Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Eles se formaram nas
melhores universidades do mundo com a ajuda do homem mais rico do Brasil
e poderiam trilhar carreiras prósperas no mundo corporativo, mas
preferiram mudar a política do País. Conheça os jovens políticos que
podem tornar real o sonho do bilionário brasileiro de ver um de seus
pupilos na Presidência da República
Olhar adiante: inicialmente
avesso à política, o empresário Jorge Paulo Lemann despertou para a
necessidade de formar líderes para transformar o modelo de atuação dos
parlamentares e chefes do Executivo (Crédito: Divulgação)
O cientista político e economista Renan Ferreirinha encara a
sua ocupação atual como a de uma startup. Tem um desafio enorme para
realizar mudanças de impacto, precisa de criatividade para vencer
barreiras históricas e conta com escassos recursos pelo caminho. Há um
risco alto de insucesso. A descrição poderia ser tranquilamente a de uma
jornada no Vale do Silício, para onde o jovem de 25 anos foi convidado a
ir após deixar a Universidade Harvard, nos Estados Unidos. A
empreitada, porém, é no quintal de sua casa, em São Gonçalo, no Rio de
Janeiro, e tem como pano de fundo um dos ambientes menos inovadores de
que é possível se imaginar: a política brasileira. Em campanha para
deputado estadual, ele recebe hoje um salário de R$ 5.000 mensais, muito
abaixo dos empreendedores de sucesso do polo tecnológico americano e
menos de um quinto do que lhe foi oferecido em outra proposta
apresentada ao fim da graduação, para ocupar uma vaga num banco de
investimento em Nova York.
Ferreirinha tem plena consciência das renúncias. Uma das formas de
explicar o desejo pelo caos da política é lembrar um desfile do qual
participou aos cinco anos, em que se orgulhou de representar o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Sonhar grande e sonhar pequeno
dá o mesmo trabalho”, afirma o candidato pelo Rio de Janeiro. “Por que
não fazer algo maior do que a sociedade impõe e contribuir através de um
mandato?” O mantra da ambição costuma ser repetido pelo empresário
Jorge Paulo Lemann aos bolsistas da Fundação Estudar, criada por ele
para formar lideranças no País.
Nova política:
para mudar os métodos de campanha e do mandato, ex-bolsistas da
Fundação Estudar encontram respaldo de movimentos suprapartidários como o
Renova BR (Crédito:Divulgação)
Curiosamente, o sonho do jovem fluminense representa o início do novo
sonho do homem mais rico do Brasil: a de ver um ex-bolsista da entidade
chegar à Presidência da República. “Eles sabem que vai ser difícil
serem eleitos, mas espero que alguns deles sejam e que isso crie uma
corrente de gente boa no governo também”, afirmou em evento do grupo no
início deste mês, em São Paulo.
Há grandes chances de que o desejo comece a sair do papel nestas
eleições. Sete profissionais que passaram pela fundação concorrem a
cargos eletivos. Há desde candidatos a deputado estadual até a
governador (conheça os perfis ao final da reportagem). Em comum, os
novos políticos – não, eles não se incomodam com o rótulo de políticos –
ostentam formação nas melhores universidades do mundo, dividem a
decisão de renunciar a carreiras prósperas na iniciativa privada, além
dos anseios de mudança na gestão pública e de renovação na política. Nas
campanhas, eles empregam métodos corporativos aprendidos no ambiente da
rede Estudar. São os mesmos atributos que levaram muitos que lá
passaram aos postos mais altos de empresas por todo o globo.
Não é à toa que Ferreirinha, assim como os outros ex-bolsistas, chama
sua campanha de startup. Trata-se de um esforço coletivo, composto de
10 pessoas que trabalham em tempo integral, com salários, e outros 20 em
tempo parcial. Há integrantes até de fora do País. Um dos principais
desafios é levantar recursos e quebrar as barreiras criadas pela
política tradicional. Os diferenciais vão desde jingles inspirados em
séries do Netflix até o plantio de árvores para compensar o gasto com
papel nos panfletos. O grupo estima em 30 mil votos o total necessário
para se eleger. A ideia é defender propostas claras, mas sem promessas.
Uma delas é a de trabalhar para elevar de 5% para 50% o alcance do
ensino técnico no Estado.
Na
disputa por um cargo de deputado estadual em São Paulo, Daniel José
Oliveira, de 30 anos, também cita a cabeça de startup. Filho de uma
diarista, ele cresceu ao lado de dez irmãos e só cursou economia no
Insper graças à fundação criada por Lemann. Trabalhou no banco JP
Morgan, de onde saiu para ser voluntário na Jordânia. Foi de uma posição
no braço de educação da Falconi Consultoria que ele decidiu “pular o
balcão” . “A escolha de entrar para a política é a menos óbvia
que alguém pode ter, envolve muitas perdas”, diz o jovem. “Mas percebi
que várias iniciativas que são muitos simples não aconteciam com a
velocidade devida.” Para atingir os 30 mil votos que precisa
para se eleger pelo partido Novo, ele dividiu a campanha em sete
projetos, como o de distribuição de kits, enviados aos seguidores mais
engajados para espalhar aos seus conhecidos.
Se eleito, ele pretende defender a cobrança de mensalidade das
universidades estaduais para quem tem condições de pagar e a adoção de
vouchers para o ensino técnico. Assim como Oliveira, a maioria dos
egressos da fundação enfrentou resistências de familiares e amigos para
ingressar na política, tenta lutar para vencer as barreiras de entrada
(todos repetiram o jargão corporativo) do sistema político, tem como
pauta a educação e procurar focar a campanha em qualidade em vez de
quantidade. “As regras do sistema funcionam para não te deixar ser
competitivo”, afirma Oliveira.
Um levantamento do Departamento Sindical de Assessoria Parlamentar
(Diap) apontou o risco de o índice de renovação do Congresso ficar
abaixo da média histórica, de 49%, nesse pleito, pela necessidade de
alguns parlamentares de manter o foro privilegiado e pela vantagem que
eles levam de já estar no cargo. Contra essa perspectiva de
continuidade, alguns grupos vêm se engajando para quebrar a inércia da
política, caso dos movimentos suprapartidários Renova BR e Acredito, do
qual fazem parte a maioria dos candidatos que passaram pela iniciativa
de Lemann. Por meio desses coletivos, os jovens podem se escorar em
cláusulas de independência ao ingressar em partidos tradicionais e
encontram uma via formal ao sentimento de despertar para a causa de
renovação. “Fiz de tudo que era possível na área de educação fora da
política, mas é frustrante”, afirma a cientista política e astrofísica,
Tabata Amaral, candidata a deputada federal por São Paulo, pelo PDT.
“Chegou a hora de pessoas comuns, que não são ricas entrarem para a
política.”
