Juiz federal suspendeu a fusão ao analisar uma ação dos deputados petistas Paulo Pimenta e Carlos Zaratini. Embraer diz que vai recorrer
A sexta-feira deve ser de fortes emoções para
a fabricante brasileira de aviões Embraer. Ontem as ações da empresa
caíram 2,3% e chegaram a entrar em leilão com a divulgação, à tarde, de
que a Justiça de São Paulo concedeu uma liminar e suspendeu a fusão
da companhia brasileira com a americana Boeing. O juiz federal Victorio
Giuzio Neto suspendeu a fusão ao analisar uma ação popular dos
deputados federais petistas Paulo Pimenta e Carlos Zaratini. A Embraer
anunciou que vai recorrer da decisão; a Boeing não se manifestou.
É a mais nova fonte de indefinição sobre um negócio
anunciado há seis meses e considerado por analistas como fundamental
para a companhia brasileira não perder o bonde tecnológico e a
capacidade comercial num mercado em forte consolidação — em 2017, a
maior concorrente da Embraer,
a canadense Bombardier, anunciou um acordo com a Airbus. Ainda assim,
os questionamentos sobre a fusão fizeram com que as ações da empresa
brasileira caíssem 20% desde então. O negócio depende ainda do aval dos
acionistas — entre eles o governo brasileiro — e de órgãos reguladores, o
que deve fazer com que a união entre as companhias fique para o final
de 2019.
Isso se a Justiça permitir.
Em julho, Boeing e Embraer assinaram um acordo de intenções para
criar uma nova empresa na aviação comercial, avaliada em 4,75 bilhões de
dólares. A área comercial foi responsável por 58% da receita da Embraer
em 2017, ou 10,7 bilhões de dólares. As áreas de aviação executiva e
militar ficaram fora do negócio. Segundo o acordo, a companhia americana
ficaria com 80% do novo negócio, enquanto a Embraer seria dona dos 20%
restantes.
Giuzio Neto não impediu que a fusão entre as companhias continue a
ser negociada, mas usou a proximidade do recesso do Judiciário e a
futura troca de governo como justificativas para sua decisão, alegando
ser necessário evitar atos que depois não possam ser revertidos. A
decisão ainda enveredou por searas como o risco da troca de segredos
militares e a ausência de uma “golden share” que dê poder de veto ao
governo na nova empresa. São temas que devem ser motivo de análises mais
profundas ao longo desta sexta-feira.
Segundo o juiz, a Embraer não pode ser considerada como qualquer
outra indústria civil. Reverter a venda da companhia era um dos pontos
defendidos não só pelo PT como pelo PDT de Ciro Gomes durante a campanha
presidencial. Segundo a GloboNews, os militares próximos ao presidente
eleito, Jair Bolsonaro, não pretendem fincar pé numa anulação da fusão.
Durante a campanha, a expectativa da equipe de Bolsonaro
era que o governo Temer desse seu aval à fusão nos dias posteriores ao
segundo turno. Não aconteceu. Agora, o negócio é uma das batatas quentes
que o novo governo terá que descascar.
https://exame.abril.com.br/negocios/boeing-e-embraer-suspensao-judicial-coloca-negocio-em-risco/
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