segunda-feira, 3 de maio de 2021

Help! A revolta de Paul McCartney que pode unir músicos brasileiros contra o streaming


Os serviços de streaming, como Spotify e Apple Music, faturam bilhões de dólares, mas uma pequena fatia desse valor vai parar no bolso dos músicos. O ex-Beatle Paul McCartney resolveu levantar sua voz por uma remuneração mais justa. E está servindo de inspiração para um grupo de compositores brasileiros

 

O cantor e compositor inglês Paul McCartney  (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

O cantor e compositor inglês Paul McCartney não costumava protestar contra direitos autorais nem se juntar a grupos de pressão contra as gravadoras multinacionais. Por isso, o alerta soou quando o ex-Beatle encabeçou uma carta de 156 músicos britânicos ao primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

O documento foi publicado em 20 de abril pelo diário londrino The Guardian e está sendo examinado pelo Parlamento britânico. A carta alerta para as remunerações baixíssimas que os cantores e compositores estão recebendo das plataformas de streaming de música, como Spotify, YouTube e Apple Music, e reivindica a urgente reformulação da política de direitos autorais do setor. O “Copyright Act” data de 1988 e está obviamente ultrapassado.

“Por longo tempo, as plataformas de streaming, gravadoras e outros gigantes da internet têm explorado músicos e criadores sem recompensá-los de forma justa”, diz o texto. “Precisamos restituir o valor da música a quem ela pertence – às mãos daqueles que criam música.”

Hoje, as plataformas de streaming de áudio, como Spotify, Apple Music, YouTube, Deezer ou Amazon Music, são responsáveis por 85% da receita da indústria fonográfica, de acordo com um estudo da Recording Industry Association of America (RIAA), apenas sobre o mercado americano.

No primeiro semestre de 2020, dado mais atual, o setor arrecadou US$ 5,7 bilhões, nos Estados Unidos, uma alta de 5,6% sobre o mesmo período do ano anterior. Só os serviços de streaming ficaram com U$ 4,8 bilhões dessa receita.

Por conta desses números bilionários, que não chegam ao bolso da imensa maioria dos cantores, músicos começaram a reclamar ao redor do mundo, inclusive no Brasil, das remunerações que recebem das plataformas online de áudio.

Depois de mais de um ano de pandemia e sem poder fazer apresentações ao vivo, eles têm recebido os direitos de reprodução de suas gravações nas plataformas digitais. O fato é que nunca estiveram tão à míngua, sobretudo os menos conhecidos.

Um dos primeiros a se preocupar no Brasil foi Ivan Lins, um dos músicos brasileiros mais famosos e influentes, com um catálogo de sucessos portentoso. Na semana passada, ele entrou em contato com os colegas do Reino Unido para buscar orientação.

E, mesmo confinado na serra fluminense, passou a contatar os companheiros brasileiros para organizar um movimento local contra as baixas remunerações. “Estamos submetidos à cleptocracia dos streamings”, teria dito a um amigo. “A carta dos britânicos abriu nossos olhos”, diz outro colega de Lins. “Até essa carta, Paul McCartney sempre ficou na dele.”

Paul passou os últimos anos sem falar contra a política das plataformas de streaming de música, como Spotify, YouTube e Apple Music, que dominam o mercado musical desde pelo menos 2008, data da fundação do serviço de streaming Spotify, do bilionário sueco Daniel Ek. Tudo parecia bem, mas algo mudou depois da pandemia.

O ex-Beatle segue sendo o cantor e compositor mais rico do mundo. Em 2020, sua fortuna foi avaliada em US$ 5,3 bilhões, segundo o jornal britânico The Sunday Times. Mas até Paul anda descontente, sem poder cantar diante de milhares de pessoas em grandes estádios, com altas bilheterias.

Os músicos brasileiros, em especial os sertanejos, ganhavam milhões com a arrecadação de seus shows. Agora, inspirados nessa constatação, a novidade no Brasil é que os músicos começaram a se mobilizar para criar uma ação parecida com a carta de Paul.

Diz a lenda que quando o músico nacional se reúne em uma mesa para reivindicar alguma coisa, nada acontece – além de música. “Daqui a pouco é cerveja, uísque e violão, e todo o resto para”, brinca o cantor e compositor Paulo César Feital.

Mas dessa vez pode ser diferente. “O fato é que, com o coronavírus, paramos de receber de uma hora para outra. Os streamings remuneram mal, e são sócios das gravadoras majors. Nada contra eles, porque sabem agir. O artista é que necessita se esforçar para mudar a situação e passar a ganhar honestamente pelo que produz”, afirma Feital.

O músico Jorge Vercillo

 

 De acordo de Jorge Vercillo – titular de 16 álbuns, autor de diversos sucessos da MPB em 13 novelas de televisão, como “Homem Aranha” (2002), “Monalisa” (2003) e “Ela une todas as coisas” (2007) – não se trata de demonizar as plataformas.

“O mundo digital fez um trabalho incrível e revolucionário”, afirma Vercillo. “O resultado é que as gravadoras e os serviços de streaming lucraram bilhões, mas relegaram os produtores de conteúdo para o fundo da pirâmide. Temos que tornar o sistema mais equilibrado.”

Vercillo está planejando um movimento que una os músicos brasileiros com o objetivo de produzir um documento semelhante ao dos ingleses. “São muitos interessados que entraram em ação nos últimos dias e acho que terei boas notícias a dar’, diz.

