terça-feira, 8 de agosto de 2017

Temer pede suspeição de Janot ao STF


 

A defesa do presidente afirma que a atuação do chefe da PGR em casos que envolvem Temer extrapola os limites constitucionais

 





São Paulo – A defesa do presidente Michel Temer entrou nesta terça-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, das investigações que envolvem o presidente. O pedido foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A defesa alega que a atuação de Janot nos casos relacionados com o presidente da República extrapolam os limites constitucionais. Se o pedido for aceito pelo STF, o atual chefe da Procuradoria-Geral da República fica impedido de atuar em casos que envolvam Temer.

Rodrigo Janot é o autor da denúncia que acusa o presidente da República de corrupção passiva e que foi suspensa em votação da Câmara dos Deputados na última quarta-feira. A expectativa é de que o procurador-geral da República apresente nas próximas semanas uma nova denúncia contra Michel Temer. Vale lembrar que ele deixa o cargo no próximo dia 17 de setembro.

“Não estamos, evidentemente, diante de mera atuação institucional”, afirma o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, advogado de  Temer, em 23 páginas endereçadas ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato e do caso JBS no STF.

No caso JBS, Janot denunciou Temer por corrupção passiva – a denúncia foi barrada na Câmara. O procurador atribui ao presidente o papel de chefe de organização criminosa. Temer pede o impedimento de Janot.

“Todas as razões já explanadas demonstram que a atuação do sr. procurador extrapola a normal conduta de um membro do Ministério Público. Restou nítido o seu inusitado e incomum interesse na acusação contra o presidente e na sua condenação em eventual ação penal (artigo 145, IV, e 148, I, do Código de Processo Civil).”

“Por todo o exposto, nos termos do artigo 104 do Código de Processo Penal, argui-se a suspeição do dr. Rodrigo Janot Monteiro de Barros, para que, depois de ouvido, esteja impedido de atuar no presente procedimento, devendo ser substituído, extraordinariamente, pelo seu substituto legal, isento e insuspeito.”

A defesa de Temer afirma que Janot mantém um “obstinado empenho no encontro de elementos incriminadores do presidente, claramente excessivo e fora dos padrões adequados e normais, bem como as suas declarações alegóricas e inadequadas, mostram o seu comprometimento com a responsabilização penal do presidente”.

Mariz invoca o artigo 254 do Código de Processo Penal, que fala da “inimizade”. “A utilização, em escritos, pronunciamentos e entrevistas de uma retórica ficcional, afastada de concretos elementos de convicção mostram, juntamente com os fatos e as circunstâncias mencionados na presente exceção, que o senhor procurador-geral da República nutre um sentimento adverso ao presidente da República, como aquele que caracteriza uma evidente inimizade.”

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada na última segunda-feira, Janot afirma que “colaborações em curso que podem” auxiliar em outras investigações contra Temer. 

À reportagem, Mariz fez referência a uma declaração polêmica de Janot que, indagado sobre o que vai fazer até o fim de seu mandato (15 de setembro), respondeu. “Enquanto tiver bambu vai ter flecha.”

“São questões pertinentes, basicamente, à conduta dele, que tem sido uma conduta que extrapola limites das funções de um procurador. O empenho dele em acusar o presidente a ponto de dar inúmeras entrevistas, usando expressões inapropriadas como foi a do bambu, demonstram esse ardor acusatório (de Janot). Inclusive o protagonismo, o número excessivo de entrevistas, o número excessivo de palestras, aparições públicas, não está bem de acordo com a postura comedida, com a postura discreta que se espera de um representante do Ministério Público Federal.”

Questionada por EXAME.com, a Procuradoria-Geral da República ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Santander compra empresa de recuperação crédito, diz Rial


As consequências da pior recessão da história do Brasil têm atraído um número crescente de companhias ao mercado de empréstimos inadimplentes 

 




São Paulo – O Banco Santander Brasil comprou uma empresa de recuperação de crédito para ampliar receitas diante do cenário de queda dos juros básicos no País, disse seu presidente.

