segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Carga tributária sobe para 32,43% do PIB, diz Receita Federal


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A carga tributária atingiu 32,43% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB), em 2017. A informação foi divulgada hoje (3) pela Receita Federal. É o maior índice em quatro anos.

Em relação a 2016 (32,29%), a carga tributária aumentou 0,14 ponto percentual. De acordo com a Receita, a variação resultou da combinação dos acréscimos em termos reais (descontada a inflação) de 0,99% do PIB e de 1,4% da arrecadação tributária nos três níveis de governo.

O PIB no ano de 2017 apresentou aumento em relação ao ano anterior, alcançando aproximadamente R$ 6,56 trilhões. E a arrecadação chegou a R$ 2,13 trilhões.
Dentre os tributos federais, os que mais contribuíram para o aumento da carga tributária foram os programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), responsáveis pelo crescimento de 0,21 ponto percentual. Segundo a Receita, o acréscimo decorreu principalmente da elevação das alíquotas sobre combustíveis (gasolina e diesel).

Já as maiores reduções se devem ao Imposto de Renda sobre a Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), responsáveis por um decréscimo de 0,35 ponto percentual. Isso ocorreu porque, em 2016, houve aumento da arrecadação com o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária, conhecido como Lei da Repatriação. Esse regime permitiu a regularização de recursos, bens ou direitos remetidos ou mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no país, que não tinham sido declarados ou que tinham sido declarados incorretamente. No total, em 2016 foram arrecadados R$ 23,5 bilhões.

Quanto aos tributos estaduais, houve acréscimo de arrecadação em relação ao ano anterior do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) de 0,12 ponto percentual.


 https://www.istoedinheiro.com.br/carga-tributaria-sobe-para-3243-do-pib-diz-receita-federal/

Gasto no cartão internacional será fixado em real do dia da compra


Medida demorará mais de um ano para ser implementada

 

Por Agência Brasil 

 

redacao@amanha.com.br
Gasto no cartão internacional será fixado em real do dia da compra


Os gastos feitos em moeda estrangeira nos cartões de crédito internacionais terão seu valor fixado em reais pela taxa de conversão vigente no dia de cada gasto realizado. A medida foi anunciada pelo Banco Central (BC) e passa a valer a partir a partir de 1º de março de 2020. Dessa forma, afirma o BC, o cliente ficará sabendo já no dia seguinte quanto vai desembolsar em reais, eliminando a necessidade de eventual ajuste na fatura subsequente. “A medida aumenta a previsibilidade para os clientes em relação ao valor a ser pago, evitando o efeito da variação da cotação da moeda estrangeira entre o dia do gasto e o dia de pagamento da fatura”, explicou o BC, em nota. Além disso, acrescenta o BC, a medida eleva a transparência e a comparabilidade na prestação do serviço, padronizando as informações sobre o histórico das taxas de conversão nas faturas que terão de ser divulgadas em formato de dados abertos, de forma que os rankings de taxas possam ser estruturados e divulgados.

Para a sistemática de fixação do valor em reais na data do gasto, a fatura terá de apresentar, além da identificação da moeda, a discriminação de cada gasto na moeda em que foi realizado e o seu valor equivalente em reais e as seguintes informações adicionais: data, valor equivalente em dólares (quando a moeda usada na compra for diferente da divisa norte-americana) e a taxa de conversão do dólar para o real. De acordo com a circular, as instituições poderão ofertar ao cliente sistemática alternativa de pagamento da fatura pelo valor equivalente em reais no dia de seu pagamento. Nesse caso, regulariza a circular, o cliente terá de aceitar “expressamente” essa opção.

Segundo o presidente do BC, Ilan Goldfajn, a medida demorará mais de um ano para ser implementada pelas instituições financeiras. “Algumas instituições já oferecem, outras ainda precisam mudar o sistema. O consumidor vai se sentir mais confortável em saber na hora da compra quando ele gastou. É algo que facilita a vida do cidadão”, destacou.



