quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Imprensa que operou "lava jato" perdeu 68% dos leitores em 6 anos

Em 2014, a imprensa brasileira deslumbrou-se com uma grande reportagem: um grupo de paladinos da justiça surgiu em Curitiba com a promessa de acabar com a corrupção no Brasil. Sete anos depois, o país descobriu-se vítima de um engodo. O saldo da batalha: o país elegeu uma geração de políticos despreparados e perdeu, pelo menos, R$ 326 bilhões com a farsa. Mas nem todos os brasileiros perderam. Alguns ganharam um bom dinheiro.

Zumbis do jornalismo foram às redes e saíram às ruas para pedir condenações

O grande motor da máquina foi a imprensa. Enfeitou a narrativa com apelidos publicitários, as "operações". Em vez de número, o processo ganhou nome de novela, com capítulos chamados de "fases". Espertamente, para esmaecer as suas digitais, o coletivo de procuradores ocultou-se sob o nome fantasia de "força tarefa". O dicionário penal foi todo reescrito para inflamar a torcida e instilar ódio contra os acusados. Todo dinheiro era "propina", todo grupo, "quadrilha", todo mundo, "bandido".


Canis silenciosos

 
Montou-se uma fábrica de notícias falsas. Em troca de "furos", jornais e jornalistas se dispuseram a fuzilar os ministros que anulavam as decisões ilegais do lavajatismo. A chantagem consistia em simular escândalos contra os julgadores e seus familiares. Com essa moeda de troca, os "cachorros" de Curitiba eram pagos. O termo "cachorro" é da época da ditadura militar, para apelidar os colaboracionistas da repressão que delatavam seus próprios amigos em troca de favores.

Cision Germany GmbH.

À "técnica do emparedamento", de chantagear ministros para extorquir decisões favoráveis, os procuradores e seus jornalistas de estimação, seguiu-se a prática de atirar nas pernas dos advogados. Em um dos momentos mais infames do espetáculo, a "força tarefa estendida" (que incluía juízes, delegados, auditores, empresários e até advogados) chegou mesmo a conseguir o bloqueio de contas dos escritórios que defendiam vítimas da máquina — agora já com franquias no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Um punguista chamado Luiz Vassalo, a serviço dos escroques de Curitiba, quis saber de ministros do STF e do STJ se a revista Consultor Jurídico pagava por entrevistas, com o claro propósito de emparedar o site. Provavelmente por ser uma prática dos locais onde ele trabalha ou trabalhou.

Na ditadura militar, os delatados iam para os calabouços. Na "lava jato", as notícias fraudadas empalavam os alvos nas garras do tribunal de Curitiba e suas franquias, onde se prescindia de provas para condenar. Os novos talibãs, guardiões do moralismo, atiraram-se vorazmente contra suas vítimas, sem compaixão. Nem provas. Colhem agora os frutos do mal que plantaram.

Em dezembro de 2014, no auge do lavajatismo, a tiragem somada dos seis principais jornais impressos do Brasil era de 1,071 milhão de exemplares. Seis anos depois, quando a fábula se esfarinhou, além de falsos heróis, descobriu-se haver falsos bandidos. E que o "combate à corrupção" fora falsificado. Um festival de práticas jurídicas corruptas. Em 2021, a tiragem dos seis maiores jornais do país desabou. Caiu 68% em relação a 2014. O crescimento digital foi pífio.

Associar o descrédito da imprensa unicamente ao embarque no lavajatismo é o tipo de falsificação que os jornalistas praticaram para enganar seus leitores. Claro que o fenômeno se deve a outros fatores. Mas nada impede que, no seu ocaso, a imprensa escreva a "história secreta" da "lava jato" ou, como era hábito no jornalismo, fazer o balanço de quem ganhou e quem perdeu com a ascensão e queda desse esquema.