Filha de uma diarista e de um cobrador, Amaral, de 24 anos cresceu no
bairro de periferia Vila Missionário, na capital paulista. Passou em
seis universidades de ponta dos Estados Unidos. Em Harvard, foi bolsista
da Estudar. Chegou a trabalhar na Ambev, mas se evolveu rápido com
educação, área em que ganhou notoriedade. Agora, decidiu largar tudo
pela tentativa de chegar ao Congresso. Os conceitos aprendidos graças à
Estudar são incorporados na campanha. Há metas desdobradas para os
integrantes do time, todos da periferia, a aplicação do conceito de
Orçamento Base Zero e um apreço pela boa gestão. Para atingir a meta de
110 mil votos, ela conta com uma rede de 1.000 voluntários. “O nosso é
um trabalho de formiguinha, enquanto os políticos tradicionais pagam
líderes”, afirma a candidata. “Só que nós entramos nas casas, os
políticos da velha política, não.”
Velha política:
o deputado Paulo Maluf, cassado por denúncias de corrupção. Desafio dos
novos candidatos é vencer o desgaste associado aos vícios do processo
eleitoral tradicional (Crédito:Pedro Ladeira/Folhapress)
A formação de uma rede de voluntários engajados, ao lado de presença
nas redes sociais, é o trunfo dos jovens para vencer o sistema. Eles,
porém, são muito realistas quanto à necessidade de recursos.
O
engenheiro Felipe Rigoni, 27, que acaba de voltar de um mestrado em
Políticas Públicas na Universidade de Oxford, com apoio da Estudar,
começou a sua campanha ainda do exterior. Ele calcula um custo de R$ 10
por voto e a necessidade de levantar R$ 800 mil para chegar aos 80 mil
votos que estima precisar para se eleger. Já arrecadou metade disso e
não sabe se conseguirá o resto. “O sistema é todo desenhado para
beneficiar quem está lá”, afirma o candidato a deputado federal pelo
Espírito Santo, pelo PSB. “Estou competindo com gente que já está com R$
2,5 milhões depositados pelo partido.” Rigoni sabe bem o que é
enfrentar dificuldades. Aos 15 anos, perdeu completamente a visão.
Agora, luta para manter vivo o sentimento de esperança nos que acreditam
no seu trabalho. “Eu não brinco com a esperança dos outros.”
Uma das suas propostas para inovar na forma de fazer política é um
mandato coletivo. A ideia é criar um conselho parlamentar formado por
cem pessoas, de representantes da sociedade civil, com poder de
deliberar. “O distanciamento é um dos principais problemas dos políticos
hoje”, afirma Rigoni. O jovem capixaba é um exemplo da mudança de
perfil nas pretensões de Lemann com a Fundação Estudar. No processo
seletivo, o engenheiro já havia tentado ser vereador e deixou claro suas
ambições políticas. Enquanto Lemann sempre buscou se afastar do mundo
da política em sua carreira, percebeu que precisaria abrir o leque da
fundação se quisesse de fato ter um impacto maior sobre o País. Aos
poucos, o escopo dos cursos foi se ampliando e o empresário passou a
falar abertamente do sonho de que seus pupilos contribuíssem mais
diretamente com a gestão pública.
Na turma atual, 19% dos bolsistas estão focados em cursos de gestão
pública. Não era assim no passado. Nos 27 anos de existência, a fundação
formou 673 líderes. Até 2007, eles eram voltados majoritariamente para
as áreas jurídica, de administração, negócios e finanças. A partir dali,
foi feito um esforço para incorporar mais o tema do empreendedorismo e,
desde 2010, a ideia passou a ser de quebrar quase todas as barreiras,
incluindo a ciência e a gestão pública. “Há uma valorização dessas
pessoas que estão arriscando a carreiras delas e abrindo mão de algo no
curto prazo, de algo financeiro, para resolver os problemas do Brasil”,
afirma Anamaíra Spaggiari, diretora-executiva da Fundação Estudar. “A
gente espera que se repita. Vai depender do sucesso deles nesta eleição”
Se os resultados seguirem roteiro semelhante às conquistas de Lemann no
mundo corporativo, o Brasil tem muito a ganhar.
As bolsas europeias operam com viés negativo na manhã desta
quarta-feira, após mostrarem alguma volatilidade nas primeiras horas de
negócios, enquanto investidores continuam avaliando a perspectiva do
comércio global.
Ontem, EUA e Canadá retomaram negociações para reformular o Tratado
Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), um dia
depois de americanos e mexicanos anunciarem um acordo comercial
bilateral.
A incerteza é se o Canadá conseguirá preservar o acordo
tripartite com EUA e México, em vigor desde 1994. O presidente dos EUA,
Donald Trump, já alertou que poderá seguir adiante apenas com o México e
impor tarifas a produtos canadenses se Ottawa não aceitar uma revisão
dos termos do pacto.
Continuam no radar também as desavenças comerciais entre EUA e
China. Discussões bilaterais ocorridas na semana passada em Washington
aparentemente terminaram sem qualquer avanço.
“Poderemos ver rápidos acordos (dos EUA) com México, Canadá e
UE (União Europeia), mas a discussão com a China parece ter raízes mais
profundas”, comentou Kiran Ganesh, chefe de consultoria para
investimentos do UBS Global Wealth Management.
Nos últimos meses, os EUA puniram com tarifas bilhões de dólares em
produtos chineses, levando Pequim a retaliar contra bens americanos na
mesma medida.
A Itália também permanece no foco, em meio a temores de que
Roma não conseguirá cumprir sua meta de déficit orçamentário. Segundo o
jornal La Stampa, um representante do governo italiano teria pedido ao
Banco Central Europeu (BCE) que aprove um novo programa de compras de
bônus soberanos – conhecido como QE – para proteger a dívida do país de
movimentos especulativos. Desta forma, a Itália poderia evitar um
eventual rebaixamento de sua nota de crédito. Há expectativa de que a
Fitch revise o rating italiano na sexta-feira (31).
Na agenda de indicadores da Europa, destaque para o Produto
Interno Bruto (PIB) da França, que cresceu 0,2% no segundo trimestre
ante os três meses anteriores, segundo revisão publicada hoje que
confirma estimativa preliminar de cerca de um mês atrás. Na Alemanha, o
índice de confiança do consumidor elaborado pelo instituto GfK caiu a
10,5 na pesquisa de setembro, de 10,6 na leitura de agosto. Apesar da
leve queda, o indicador mostra que a confiança do consumidor na maior
economia europeia continua em nível elevado.á a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, chega hoje à
Nigéria como parte de uma turnê por três países africanos. Ontem, na
África do Sul, May prometeu que seu país se tornará o maior investidor
do mundo desenvolvido na África até 2022. Em meio à viagem de May, que
incluirá ainda o Quênia, surgiram relatos hoje sobre uma possível
extensão das conversas sobre o “Brexit” – como é conhecido o processo
para a retirada do Reino Unido da UE -, fator que estaria ajudando a dar
sustentação à libra nos negócios da manhã.