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Gerdau, Tigre e Votorantim lançam a Juntos Somos Mais


Empresa quer modernizar o varejo da construção civil

 

Por Marcos Graciani

 

graciani@amanha.com.br
Gerdau, Tigre e Votorantim lançam a Juntos Somos Mais


A Juntos Somos Mais Fidelização Ltda. anunciou nesta quarta-feira (28) o início de suas operações como empresa independente, tendo como acionistas Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre (na foto, da esquerda para a direita: Otto von Sothen, CEO do Grupo Tigre; Walter Dissinger, CEO da Votorantim Cimentos; Antônio Serrano , CEO da Juntos Somos Mais, e Gustavo Werneck, CEO da Gerdau). A nova empresa vai gerir o Juntos Somos +, maior programa nacional de fidelidade do varejo de material de construção, que funciona como um plano de benefícios para as lojas, vendedores e profissionais da obra com o objetivo de desenvolver e modernizar o varejo da construção civil. No Brasil, a construção civil movimenta aproximadamente R$ 300 bilhões ao ano, o que equivale a 4,5% do PIB. É também um dos maiores empregadores no país, com mais de 100 mil lojas de materiais de construção e seis milhões de profissionais da obra.

Criado em 2014 pela Votorantim Cimentos, o Juntos Somos + possui atualmente mais de 40 mil lojas e cerca de 60 mil profissionais cadastrados. Além das 3 acionistas, as empresas de serviços Santander e Linx e também outras empresas relevantes do setor de construção fazem parte do programa, como Vedacit, Eternit, Suvinil, Stam, Bosch, Casa do Construtor, Ciser, Ourolux e Cozimax. “A Juntos Somos Mais é o primeiro ecossistema do segmento de varejo da construção civil que envolve empresas, lojas e profissionais da obra. O Programa já é amplamente utilizado e, de 2014 a 2018, distribuiu mais de um bilhão de pontos, concedeu cerca de 300 mil prêmios e impactou mais de 100 mil pessoas diretamente”, afirma Antônio Serrano, CEO da nova empresa. 

As lojas e profissionais da obra acumulam pontos com a compra de produtos das empresas participantes que são transformados em prêmios, como equipamentos para as lojas (empilhadeira, computadores), sistemas de gestão, cursos profissionalizantes, ferramentas e ações de responsabilidade social dentro das comunidades locais. Todo esse ecossistema é acessado por meios digitais, como website e aplicativos de smartphones. Os consumidores também são beneficiados. Atualmente, eles podem encontrar dificuldade para fazer até mesmo uma pequena reforma, tendo que decidir qual material comprar e quais profissionais contratar. “Com o crescimento do programa de benefícios e o uso de inteligência artificial, a empresa aposta que as lojas de material de construção oferecerão a solução de obra e reforma. Em um futuro próximo, o cliente final poderá comprar, por exemplo, um novo banheiro para sua casa, contando com produtos e profissionais de qualidade”, revela Serrano.

Segundo o CEO, por meio do Juntos Somos +, o cliente perceberá cada vez mais melhorias em sua experiência de compra, resultado de um atendimento mais personalizado da loja, profissionais mais qualificados e a oferta de uma gama ampla de produtos financeiros como financiamento e seguros. Até 2020, a empresa planeja investir R$ 50 milhões na expansão do programa e no aprimoramento do ecossistema, adicionando novas funcionalidades e melhorando os benefícios para os participantes. A companhia emprega hoje 25 pessoas e adota uma cultura de startup com um propósito bem definido e uma estrutura pouco hierárquica, que encoraja o desenvolvimento de ideias inovadoras. “Nosso propósito é fortalecer e desenvolver o varejo de material de construção e os profissionais de obra do Brasil. Esse direcionamento gera entusiasmo no time que opera com muita autonomia no modelo de squads, ou seja, atuando como equipe multidisciplinar”, informa Serrano.


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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Briga de cachorro grande


Os bilionários norte-americanos já estão na poeira, quando comparados com os da APAC, que engloba a “Grande China”

 

Por Milton Pomar

Os bilionários norte-americanos já estão na poeira, quando comparados com os da APAC, que engloba a “Grande China”


A indústria asiática ocupa cada vez mais espaços comerciais no mundo, desde que a China iniciou seu processo de Reformas em 1980. Segundo estudo de 2010 da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Ásia respondia por 14% das exportações mundiais em 1948, tendo mais do que dobrado a sua participação em 2009, para 29,4% do total. E a China foi de 0,9% para 9,9%, sendo o seu maior salto nos anos 2000. Na sua publicação “Examen Estadístico del Comercio Mundial 2018”, disponível aqui, a OMC informa que a China respondeu em 2017 por 13% do total das exportações mundiais, com US$ 2,22 trilhões – e um superávit de US$ 421,4 bilhões.