“Os bancos precisam repensar o seu modelo de negócio”, disse Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, em ampla entrevista concedida na semana passada na sede do banco em São Paulo, na qual ele discutiu a aquisição da Ipanema Credit Management, concluída em julho. “O Santander está agregando experiência, tecnologia, a uma área na qual já foi pioneiro.”

As consequências da pior recessão da história do Brasil têm atraído um número crescente de companhias ao mercado de empréstimos inadimplentes e outros ativos problemáticos.

No ano passado, o Itaú Unibanco adquiriu a Recovery do Brasil, maior empresa de gestão de créditos inadimplentes da América Latina.

A Lone Star Funds, com sede em Dallas, nos EUA, está comprando a Apoema Capital Partners, uma firma brasileira que administra cerca de R$ 4,5 bilhões (US$ 1,4 bilhão) em ativos inadimplentes, informou uma pessoa com conhecimento do assunto em abril.

As perspectivas de recuperação do crédito inadimplente melhoraram com a economia do País, que se expandiu no primeiro trimestre após dois anos consecutivos de contração.

“O chão parou de cair”, disse Rial, que normalmente deixa de lado o estereótipo conservador dos banqueiros brasileiros evitando gravatas e preferindo um estilo “business-casual”.

“A inflação mais baixa representa um aumento real da renda das famílias e as reduções da taxa de juros ajudam a estimular a economia”, disse ele, que também elogiou a “responsabilidade fiscal” do governo. Com a aproximação das eleições do ano que vem “é muito importante um processo de continuidade”, disse ele.

 

Vendas de empréstimos


O presidente preferiu não comentar sobre o preço que o Santander Brasil pagou por 70 por cento da Ipanema, que tem sede em São Paulo e conta com cerca de 30 funcionários.

A compra não significa que o Santander Brasil, um dos pioneiros da venda de carteiras de crédito inadimplentes ao mercado, sairá desse negócio, disse Rial. A empresa recentemente vendeu R$ 1,3 bilhão em empréstimos com pagamentos em atraso a investidores brasileiros, disseram pessoas com conhecimento do assunto em maio.

A compra da Ipanema se encaixa na estratégia de Rial de fazer o banco avançar à máxima velocidade, por vezes repassada aos funcionários de forma inusitada. Na reunião de fim de ano da empresa em 2015, o presidente subiu ao palco vestido dos pés à cabeça com o icônico macacão vermelho e branco de um piloto de Fórmula 1 da Ferrari e disse: “Acelera, Santander”.

Rial, que recomenda que todos os funcionários leiam um livro chamado “Organizações Exponenciais: Porque elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito)”, não desacelerou muito com a recessão no Brasil e o subsequente aumento da taxa de inadimplência dos clientes.

A margem de juros e o lucro do banco, que respondeu por 26 por cento dos ganhos de sua matriz espanhola no primeiro semestre do ano, subiram em todos os trimestres desde que Rial assumiu a presidência, em janeiro de 2016.

“Eu acredito que navegar na crise pode ser uma ótima oportunidade, como dizem os chineses”, disse ele.


http://exame.abril.com.br/negocios/santander-compra-empresa-de-recuperacao-credito-diz-rial/

Compra da Eldorado por rival será positiva, diz Rabello de Castro









São Paulo – A possível aquisição da Eldorado Brasil pelas rivais Fibria ou Suzano é algo positivo por envolver duas campeãs nacionais, afirmou nesta segunda-feira o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro.

“Vejo de forma positiva. Estamos confortáveis com o fato de estarmos diante de duas campeãs nacionais. Não podemos deter isso, quanto mais campeãs, melhor”, destacou o presidente do BNDES no intervalo do 16° Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo.