Às 7h17 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 0,60%,
pressionada por ações de mineradoras, enquanto a de Paris recuava 0,02% e
a de Frankfurt perdia 0,04%. Já os mercados em Milão, Madri e Lisboa
tinham respectivas perdas de 0,08%, 0,71% e 0,24%. No câmbio, a libra
avançava a US$ 1,2899, de US$ 1,2870 no fim tarde de ontem, mas o euro
se enfraquecia, cotado a US$ 1,1672, ante US$ 1,1698 da véspera.
Paulo Kakinoff, presidente da companhia aérea Gol, e Rubens Menin, dono da construtora MRV (Divulgação/Divulgação)
Os brasileiros tiveram motivos de sobra para se debruçar sobre os rumos do país nos últimos dois anos. A crise econômica,
os escândalos de corrupção em série revelados pela Lava-Jato e o quadro
político completamente imprevisível são alguns exemplos. Na esteira dos
problemas, surgiram diversos grupos da sociedade civil para discutir
soluções ao desencanto com o estado geral das coisas Brasil afora — são
movimentos como o Agora!, de profissionais liberais capitaneados pelo
apresentador Luciano Huck, ou o Agenda Brasil de Futuro, que reúne herdeiros de grandes grupos empresariais brasileiros.
Em breve, mais um desses grupos vai mostrar a que veio. Trata-se do “Você Muda o Brasil“,
uma associação sem fins lucrativos e apartidária formada por lideranças
empresariais de relevância no Brasil — integram o grupo a
consultora e professora Betania Tanure, Luiza Helena Trajano (Magazine
Luiza), Jefferson De Paula (ArcelorMittal), Paulo Kakinoff (Gol), Pedro
Passos (Natura), Pedro Wongtschowski (Ultra), Rubens Menin (MRV), Salim
Mattar (Localiza) e Walter Schalka (Suzano).
Nesta segunda-feira, dia 27 de agosto, o “Você Muda o Brasil”
vai promover um evento no World Trade Center, em São Paulo, e
transmissão ao vivo pela internet. Entre as discussões estão o futuro da
educação e o protagonismo da sociedade civil no desenvolvimento. Entre
os palestrantes estão a ministra Cármen Lúcia Antunes
Rocha, presidente do Supremo Tribunal Federal, o apresentador Luciano
Huck e a administradora Priscila Cruz, fundadora do movimento Todos Pela
Educação. A inscrição para acompanhar os debates online é em www.vocemudaobrasil.com.br.
Mas, de fato, de onde surgiu o “Você Muda o Brasil” e para onde ele vai? Na entrevista a seguir, concedida por telefone, duas das lideranças do movimento – Paulo Kakinoff, presidente da companhia aérea Gol, e Rubens Menin, dono da construtora MRV -, detalham o propósito da iniciativa.
De onde surgiu a ideia do movimento Você Muda o Brasil?
Kakinoff: Foi um movimento espontâneo nosso,
de empresários que já se conheciam e praticavam ações de
responsabilidade social em suas empresas e mesmo na pessoa física. Em
conversas de negócios, esse grupo viu um ganho em ter uma discussão
conjunta sobre civismo e ativismo social. No fim de 2016 começamos a nos
reunir para discutir um propósito em comum.
Menin: A gente percebia na sociedade
brasileira um clamor muito grande em cima de mudanças. As pessoas estão
com um senso de urgência. Há muitos fatores que entristecem o país.
Basta lembrar que há uma geração de brasileiros em condições de
empreender aqui, mas migra a outro país por causa da alta criminalidade e
da falta de boas oportunidades. Isso entristece a gente. Queremos ficar
aqui e dar condições para nossos netos permanecerem aqui. Por isso nos
reunimos a cada dois meses para pensar num futuro melhor para o país.
O que está na pauta de discussões?
Menin: A gente criou um elemento em comum no
grupo que é encontrar um propósito para o país. Elencamos princípios
essenciais para esse país que queremos: união entre as pessoas, ética
nos relacionamentos e nos negócios. Convidamos especialistas de várias
áreas do conhecimento para entender os problemas do país e melhorar a
convivência da sociedade. Mas esse é um diálogo ainda em aberto.
Kakinoff: As discussões no Brasil andam muito
polarizadas. Desperdiça-se muito tempo com elas por causa de dogmas
enraizados nas pessoas. Nossa abordagem vai na linha contrária. Sempre
quisemos encontrar os pontos de convergência entre os participantes, um
propósito em comum.
O conceito de “propósito”, mencionado por vocês, está em voga
por causa do best-seller homônimo escrito por Sri Prem Baba (codinome
do guru espiritual paulistano Janderson Fernandes) e que prega o
autodesenvolvimento pessoal como forma de encontrar sentido nas coisas. É
uma referência teórica do grupo?
Kakinoff: A busca por um propósito está no
zeitgeist da atualidade. Muitos executivos de empresas estão em busca
disso. Alguns, como eu, leram o livro, mas o conteúdo dele não tem
relação com a pauta do grupo.
Há interesse eleitoral no movimento?
Menin: Somos um movimento apartidário por
essência. Vamos tentar influenciar o debate indiretamente, divulgando
ideias à sociedade, inclusive às lideranças políticas. Vai da liderança
apoiar as ideias que a gente defende.
De que maneira o grupo pretende influenciar o debate?
Kakinoff: O evento marcado para o dia 27 de
agosto é um exemplo. A ideia do encontro será a promoção o voto
consciente. Hoje é possível obter muita informação sobre os candidatos
na internet. Basta o cidadão ter interesse. Queremos chamar a atenção
para a importância desse momento. Para isso, chamamos especialistas em
temas importantes ao futuro do país, como educação, civismo e ética,
para um debate qualificado.
E, após o evento, qual é o plano do grupo?
Kakinoff: Assim como outros movimentos cívicos
criados recentemente no Brasil, como o Todos Pela Educação (para
melhoria no ensino), o RenovaBR e a Rede Ação Pela Sustentabilidade
(para formação de lideranças políticas), queremos ocupar o máximo
possível de canais para alcançar outras pessoas com nossa mensagem.
Estamos em consultas internas e com a sociedade para definir o próximo
passo.
Para zerar o estoque de 225 mil pedidos de patentes aguardando análise, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) sugeriu
promover um exame simplificado dos requerimentos. A proposta, que
aguarda aval da Casa Civil, não é a ideal e pode gerar patentes
contestáveis na Justiça, mas é a solução mais viável para acabar com o
acervo do órgão e permitir que ele volte a funcionar normalmente. Essa é
a opinião do presidente da Associação Brasileira da Propriedade
Intelectual (ABPI), Luiz Edgard Montaury Pimenta, sócio do Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello Advogados.