Outro compositor, Dudu Falcão, diretor da associação Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus ), afirma que os músicos brasileiros só se deram conta da tragédia que amargam por conta da pandemia.

“Quando eles pegavam a estrada e faziam show, nunca pensaram nos direitos autorais, já que o dinheiro vinha dos shows”, afirma Falcão. “Mas a estrada acabou. Daí o interesse positivo em reestruturar o modelo de remuneração. A classe dos músicos é extremamente desunida. Só que se deu conta de que chegou a hora de agir globalmente.”

A divisão da receita da indústria da música compreende uma distribuição de direitos que envolve diversas entidades, que gerenciam a execução, o direito de reprodução e o autoral. São os casos de gravadoras, editoras, associações de autores e o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), autarquia que detém a prerrogativa de administrar e fiscalizar todos os direitos autorais e de execução dos músicos.

“O modelo do ECAD funciona desde sua criação, em 1977, mas precisa, sempre, se atualizar, por causa do avanço digital”, diz Falcão. “O Movimento Procure Saber e o Grupo de Apoio Parlamentar Pró Música (GAP) já conseguiu algumas vitórias no Congresso Nacional, e vai continuar a obter vitórias.”

“Quando eles pegavam a estrada e faziam show, nunca pensaram nos direitos autorais. Mas a estrada acabou. Daí o interesse positivo em reestruturar o modelo de remuneração”, diz Dudu Falcão

De acordo com Falcão, uma delas foi a Lei 12.853, que restaurou a fiscalização e regulação dos direitos a partir do Estado. “O ECAD voltou a ser regulado e fiscalizado, embora de forma ainda insuficiente e ineficiente”, diz ele.

Antes do ambiente digital, vigorava uma fórmula mais clara quanto ao direito de reprodução das vendas físicas, do LP ao CD. Ela deixava claro quanto um autor receberia das vendas dos produtos. O percentual de 8,4 % destinado ao pagamento de direitos autorais, era dividido pelo número de faixas, levando em conta o preço de capa do LP ou CD.

“Era menos injusto do que é hoje e, embora esse modelo ainda exista, perdeu quase que todo o espaço para o streaming. E, no ambiente digital, as regras e fórmulas não são bem definidas, ou muito pouco claras para um autor ter alguma ideia de remuneração”, afirma Falcão.

Atualmente, as plataformas contam com um modelo que compreende a seguinte partilha das receitas: dos 100% arrecadados pela execução de uma música, por exemplo, a plataforma fica com 30% e a gravadora, com 58%. Os 12% restantes são distribuídos entre editoras (9%) e 3% (ECAD). O percentual que resta ao músico vem destes últimos 12%.

“O que nos sobra é algo na ordem de 0,1% a 0,0001%”, diz um cantor de sucesso, que prefere não se identificar. Ele conta que tem quase 2 milhões de seguidores no Spotify. Em 2020, um hit seu resultou em 400 mil audições da canção. “Sabe quanto eu ganhei? R$ 49!”, diz.

Em março deste ano, o Spotify, que faturou 7,8 bilhões de euros e vale US$ 48,1 bilhões, lançou uma página para explicar como divide o dinheiro com os artistas e compositores de sua plataforma, que tem 155 milhões de assinantes pagos.

De acordo a empresa, mais de 13 mil artistas tiveram uma receita de US$ 50 mil em 2020. Foram pagos US$ 5 bilhões em royalties de direitos autorais no ano passado – em 2017, eram US$ 3,3 bilhões.

Somente 870 artistas tiveram receita maior do que US$ 1 milhão. Por outro lado, 4,6 milhões de artistas tiveram ao menos uma música reproduzida. Em resumo, 89% deles receberam menos de US$ 1 mil ao ano.

O Spotify conta com 155 milhões de assinantes pagos

“A empresa lançou o chamado Loud & Clear, que é uma forma de fazer esclarecimentos a respeito de como funciona o processo de pagamento e as receitas totais recebidas”, informou o Spotify, em nota ao NeoFeed.

“Ali estão explicados todos os pontos essenciais para que os músicos saibam como o conteúdo deles é visto pelo Spotify, incluindo uma calculadora que permite saber a classificação, quando comparado com os outros milhares de artistas que publicam canções rotineiramente.”

Para o gerente de conteúdo e produto da Deezer, Alexander Holland, a forma de remuneração da plataforma francesa é justa e transparente. “Pagamos 70% da nossa receita à indústria”, diz ele.

Vercillo enxerga um futuro glorioso junto às plataformas digitais. “Vamos nos esforçar para reformular o sistema e passar finalmente a ser remunerado de forma equitativa”, afirma. A solução, para Falcão, é prática: reestruturar a divisão e equilibrar o sistema de remuneração.

Ele propõe uma divisão equânime de 25% para cada integrante da indústria: plataforma, gravadoras, editoras e músicos. “É uma cadeia produtiva que a indústria deve repensar e reformular para que o lucro seja distribuído de forma mais justa para todos.”

É preciso agir agora e de forma planetária, acham os músicos: “Senão, corremos o risco de excluir os grandes artistas que vêm por aí. A música corre o risco de desaparecer se ninguém puder ganhar pelo que cria”, diz Galvão.

Todos concordam que a lista de Paul McCartney acendeu uma fagulha que poderá se espalhar muito em breve.