Rabello de Castro também disse que tem preferência por uma “solução nacional” em relação à Eldorado Brasil, referindo-se à possibilidade de aquisição da empresa da holding J&F pela chilena Arauco.

“Nós estamos muito satisfeitos que seja uma solução nacional, preferivelmente, embora nossos irmãos chilenos tenham portas abertas”, afirmou. O BNDES é atualmente sócio da Fibria, com participação de cerca de 30 por cento.

JBS


O presidente do BNDES deu a entender ainda que a saída de Wesley Batista da presidência da JBS, controlada também pela J&F, seria positivo.

“Foi um jogador que fez gols, mas não quer dizer que o técnico vai escalá-lo no próximo jogo”, disse Castro. “Acho que um bom jogador precisa, no mínimo, mudar de posição”, comentou.

A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da JBS para tratar de mudanças no comando da empresa será em 1° de setembro e para o presidente do BNDES a deliberação sobre a saída do executivo não será imediata.

“O que temos de fazer, com um pouco de gradualismo, é dar a chance para que essa empresa tenha um espaço financeiro para que não cause mais aperto ao setor pecuário brasileiro, para que os preços (do boi gordo) comecem a se recuperar na entressafra e a empresa volte a comprar”, destacou.

Para Castro, o importante é a “absoluta profissionalização da gestão” da JBS.



 


TJ-BA permite que alvará seja expedido já em nome de advogado







Se houver permissão em procuração, o advogado pode pedir a expedição de alvará judicial em seu nome e sacá-lo no lugar do seu cliente. A regra vale mesmo se existir indício de fraude na operação, pois o Judiciário não deve verificar a legalidade de um contrato privado sem ter sido provocado para tal.

Esse foi o entendimento, por maioria, do Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia em Mando de Segurança apresentado por um advogado contra decisão de uma juíza assessora do Núcleo de Precatórios da corte que o impediu de ter um alvará judicial emitido em seu nome para sacar o precatório de um cliente. O relator do caso, desembargador Mário Augusto Albiani Alves Junior, votou pelo indeferimento do MS, mas ficou vencido.

O acórdão foi relatado pela desembargadora Rosita Falcão de Almeida Maia, que proferiu o voto vencedor. O autor afirmou no MS apresentado que a magistrada o obrigou, mesmo havendo procuração lhe dando plenos poderes para sacar o valor, a informar os dados bancários da pessoa representada por ele para que ela fizesse o depósito do montante.


Impedir advogado de ter alvará em seu nome afronta o livre exercício, segundo o Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia.
A juíza também determinou que o advogado juntasse os contratos de honorários firmados com o cliente para que ele comprovasse todos os repasses feitos e o desconto dos pagamentos devidos ao advogado.

“Se o cliente muniu o advogado de poderes especiais para receber e dar quitação, não há nada que os membros do Poder Judiciário possam fazer, senão obedecer à letra da lei, mediante a expedição de alvará judicial em nome do patrono”, afirmou Rosita Falcão de Almeida Maia.

A desembargadora explicou que existe previsão legal permitindo ao advogado constituído receber e dar quitação de atos judiciais de seu cliente. Para a magistrada, o ato da juíza assessora afrontou o livre exercício da advocacia — protegido pelos artigos 5º, inciso XIII, e 133 da Constituição Federal — e o princípio da legalidade (artigos 5º, inciso II, e 37, caput, da Constituição de 1988).

“Nenhuma recomendação, ainda que emanada da Corregedoria Nacional de Justiça, teria o condão de justificar o embaraço ao exercício de prerrogativas asseguradas pela lei e pela Constituição da República, afinal, no exercício de seu poder regulamentar, o Órgão edita atos normativos infralegais (Recomendações, Provimentos, Instruções, Orientações etc.), incapazes de derrogar normas hierarquicamente superiores, emanadas do Congresso Nacional ou do Constituinte Originário”, afirmou a relatora.