O
problema, segundo o advogado, é que o governo Michel Temer, em seus
últimos meses, não dá sinais de que aprovará o plano. E com um novo
presidente assumindo o Palácio do Planalto em 1º de janeiro, a proposta
ainda deve dormir algum tempo nas gavetas do ministério.
Também
existe uma expectativa de que o Brasil finalmente assine o Protocolo de
Madri. O documento estabelece um procedimento simplificado de registro
de marcas, válido internacionalmente. Por um lado, a adesão ao tratado
diminuiria os custos do processo, aponta Montaury Pimenta. Por outro,
poderia aumentar a insegurança jurídica, uma vez que diversas regras
suas conflitam com a Lei de Propriedade Intelectual (Lei 9.279/1996).
Em entrevista à ConJur,
Montaury Pimenta ainda defendeu a autonomia financeira do Inpi, apoiou o
aumento das penas para os crimes contra propriedade intelectual e pediu
a criação de câmaras especializadas na área no Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro.
Leia a entrevista:
ConJur — Na última vez que conversamos,
o Inpi planejava iniciar um exame simplificado dos pedidos de patentes.
A ideia era que servidores façam apenas uma análise formal, sem entrar
no mérito, para conceder os registros. Como está essa questão? Teve
algum avanço?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Não teve nenhum avanço. Essa
proposta está aguardando aprovação da Casa Civil. E agora haverá mudança
de governo, então, possivelmente até lá não vai sair nada.
ConJur — E como fica o Inpi? O presidente do Inpi tem mandato fixo ou mudando o presidente, ele também muda?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Ele tem um mandato fixo, mas se o
novo governo quiser mudar o presidente do Inpi, pode fazê-lo.
Historicamente, o presidente do Inpi só é lembrado um ano e meio, dois
anos depois do novo governo tomar posse. Nós acreditamos que o [atual
presidente do Inpi] Luiz Otávio Pimentel, que é um ótimo presidente, se
esforça muito, veste a camisa do Inpi, ainda tem pelo menos uns dois
anos e meio, três pela frente no órgão. Mas isso é uma incógnita.
ConJur — Mas com essa demora da Casa Civil em analisar a proposta, os pedidos de patentes estão acumulando ainda mais?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Eu não diria ainda mais porque o
Inpi adotou um sistema que aumentou muito a produtividade dos pedidos
que entram. Estes estão sendo examinados muito mais rapidamente do que
na forma anterior. Então, tem até diminuído um pouquinho. Basicamente, o
que o Inpi fez? Ele aceitou pedido de vários examinadores para fazer home office.
Em contrapartida, os servidores teriam que aumentar a produtividade em,
no mínimo, 30%. E esses servidores aumentaram a produção em mais ou
menos 40% — logo, acima da meta. Então, eles têm avaliado os pedidos que
entram, mas não conseguem dar conta do que está estocado.
ConJur — Ainda não teve nenhuma manifestação da Casa Civil sobre o assunto?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Foi feita uma consulta pública.
Várias entidades se manifestaram — muitas a favor, outras com
observações, e outras contra. A ABPI foi a favor com algumas ressalvas.
Mas o presidente Pimentel já disse que essas ressalvas, que são
pertinentes e com as quais ele concorda, são impossíveis de serem
implementadas para que o exame seja automatizado. Então, a aprovação
expressa de pedidos de patente é a saída viável para zerar estoque do
Inpi.
ConJur — Quais eram essas ressalvas?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Que se observasse os exames
feitos nos pedidos correspondentes no exterior, alguns detalhes que são
muito técnicos. Isso iria inviabilizar essa aprovação quase que
automática. Então, isso foi descartado.
ConJur — Há quem
diga que grandes empresas tenderiam a não optar pelo procedimento
simplificado pelo risco de terem patentes mais fracas que as outras.
Como seria isso?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Muitas empresas que têm o
portfólio grande de patentes enxergam que a análise simplificada iria
gerar patentes que não teriam eficácia no Brasil. O que a gente tenta
mostrar é que essas patentes terão eficácia, sim, igual às outras.
Agora, na hora de fazer valer uma patente contra um concorrente na
Justiça, esse concorrente, evidentemente, na hora de se defender vai
dizer: "olha, essa patente é fraca, porque não foi examinada". Portanto,
ele vai à Justiça Federal requerer que a patente seja reexaminada, vai
discutir a validade dela. Quem tiver uma patente que tenha sido negada
no exterior e aprovada no Brasil por conta desse sistema dificilmente
vai tentar fazer valer a patente contra um concorrente grande, que vai
enxergar isso de forma clara. Essas patentes, por um lado, podem ser
consideradas fracas, mas são patentes válidas e que produzem todos os
efeitos legais no Brasil. Elas podem ser anuladas judicialmente ou no
próprio Inpi dentro do prazo administrativo que existe.
ConJur — A seu ver, vale mais obter uma patente “fraca” em breve ou passar pelo processo regular e obter uma “forte”?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Vale muito mais a pena obter
essa patente “fraca” do que ficar esperando mais 5, 10, 15 anos para que
seja concedida a patente “forte”.
ConJur — Havia alguma outra opção melhor do que o exame simplificado para resolver a questão do estoque de pedidos de patentes?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Existiriam outras opções, sim.
Por exemplo, para as patentes estrangeiras, utilizar o exame que já é
feito no exterior para evitar um segundo exame no Brasil. Mas os
funcionários do Inpi são contra esse sistema porque acham que o Brasil
estaria perdendo a autonomia de decidir isso, estaria se utilizando de
um exame feito por um técnico estrangeiro, e não por um técnico
brasileiro.
ConJur — Há a expectativa de que o Brasil assine até dezembro o protocolo de Madrid. Como isso poderia beneficiar o país?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Ele poderia beneficiar empresas
exportadoras brasileiras que vão poder requerer o registro das suas
marcas não país a país, como acontece hoje, e sim designando
determinados países onde tem interesse. É um registro único. O custo é
menor, então, no primeiro momento, elas se beneficiam. Por outro lado,
as empresas que vão depositar as marcas no Brasil, via protocolo, vão
fazer isso numa língua estrangeira. E quando publicar no Brasil com
língua estrangeira vai ser um problema, porque a língua oficial do país é
a língua portuguesa. Aqueles que se sentirem prejudicados vão ingressar
com impugnações no Inpi ou na Justiça dizendo: "olha, essa publicação
não tem valor legal, eu quero que ela seja publicada em português para
eu poder me manifestar". E aí o processo, que iria ser mais rápido,
atrasa muito mais.