Esses números impressionam ainda mais quando comparados com os de 2004, ano no qual a China era o terceiro maior importador e exportador do mundo, com 5,9% e 6,5% de participação, respectivamente. Naquele ano, a Alemanha detinha 10% das exportações mundiais e os EUA 9,0% – e este respondia também por 16% das importações, seguido à distância pelos alemães, com 7,6%. Importante registrar que Hong Kong e Taiwan, considerados pela China como integrantes do país, já pontuavam em 11º lugar e 15º lugar entre os maiores comerciantes do mundo, com 2,9% e 2% nas exportações, e 2,9% e 1,8% nas importações. 

É importante lembrar desses fatos e conhecer os informes da OMC de 2017 e 2018 sobre o comércio mundial “Comercio, tecnologia y empleo” e “El futuro del comercio mundial: cómo las tecnologías digitales están transformando el comercio mundial”, disponíveis aqui, para se entender melhor o que está acontecendo e para onde vão a indústria, a inovação e o comércio mundiais nos próximos anos – e como tudo isso tem impactado e impactará ainda mais a indústria, empregos, salários, renda e arrecadação tributária no Brasil.

A Inovação entrou definitivamente nesse processo, e avança rápido em toda a Ásia e mais rápido ainda e em maior escala na China – cuja indústria cresceu 6,5% em 2017 e deverá avançar 6,1% neste ano, de acordo com o boletim “World Manufacturing Production – Statistics for Quarter II, 2018”, da Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (Unido) –, que passou do 22º lugar mundial em Inovação, em 2017, para o 17º em 2018, na 11ª edição do “World Innovation Index” (Índice Mundial de Inovação), da OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), e já está no 28º lugar (avanço significativo, em relação ao 54º lugar em 2006) no Ranking Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial. 

Escala e Inovação na indústria turbinam principalmente a economia da China, cuja meta modesta para os próximos 30 anos é tornar-se a maior potência tecnológica do mundo. Essa soma de inovação industrial e grande escala é responsável pelo surgimento de 200 bilionários na China, de 2012 para 2017, e 357, de 2006 para 2017, totalizando 373 neste ano, segundo o estudo “Billionaires report 2018”, da PwC-UBS disponível aqui. É tão grande o destaque para o “fenômeno China”, que a publicação deste ano intitula-se “New Visionaries and the Chinese Century”, e sua principal promessa é que os bilionários asiáticos ultrapassarão os bilionários norte-americanos até 2021.

Crises mundiais à parte, os novos 332 bilionários de 2017 agregaram 19% à riqueza já existente, que atingiu o recorde de US$ 8,9 trilhões. Desses novos bilionários, 107 são chineses, cuja riqueza somada cresceu 39%, de 2016 para 2017, atingindo US$ 1,2 trilhão. Hoje, a China tem 20% dos bilionários do mundo. Aumentou lá e diminuiu nos Estados Unidos: apenas 53 novos em 2017, contra 87 em 2012. Diferença qualitativa importante entre os bilionários dos dois países: os norte-americanos têm, em média, quase dez anos a mais do que os chineses (56 anos de idade média). 

Esses dados todos são interessantes para se avaliar o “mahjong” da geopolítica mundial, no qual o presidente dos EUA joga com uma estratégia muito própria. Talvez por ser muito duro de engolir o enorme e tão veloz crescimento econômico e comercial da Ásia, e em particular o da China. O fato é que os 585 bilionários dos EUA (eram 443 em 2012) já estão na poeira, quando comparados com os 814 da APAC – que engloba a “Grande China” (China continental, Taiwan e Hong Kong), com seus 475, mais os 43 da Oceania e os 296 do Sul e Leste da Ásia (Singapura, Malásia, Tailândia, Índia, Japão, Coréia do Sul, Filipinas e a Indonésia).

Toda essa situação, que antigamente era denominada “briga de cachorro grande”, afeta – ou pode afetar – muito o Brasil já em 2019, em todos os setores da economia: minérios e agronegócio à frente, enquanto exportadores; indústria e serviços, nos dois lados da balança comercial; e o comércio varejista enquanto grande importador. 

Na relação com a China, a nossa fraqueza é a indústria, dada a “desindustrialização” ocorrida a partir dos anos 1990. Câmbio, juros altos e logística precária encarecem os produtos brasileiros, deixando-nos sem condições de ofertar preços competitivos a nível internacional. Talvez a solução para a indústria seja o Brasil se aliar ao maior importador e concorrente da China, como alguns estão propondo, estilo “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, ou o contrário: buscar mais investimentos e tecnologia com os chineses para reindustrializar o país, com indústrias e ferrovias modernas e condições de financiamento semelhantes às dos países desenvolvidos. 