Rosita Falcão destacou que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o MS 27.621, detalhou que os atos normativos proferidos pelo CNJ são limitados ao cumprimento de obrigações administrativas. Citou também como precedente julgamento do Conselho no Procedimento de Controle Administrativo 0002350-73.2009.2.00.0000.

Nessa ação, continuou, o CNJ afastou quaisquer interpretações que restrinjam o direito dos advogados em terem os alvarás de seus clientes expedidos em seus nomes quando houver procuração lhe dando poderes “para receber e dar quitação”. “No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça já afirmou que o advogado dotado de poderes para receber e dar quitação tem o direito inviolável à expedição de alvará em seu nome para levantar depósitos judiciais”, afirmou a juíza ao mencionar o Resp 674.436 e o AgRg no Ag 425.731 como precedentes.

Em seu voto condutor, a relatora ainda criticou a atitude da juíza: “Não compete ao Núcleo de Precatórios do Tribunal de Justiça, e muito menos a uma juíza de Direito assessora, imiscuir-se, sem provocação, na relação entre o advogado e o seu cliente, com o propósito de fiscalizar a lisura da atuação daquele, inclusive para determinar a juntada de cópia de todos os contratos de honorários celebrados, com prova de cada repasse e desconto realizado”.

A explicação para essa proibição, disse a desembargadora, existe porque o cliente e seu advogado têm uma relação contratual privada, fundada na confiança e protegida por inúmeras leis, inclusive da interferência estatal. “Aliás, se houvessem reclamações de clientes insatisfeitos, caberia à própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), após a apuração da seriedade das denúncias, instaurar um procedimento disciplinar contra o profissional, conforme o disposto nos arts. 70 e 72, da Lei nº. 8.906/1994.”


Clique aqui para ler o acórdão.


 http://www.conjur.com.br/2017-ago-07/tj-ba-permite-alvara-seja-expedido-nome-advogado

Comissão Europeia aprova compra do Banco Popular pelo Santander


Em junho, o Santander comprou 100% do banco por um euro e anunciou que realizaria uma ampliação de capital de 7 bilhões de euros para assegurar a operação

 





Bruxelas – A Comissão Europeia (CE) aprovou definitivamente a compra do Banco Popular por parte do Banco Santander, que o adquiriu por 1 euro em 7 de junho como parte de uma medida de resolução da entidade, segundo informou nesta terça-feira o Executivo comunitário.

A decisão desta terça-feira é o final do processo de autorização por parte da CE para a aquisição, depois que esta instituição aprovou em 7 de junho o plano de resolução proposto pelo Conselho Único de Resolução.

Bruxelas precisou em um comunicado que a operação não delineia problemas de concorrência no Espaço Econômico Europeu (EEE).

Concretamente, considerou que as quotas de mercado conjunto dos dois bancos são limitadas (inferiores a 25%) e seguirá havendo concorrentes fortes em todos os mercados afetados.

A Comissão acrescentou que examinou a incidência da operação nos mercados nacionais e regionais espanhóis e portugueses de serviços bancários varejistas e empresariais, de arrendamento financeiro, de gestão de dívidas com desconto e de prestação de serviços de caixa automática.

Em 6 de junho, o Banco Central Europeu (BCE) decretou que o Banco Popular era “uma entidade inviável ou com probabilidade de ser” e o comunicou ao Conselho Única de Resolução, que durante a madrugada ordenou a medida resolução da entidade.

Em 7 de junho, o Executivo comunitário deu sinal verde ao plano de resolução de conformidade com o regulamento sobre o Mecanismo Único de Resolução (MUR).

O Santander comprou então 100% do Banco Popular por um euro simbólico e anunciou sua intenção de realizar uma ampliação de capital de 7 bilhões de euros (US$ 7.891 bilhões) para assegurar a operação.

Mesmo que os titulares de contas e de depósitos não tenham sofrido perda alguma, com independência do importe das economias, os acionistas e possuidores de dívida perderam 100% do investimento, o que abriu as portas a numerosos processos judiciais.