ConJur — Não pode traduzir para o português?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Pode traduzir, mas quem vai se
responsabilizar pela tradução? E mais, quem vai bancar a tradução? Aí
começa a ficar caro. E quem vai fazer isso? O Inpi? O Inpi vai ser
obrigado a examinar em 18 meses o pedido vindo via protocolo. Hoje, a
análise dos pedidos brasileiros, apesar de já ter caído muito, está
levando 19, 20, 21 meses. Até dá para chegar a 18, mas a qualidade do
exame vai cair muito.
ConJur — Ou seja, é controverso que o Protocolo de Madri será benéfico para o país.
Luiz Edgard Montaury Pimenta — É controverso. Hoje, qualquer
empresa que deposite marca no Brasil, pela lei brasileira, é obrigada a
ter uma atividade compatível com os produtos que está reivindicando na
marca. Por exemplo, como jornalista, você pode registrar o seu nome ou
marca para serviços de jornalismo. Agora se você quiser registrar uma
marca para automóvel, não pode, de acordo com a lei brasileira. Uma
marca depositada via protocolo não enfrenta essa restrição. Então um
jornalista estrangeiro deposita uma marca no Brasil para automóvel, e um
brasileiro vai impugnar com base na lei brasileira. Este alegará que o
estrangeiro não pode ter uma marca de automóvel. Mas o jornalista
argumentará que o protocolo não o obriga a isso. E aí vai criar um
conflito que vai ter que ser resolvido. A ABPI é favorável à
implementação do Protocolo de Madrid desde que sejam feitos alguns
ajustes. Sem eles aumentaria a insegurança jurídica.
ConJur — O senhor defende a autonomia do Inpi. Como seria essa autonomia?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Hoje, o Inpi arrecada muito mais
do que gasta. Ele manda esse dinheiro todo para Brasília e envia uma
previsão orçamentária para o ano seguinte, detalhando quanto ele precisa
para funcionar. Só que esse dinheiro que ele arrecada e dá para o
Tesouro poderia ser revertido em investimentos, sistemas, melhor
aparelhamento, contratações, reformas de sua sede. ConJur — Existe algum projeto de lei que preveja a autonomia financeira do Inpi?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Existe, mas está estacionado no Congresso.
ConJur — De forma geral, quais são as maiores dificuldades na área de propriedade intelectual no país?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Há uma ação que está no Supremo Tribunal Federal, da qual a ABPI participa como amicus curiae,
sobre a inconstitucionalidade de um artigo da Lei de Propriedade
Intelectual que fala que as patentes têm que ter no mínimo 10 anos de
vida depois de concedida. Às vezes, demora muito para o pedido ser
examinado, demora 15, 20 anos. E quando ela é concedida, sua proteção já
expirou. O prazo legal é contado a partir do depósito da patente, e não
da concessão. Nenhuma outra legislação do mundo tem uma regra dessas.
ConJur — Fora esse ponto, como o senhor avalia a Lei de Propriedade Intelectual hoje? Ela precisa de atualizações?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — A Lei de Propriedade Intelectual
é muito boa. Evidentemente que a coisa vai mudando, é preciso fazer um
ajuste ou outro, mas essa não é uma preocupação. A ideia é boa, moderna,
atende aos interesses de todo mundo bem.
ConJur — É possível conter plágio e contrafação na internet?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — É possível. A maioria das
empresas já tem uma plataforma para denúncias. E elas atendem à sua
denúncia. Senão é preciso recorrer ao Poder Judiciário. E aí entra na
Justiça, consegue uma liminar e retira o conteúdo.
ConJur —
Mas a impressão que fica é que o conteúdo é retirado dos principais
sites, mas continua a ser reproduzido em páginas menores.
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Com certeza. Mas isso é uma
coisa difícil no Brasil e no mundo. Cada empresa tem a sua política, uns
gastam mais nisso e outros menos. Eu fazia isso toda a semana para a
Osklen. Diminuiu muito esse problema para a Osklen, em dado momento eles
falaram “meu problema está pequeno, vou parar." Mas daqui a pouco eles
voltam e falam: "vamos retomar."
ConJur — O presidente do
Inpi, Luiz Otávio Pimentel, defende o fim dos crimes contra patentes,
marcas e desenhos industriais estabelecidos pela Lei de Propriedade
Intelectual. Ele entende que a tipificação dessas condutas não diminui a
ocorrência delas nem garante punições eficazes. O senhor concorda com
essa análise?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Não concordo. Com essas punições
a coisa já é ruim, sem elas a tendência é piorar. Inclusive, eu acho
que tinha que aumentar as punições. A pena para o sujeito qe faz um
produto pirata é muito baixa e prescreve muito rápido. Então ele nunca é
punido criminalmente. É muito raro.
ConJur — O Brasil é
um país que inova? Dos registros de propriedade intelectual que
percentual aproximado é de brasileiros e qual é o de estrangeiros?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — O brasileiro é muito criativo,
inovador. Agora, não há um estímulo forte para isso. Porque às vezes
para inovar é preciso ter investimento, ter capital e proteção adequada.
E também não há essa proteção. Eu recebo muitas reclamações de clientes
que dizem ter feito um pedido de patente há quatro anos, mas ele não é
analisado e um concorrente passa a copiá-lo. A gente pode notificar o
concorrente, mas nada além disso. Se ele quiser continuar a copiar a
patente, irá continuar. Vale a pena ser contrafator no Brasil. Vou te
dar um exemplo. O sujeito abre um McDonald's não licenciado. O
restaurante é igualzinho, mesma cara, vende os mesmos produtos e tal. O
McDonald's entra com uma ação contra eles e não consegue uma liminar. O
processo vai caminhar por cinco, seis, sete, oito anos. O McDonald's vai
ganhar, o sujeito vai ser obrigado a descaracterizar o restaurante e
pagar uma indenização. Só que a indenização normalmente é o equivalente
ao que ele teria gasto se ele fosse um franqueado. No final das contas
ele vai pagar o quê? A mesma coisa que se ele tivesse se submetido às
regras, feito treinamento, passado por aquele processo de qualificação.
Então ele foi punido? Não. Não foi punido.
ConJur — Mas o senhor não tinha dito que a lei é boa?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Sim. Os critérios para indenização que são aplicados normalmente é que não são bons. Mas a lei é boa, manda indenizar.
ConJur — Que critérios são esses? Quem os estabelece?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Os critérios da lei são vagos,
mas qualquer lei no mundo é vaga. Aí a Justiça local é que determina os
critérios. Existem critérios, mas os que a lei prevê são muito difíceis
de ser aplicados. Até porque falta especialização no Judiciário. Existem
varas especializadas na Justiça estadual do Rio de Janeiro. Mas não
para a segunda instância. Temos a meta de trabalhar isso no ano que vem,
porque em São Paulo existe especialização em primeira e segunda
instâncias. Agora, na Justiça Federal, quando a questão envolve o Inpi,
tem especialização em primeira e segunda instâncias.