Quem ganhou e quem perdeu
No campo da comunicação, o projeto deu sobrevida a jornalistas em fim de carreira e sem perspectiva. Turbinou jovens sem talento, mas com grande senso de oportunidade. Deu lucros às empresas no curto prazo, mas, como se vê, cobra agora a fatura com a fuga de leitores. A cada dia, fica mais claro que o idealismo da turma era remunerado.

Por duas vezes os procuradores da República tentaram virar donos de empresas (ou fundos) com mais de R$ 2 bilhões: uma derivada de verba de indenização para acionistas da Petrobras, outra com dinheiro da J&F derivado de acordo de colaboração. O advogado lavajatista Modesto Carvalhosa aderiu em busca de honorários estapafúrdios.

O advogado Joaquim Falcão, hoje no comitê eleitoral de Sergio Moro, junto com a Transparência Internacional, também tentou meter a mão no dinheiro da Petrobras, em nome do idealismo, claro. Falcão celebrizou-se com a afirmação de que "o excesso do devido processo legal é uma doença". Marcelo Miller, Rodrigo Janot e Carlos Fernando aposentaram-se para aproveitar o prestígio que ainda tinham para atender as empresas vitimadas por eles na chamada "operação".

Para não ser presos, os empresários e executivos concordaram pagar quantias astronômicas na forma de multas ou "reparações", o que, na verdade, mais pareceu extorsão. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o Brasil perdeu cerca de R$ 170 bilhões em investimentos com a quebradeira das grandes empresas, que provocou um efeito cascata sobre centenas de empresas menores de vários setores, que dependiam dos negócios das multinacionais brasileiras.

 

Os frutos da ira

 
Os 278 acordos de colaboração e de leniência geraram o compromisso, dos acusados, de devolver R$ 22 bilhões (em parcelas, por até 20 anos). Até agora, "retornaram" aos cofres públicos algo como R$ 5 bilhões — uma quantia 34 vezes menor que o prejuízo estimado pelo Dieese. Some-se ainda, mais uma perda de R$ 47 bilhões em impostos, R$ 20,3 bilhões em contribuições sobre folha de pagamento e R$ 85,8 bilhões de massa salarial.

A queda no faturamento comercial fechou jornais e já tirou o emprego de mais da metade dos profissionais em ação na década passada. As empresas ousam para buscar receitas. Uma das vestais da "lava jato", o repórter Thiago Herdy, por exemplo, enxergou uma oportunidade e, aparentemente com o beneplácito da direção do portal UOL, tentou uma jogada alta.

Ao apurar informações sobre a compra de máscaras contra a Covid-19, Herdy conseguiu o contato do fornecedor chinês e tentou engatar uma compra do equipamento de proteção mais procurado naquele momento. Não deu certo, porque a empresa já tinha representante no Brasil, mas o atilado repórter investigativo ainda insistiu no negócio.

Confrontado com a esquisitice, o diretor de conteúdo do UOL, Murilo Garavello, não quis responder se a tentativa de transação era em nome do portal, como afirmou Herdy na correspondência, nem se a aquisição foi concluída. Em sua "defesa", o repórter imediatamente produziu uma notícia acusatória contra a empresa das máscaras. O desmentido não foi publicado.

 

Idealismo remunerado

 
Outra iniciativa arrojada em busca de receitas foi incorporar sites pornográficos ao portal, o UOL Sexo. Com isso, o Grupo Folha passou a oferecer, dentro da área de conteúdo, performances como a do deputado Alexandre Frota e vídeos dirigidos por Ed Coyote Hunter com adolescentes colombianas.

Segundo escreveu Herdy, não se faz jornalismo sem dinheiro. Ainda assim, ele acha que empresas politicamente expostas, como quem faz acordo de leniência, por exemplo, não deveriam investir em veículos de comunicação — conselho que, se seguido pelo UOL, ceifaria da empresa uma receita significativa.

