James Hirschmann, da Western Asset, gerencia R$ 1,63 trilhão e acha que aplicar dinheiro aqui é um bom negócio
Western
Asset. No País, a gestora de recursos de origem americana não é uma das
líderes de mercado. Segundo dados da Anbima, associação que representa
as empresas que administram dinheiro, ela cuida de um patrimônio de R$
28,3 bilhões, o que a coloca em 17º lugar na lista. No entanto, se a
empresa presidida por James Hirschmann fosse brasileira, ela
administraria mais recursos do que Banco do Brasil e Itaú Unibanco –
somados. Com US$ 421 bilhões (R$ 1,63 trilhão) de dólares sob
administração e escritórios em nove países, é uma das maiores do setor
nos Estados Unidos. Dedicando-se quase que totalmente a fundos de renda
fixa, a companhia avalia investimentos em todas as latitudes, tanto
geográficas quanto de risco. Os 851 funcionários liderados por
Hirschmann dedicam boa parte de seu tempo a avaliar as possibilidades de
títulos de dívida públicos e privados. Em uma entrevista à DINHEIRO,
Hirschmann falou das perspectivas para o Brasil. E diz, com todas as
letras: o País permanece atraente. “Vale a pena deixar dinheiro aqui”,
diz.
A justificativa para esse interesse é simples: apesar da baixa dos
juros por aqui, e da alta potencial das taxas americanas, os títulos de
dívida brasileiros ainda pagam prêmios bastante superiores à média dos
demais países emergentes. Isso justifica correr os riscos de um eventual
calote. “Mesmo na hipótese de que algum emissor venha a não cumprir com
suas obrigações, a remuneração compensa”, diz ele. Isso vale tanto para
títulos públicos quanto para papéis privados. “A economia brasileira
está saindo da recessão e a situação deve melhorar com o novo governo,
por isso permanecemos com uma perspectiva de alta no Brasil.”
Ele afirma estar otimista também com relação às perspectivas do
mercado internacional. Para ele, a temida elevação de juros nos Estados
Unidos será menos drástica do que parecia há alguns meses. Atualmente
entre 2% e 2,25% ao ano, a taxa referencial de juros do país deverá ser
elevada em mais 0,25 ponto percentual neste mês. Para o executivo, os
prognósticos de alguns analistas que previam juros acima de 3% ao ano
não deverão se confirmar. “A inflação não está tão elevada, e os juros
não devem subir tanto”, avalia.
RISCOS Esse cenário não é isento de riscos, porém.
Para o Hirschmann, há duas ameaças à estabilidade dos mercados. Um deles
é a situação na Europa. O governo inglês ainda não apresentou uma
proposta clara para implantar a saída da União Europeia (UE) o chamado
Brexit. Segundo uma pesquisa da Bloomberg Economics, isso poderá
representar uma retração de até sete pontos percentuais no Produto
Interno Bruto britânico ao longo dos próximos 12 anos. Isso deixará a
Inglaterra muito distante dos demais países da Europa em termos
econômicos, com um forte impacto sobre as finanças globais. Outro risco é
a possibilidade de que o novo governo populista italiano descumpra as
normas de responsabilidade fiscal da UE, gerando ainda mais turbulência.
A maior ameaça no curto prazo é a delicada situação das relações
comerciais entre Estados Unidos e China, que pode reduzir em até 1,5% o
crescimento econômico chinês. O fato de tanto o presidente americano,
Donald Trump, quanto seu oponente chinês, Xi Jingping estarem
determinados a travar uma guerra comercial não ajuda a acalmar os
ânimos. “O presidente Trump é muito imprevisível”, diz Hirschmann.
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