ConJur — O sistema estatal de registro de propriedade intelectual, marcas e patentes, ajuda ou atrapalha a vida das empresas?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Ajuda muito. Agora, tem um ponto
em que a Lei de Propriedade Intelectual pecou. Ela tirou a
possibilidade de se registrar os slogans, expressões de propagandas. E
isso ficou sem proteção. Em disputas sobre isso, tenta-se alegar uma
proteção com base em direito autoral. Mas é difícil alguém provar que
criou o slogan assim. Mas voltando, o sistema ajuda as empresas, porque
dá uma proteção para seus direitos intelectuais.
ConJur —
Se os preços de produtos simples estão muito acima do que custam, em boa
parte por causa dos impostos, empresas e governo não têm alguma culpa
pelas falsificações?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Pelas falsificações, não. Agora,
pela proliferação do jeito que está, sim. Por exemplo, em uma época de
crise como estamos vivendo, nossa, a prefeitura e as delegacias
especializadas que existem no Rio e em São Paulo elas têm um comando
para dizer: "olha, não mexe que está todo mundo mal, dá uma aliviada."
Às vezes, quando há muita pressão das empresas, aí fazem uma espuminha,
mas em geral fazem vista grossa por conta da situação econômica do país.
Veja os camelôs, por exemplo. Você sai na rua e não consegue mais andar
nas calçadas por causa de camelôs. A prefeitura está fazendo vista
grossa nesse caso também.
ConJur — O princípio da insignificância deve ser aplicado aos crimes contra a propriedade intelectual?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Dentro da atual conjuntura do
país, sim. Mas isso é muito relativo. Imagine um sujeito tem uma fábrica
de óculos falsificados com o modelo do RayBan e é pego com 10 unidades.
Ele tem uma fábrica operando, os moldes, tudo. Isso entraria no
conceito da insignificância ou não? Agora, um sujeito que está vendendo
óculos em uma banquinha, que nem sabe disso, vai ser penalizado por
isso? Agora, para o fabricante talvez tenha que ter outro enfoque.
ConJur
— Recentemente a Oxfam afirmou que o direito autoral é um dos grandes
fatores de concentração de renda. Isso porque é uma renda que entra na
conta do autor mesmo sem ele ter produzido nada depois que criou a obra.
O que pensa dessa conclusão?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — É um ponto de vista, mas penso
que o autor tem que ser remunerado pela arte, pelo trabalho que ele
desenvolveu. Há quem pergunte se o tempo de proteção não é exagerado. Em
algumas situações, sim. A Disney, por exemplo. A lei americana previa
um tempo de proteção para os personagens. Há quatro anos, expirou o
prazo de validade dos direitos autorais da maioria desses personagens da
Disney. Mas eles puseram tanta pressão no governo americano que ele
mudou a lei para estender essa proteção por mais tempo. Teve quem
criticasse: "mas a regra do jogo não era essa, mudou." Mas são os
personagens da Disney, em quem eles investem, são muito vivos para as
crianças. Aí a Disney vai parar de ser remunerada para todo mundo fazer
camisetas do Mickey Mouse? Nesse caso eu penso que está certo terem
estendido a proteção. Agora, essa proteção pode ser exagerada para
músicas, por exemplo. Vide o caso do sujeito que compôs "Parabéns pra
você". Será que ele tem direito a explorar a canção por 50 anos?
ConJur
— Uma questão que está sendo debatida é a possibilidade de patentear
seres vivos. Os EUA tendem a ser mais liberais nesse campo, enquanto a
Europa adota uma postura mais restritiva. Como enxerga essa questão?
Luiz Edgard Montaury Pimenta — Isso é um meio de se desenvolver
muitas coisas, mas eu sou contra a clonagem ou a réplica de humanos.
Mas é uma evolução da ciência. E isso pode ajudar em muitas coisas. Por
exemplo, hoje tem muita patente de pele, para substituir tecidos
afetados por queimaduras. Também há patentes para o desenvolvimento de
órgãos, como rim, coração. Quanto a isso, eu sou totalmente a favor.
Sérgio Rodas é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio de Janeiro.
Empresa de
investimentos Advent International comprou, neste ano, uma participação
de 80 por cento nas operações brasileiras do Walmart
Por
Reuters
Advent vai investir 1,9 bilhão de reais
nas lojas atuais do Walmart como parte de um acordo com a varejista
norte-americana (Walmart/Divulgação)
São Paulo – A empresa de
investimentos Advent International, que comprou uma participação de 80
por cento nas operações brasileiras do Walmart,
vai investir 1,9 bilhão de reais nas lojas atuais da companhia como
parte de um acordo com a varejista norte-americana, segundo documento
publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo.
Em junho, o Walmart anunciou a venda da fatia para a Advent, saindo
parcialmente de uma operação com desempenho fraco e assumindo um impacto
contábil de cerca de 4,5 bilhões de dólares.
A Advent vai investir os recursos em três etapas, segundo o documento
publicado na semana passada. As primeiras duas parcelas vão somar 750
milhões de reais cada. A primeira já foi realizada e a segunda deve ser
feita no próximo ano. O restante será investido até 2021, segundo o
documento.
Patrice Etlin, um sócio da Advent International no Brasil, afirmou em
junho que a empresa investirá bilhões de reais para converter
hipermercados deficitários da rede em lojas de atacarejo. Novas
aberturas de lojas não estão nos planos da Advent.
Rede de supermercados Real de Itaipu com logo do grupo Unno (Unno/Divulgação)
São Paulo –
Sete redes de supermercados regionais no Rio de Janeiro uniram suas
forças para buscar melhores condições de compra, ter um marketing mais
forte e trocar conhecimento.
A partir do grupo Unno, o objetivo é
ter mais força na negociação com fornecedores e, assim, oferecer preços
menores e mais promoções aos consumidores.
Juntas, as sete redes somam 113
supermercados, mais de 14 mil funcionários e 3,8 bilhões de reais em
vendas no ano passado. São elas: Bramil, Campeão, Costazul, Inter
Supermercados, Princesa, SuperPrix e Supermercados Real de Itaipu.
“Estamos vendo um ambiente com muitas
promoções por aqui. Para sobreviver no meio desses gigantes, tem que ser
mais arrojado”, diz Genival Beserra, presidente do grupo Unno.
Por isso, os supermercados
centralizaram suas compras e investimento em marketing em janeiro deste
ano e, a partir de junho, lançaram a iniciativa no mercado. O logo de
cada rede ganhou o sobrenome Unno, mas as redes deverão manter sua
própria marca e identidade, já que o público já as reconhece.