 

 https://neofeed.com.br/insiders/help-a-revolta-de-paul-mccartney-que-pode-unir-musicos-brasileiros-contra-o-streaming/?utm_source=Emails+Site&utm_campaign=c1be268440-EMAIL_CAMPAIGN_2021_05_03_10_59&utm_medium=email&utm_term=0_c1ecfd7b45-c1be268440-404839180

SK Tarpon avança na consolidação da logística e compra Brasil Risk


Desde o ano passado, a Niche Partners, uma dos braços da SK Tarpon, está discretamente comprando empresas para criar uma plataforma de tecnologia logística. Até então, foram três negócios. Nesta segunda-feira, ela anuncia a sua quarta aquisição: a Brasil Risk. Vasco Oliveira conta os planos da nova holding 



Em quatro aquisições, a Niche Partners gastou R$ 300 milhões

Em novembro de 2019, o empresário Vasco Carvalho Oliveira Neto vendeu a sua operadora logística AGV para a mexicana Femsa. O negócio, cujo valor não foi revelado, aconteceu através da Solistica, braço logístico da maior engarrafadora da Coca-Cola na América Latina.

Quase um ano e meio depois desse negócio, Oliveira está voltando ao mercado. Ele está por trás da NSTech, uma holding criada pela SK Tarpon (novo nome da Tarpon) para investir em uma plataforma de tecnologia para logística, cujo objetivo é atender motoristas, transportadores, embarcadores, corretoras de seguro e seguradoras que atuam no transporte de carga.

A nova holding, que opera discretamente desde o fim do ano passado e será gerida pela Niche Partners, já comprou três empresas da área: Buonny, Opentech e AT&M. Nesta segunda-feira, 3 de maio, a NSTech está anunciando a aquisição da Brasil Risk, uma das principais empresas brasileiras da área de gerenciamento de risco.

“Tudo o que for tecnologia para melhorar a experiência de transporte desses cinco públicos faz parte do nosso escopo”, diz Oliveira, CEO da Niche Partners e sócio da SK Tarpon, com exclusividade ao NeoFeed.

Embora não revele o valor da compra da Brasil Risk, a NSTech já investiu R$ 300 milhões na aquisição das quatro empresas. O capital para investimento é proprietário e de family offices, que estão comprometidos a injetar recursos negócio a negócio. O objetivo é fazer novas transações e 15 negócios estão sendo avaliados no momento. “Temos alguns bilhões de reais para investir nos próximos anos e não temos meta de aquisições”, diz Oliveira Neto.

A Brasil Risk atua com soluções que permitem o acompanhamento em tempo real das viagens e ajudam na prevenção de acidentes por meio de análise de dados, tais quais velocidade e tempo de condução. Outro serviço é o planejamento de rotas e paradas, para aumentar a produtividade, e a análise de perfil dos motoristas.

“Fomos assediados mais de sete vezes para vender a empresa”, afirma Rogério Faria, um dos fundadores da Brasil Risk, ao NeoFeed. “O Vasco (Oliveira Neto) chegou com um projeto pronto de criar uma plataforma de tecnologia logística e estávamos preparando a companhia para um momento como esse. Mas não queríamos sair do negócio.”

No desenho feito pela NSTech, as marcas seguem autônomas e concorrendo entre si. O modelo envolve a compra de fatias majoritárias – que podem ser de até 100% da companhia – e os fundadores seguem tocando a operação. Eles também podem se tornar sócios da holding NSTech, em um modelo para alinhar interesses de todos no longo prazo.

O objetivo da NSTech é comprar empresas líderes de mercado em seu nicho, com receita recorrente e margem alta. Com as quatro aquisições, a NSTech já conta 20 mil clientes e um faturamento R$ 245 milhões, sendo que 97% dele é de receita recorrente. A holding atua no México – a Brasil Risk tem uma operação lá – e deve começar a operar em Peru, Colômbia e Equador em breve.

O curioso, na estratégia da NSTech, é que Brasil Risk, Buonny e Opentech são concorrentes, que agora passam a fazer parte da mesma holding. Só a AT&M, que atua com averbações de seguros de cargas, está em uma área diferente. “Elas têm clientes diferentes e focos complementares”, afirma Oliveira Neto.

Vasco Carvalho Oliveira Neto, CEO da Niche Partners e sócio da SK Tarpon

A Brasil Risk, por exemplo, atua prestando serviços para operações mais complexas de embarcadores e grandes transportadoras. Seus principais clientes estão na área de eletrônicos e bens de consumo. A Opentech tem sua força com o monitoramento de operações de empresas com produtos frigorificados e farmacêuticos. Já a Buonny opera com pequenas e médias transportadoras.

Apesar de operarem de forma independente, a NSTech deve centralizar algumas ações. Uma delas é a parte de tecnologia, como os data centers. “Temos mais poder de barganha”, diz Oliveira. As três empresas que atuam na área de gerenciamento de riscos estão decidindo também qual tecnologia deve prevalecer entre elas. “Não faz sentido investir em três plataformas diferentes”, afirma Faria, da Brasil Risk. “Vamos investir pesado em inteligência artificial e machine learning.”

Outra área que deve ser centralizada é a de dados. Com as quatro aquisições, a NSTech passa a contar com um dos maiores banco de dados do setor. São informações de mais de 1,8 milhão de motoristas profissionais, incluindo ainda o monitoramento de mais de 10 milhões de viagens por ano.

