segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Yes, nós queremos investir no Brasil



James Hirschmann, da Western Asset, gerencia R$ 1,63 trilhão e acha que aplicar dinheiro aqui é um bom negócio

 

Crédito: Bruno Mooca
Hirschmann: rentabilidade dos títulos brasileiros é atraente, ainda mais se os juros americanos subirem pouco (Crédito: Bruno Mooca)

Western Asset. No País, a gestora de recursos de origem americana não é uma das líderes de mercado. Segundo dados da Anbima, associação que representa as empresas que administram dinheiro, ela cuida de um patrimônio de R$ 28,3 bilhões, o que a coloca em 17º lugar na lista. No entanto, se a empresa presidida por James Hirschmann fosse brasileira, ela administraria mais recursos do que Banco do Brasil e Itaú Unibanco – somados. Com US$ 421 bilhões (R$ 1,63 trilhão) de dólares sob administração e escritórios em nove países, é uma das maiores do setor nos Estados Unidos. Dedicando-se quase que totalmente a fundos de renda fixa, a companhia avalia investimentos em todas as latitudes, tanto geográficas quanto de risco. Os 851 funcionários liderados por Hirschmann dedicam boa parte de seu tempo a avaliar as possibilidades de títulos de dívida públicos e privados. Em uma entrevista à DINHEIRO, Hirschmann falou das perspectivas para o Brasil. E diz, com todas as letras: o País permanece atraente. “Vale a pena deixar dinheiro aqui”, diz.

A justificativa para esse interesse é simples: apesar da baixa dos juros por aqui, e da alta potencial das taxas americanas, os títulos de dívida brasileiros ainda pagam prêmios bastante superiores à média dos demais países emergentes. Isso justifica correr os riscos de um eventual calote. “Mesmo na hipótese de que algum emissor venha a não cumprir com suas obrigações, a remuneração compensa”, diz ele. Isso vale tanto para títulos públicos quanto para papéis privados. “A economia brasileira está saindo da recessão e a situação deve melhorar com o novo governo, por isso permanecemos com uma perspectiva de alta no Brasil.”

Ele afirma estar otimista também com relação às perspectivas do mercado internacional. Para ele, a temida elevação de juros nos Estados Unidos será menos drástica do que parecia há alguns meses. Atualmente entre 2% e 2,25% ao ano, a taxa referencial de juros do país deverá ser elevada em mais 0,25 ponto percentual neste mês. Para o executivo, os prognósticos de alguns analistas que previam juros acima de 3% ao ano não deverão se confirmar. “A inflação não está tão elevada, e os juros não devem subir tanto”, avalia.
Campanha do Brexit na Inglaterra: saída desordenada pode fazer o PIB britânico encolher sete pontos percentuais (Crédito:DANIEL LEAL-OLIVAS)
RISCOS Esse cenário não é isento de riscos, porém. Para o Hirschmann, há duas ameaças à estabilidade dos mercados. Um deles é a situação na Europa. O governo inglês ainda não apresentou uma proposta clara para implantar a saída da União Europeia (UE) o chamado Brexit. Segundo uma pesquisa da Bloomberg Economics, isso poderá representar uma retração de até sete pontos percentuais no Produto Interno Bruto britânico ao longo dos próximos 12 anos. Isso deixará a Inglaterra muito distante dos demais países da Europa em termos econômicos, com um forte impacto sobre as finanças globais. Outro risco é a possibilidade de que o novo governo populista italiano descumpra as normas de responsabilidade fiscal da UE, gerando ainda mais turbulência.

A maior ameaça no curto prazo é a delicada situação das relações comerciais entre Estados Unidos e China, que pode reduzir em até 1,5% o crescimento econômico chinês. O fato de tanto o presidente americano, Donald Trump, quanto seu oponente chinês, Xi Jingping estarem determinados a travar uma guerra comercial não ajuda a acalmar os ânimos. “O presidente Trump é muito imprevisível”, diz Hirschmann.


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