A tentativa de importar máscaras contra a Covid pode ter sido uma tentativa de enganar as fontes, o que é pouco para quem engana leitores. Mas, assim como Deltan, Moro, Falcão, Carvalhosa e outros que ganharam bastante com o lavajatismo, eles sempre poderão dizer que fizeram tudo por idealismo. Corruptos, só empresários e políticos. Juiz, procurador e jornalista, não.

Hoje, os lavajatistas que defendiam o uso de provas ilícitas batem às portas do STF para pedir proteção contra eles. Tudo o que a defesa tentou em Curitiba — e foi negado — hoje os seus protagonistas, na condição de acusados, imploram. A piada já está gasta: mas seria interessante ver o que seria dos lavajatistas de hoje, julgados pelos lavajatistas de antes.

 

  é diretor da revista Consultor Jurídico e assessor de imprensa.

 

 https://www.conjur.com.br/2022-jan-26/imprensa-operou-lava-jato-perdeu-68-leitores-anos

 

 

Maricá, no Estado do Rio, reduz ISS para atrair empresas sustentáveis

Maricá – Rio de Janeiro | Loucos por Praia - Melhores Praias do Brasil

O município de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, criou um regime de tributação diferenciado que reduzirá de 5% para 2% a alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS). O benefício será concedido a empresas que executarem atividades voltadas à proteção ambiental. A intenção da medida é atrair startups e negócios que atuem efetivamente de modo sustentável. Assim, o município quer criar uma espécie de fundo verde para financiar outras obras ecologicamente corretas.

Temos a intenção de iniciar alguns projetos ligados ao tema da sustentabilidade. Estamos no final da modelagem técnica para implantarmos energia fotovoltaica (solar) e começando a olhar energia eólica offshore”, explica Olavo Noleto, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar).

Segundo ele, “na lógica de uma agenda de sustentabilidade”, a prefeitura pesquisou como poderia ser financiada. “E aí fomos ver iniciativas de fundos verdes, que em geral são feitos de crédito de carbono e similares”, conta. “A gente aqui vai fazer inventário das nossas florestas, mas isso por si só não garante um fundo com densidade necessária para alavancar os nossos investimentos.”

Foi a partir daí que surgiu a ideia de criar um regime de tributação diferenciado para iniciativas de proteção ambiental. O município está de olho na instalação de empresas que oferecem plataformas digitais de operações, fintechs, startups prestadoras de serviços ambientais e até mesmo empresas de administração e gestão de fundos. A única exigência para poder aderir ao programa é comprovar atividades com fins sustentáveis.

“Essa é uma agenda de longo prazo. Estamos criando um polo tecnológico e um industrial. O aeroporto está decolando e o porto nascendo. Essas agendas necessariamente precisam estar atreladas à sustentabilidade”, destaca Noleto.

 O presidente da Codemar diz que a cidade está muito avançada na modelagem técnica da energia fotovoltaica.
“A gente quer chegar a produzir 100% da energia que consumimos, 20 megawatts de energia”, explica. “A ideia é irmos em camadas. Com o tempo teríamos superávit, as contas da prefeitura seriam abatidas e os programas sociais, que são muito fortes aqui no município, teriam um subsídio cruzado.”


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Google vai dobrar time de engenharia e abrir 200 vagas no Brasil até 2023


Nos próximos anos, as vagas criadas serão para Belo Horizonte, São Paulo e também no modelo remoto

O Google Brasil anunciou nesta segunda-feira, 24, que planeja dobrar o tamanho de sua equipe de engenharia no país. Até o final de 2023, a empresa americana de tecnologia deve abrir cerca de 200 vagas de emprego para profissionais de engenharia.

 Com o alto volume de vagas, a empresa reforçará os esforços para aumentar a diversidade na empresa e terá canais dedicados a candidatura de pessoas negras.

Nos próximos anos, as vagas serão direcionadas para o Centro de Engenharia em Belo Horizonte, para reforçar a equipe na sede de São Paulo e também para o modelo totalmente remoto.

Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, explica que a expansão e as iniciativas de diversidade são exemplos do compromisso para o desenvolvimento do Brasil.

“Hoje, o Brasil é um dos mercados mais importantes para nós, aparecendo entre os ‘top 5’ na lista dos nove produtos da empresa com mais de 1 bilhão de usuários. Investir em talento local nos ajuda a ter um ‘olhar brasileiro’ para esses produtos e, ao mesmo tempo, mostra para o mundo a capacidade inovadora dos nossos profissionais, já que estamos falando de soluções usadas globalmente”, diz.

Vagas abertas no Google

O Google já tem vagas abertas pelo site de Carreiras. No momento, são diversas oportunidades para profissionais de engenharia da computação em diferentes níveis. As posições atendem áreas estratégicas, como privacidade e segurança de dados.

Em alguns anúncios, é possível encontrar a descrição de Black Community Inclusion (do inglês, "inclusão da comunidade negra") para sinalizar as vagas afirmativas.

Por enquanto, a ida ao escritório permanece como voluntária. No futuro, os funcionários irão trabalhar de forma híbrida, com três dias no escritório e dois remotamente. Essa distribuição de dias pode variar de acordo com cada área e função e há a possibilidade de trabalhar 100% remoto.

 

 https://exame.com/carreira/google-vai-dobrar-time-de-engenharia-e-abrir-200-vagas-no-brasil-ate-2023/

 

 

 

Lucro da Tesla sobe 760% e atinge US$ 2,321 bi no 4º tri de 2021

A Tesla logo on the front of a Tesla Model S car at a launch event... Foto  jornalística - Getty Images


A Tesla registrou lucro líquido de US$ 2,321 bilhões no quarto trimestre de 2021, uma alta de 760% ante igual período do ano anterior. O lucro por ação foi de US$ 2,05, abaixo da previsão de US$ 2,33 dos analistas consultados pelo FactSet.

 A receita da empresa teve crescimento anual de 65%, a US$ 17,719 bilhões.

Após o balanço, a ação caía 2,50% no after hours em Nova York, às 18h32 (de Brasília).

Em comunicado, a empresa avalia que, depois de 2021, “não deve mais haver dúvida sobre a viabilidade e rentabilidade dos veículos elétricos”.

Com as entregas crescendo 87% em 2021, e base nos dados mais recentes disponíveis, há demonstração de que os veículos elétricos podem ser mais lucrativos do que o motor de combustão, avalia a empresa.

 

Ultragaz cria ‘Vale Gás’ que permite congelar o preço do GLP para o consumidor

Ultragaz passa por revitalização da marca e ganha logotipo mais moderno •  Designerd


A Ultragaz, do Grupo Ultra, lançou o cartão ‘Vale Gás’, que permite aos consumidores de botijão de 13kg de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, comprar o produto com cartão de crédito, inclusive em parcelas, e também de forma programada, em períodos em que o gás está mais barato. 

 O GLP é um dos derivados de petróleo produzidos pela Petrobras afetado pela alta do dólar frente ao real e pela valorização do petróleo no mercado internacional. Mesmo no primeiro semestre de 2020, quando a covid-19 fez um estrago no consumo de combustíveis, o gás de cozinha foi o único a ter aumento de vendas. Na época, os consumidores correram para estocar botijões com medo de faltar produto no mercado.

Além de ser muito consumido, o gás de cozinha tem forte apelo social e, em 2021, deu uma importante contribuição para a alta da inflação. Atualmente, o vasilhame de 13 kg está sendo vendido, em média, a R$ 102, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

De olho nesse cenário de fragilidade econômica, a Ultragaz formou parceria com a epay Brasil e com a rede de supermercados Assaí para facilitar a compra do botijão. A ideia é que o consumidor adquira o Vale Gás numa loja Assaí e, num período de seis meses, troque o cartão por gás pelo preço do dia da compra do cartão, ainda que ele esteja custando mais caro quando o produto for adquirido. A entrega é feita por um revendedor varejista de GLP contactado por Whatsapp.

