, eu vou para a rua com a intenção de dar o exemplo. Eu quero varrer, cortar grama, tapar buracos… E faço isso para que outros funcionários da Prefeitura façam como eu.”

Para o especialista em marketing político, Carlos Manhanelli, posturas como a de Pecchio e de muitos outros prefeitos servem para reafirmar “o que eles eram quando estavam em campanha”.

Ou, como ressalta o também especialista em marketing Marco Íten, o tempo entre a eleição e a posse é muito grande. “Então, esses primeiros dias servem para ‘refrescar a cabeça do eleitor’ sobre em quem ele depositou sua confiança.”

O prefeito de Volta Redonda (RJ), Samuca (PV), foi um que não mudou o comportamento mesmo depois de eleito.

“Sou a favor do olho no olho. Nos primeiros dias do meu mandato, fui trabalhar de ônibus e também fiz o percurso de casa até à prefeitura à pé. Eu entro pela porta da frente da prefeitura. O ex-prefeito entrava pela porta dos fundos.”

De acordo com Emmanuel Publio Dias, professor de marketing político da ESPM, o tal “olho no olho” propagandeado pelo prefeito de Volta Redonda tem uma explicação: “Os costumes políticos estão mudando. Antigamente existia o que se chamava de liturgia do cargo. O político se comunicava com um grupo muito pequeno. Hoje, a liturgia foi substituída pelo contato com o público. É marketing.” 
 

Tempos de crise


Para além de qualquer simbolismo, as ações populares de início de mandato também podem esconder um motivo bastante concreto: falta de dinheiro.

O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (PMDB), é quem revela: “Uma cidade não vive só de grandes obras. Em um momento de crise, a gente tem o dever de cuidar e limpar a cidade. São ações que custam pouco, mas causam grande impacto na vida das pessoas”, disse Araújo, que está promovendo o chamado “faxinão” em Rio Preto.

Assim, com problemas de caixa, prefeitos do Brasil inteiro tem apostado em ações baratas e de repercussão. “Não há dinheiro para resolver problemas estruturais ou complexos… Então, cuida-se de problemas mais pontuais”, diz o cientista político da FGV, Fernando Abrucio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Notícias sobre

Essilor e Luxottica se fundem para criar empresa de US$ 49 bi


Por volta das 8h15 (de Brasília), as ações da Essilor saltavam 13,8% na Bolsa de Paris, enquanto as da Luxottica avançavam 8,6% em Milão




Paris – A empresa francesa de lentes ópticas Essilor International e a fabricante de armações de óculos italiana Luxottica anunciaram hoje um acordo de fusão, que dará origem a um gigante do setor com valor de mercado estimado em 46,3 bilhões de euros (US$ 49,16 bilhões).

A holding italiana Delfin, principal acionista da Luxottica e também maior investidor na futura empresa – irá trocar suas ações na fabricante italiana das marcas Ray-Ban e Oakley por novos papéis a serem emitidos da companhia francesa.

A Delfin, que é controlada pelo fundador e presidente do conselho de administração da Luxottica, Leonardo Del Vecchio, entregará sua fatia de 62% na Luxottica em troca de uma participação de 38% na futura companhia, que se chamará EssilorLuxottica.

No fim da operação, a Delfin ficará com 31% da nova empresa, cuja sede será nos escritórios da Essilor em Charenton, nos arredores de Paris.

Se a fusão for confirmada, a EssilorLuxottica terá receita anual combinada de 15 bilhões de euros e Ebitda de 3,5 bilhões de euros. Espera-se que a aliança gere sinergias de 400 milhões de euros a 600 milhões de euros.

Por volta das 8h15 (de Brasília), as ações da Essilor saltavam 13,8% na Bolsa de Paris, enquanto as da Luxottica avançavam 8,6% em Milão.

Fonte: Dow Jones Newswires.

Anvisa registra primeiro remédio à base de maconha no Brasil


Medicamento é usado no tratamento de sintomas relacionados à esclerose múltipla, mas é contraindicado para usuários de maconha




São Paulo – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou nesta segunda-feira o primeiro medicamento à base de Cannabis sativa, a planta que dá origem à maconha, no Brasil.

O medicamento específico Mevatyl (tetraidrocanabinol (THC), 27 mg/mL + canabidiol (CBD), 25 mg/mL) será fabricado pela GW Pharma Limited – Reino Unido e distribuído no Brasil pela Beaufour Ipsen Farmacêutica Ltda na forma de spray.

O produto é indicado para o tratamento da “espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla”, mas é contraindicado para gestantes, idosos, portadores de epilepsia ou usuários de maconha.

Segundo a nota técnica do registro, a eficácia do medicamento foi testada em estudos clínicos com mais de 1,5 mil pacientes.  O remédio foi aprovado em outros 28 países, onde tem o nome comercial de Saltivex.