A Comissão também tinha outorgado em 7 de junho ao Banco Santander uma exceção pela qual permitiu adotar as medidas necessárias para garantir a estabilidade financeira do Banco Popular à espera de o Executivo comunitário aprovar a operação conforme as normas europeias de concorrência.


 http://exame.abril.com.br/negocios/comissao-europeia-aprova-compra-do-banco-popular-pelo-santander/

“Crise é longa, mas cura será duradoura”, diz Seabra, da Natura

Fundador da Natura, Antonio Luiz Seabra deu sua receita para sair da crise durante o encontro EXAME CEO

 







São Paulo – Perto de completar cinco décadas de história, as incertezas econômicas e políticas no país não paralisam a Natura.

Ao contrário: em plena crise, a empresa vem lucrando mais. No segundo trimestre, de abril a junho, seu lucro líquido foi de 163,5 milhões de reais, um aumento de 80% em relação ao mesmo período de 2016.

Além disso, a Natura deu, no início de junho, um grande passo em seu processo de internacionalização: iniciou a compra da britânica The Body Shop, um negócio estimado em 1 bilhão de euros.

Antonio Luiz Seabra, que fundou a Natura em 1969 com o capital de um fusca, relatou como está buscando lidar com a crise no Encontro de CEOs EXAME, realizado nesta terça-feira (8).

O executivo que é um dos três controladores da empresa e faz parte do seu conselho, pontuou que, ao contrário das muitas crises pelas quais o país já passou, a atual é mais longa e, naturalmente, mais desafiadora. “O país tem passado por um empobrecimento que tem afetado a todos”.

Mas Seabra afirma que vem buscando não perder o entusiasmo e seguir a receita de Victor Civita, fundador da Editora Abril que faleceu em 1990. “Civita se baseava em preceitos da medicina chinesa e buscava viver com otimismo, bom humor e esperança. É uma boa receita para superar este momento”.

Essa receita, segundo ele, deve levar à iniciativa. “É o momento de atuar. Podemos remover as almofadas que nos colocam em posições confortáveis para passar por 2017 e 2018 e chegar a outro cenário”.

Durante debate com o diretor editorial de EXAME, André Lahóz, Seabra disse que a oportunidade de compra da The Body Shop foi encarada, inicialmente, com ceticismo. “Sentíamos que a marca já não invocava o mesmo ativismo”.
 
Contudo, contou o executivo, pesquisas feitas pela Natura concluíram que a marca não tinha apenas presença em 60 países, mas também recall em diversos outros. “Achamos que valia a ousadia fundamentalmente para promover a expansão da empresa, mas também reconstruir o sonho da fundadora da rede, Anitta Roddick”.

Seabra lembra que The Body Shop encabeçou um movimento contra testes em animais. “Acreditamos que esse valor, de respeito à vida, pode ser atualizado”. O fundador da Natura ressaltou, durante o debate, que o negócio não está totalmente fechado.

Apesar do desafio enfrentado na crise atual, Seabra afirmou que uma as crises anteriores serviram para fortalecer a empresa. “Apesar de esta crise se mostrar mais longa, acredito que sua ‘cura’ será duradoura. Acredito que vamos dizer, em 10 ou 15 anos, como ela nos ensinou um novo caminho”.

No processo de expansão da empresa, Seabra nega que a profissionalização pode dar espaço para uma maior burocracia e fragmentação, o que poderia afastar a empresa de suas bandeiras, como a ética e o ativismo social. “É um temor, mas o tempo todo fazemos um movimento contrário. Sabemos que são características terríveis para o negócio”.

 http://exame.abril.com.br/negocios/crise-e-longa-mas-cura-tambem-sera-duradoura-diz-seabra-da-natura/

Empresas que venceram na crise apostam alto no fator humano


Presidentes de WEG, RaiaDrogasil, MRV e Whirlpool compartilharam conselhos e análises sobre o que deu certo durante a crise econômica no Brasil

 




São Paulo – O foco no fator humano, ou o “fator gente”, foi o principal ponto em comum citado por quatro grandes empresários brasileiros, à frente de empresas que conseguiram vencer mesmo diante do crítico cenário da economia nos últimos dois anos.