“Isso contribui para que (os consumidores) possam economizar, podendo programar a compra do gás com antecedência”, diz Anderson Araujo, Gerente de Produtos e Serviços Financeiros do Assaí Atacadista.



 

Itaú é único brasileiro entre 500 marcas globais mais valiosas


O Itaú Unibanco é o único representante brasileiro na lista das 500 marcas mais valiosas do mundo, de acordo com ranking anual da consultoria internacional de marcas Brand Finance. O banco ganhou 53 posições em relação ao relatório de 2021, e tem a 335ª marca mais valiosa do planeta.

Na edição anterior, além do Itaú, o Banco do Brasil figurava no ranking, na 492ª posição. Neste ano, ficou de fora da lista das 500 marcas mais valiosas. O Santander figura na 126ª posição – com a marca global.

Para compilar o ranking, a Brand Finance considera o reconhecimento das marcas, sua importância e a reputação junto à sociedade. O boca a boca – ou seja, o quanto a marca tem de engajamento espontâneo junto ao público, sem a necessidade de propaganda – também foi incluído pela consultoria.

A marca mais valiosa do mundo é a da Apple, que já ocupava a liderança do ranking no ano passado, e que tem valor de US$ 355,1 bilhões. O segundo lugar é da Amazon, que vale US$ 350,3 bilhões. Em terceiro, quarto e quinto lugares, estão as também americanas Google, Microsoft e Walmart.

Entre as latino americanas, a mais bem colocada é a cerveja mexicana Corona (312ª), com valor de US$ 7 bilhões. A Brand Finance destaca que a marca teve de lidar com o fato de ter o nome associado ao coronavírus em 2020, e que apesar de ter se recuperado ano passado, enfrentou outro problema relacionado à pandemia: o desabastecimento de cerveja no mercado e a necessidade de aumentar os preços, dada a inflação das commodities.

 

Maluhy entre os principais CEOs

 

Além de figurar entre as marcas mais valiosas, o Itaú conquistou uma posição no ranking dos 250 principais CEOs, ou “guardiões de marca”, como a Brand Finance os chama. Prestes a completar um ano à frente do conglomerado, Milton Maluhy ocupa a 231ª posição. Também é o único representante, na lista, de uma empresa brasileira.

A lista enumera os CEOs com base em sua pontuação nos pilares de desempenho, investimentos e patrimônio (o que inclui reputação e aprovação pelos funcionários). O primeiro lugar da lista deste ano é ocupado por Satya Nadella, CEO da Microsoft, seguido por Tim Cook, da Apple.

“Em última análise, o papel de um guardião de marca é construir valor para a marca e para o negócio”, diz, em nota, o CEO e chairman da Brand Finance, David Haigh. “Nosso ranking reconhece aqueles que estão construindo o valor de negócio de forma sustentável, equilibrando as necessidades de todas as partes interessadas – empregados, investidores, e a sociedade como um todo.”

O ranking de 2021 não teve CEOs de empresas brasileiras. Para 2022, ele foi expandido de 100 para 250 nomes globais.

 

Decreto possibilita eólicas em alto mar; fonte pode ter leilão em 2023, diz ABEEólica Decreto possibilita eólicas em alto mar; fonte pode ter leilão em 2023, diz ABEEólica

Decreto possibilita eólicas em alto mar; fonte pode ter leilão em 2023, diz ABEEólica

Decreto possibilita eólicas em alto mar; fonte pode ter leilão em 2023, diz ABEEólica

Parque eólico offshore


Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – O governo federal editou na noite de terça-feira um decreto que abre espaço para o desenvolvimento da geração de energia eólica em alto mar (“offshore”) no país, tecnologia bastante adotada na Europa e que entrou no radar de grandes investidores para projetos no Brasil, como Neoenergia, Shell e Equinor.