Por mês, a holding terá ainda informações de mais de 70 milhões de documentos, com dados sobre a viagem, o valor pago e os nomes das empresas que contrataram o serviço e do transportador. “São insights que podem resolver os grandes problemas do setor, como produtividade, roubo e acidentes”, afirma Oliveira Neto.

Nesse momento, a NSTech está trabalhando para tratar os dados dessa base. Depois, avaliará como eles serão usados. “Sabemos que há muito valor para extrair”, diz Oliveira Neto. “Mesmo que seja vendendo.” Será um negócio a parte? Oliveira não sabe ainda responder.

A NSTech também está de olho no universo de motoristas e transportadoras que não tem acesso a serviços financeiros ou que pagam taxas de juros altíssimas em empréstimos. “Esse é um mercado grande”, diz Oliveira Neto. “Certamente, vamos ter a maior fintech do setor.” Com base nas informações de seu banco de dados, Oliveira acredita que a NSTech terá capacidade de desenvolver um produto mais aderente a esse público.

Questionado se o plano é comprar uma fintech para ofertar esses serviços ou fazer parcerias com empresas que prestam serviço de banking as a service, Oliveira diz que não pode relevar a estratégia. “Tem coisas que faz sentido comprar e outras, montar do zero”, diz ele, sem dar pistas.

Central de monitoramento da Brasil Risk

A criação da NSTech faz parte do novo posicionamento da SK Tarpon, o novo nome da Tarpon, depois de diversos problemas que fez com que muitos apostassem no fim da gestora criada por Zeca Magalhães, Pedro Faria e Eduardo Mufarej.

O maior deles foi a BRF, um dos principais investimentos da gestora que não deu certo, em uma sucessão de erros de gestão, disputa entre acionistas e problemas com a Polícia Federal – a companhia foi alvo da operação Carne Fraca, que investigou diversos frigoríficos a partir de 2017.

Sem Mufarej, que seguiu outro caminho, Magalhães e Faria trouxeram três novos sócios ao negócio (Marcelo Lima, Vasco Oliveira Neto e Artur Tacla) e criaram a holding SK Tarpon, que conta atualmente com R$ 5 bilhões de ativos sob gestão. A sigla significa “silver king” em uma referência ao peixe prateado (o Tarpon) que dá nome à gestora.

Mas em vez de manter uma estratégia centralizada, eles decidiram montar subgestoras dedicadas a atuar em teses distintas de investimentos, na qual a holding detém uma fatia de 30% – o que dá margem para cada sócio tocar a seu próprio negócio.

Magalhães, por exemplo, ficou com a Tarpon Capital, que investe em fundos líquidos e na bolsa de valores. Faria, que foi CEO da BRF na época em que a Tarpon detinha uma fatia relevante na empresa, está à frente da Kamaroopin, que investe em empresas de alto crescimento e com base tecnológica da área de consumo. A maior aposta é no e-commerce de produtos para cães e gatos Petlove, na qual detém 35% – o Softbank e a L Catterton são também sócios da operação.

Marcelo Lima cuida da 10b, que foca no agronegócio. Entre os investimentos estão a Agrivalle, do mercado de bioinsumos; a Ideagri, que tem um software de gestão para fazendas de gado de leite e corte; a Kepler Weber, da área silos (esse investimento em conjunto com a Tarpon Capital); e a OnFarm, startup de soluções para a saúde animal.

Oliveira Neto, por sua vez, criou a Niche Partners, que vai investir em teses de nicho. A primeira delas é a de logística, mas nada impede que, no futuro, aposte em outras áreas, como nos setores de saúde e educação.

“Mas, no momento, o foco é em logística”, diz Oliveira Neto, que teve a ideia de investir nessa tese quando conheceu, em 2012, a americana Roper Technologies, empresa centenária que cresceu comprando dezenas de outras companhias que atuam em nichos de mercado – de software a soluções médicas. Hoje, a companhia vale US$ 46,9 bilhões na Bolsa de Nova York.

Foram longos oito anos até que Oliveira pudesse colocar a tese em prática. Quando comandava a operadora logística AGV, ele percebeu que o mercado era fragmentado, cheio de fornecedores, mas que não havia uma empresa que fornecesse um serviço integrado. “Eu precisava contratar muita gente”, afirma ele.

É essa diversidade de fornecedores que Oliveira Neto quer colocar debaixo do guarda-chuva da NSTech, criando um “one-stop-shop” do setor logístico. Ele está também de olho em um mercado gigante.

A logística representa aproximadamente 12% do PIB brasileiro, um valor superior a R$ 800 bilhões. Esse dado inclui gastos com transporte, estoque, armazenagem e serviços administrativos. Apesar dessa cifra bilionária, o setor é cheio de ineficiências. “A tecnologia hoje está restrita aos armazéns e não à frota”, diz Mauro Roberto Schlüter, professor de logística do Mackenzie.

É esse espaço, com uso de tecnologia, que a NSTech quer explorar. De acordo com dados da empresa, 40% da frota de caminhões roda vazia mais de um terço de tempo que está na estrada. Os acidentes também são altos: só nas estradas federais, eles somam aproximadamente 20 mil por ano.

Não bastasse isso, o Brasil é também o terceiro país com mais roubo de cargas no mundo. Em 2019, dado mais atual, foram 18 mil casos e o prejuízo atingiu R$ 1,4 bilhão, segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística).