As redes têm públicos e perfis
semelhantes e, com exceção de um vinho mais sofisticado ou um queijo
importado, grande parte das mercadorias vendidas são as mesmas. Isso
facilita a negociação com os fornecedores: como as compras são maiores,
os descontos também são.
“Com apenas cinco unidades na Costazul
(rede da qual era presidente), eu tinha uma dificuldade enorme em
conseguir o mesmo preço competitivo que a concorrência. Juntos,
conseguimos oferecer mais promoções”, afirma Beserra.
Além da unificação dessas operações,
os presidentes das redes se reúnem uma vez por semana para trocar
ideias, dificuldades e melhores práticas. Entre as soluções que surgiram
dessas reuniões, está um novo contrato com as empresas de cartão com
taxas menores e mudanças nas políticas de recursos humanos.
“Quando cada um está com uma bandeira,
somos concorrentes. Mas sentar na mesma mesa para falar dos mesmos
problemas é muito rico”, diz o presidente do grupo.
A comercializadora de açúcar e etanol Copersucar investiu em logística e em parcerias para se destacar num setor em apuros
Por
Denyse Godoy
Armazém da Copersucar: aumento de 142% nas receitas de 2009 a 2017 (Germano Lüders/EXAME)
Na comercializadora de açúcar e etanol Copersucar,
é tempo de colher. Os investimentos de 2,2 bilhões de reais ao longo de
uma década para reforçar a estrutura logística e expandir as operações
para outros países estão frutificando. A decisão de aprimorar seu
sistema próprio de transporte veio da constatação de que a
infraestrutura nacional, muito deficitária, é um dos maiores obstáculos
para aumentar a rentabilidade do setor — como a greve dos caminhoneiros
em maio mais uma vez evidenciou.
Com um aumento de 142% na receita líquida anual de
2009 a 2017, para 2,6 bilhões de dólares, e com uma elevação de 256% na
geração de caixa no mesmo período, para 95 milhões de dólares, a
companhia controlada pelos sócios da cooperativa paulista de produtores
de cana-de-açúcar se destaca como a melhor empresa do agronegócio nesta
edição de MELHORES E MAIORES. “Estamos criando valor em torno do nosso
DNA, a comercialização, conectando o campo ao mundo”, diz Paulo Roberto
de Souza, presidente da Copersucar, companhia que em 2018 completa dez
anos.
Em 2017, o lucro líquido da Copersucar foi
multiplicado por 13 na comparação com 2016, superando os 76 milhões de
dólares, enquanto as 400 maiores empresas do agronegócio registraram uma
alta de 41,4% no lucro no mesmo período, para um total combinado de 5,4
bilhões de dólares. A Copersucar viu também sua rentabilidade sobre o
patrimônio líquido subir de 5,1% para 38,7% no ano passado em relação ao
anterior. O desempenho compensou uma queda de 2,6% na receita em 2017 e
é ainda mais notável considerando que o setor de açúcar e etanol sofreu
muito nos últimos anos.
O endividamento das usinas brasileiras cresceu em
meio à crise econômica, à estagnação das vendas e ao aumento da
competição com a gasolina. Enquanto as produtoras se recuperam
lentamente, aproveitando que o petróleo mais caro encoraja a opção pelo
etanol nos postos, os resultados da Copersucar têm sido estimulados
pelos investimentos recentes. A estratégia da comercializadora foi
estabelecida em 2008, quando os membros da cooperativa criaram uma
sociedade anônima para comprar e revender açúcar e etanol também de
outras usinas que não apenas as 35 controladas pelos 20 grupos
-econômicos sócios da Copersucar. Desde então, coexistem a Copersucar S.
A. e a cooperativa.
Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar: “Estamos conectando o campo ao mundo” | Germano Lüders
Buscando alternativas para driblar o predomínio, no Brasil, do
transporte por rodovia, a Copersucar se lançou em uma sequência de projetos logísticos.
Entre essas empreitadas, agora atingindo a maturidade, está um
etanolduto ligando a maior área produtora do combustível no país —
localizada no centro-sul — à região metropolitana da capital do estado
de São Paulo. A obra tem um custo total estimado de 7 bilhões de reais.
De Uberaba, em Minas, a Barueri, no entorno da cidade de São Paulo, o
duto de até 24 polegadas de diâmetro percorre 350 quilômetros e tem
capacidade para escoar até 6 bilhões de litros do combustível por ano.
O sistema, que entrou em operação em 2013, é gerenciado pela Logum
Logística, uma sociedade criada em 2011 pela Copersucar com a Petrobras,
o grupo -Odebrecht, a também produtora de açúcar e etanol Raízen, a
gerenciadora de dutos Uniduto e o conglomerado Camargo Corrêa. Desse
complexo faz parte, ainda, o Terminal Copersucar de Etanol, na cidade de
Paulínia, também em São Paulo, que entrou em operação em 2013 e passou a
ser administrado em sociedade com a companhia britânica de energia BP
neste ano. O terminal também é conectado à Replan, refinaria da
Petrobras na mesma cidade.
O próximo passo da estratégia é aumentar a extensão do etanolduto,
criando terminais em outras cidades que cercam a capital paulista e
chegando até Santos. “Os aeroportos que não ficaram sem combustível
durante a greve dos caminhoneiros, Viracopos e Guarulhos, contam com o
abastecimento por dutos. Daí a importância para o país de aumentar esse
tipo de estrutura”, afirma Souza. A Logum está negociando um empréstimo
com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para a
próxima etapa. O investimento deve ser da ordem de 1 bilhão de reais,
entre financiamento e capital próprio dos sócios, e, segundo a
Copersucar, em um ano e meio, no máximo, as obras devem começar.
No que diz respeito ao açúcar, o objetivo é ampliar o
uso de ferrovias. Em 2011 e 2012, a Copersucar inaugurou terminais
multimodais em São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, no interior
paulista, para receber os caminhões que levam o açúcar das usinas e
transferir o produto aos trens que o transportarão até os clientes — em
sua maioria, fabricantes de alimentos — no Brasil e no exterior. Esses
entrepostos chegam a movimentar 1,7 tonelada de açúcar por dia. Na outra
ponta está o Terminal Açucareiro Copersucar no porto de Santos, o qual
recebeu um aporte em 2015 para dobrar sua capacidade de exportação, para
10 milhões de toneladas por ano.
Além da reforma dos cinco armazéns e da construção
de um terminal rodoferroviário para recolher o açúcar, um novo
carregador de navios foi instalado para receber embarcações maiores e
acelerar o trabalho. Com esse modelo de negócios, ficando responsável
pelo transporte e pela comercialização do açúcar, enquanto as usinas se
encarregam apenas da produção, a Copersucar se coloca como fornecedor
confiáveltanto para os
clientes internos quanto os externos e barateia os custos de logística
ao mesmo tempo que consegue valores mais interessantes na venda do
produto.