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Após plano bilionário azedar, Evino repensa negócio


Varejista de vinhos abandona plano de faturar 1 bilhão de reais em 2020 para montar uma operação que sobreviva às próximas intempéries

 




Tudo ia muito bem para a varejista online de vinhos Evino até que deixou de ir. Em 2017, a empresa faturou 265 milhões de reais – alta de 144% em comparação ao ano anterior. E as previsões eram ainda mais otimistas para 2020: faturar 1 bilhão de reais. Isso, definitivamente, ficou no passado. Uma enxurrada de problemas fez com que a Evino precisasse rever todas as suas projeções. Hoje, a empresa se dá por satisfeita se repetir o resultado do ano passado.

A produção mundial de vinhos no ano passado foi a menor dos últimos 60 anos, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). A queda foi de 9%, cerca de 250 milhões de hectolitros a menos, causada principalmente por conta de geadas fortes seguidas de ondas de calor. A safra na Europa, onde a Evino concentra as suas compras, foi 15% menor.

A lei da oferta e da demanda fez os gastos aumentarem para a Evino. Para completar, o euro e o dólar continuaram se valorizando frente ao real. Cerca de 98% de suas compras são importadas – o restante é por meio de importadoras que já estão instaladas no Brasil. Com tantos problemas, os planos da Evino precisavam mudar.

O processo foi desgastante. De maio para junho, a empresa enxugou a sua operação em quase 20%. Um dos três CEOs, o francês Olivier Raussin, saiu da operação diária, mas se manteve como acionista. Os fundadores Marcos Leal e Ari Gorenstein voltaram a ter comando total do negócio.

Essa decisão também foi influenciada por uma mudança na estratégia de longo prazo. A possibilidade de um faturamento bilionário ficou de lado e a rentabilidade passou a se tornar o grande objetivo. No processo, o fundo alemão Project A saiu da operação. Os fundadores, por meio de um fundo familiar que tem participação na Evino, decidiram recomprar a fatia do fundo, que estava com a Evino desde 2013. “Decidimos voltar para a primeira formatação da empresa”, diz Gorenstein.

Com essa decisão, os planos de curto prazo passaram a ser menos ambiciosos. Os investimentos em marketing, por exemplo, se tornaram pouco agressivos. Promoções saíram de cena – se tornou difícil, por exemplo, encontrar garrafas de vinho com preços menores do que 25 reais. A previsibilidade também passou a ser chave para a operação se tornar mais rentável. Até o meio do ano, o estoque da Evino não chegava a 3 meses. Para ter mais controle do que vai pagar, a empresa decidiu deixar garrafas estocadas para seis meses de vendas.

Além disso, a Evino passou a renegociar os contratos com os seus fornecedores tanto de vinhos quanto de logística. Gorenstein não entrou em detalhes sobre o percentual economizado, mas disse que tem sido o suficiente para bater a meta Ebitda da companhia para esse ano: superior a 10%. “É uma margem ótima, ainda mais quando comparada a outros comércios eletrônicos do Brasil”, diz o CEO.

Para aumentar esse número, a empresa está apostando na popularização dos vinhos mais caros. As vendas de vinhos acima de 50 reais, que a empresa coloca na prateleira de premium, mais que dobraram neste ano, segundo Gorenstein. Outra oportunidade está no crescimento de espumantes e vinhos brancos e rosés. “Eles ajudam nas vendas de verão, em que há uma queda no interesse por vinhos tintos”, diz. A expectativa é que esse trio represente até 15% do faturamento em 2019 – atualmente não chega a 8%.


 https://exame.abril.com.br/negocios/o-plano-bilionario-da-evino-azedou/

É preciso acelerar as reformas, pois o Brasil tem pressa


Pedrozo crê que PIB voltará a crescer apenas com ajustes 

 

Por José Zeferino Pedrozo*



O vasto e multifacetado universo do agronegócio chega ao fim de 2018 vergastado pelas dificuldades que marcaram o cenário deste ano.  O desemprego, a queda de renda da população, o baixo consumo das famílias, a elevação de custos dos insumos e a greve dos caminhoneiros formaram um conjunto de percalços cujos efeitos impactaram todos os segmentos da economia. Da mesma forma, os exagerados efeitos midiáticos das Operações Carne Fraca e Trapaça devastaram injustamente a reputação de importantes empresas. O setor de alimentos – geralmente o último a sentir os efeitos da crise – não ficou incólume. Produtores e empresários rurais, agroindústrias e indústrias fornecedoras de insumos ao agro fecharão o ano com os resultados no vermelho. 