 

 https://neofeed.com.br/negocios/exclusivo-sk-tarpon-avanca-na-consolidacao-da-logistica-e-compra-brasil-risk/?utm_source=Emails+Site&utm_campaign=c1be268440-EMAIL_CAMPAIGN_2021_05_03_10_59&utm_medium=email&utm_term=0_c1ecfd7b45-c1be268440-404839180

Luiza Trajano: “Nunca me filiei a partido político, mas sou uma política”


A presidente do conselho do Magalu e do grupo Mulheres do Brasil é a convidada desta semana do podcast ESG de A a Z
Luiza Helena Trajano, presidente do conselho administrativo do Magazine Luiza

Luiza Trajano, presidente do conselho do Magalu: "Vacinar as pessoas é a única maneira de parar com o abre e fecha" (LAILSON SANTOS)


Rodrigo Caetano

Repórter ESG| rodrigo.sabo@exame.com



A empresária Luiza Trajano lidera um grupo de empresários que pretende auxiliar o governo a vacinar a população. Comprar o imunizante, no entanto, não está nos planos. Trajano, que transformou o Magazine Luiza em uma das maiores varejistas do Brasil, deixa claro que há coisas que são do governo, e outras que são da iniciativa privada.

O que nenhum dos lados pode deixar de se preocupar é com o desenvolvimento social do país. De sua fazenda nos arredores de Cássia, em Minas Gerais, a empresária participou do podcast ESG de A a Z, produzido pela EXAME. Na conversa, Trajano falou sobre vacina, diversidade, varejo e a chance de entrar para a política. Confira um resumo da entrevista:

 

A pandemia está alterando a visão dos empresários sobre o papel da iniciativa privada para o desenvolvimento da sociedade?

O espírito de cidadania aumentou no Brasil. Eu canto o Hino Nacional todas as manhãs há 23 anos. Mas, como fomos colonizados e passamos por 400 anos de escravidão, as pessoas sentem que existem apenas dois papéis: o do colonizador e o do colonizado. Não sentem que o país pertence a elas. Com a desigualdade social sendo escancarada, as empresas doaram muito, mais de 6 bilhões de reais. Não apenas doaram para se sentir melhor, mas participaram da entrega, conheceram a desigualdade. Isso traz uma consciência muito grande, e o empresariado teve um papel muito importante nesta pandemia.

Qual é o objetivo do movimento Unidos pela Vacina?

Vacinar as pessoas é a única maneira de parar com o abre e fecha. Sempre deixamos claro que não vamos comprar vacina, quem faz isso é o governo. Até porque não há vacina disponível para comprar, as fabricantes já disseram que só vendem para governos. Não falta dinheiro para o Brasil, falta vacina para comprar. Não sei se dava para ter comprado antes, o que eu quero é olhar daqui para a frente e ajudar o governo.

Como será essa ajuda?

Temos três agências de propaganda e uma rede logística, até com aviões, trabalhando com a gente. Junto com a consultoria Locomotiva, fizemos um levantamento com 5.500 municípios para saber o que está faltando. Cerca de 5.300 já responderam, o Renato [Meirelles, fundador da Locomotiva] disse que nunca viu algo parecido. O que mais falta nos municípios são profissionais de saúde, comunicação e equipamentos como caixa térmica. Organizamos doadores que estão apadrinhando cada região para fornecer o que está faltando.

A inteligência e a expertise do setor privado é o que falta para acelerar a vacinação no país?

O SUS tem a maior inteligência de vacina do mundo. Não precisa da experiência do setor privado nessa questão. O que precisamos é ajudar na gestão. O governo federal é responsável pela compra. Mesmo estados como São Paulo, que compraram diretamente, ficaram com menos de 30%, o resto foi para o SUS. Por que isso? Para ter igualdade. Não é justo eu vacinar minha equipe e deixar o povo que anda de ônibus sem vacinar. Agora, não adianta culpar o que fez e o que não fez demonizando ou mitificando as pessoas. É preciso conectar todas as pontas.

Há um plano para continuar o Unidos pela Vacina após a pandemia, como está sendo feito com o Todos pela Saúde, do Itaú?

O que eu sempre quis, junto com o Mulheres do Brasil, foi investir em ciência. O Brasil tem um histórico de cura de doenças como a febre amarela. Esta não será a última pandemia. Os vírus estão aí circulando, temos de ter a prevenção. O Todos pela Saúde, do Itaú, também virou um instituto de ciência.

Qual será seu próximo projeto na área social? Assim que passar a vacina, quero fazer um plano estratégico de dez anos para o Brasil, abordando saúde, educação, moradia e emprego. Tudo ligado à sustentabilidade. Quando eu estive no Japão pela primeira vez, em 2015, conheci o plano estratégico deles. Já o traduzi, e agora estou traduzindo o de Singapura. São quatro frentes importantes. O plano definirá em que lugar queremos estar na educação em 2025, por exemplo, ou na fila do SUS. Os objetivos precisam ser claros e difundidos para toda a sociedade. Ter o plano na boca do povo e um grupo de 100.000 pessoas com poder político é o caminho para fazer as mudanças necessárias [o Mulheres do Brasil tem 80.000 signatárias].

A política brasileira passa por grande turbulência, inclusive com temores de ruptura da democracia. Isso dificulta a organização da sociedade civil?