Na manhã dessa terça-feira (8), durante o Encontro Exame CEO, em São Paulo, falaram para um público de empresários e representantes do governo Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia; João Carlos Brega, da Whirlpool; Marcilio Pousada, da RaiaDrogasil; e Harry Schmelzer Jr., da WEG.

As quatro empresas saíram vencedoras do Prêmio Melhores & Maiores 2017 da Revista Exame, que reconheceu as companhias que mais se destacaram em 2016.

Além do foco nos funcionários, os executivos citaram projetos de longo prazo e reestruturações necessárias diante do péssimo momento econômico como pontos-chave para a vitória atual.

 

RaiaDrogasil


Campeã na categoria Varejo e eleita a Empresa do Ano no prêmio Melhores & Maiores, a RaiaDrogasil, de 2013 a 2016, viu sua receita crescer 36% em dólares e 83% em reais – o faturamento foi de 3,4 bilhões de dólares. As ações subiram mais de 300% no período.

Marcilio Pousada, presidente da companhia (que virou oficialmente RD na fusão de DrogaRaia e Drogasil em 2011), citou a crença da empresa “Gente que cuida de gente” como um fator essencial que explica o sucesso dos últimos anos.

A RaiaDrogasil é hoje a sexta maior varejista do País, com vendas superiores às das Lojas Americanas e Magazine Luiza.

Atualmente, conta com 1500 lojas em nove estados brasileiros.

“Temos 30 mil funcionários. Confiamos em cada um deles. Temos confiança no time, em todos os gerentes espalhados pelo Brasil”, disse Pousada.

Ele garante que é essencial gostar de gente para poder trabalhar na sua empresa. Em tom bem humorado, explicou: “Não gosta de gente? Tudo bem, fala comigo que te faço uma carta de recomendação e você vai trabalhar na Drogaria São Paulo”.

A companhia, segundo ele, tem preocupação especial em atrair, desenvolver e reter pessoas. “Em três anos, formamos um gerente do zero. Tenho certeza que ajudamos a formar cidadãos melhores”.

Pousada também destacou a importância da personalização dos serviços. A companhia tem se aprofundado na análise de dados para entender a diferença entre as lojas de bairros mais periféricos e as lojas de bairros de classe A. Assim, há diferenciação e adequação de estratégias e ofertas de produtos.

Marcilio Pousada, presidente da RaiaDrogasil, no Encontro de CEOs EXAME
Marcilio Pousada, da RaiaDrogasil, no Encontro de CEOs EXAME (Germano Luders/Revista EXAME)

Whirlpool

 

A Whirlpool, maior fabricante mundial de eletrodomésticos, teve seu presidente no Brasil, João Carlos Brega, eleito pela revista Forbes Brasil um dos melhores CEOs do País no último ano.

No Prêmio Melhores & Maiores, a companhia foi campeã na categoria de Eletroeletrônicos.

Brega destacou a importância do consumidor nos negócios da empresa: “Inovação para nós é aquilo que é simples aos olhos do consumidor”.

O empresário também deixou claro que o negócio da empresa não é vender eletrodomésticos. “A Whirlpool não faz geladeira. A gente ajuda o consumidor a conservar a comida dele. A gente não faz máquina de lavar roupa. Ajudamos o consumidor a cuidar das roupas dele. A gente cria demanda.

Esse é nosso papel”, explicou.

Na crise, a Whirlpool teve queda de 1% nas vendas no ano passado, mas conseguiu elevar o lucro em 16%.