No Brasil, o Mevatyl será comercializado com uma tarja preta e sua compra será condicionada à prescrição médica.


Segundo a norma, laboratórios podem pedir o registro de derivados em concentração de, no máximo, 30 mg de THC por mililitro e 30 mg de canabidiol por mililitro. Os produtos com concentração maior do que a estabelecida continuam proibidos no país.

A liberação do uso do canabidiol no Brasil foi determinada pela Anvisa em 2015, depois de uma movimentação feita por familiares de pacientes, sobretudo crianças que apresentavam crises repetidas de convulsão.

Em novembro passado, a agência determinou que pedidos novos de importação de produtos de canabidiol sejam analisados de forma prioritária, desde que apresentados todos os documentos necessários previstos no processo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Projetos para bioeletricidade da cana-de-açúcar têm queda este ano







O setor sucroalcooleiro elevará neste ano sua capacidade de cogeração de energia elétrica, mas a um ritmo menor do que no passado, refletindo a falta de leilões direcionados para atrair o segmento nos últimos anos, segundo representantes do setor.

Para este ano, está prevista a entrada em operação de oito unidades de cogeração de energia a partir de biomassa, acrescentando ao Sistema Interligado Nacional (SIN) 450 megawatt (MW), segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). No ano passado, 25 projetos de biomassa começaram a operar e acrescentaram à capacidade instalada 1,2 gigawatt (GW) – quase três vezes mais do que deve ser adicionado neste ano. Segundo a CCEE, a maior parte dos projetos nos dois anos são de biomassa a partir de cana.

Rui Altieri, presidente do conselho da CCEE, afirma que é comum ocorrerem oscilações entre um ano e outro e que não houve leilões recentemente prevendo início de entrega de energia neste ano. Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), afirma, contudo, que a falta de leilões para estimular a geração a partir de biomassa tem sido estrutural nos últimos anos.

No ano passado, seis projetos de cogeração a partir de biomassa venceram em leilão (todos no leilão A-5, ocorrido em abril), dos quais quatro a partir do bagaço da cana. Foi mais do que em 2015 – quando três projetos foram vencedores -, mas aquém do que o setor já conseguiu no passado, como em 2008, quando 31 projetos venceram leilões.

"Para quem já vendeu mais de 30 projetos e construiu uma cadeia para isso, realmente tem sido um sinal errático ruim", avalia Souza, da Unica. Depois de 2008, o ano em que houve mais projetos de cogeração a partir de biomassa que venceram leilões foi em 2011, com 12 projetos.

Além disso, o cancelamento de dois leilões de energia no ano passado por causa da situação de sobrecontratação das distribuidoras, embora fossem direcionados a outras fontes, também gerou incertezas no setor sucroalcooleiro. "O que se avizinha é preocupação se vai ter leilão em 2017 para viabilizar novos investimentos. E, se tiver, temos preocupação se a biomassa vai ser convidada a participar", acrescenta o gerente da Unica.

A contratação de projetos no ambiente regulado costuma ser a forma mais segura de incentivar aportes em cogeração, embora o mercado livre tenha crescido em importância para o segmento.

A migração de muitos consumidores de energia do ambiente regulado ao mercado livre, que disparou no ano passado, tem sustentado a demanda pela energia gerada pelas usinas sucroalcooleiras, segundo Altieri, já que as energias incentivadas (limpas) têm desconto.

Segundo a CCEE, a quantidade de consumidores que migrou para o mercado livre em 2016 mais do que duplicou, alcançando 4.062 no fim do ano, dos quais 3.250 foram de consumidores especiais, que obrigatoriamente tem de comprar energia limpa. Há ainda 1.121 processos em aberto de migração e que podem se concretizar neste ano, sendo 1.044 de consumidores especiais.

O mercado livre já representa a maior parte do destino da energia cogerada nas usinas. Segundo dado da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), 64% da energia cogerada a partir de biomassas como um todo são negociadas no mercado livre.

Para que essa nova demanda ofereça segurança para as usinas investirem em cogeração, Souza defende o fortalecimento de contratos de longo prazo no mercado livre. Afinal, intempéries climáticas que afetam a safra e alterações no consumo geram volatilidade na remuneração da energia.
A atual safra elevada de cana garantiu às usinas uma geração de 21,4 mil gigawatts-hora (GWh) até 26 de dezembro, superando o total de 2015.

Para este ano, o aumento da capacidade instalada nas usinas deve favorecer um novo avanço na cogeração a partir da bagaço de cana, mas a entrega dependerá do clima e da safra, que segundo as previsões do mercado será menor do que a atual 

(Assessoria de Comunicação, 10/1/17)