Não acredito na retomada de um país sem uma sociedade civil organizada. O Mulheres do Brasil nunca esteve tão organizado e tão forte. Não vai ter golpe porque a sociedade não vai deixar. As pessoas estão cansando dessa divisão. Sempre vai ter 10%, 15% e um lado ou de outro, mas as pessoas estão cansando.

Como a senhora enxerga o Brasil do futuro em termos de identidade nacional?

Não esperava tamanha adesão da sociedade ao Unidos pela Vacina. Não estamos levando paulada de nenhum lado. Acredito que o futuro do Brasil será este: uma grande união nacional com base na coletividade e na cooperação.

Outras bandeiras levantadas pelo Magazine Luiza, no entanto, sofreram com a polarização, especialmente nas redes sociais. Como a senhora reagiu às críticas ao programa de trainees para negros?

Foi um fenômeno de um fim de semana. Faz três anos que tentamos aumentar a presença de negros na liderança. Fomos à Universidade Zumbi dos Palmares, aos movimentos negros, mas não aparecia ninguém. O Frederico [Trajano, CEO do Magazine Luiza] deu a sugestão de criar um programa de trainees só para negros. Quem ajudou a montar foram os meninos negros da companhia e o comitê de diversidade do Mulheres do Brasil.

Foi aprovado em conselho e, na sexta-feira, às 15 horas, nossa comunicação mandou um release, até para chamar candidatos. Foi um horror no Twitter. Ficamos muito em evidência. Foram 32 horas de puro racismo estrutural. Eu já estou acostumada a quebrar paradigmas e sei que leva paulada mesmo, mas o Frederico ficou assustado. Então, ele escreveu uma carta dizendo ”calma, só estou querendo acertar na minha empresa, não é para ficar tão bravo“. Foi um fim de semana típico de internet. Mas, depois, recebemos muito retorno positivo. Os 20 trainees já estão trabalhando.

A senhora pensa em entrar para a política?

Nunca me filiei a partido político, mas sou uma política que trabalha pelo Brasil há décadas. Não sou contra partido político nem contra o processo político. Eu sempre quis que a sociedade se unisse, acredito muito no poder da sociedade civil organizada. Nunca me passou pela cabeça ter um cargo político e não estou recebendo ninguém que me procura. Agora, nunca diga “dessa água não beberei“.

 

 https://invest.exame.com/esg/luiza-trajano-nunca-me-filiei-a-partido-politico-mas-sou-uma-politica


BTG Pactual anuncia a aquisição da Fator Corretora


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O BTG Pactual informou ao mercado nesta segunda-feira, 3, que fechou um acordo para a aquisição de 100% do capital social da Fator Corretora, uma das mais tradicionais corretoras do mercado financeiro brasileiro. O valor da transação não foi divulgado e ainda depende da aprovação de órgãos reguladores, inclusive o Banco Central.

“A aquisição da Fator Corretora nos permite ganhar ainda mais escala, com diluição de custos, ganhos de eficiência, sinergia e produtividade. Trata-se de uma corretora criada e desenvolvida com foco na qualidade de atendimento ao cliente e expertise diferenciada. Agora, toda a estrutura tecnológica do BTG Pactual, na qual já investimos mais de R$ 1 bilhão, estará à disposição dos assessores e clientes da Fator Corretora”, afirma Marcelo Flora, sócio responsável pelo BTG Pactual Digital, em nota.

A aquisição faz parte da estratégia de expansão do BTG Pactual Digital no segmento de assessoria de investimentos.

A transação não inclui os negócios do Banco Fator, Fator Seguradora e Fator Asset Management, que seguirão operando totalmente independentes e utilizando a marca Fator. 

 

https://www.istoedinheiro.com.br/btg-pactual-anuncia-a-aquisicao-da-fator-corretora-2/

 

Cielo monta fundo de R$530 mi com BNDESPar para crédito a pequenas empresas

 

Ações da Cielo saltam mais de 9% após dados mais fortes no 4T20 – Agência  CMA

 

 

 

SÃO PAULO (Reuters) – A Cielo informou nesta segunda-feira que concluiu a montagem de fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) de cerca de 530 milhões de reais em conjunto com o BNDESPAr, para ofertar crédito a micro, pequenas e médias empresas.

O fundo tem aportes do braço de participações do BNDES de até 450 milhões de reais em cotas sênior, sendo 200 milhões de imediato e o restante em chamadas de capital futuras. E a Cielo vai aportar 79,4 milhões de reais em cotas subordinadas, levando a um total de 529,4 milhões de reais, segundo fato relevante.

O fundo poderá liberar até 200 mil reais para capital de giro por cliente, com custo efetivo total de até 3,5% ao mês, carência de 60 dias e prazo de até 30 meses. As operações de crédito serão depois compradas pelo fundo.

(Por Aluísio Alves)

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/cielo-monta-fundo-de/

Quando os criminosos de colarinho branco tentam amordaçar a imprensa

Quando os criminosos de colarinho branco tentam amordaçar a imprensa

Antes de ser assassinada em 17 de outubro de 2017, a jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia havia sido submetida a numerosas pressões judiciais para silenciá-la. Afp
Série

Na Suíça, como em todo o resto da Europa e nos Estados Unidos, as pressões e as tentativas de censura estão se multiplicando contra os meios de comunicação enfraquecidos economicamente. Cerca de trinta organizações não governamentais alertam contra esses ataques judiciários que estão ameaçando a liberdade de expressão.