João Carlos Brega reconheceu que o péssimo momento econômico afetou a todos e as vendas demorarão a ser as mesmas de anos anteriores.

Sobre a economia brasileira, analisou: “Antes a gente participava de uma pizza tamanho família. Agora é uma pizza brotinho. Mas agora sabemos que chegamos até o chão, caímos o que tinha para cair. Agora vai demorar para melhorar, mas pelo menos sabemos que não vai piorar”.

João Carlos Brega, da Whirlpool, no Encontro de CEOs EXAME
João Carlos Brega, da Whirlpool, no Encontro de CEOs EXAME (Germano Luders/Revista EXAME)

MRV


A construtora MRV, campeã no Prêmio Melhores & Maiores 2017 na categoria Indústria da Construção, apresentou excelentes resultados mesmo em um setor extremamente abalado pela retração econômica.

A construtora mineira faturou 736 milhões de dólares em 2016, além ter aumentado o lucro em 40%, para 112 milhões de dólares

Fundador da MRV e presidente do conselho da empresa, o empresário Rubens Menin também destacou a importância dos funcionários e do time alinhado com seus valores fundamentais.

“Temos, desde 1996, um projeto dentro da empresa chamado Projeto G. G de gente. Algo está errado se você investe na formação de um funcionário e depois perde ele para a concorrência. No Projeto G investimos em capacitação e garantimos que eles não vão sair, que estão satisfeitos ali dentro.

Funcionários alinhados com nossos valores. É o que chamamos de ‘ter o sangue verde’ [referência à cor do logo da marca MRV]”, disse Menin.

Menin destacou os investimentos em processos e tecnologias para aumentar a eficiência da construtora, fator fundamental para o crescimento dos últimos anos.

“Anos atrás precisávamos de doze homens para construir um apartamento. Agora precisamos de três”, diz. Aumentando o número de funcionários ao longo dos anos, a lógica diz que o número de apartamentos construídos só cresceu, em ritmo exponencial.

Outro número impressionante da eficiência da MRV: a empresa consegue levantar um prédio de cinco andares em dez dias.

“Crescemos de forma sustentável desde 2005. Soubemos aproveitar o mercado interno. É o nome do jogo.”, completou Menin.

Rubens Menin, presidente do conselho de administração da MRV, no Encontro de CEOs Exame 2017
Rubens Menin, da MRV, no Encontro de CEOs Exame 2017 (Germano Luders/Revista EXAME)

WEG

 

Campeã do Prêmio Melhores & Maiores 2017 na categoria Bens de Capital, a catarinense WEG é, hoje, uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo – atuando também em áreas como automação de processos industriais, geração e distribuição de energia e tintas e vernizes industriais.

Em 2017, teve lucro líquido de 272,2 milhões de reais no segundo trimestre. Recentemente, anunciou a aquisição da CG Power USA nos Estados Unidos e também seus planos de entrar no mercado de energia eólica indiano.

Harry Schmelzer Jr., presidente da WEG, falou sobre a crise: “Como toda empresa nesse momento, a WEG precisou fazer ajustes. Também passamos por redução de estrutura. Fez parte”.

Apesar do solavanco, a empresa vale 31,5 bilhões de reais no mercado e tem reconhecimento internacional.

Segundo Schmelzer Jr., a internacionalização tem sido um dos principais focos, ao lado do investimento em novas tecnologias.

“Temos presença internacional em doze países [Argentina, Colômbia, EUA, Portugal, Áustria, Alemanha, China, Índia, entre outros]. Em México e EUA, WEG tem três mil pessoas trabalhando. Na China, duas mil.

O empresário explicou que o futuro da empresa passará em parte pela estratégia de marcar maior presença no setor de energia renovável e no setor de armazenamento de energia.

Harry Schmelzer Jr., presidente da WEG, no Encontro de CEOs EXAME
Harry Schmelzer Jr., da WEG, no Encontro de CEOs EXAME (Germano Luders/Revista EXAME)