Pedrozo crê que PIB voltará a crescer apenas com ajustes
O vasto e multifacetado universo do agronegócio chega ao fim
de 2018 vergastado pelas dificuldades que marcaram o cenário deste ano.
O desemprego, a queda de renda da população, o baixo consumo das
famílias, a elevação de custos dos insumos e a greve dos caminhoneiros
formaram um conjunto de percalços cujos efeitos impactaram todos os
segmentos da economia. Da mesma forma, os exagerados efeitos midiáticos
das Operações Carne Fraca e Trapaça devastaram injustamente a reputação
de importantes empresas. O setor de alimentos – geralmente o último a
sentir os efeitos da crise – não ficou incólume. Produtores e
empresários rurais, agroindústrias e indústrias fornecedoras de insumos
ao agro fecharão o ano com os resultados no vermelho.
É verdade
que as eleições e a promessa de mudanças e transformações trouxeram um
novo ânimo ao mercado – e aí reside a essência e a beleza da Democracia.
Mas também é verdade que, nesse momento, não se manifestou ainda,
concretamente, qualquer sinal de melhora. As vendas da indústria de
alimentos para o Natal, historicamente contratadas em outubro e até a
primeira quinzena de novembro, decepcionaram. Esse quadro de
dificuldades não turva a previsão e a sensação de otimismo para 2019.
Empresários, trabalhadores e empreendedores esperam um novo cenário.
Porém, há um forte consenso de que o novo governo deve utilizar seu
imenso capital político para apresentar de imediato um corajoso programa
de reformas. Não será fácil, pois o tamanho do desafio fiscal é enorme,
especialmente porque, nos últimos três mandatos, a responsabilidade
fiscal foi abandonada.
Somente
um programa crível de ajustes viabilizará o crescimento da economia
brasileira. Inescapavelmente, o primeiro e mais vigoroso movimento deve
se dar na reforma da Previdência. Porém, para equilibrar as contas
públicas, são necessárias medidas como a contenção de outras despesas,
como a redução do tamanho da administração pública e o corte de
privilégios. Problema: o orçamento federal é muito engessado e o governo
consegue dispor de apenas 10% dos gastos não financeiros. A sociedade e
o mercado esperam que, além das reformas, as políticas de ação do
governo que assume em janeiro marquem o fim de um ciclo de forte
intervencionismo do Estado que se manifesta desde a Democratização.
As
formas mais eficazes para estimular a economia são os investimentos em
infraestrutura (com um programa ambicioso em rodovias, ferrovias,
hidrovias e geração de energia elétrica) e os estímulos às exportações.
Aqui, mais uma vez, haverá a contribuição da agricultura e do
agronegócio, com a capacidade já demonstrada, de oferecer um superávit
de US$ 100 bilhões ao ano mediante a exportação de grãos, carnes,
frutas, lácteos etc. O Brasil tem pressa. É preciso acelerar as mudanças
para recuperar o tempo perdido nesses quatro anos de crise. A
agricultura fará mais uma vez a sua parte. Da futura administração se
espera responsabilidade fiscal, reformas profundas, adoção de princípios
de meritocracia, com mais mercado e menos intervenção estatal.
*Presidente
da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).
http://www.amanha.com.br/posts/view/6681
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