Este conteúdo foi publicado em 28. abril 2021 - 09:00

É o caso de Marie Maurisse e François Pilet. No fim de janeiro, os dois fundadores de “Gotham City”, um newsletter localizado no Cantão de Vaud e especializado em criminalidade econômica, se encontravam frente a um tribunal pela quinta vez em menos de doze meses. Seu erro? Ter relatado a condenação de um gestor de fortuna de Genebra que havia encoberto fundos de um abastado “filantropo” estrangeiro.

A identidade do condenado não foi divulgada, seguindo as regras suíças – bastante restritivas no que diz respeito à publicação de nomes. O juiz, contudo, avalia que há a possibilidade de que se descubra a identidade do culpado ao ler o artigo incriminado, e por isso interrompeu sua divulgação. “É um grave atentado contra a liberdade de imprensa, um verdadeiro ato de censura”, denuncia Marie Maurisse.

Embora certos de sua inocência, os dois jornalistas investigativos estão resignados. “Nós já desembolsamos 3.000 francos suíços em despesas legais, não temos mais o dinheiro nem a energia necessária para apelar. Então desistimos de publicar essa informação”, lamenta Marie Maurisse.

“Chilling effect”

Professor de direito dos meios de comunicação na Universidade da Suíça Italiana, Bertil Cottier observa um crescimento nas tentativas de intimidação judiciária contra os meios de comunicação na Suíça: “Mesmo que o jornalista ganhe a causa no final, todos esses procedimentos judiciários são exaustivos e desencorajadores. É o que chamamos de ‘chilling effect’, uma pressão judiciária que visa desencorajar o jornalista de cumprir o seu papel de cão de guarda da sociedade”.

Entre riquíssimos homens de negócios que podem contratar os serviços dos melhores advogados e meios de comunicação cada vez mais fragilizados no plano econômico, o combate está se tornando cada vez mais desigual, atesta Bertil Cottier. “Um jornal local ou uma nova mídia independente, como Gotham City, Heidi.Nwes, Bon pour la Tête ou Republik, não pode pagar milhares de francos em danos e juros. Porém são precisamente esses pequenos veículos que constituem o pluralismo e a diversidade de imprensa”, destaca.

Os fundadores do boletim informativo Gotham City, Marie Maurisse e François Pilet são processados volta e meia pelos empresários desesperados em evitar que seus nomes sejam divulgados. swissinfo.ch

Nos quatro outros casos judiciários nos quais esteve envolvido recentemente, “Gotham City foi, todas as vezes, objeto de medidas chamadas “super provisórias”. Elas permitem ao juiz proibir a publicação de um artigo, antes mesmo do seu surgimento e sem que os jornalistas sejam consultados, quando houver um risco comprovado de um atentado “iminente” à honra do peticionário. “É uma ferramenta muito poderosa, geralmente reservada a casos de urgência. Porém atualmente está sendo utilizada de uma maneira totalmente abusiva”, avalia François Pilet.

Uma ferramenta de censura

Quando os tribunais reconheceram o interesse público das informações e finalmente autorizaram sua publicação, os casos deixaram marcas. Em dois casos, a parte demandante não pagou as despesas judiciais da parte que obteve ganho de causa. “Ao total, em 2020, nós tivemos de desembolsar quase 20.000 francos em despesas legais. Isso representa aproximadamente um mês de salário a ser pago para nossa equipe de jornalistas”, ressalta Marie Maurisse.

Apesar de sua vontade de revelar casos de corrupção, de desvio de dinheiro ou de lavagem de dinheiro estar intacta, os fundadores de “Gotham City” se tornaram mais prudentes. "Nós não podemos lutar todas as batalhas. Quando você sabe que vai se meter em problemas, às vezes você desiste. É a autocensura”, lamenta Marie.

"Nós não podemos lutar todas as batalhas. Quando você sabe que vai se meter em problemas, às vezes você desiste. É a autocensura”

Marie Maurisse, cofundadora do Gotham City

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Esse fenômeno não é particular à Suíça. Nos Estados Unidos, os jornalistas estão sendo cada vez mais frequentemente o alvo de processos judiciais recorrentes chamados SLAPPs, que são dispositivos jurídicos que permitem processar pessoas que participaram do debate público. Um meio de pressionar jornalistas, universitários ou membros de organizações não governamentais que rapidamente se propaga pela Europa e pelo coração das democracias liberais.

Junto a trinta outras organizações não governamentais, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) lançou no fim de março uma plataforma com a missão de “denunciar e combater a utilização de perseguições judiciais para intimidar e reduzir ao silêncio” as vozes críticas no âmbito europeu. No dia 18 de maio, a organização de defesa da liberdade de imprensa concederá prêmios “da vergonha” às empresas e figuras políticas que mais processaram jornalistas.

Sensibilizar os juízes sobre a liberdade de imprensa

Um dos eventos que desencadeou essa iniciativa foi o assassinato, em outubro de 2017, da jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia, que estava investigando casos de corrupção. "Antes de ser assassinada, Daphne Caruana Galizia foi alvo de cerca de 50 processos judiciais. Ela passou um tempo enorme no tribunal, sofrendo um imaginável impedimento ao seu trabalho de investigação", explica Denis Masmejan, Secretário Geral da RSF Suíça.