De 2014 a 2016, a empresa deixou de distribuir dividendos às
controladoras para reduzir as dívidas e aplicar todos os recursos
disponíveis no incremento da malha logística. A dívida de longo prazo da
Copersucar caiu de 34,4% do ativo para 24,4% de 2014 para 2017.
Enquanto isso, o patrimônio líquido da Copersucar cresceu 70% no ano
passado ante 2016, para 196 milhões de dólares. A comercialização de
açúcar aumentou 30% na última década, para 4,5 milhões de toneladas por
ano, e a de etanol avançou 34%, chegando a 4,3 bilhões de litros anuais.
A situação confortável, com expansão de faturamento e ativos, também
favorece o relacionamento das controladoras com os bancos,
permitindo-lhes obter crédito para as próprias atividades em melhores
condições.
No ano-safra encerrado em março de 2018, a Copersucar transportou 56%
do açúcar comercializado por ferrovias, mas continua esbarrando nas
ineficiências do setor público. Primeiro, aguarda a renovação da
concessão da Malha Paulista para sua operadora, a Rumo Logística, do
grupo Cosan, que prometeu investir 4,7 bilhões de reais em melhorias na
rede, beneficiando todos os seus usuários com um aumento da velocidade
nas vias e com a ampliação do tamanho de vagões.
A Copersucar também espera o avanço do projeto do anel ferroviário da
Grande São Paulo, chamado de Ferroanel Metropolitano. Embora tenha sido
planejado há mais de 50 anos, o projeto ainda se arrasta nos órgãos do
governo estadual. Falta contrapartida ao investimento privado também nos
portos. Em 1993, uma lei passou a permitir que empresas particulares
construíssem e mantivessem terminais nessas áreas, mas a largura e a
profundidade dos canais dos portos permaneceram quase inalteradas,
limitando o tamanho dos navios que conseguem ancorar. “É bastante clara a
mudança do setor para diminuir a dependência do transporte rodoviário.
Além do etanolduto e das ferrovias, outras opções podem ser estudadas,
como aumentar o uso das vias fluviais”, diz Antônio de Pádua Rodrigues,
diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São
Paulo (Unica).
Terminal da Copersucar no porto de Santos: 2,2 bilhões de reais em infraestrutura | Leandro Fonseca
OLHANDO PARA FORA
Ao mesmo tempo que reforçava a operação no Brasil, a Copersucar
acelerava a expansão internacional para ganhar escala e se defender de
oscilações no mercado doméstico. O primeiro passo foi dado em 2012 com a
criação da Copersucar North America, que em 2017 passou a deter o
controle acionário da Eco-Energy Biofuels, uma comercializadora de
biocombustíveis que atua nos Estados Unidos. A empresa conta com nove
terminais de distribuição e faturou 4,4 bilhões de dólares no ano-safra
2017-2018. Atendendo os Estados Unidos e o Brasil, que equivalem a 80%
do mercado internacional de etanol, e exportando para Ásia e África, a
plataforma é a maior do mundo. Outro movimento para ampliar as
fronteiras da Copersucar foi a junção de sua unidade de exportação de
açúcar com o negócio similar do conglomerado agrícola americano Cargill,
dando origem à subsidiária Alvean, na qual cada uma das sócias tem uma
participação de 50%.
A Alvean comercializa anualmente 12 milhões de toneladas de açúcar,
equivalentes a 26% da demanda mundial, em 109 países. Desse volume,
aproximadamente 8 milhões de toneladas são produzidas no Brasil — sendo 3
milhões de toneladas das usinas sócias da Copersucar e 5 milhões de
outros fornecedores — e o restante na América Central, na Tailândia, na
Austrália e na Índia. Essa distribuição internacional da produção dá ao
grupo flexibilidade para atender à demanda quando as usinas brasileiras
privilegiam a produção de etanol em detrimento do açúcar nos momentos de
baixa dos preços do alimento, como aconteceu nos últimos meses.
“Viramos uma operação verdadeiramente global”, afirma Souza. O mercado
mundial para o açúcar continua crescendo a um ritmo de 1,8% ao ano. Nos
países mais desenvolvidos, as vendas do alimento recuaram dos picos
históricos alcançados recentemente devido à redução do consumo de
produtos calóricos, como os refrigerantes. Mas, em países da Ásia, da
África e do Oriente Médio, a demanda só aumenta.
Toque para ampliar.Toque para ampliar.Toque para ampliar.
Novas oportunidades podem surgir da crescente preocupação com a
sustentabilidade. Nos Estados Unidos, praça da Eco-Energy, o governo
estuda aumentar dos atuais 10% para 15% a proporção de mistura de etanol
à gasolina. Na China, algumas províncias já começaram a misturar o
etanol à gasolina, e a ampliação dessa medida poderá gerar uma forte
expansão do setor nos próximos anos. O governo brasileiro, por sua vez,
comprometeu-se a cortar as emissões de gases de efeito estufa em 43%
entre o ano de referência, 2005, e 2030, o que significaria diminuir o
volume para 1,15 bilhão de toneladas por ano. Peça-chave para atingir
essa meta é o RenovaBio, política de estímulo à produção e ao uso de
biocombustíveis no Brasil. O decreto que regulamenta a lei foi publicado
no Diário Oficial da União em março deste ano e permite, entre
outras medidas, a criação de créditos de descarbonização com base na
produção de biocombustíveis. Segundo o Ministério de Minas e Energia, as
metas do -RenovaBio demandam que a oferta de etanol aumente 67% até
2030, para cerca de 50 bilhões de litros por ano.
Posto de gasolina: o petróleo mais caro encoraja o etanol | Alexandre Battibugli
O cenário parece favorável do lado da regulação, mas
a flutuação de preços tanto do açúcar quanto do etanol, que faz com que
as usinas mudem a proporção de produtos extraídos da cana a cada safra,
impõe um grande desafio para a Copersucar, que precisa ser ágil no
ajuste de sua infraestrutura. Na temporada 2017-2018, com a forte queda
dos preços do açúcar, os produtores inundaram o mercado com etanol,
invertendo a tendência dos valores.
A forte seca que afetou os canaviais no centro-sul
do Brasil de abril a junho deve fazer as usinas anteciparem o
encerramento do período de colheita, diminuindo a disponibilidade de
volumes para a comercializadora até o ano que vem. “O que é diferente
nesta crise é que, por causa da previsão de aumento mundial da produção
de cana-de-açúcar, puxado por Tailândia, Índia e Paquistão, devemos ter
uma baixa de preços acompanhando a quebra da safra brasileira. É o pior
dos mundos para quem produz commodities”, diz Alexandre Figliolino,
sócio da consultoria MB Agro. A grande prova de fogo para a Copersucar,
então, ainda está por vir.