É verdade que as eleições e a promessa de mudanças e transformações trouxeram um novo ânimo ao mercado – e aí reside a essência e a beleza da Democracia. Mas também é verdade que, nesse momento, não se manifestou ainda, concretamente, qualquer sinal de melhora. As vendas da indústria de alimentos para o Natal, historicamente contratadas em outubro e até a primeira quinzena de novembro, decepcionaram. Esse quadro de dificuldades não turva a previsão e a sensação de otimismo para 2019. Empresários, trabalhadores e empreendedores esperam um novo cenário. Porém, há um forte consenso de que o novo governo deve utilizar seu imenso capital político para apresentar de imediato um corajoso programa de reformas. Não será fácil, pois o tamanho do desafio fiscal é enorme, especialmente porque, nos últimos três mandatos, a responsabilidade fiscal foi abandonada.

Somente um programa crível de ajustes viabilizará o crescimento da economia brasileira. Inescapavelmente, o primeiro e mais vigoroso movimento deve se dar na reforma da Previdência. Porém, para equilibrar as contas públicas, são necessárias medidas como a contenção de outras despesas, como a redução do tamanho da administração pública e o corte de privilégios. Problema: o orçamento federal é muito engessado e o governo consegue dispor de apenas 10% dos gastos não financeiros. A sociedade e o mercado esperam que, além das reformas, as políticas de ação do governo que assume em janeiro marquem o fim de um ciclo de forte intervencionismo do Estado que se manifesta desde a Democratização. 

As formas mais eficazes para estimular a economia são os investimentos em infraestrutura (com um programa ambicioso em rodovias, ferrovias, hidrovias e geração de energia elétrica) e os estímulos às exportações. Aqui, mais uma vez, haverá a contribuição da agricultura e do agronegócio, com a capacidade já demonstrada, de oferecer um superávit de US$ 100 bilhões ao ano mediante a exportação de grãos, carnes, frutas, lácteos etc. O Brasil tem pressa. É preciso acelerar as mudanças para recuperar o tempo perdido nesses quatro anos de crise. A agricultura fará mais uma vez a sua parte. Da futura administração se espera responsabilidade fiscal, reformas profundas, adoção de princípios de meritocracia, com mais mercado e menos intervenção estatal.

*Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).


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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Negociação entre Smiles e Gol sobre incorporação pode levar 3 meses


O plano anunciado pela companhia aérea é parte de uma reestruturação societária mais ampla desenhada para levar o grupo ao Novo Mercado da B3

 


São Paulo – As negociações entre a Smiles com a controladora Gol num plano de incorporação podem levar cerca de três meses, considerando o tempo médio de operações similares nos últimos anos no Brasil, segundo um executivo da administradora de programas de fidelidade.

“Essa operação tem características próprias, mas temos visto esse período de tempo como possível parâmetro”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Smiles, Marcos Pinheiro.Mais cedo nesta quarta-feira, a Smiles anunciou a composição de um comitê que será responsável por negociar os termos de uma incorporação da companhia pela Gol. O comitê é formado por Ana Novaes e José Luiz Osório, ex-diretores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e José Monforte, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Na quinta-feira, os acionistas da Smiles se reúnem em assembleia extraordinária para votar a proposta de reforma estatutária que, se aprovada, abre caminho para a reestruturação desejada pela Gol.

Segundo Pinheiro, o objetivo do comitê é defender condições justas para os acionistas da Smiles na negociação com a Gol, que detém 52,7 por cento das ações da companhia. O conselho de administração da Smiles, porém, não é obrigado a chancelar as indicações do comitê.

O plano anunciado pela companhia aérea no mês passado é parte de uma reestruturação societária mais ampla desenhada para levar o grupo ao Novo Mercado da B3. O plano foi bastante criticado por acionistas minoritários da Smiles, já que indica que eles devem receber ações da Gol com direito a voto menos abrangente que o que têm atualmente.

A ação da Smiles caiu quase 40 por cento no pregão seguinte ao anúncio, fazendo a empresa perder cerca de 2,5 bilhões de reais em valor de mercado. A CVM abriu um processo para analisar a reestruturação. Às 14:25, a ação da Smiles cedia 0,36 porcento na B3, cotada a 42,10 reais, enquanto o papel da Gol tinha alta de 0,58 por cento. No mesmo horário, o Ibovespa recuava 0,3 por cento.

 https://exame.abril.com.br/negocios/negociacao-entre-smiles-e-gol-sobre-incorporacao-pode-levar-3-meses/