Ainda que esse tipo de caso felizmente não tenha acontecido na Suíça, Denis Masmejan acredita que é necessário um trabalho de sensibilização junto ao judiciário suíço. “A jurisprudência deve evoluir, especialmente no que diz respeito a atos prévios de censura. Os juízes devem aplicar a lei de uma maneira favorável aos jornalistas e que respeite a liberdade de imprensa”, continua o secretário.

Conteúdo externo

Adotadas pela Assembleia Federal em 1984, as medidas provisórias e “super provisórias” preveem explicitamente as condições de sua aplicação mais severa aos meios de comunicação, uma vez que elas afetam o cerne da liberdade de imprensa. No entanto, elas constantemente suscitaram tensões entre o mundo político, judiciário e midiático, relembra Bertil Cottier. “Nós vimos isso mais uma vez em 2019, quando vários conselhos de Estado (ministros) francófonos [Pascal Broulis, Christophe Darbellay, Jacqueline de Quattro e Pierre Maudet] tentaram impedir a publicaçãoLink externo de artigos ou de livros que os implicavam.”

Despesas legais pagas com antecedência

Uma solução, aos olhos dos fundadores do Gotham City, seria uma mudança legislativa e a introdução de garantias financeiras ao apresentar um pedido de medidas super provisórias, como é o caso em outros procedimentos legais. "Isso asseguraria ainda que os demandantes, que são frequentemente homens de negócios ricos do exterior, seriam forçados a pagar as despesas legais dos meios de comunicação que foram atacados injustamente", destaca Pilet.

Diante da necessidade urgente de conseguir dinheiro para cobrir suas despesas legais e a fim de não colocar em risco seu jovem periódico, François Pilet e Marie Maurisse entraram em contato com uma organização beneficente que poderia fornecer-lhes apoio financeiro. Pois os dois jornalistas têm toda a intenção de continuar a trazer à tona uma verdade que os justiceiros abastados tanto gostariam de esconder.

Um trabalho no coração dos escândalos do centro financeiro suíço

A Suíça encontra-se no centro das investigações judiciais acerca dos três maiores casos mundiais de desvio de verbas públicas que vieram à tona nos últimos anos: Petrobrás (Brasil), 1MDB (Malásia) e Venezuela.

“Com o fim do sigilo bancário para os contribuintes europeus, muitos bancos redirecionaram o seu foco para os mercados emergentes, expondo-se a riscos muitos altos em relação à corrupção, ao desvio de verba e à lavagem de dinheiro”, afirma François Pilet, cofundador do Gotham CityLink externo.

Em setembro de 2020, o Gotham City provocou indignação na Angola ao revelar o sequestro de 900 milhões de dólares pertencentes a um homem de negócios próximo ao governo do antigo presidente José Eduardo dos Santos.

Toda semana, ou quase, a Suíça recebe pedidos de assistência judicial de países em desenvolvimento. É nessas fontes de dados públicas que o Gotham City obtém suas descobertas. Essas informações são, então, relatadas aos assinantes do periódico, que incluem bancos, escritórios de advocacia, ONGs e meios de comunicação, mas também instituições judiciárias e ministérios federais.

Por meio de uma parceria, todo mês a swissinfo.ch publica um artigo do Gotham City que interesse particularmente a um público internacional.

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Adaptação: Clarice Dominguez


https://www.swissinfo.ch/por/quando-os-criminosos-de-colarinho-branco-tentam-amorda%C3%A7ar-a-imprensa/46556740?utm_campaign=top&utm_medium=email&utm_source=newsletter&utm_content=o

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Toshiba fecha aliança com Multilaser e vai voltar a vender TVs no Brasil

 


Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O mercado de televisão do Brasil é dominado pela Samsung e a Toshiba chega como nome conhecido para tornar a disputa competitiva (Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Separada da Semp, hoje com a TCL, a Toshiba planeja retornar ao mercado de televisões brasileiro, após sucesso na década de 1990 e 2000. E a aliança para voltar a fabricar no Brasil chegou através da Multilaser, união que deve produzir as primeiras unidades prontas para venda ainda neste primeiro semestre.

A Multilaser fechou parceria com o grupo chinês Hisense, parceiro global da Toshiba, colocando a companhia japonesa como uma das 20 marcas do portfólio que a Multi controla no mercado atualmente.

O anúncio marca a volta de uma marca conhecida no mercado brasileiro e em um momento em que a Samsung é o principal nome de vendas quando o assunto é televisão no País. Além disso, é uma forma de manter a competitividade no setor, já que a Sony deixou a produção de eletrônicos no Brasil no início deste ano.

A programação da Toshiba, segunda a Exame, é lançar dois modelos de TV em maio. As televisões contarão com telas de 55 e 65 polegadas, resolução 4K e tecnologia de pontos quânticos no painel, usada nos aparelhos da Samsung e TCL, e rival dos painéis OLED da LG.

As TVs contarão com a assistente virtual da Amazon, a Alexa, além de aplicativos de transmissão como Netflix e YouTube.

Até o fim do ano a ideia é lançar modelos com telas menores, entre 32 e 50 polegadas e a projeção a Multilaser é vender 100 mil peças em 2021 e 1 milhão de televisores até 2026.

 https://www.istoedinheiro.com.br/toshiba-fecha-alianca-com-multilaser-e-vai-voltar-a-vender-tvs-no-brasil/

 

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