O decreto nº 10.946/2022 foi considerado “um avanço crucial” pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), que vê a possibilidade de a fonte ser habilitada em leilões de energia de reserva a partir de 2023.

O texto publicado pelo governo dispõe sobre a cessão de uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos naturais para geração de energia elétrica a partir de usinas offshore.

O documento se aplica a águas interiores de domínio da União, mar territorial, zona econômica exclusiva e plataforma continental e entrará em vigor em 15 de junho.

Segundo comunicado do Ministério de Minas e Energia, o decreto vem para preencher lacunas identificadas por instituições públicas, empreendedores, especialistas e organizações de um marco regulatório para a exploração do potencial elétrico offshore no Brasil, especialmente em questões relacionadas à implantação e ao modelo de concessão.

O texto estabelece que a cessão de uso poderá ser concedida tanto por iniciativa da pasta, através da oferta de prismas previamente delimitados (“cessão planejada”), quanto por iniciativa de interessados em explorar as áreas (“cessão independente”).

Uma vez obtida a cessão de uso, fica a cargo do empreendedor realizar os estudos necessários para identificação do potencial energético offshore, devendo atender a critérios e prazos definidos pelo ministério.

O governo afirma que o Brasil possui “excelentes características” para geração eólica offshore, como uma costa extensa, com águas rasas ao longo do litoral, e a incidência dos ventos alísios na região Nordeste, de intensidade e direção constantes.

REPERCUSSÃO POSITIVA

Na avaliação da ABEEólica, o decreto representa “um avanço crucial” para viabilizar a nova tecnologia no país, já que fornece o arcabouço regulatório necessário para guiar e dar conforto aos investidores.

“Essas diretrizes básicas são suficientes para começar o processo [de desenvolvimento dos parques]. Ainda há questões a serem resolvidas por portarias, por resoluções. Mas [o decreto] é suficiente para o ponto de partida que estamos, para dar o sinal de investimento”, afirmou a presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum, em coletiva de imprensa.

Raphael Gomes, sócio do escritório de advocacia Lefosse, avalia que o risco regulatório não foi totalmente afastado, e destaca que há outros passos importantes.

“A partir do decreto, a Aneel vai poder implementar sua regulação para dizer quais e se há requisitos específicos para dar outorga para esses empreendimentos, bem como o ONS vai poder evoluir seus procedimentos para poder dar o respaldo fixo para conexão dessas usinas”, disse Gomes.

A expectativa é de que os primeiros projetos offshore sejam viabilizados através de leilões do mercado regulado, provavelmente na modalidade de energia de reserva, segundo a ABEEólica. Para a entidade, a fonte poderá ser habilitada nos certames a partir de 2023.

Com isso, as primeiras eólicas no mar devem começar a entrar em operação mais para o fim da década, já que esse tipo de projeto costuma demorar até 6 anos para ser desenvolvido, observou o CEO do Global Wind Energy Council (GWEC), Ben Backwell.

“São parques maiores, que demandam mais engajamento entre diferentes agentes nas fases de estudos, planejamento, licenciamento”, apontou o executivo.

Backwell destaca que o decreto menciona uma série de atores que precisam ser consultados para viabilizar os projetos — Comandos da Marinha e Aeronáutica, ministérios do Turismo, Agricultura e Infraestrutura e agências reguladoras como ANP e Anatel. Para ele, o ideal é que o governo estabeleça um órgão centralizador que acompanhe todos os processos.

De acordo com a ABEEólica, o Ibama já tem quase 50 gigawatts (GW) de projetos eólicos offshore em análise, o que demonstra grande interesse por parte dos investidores.

Entre os grupos que já divulgaram estudos para projetos offshore no Brasil, estão grandes elétricas, como a Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola, e as petroleiras Shell <RDSa.L> e Equinor.

O desenvolvimento dessa indústria também deve permitir a chegada de investidores ainda não instalados no país, segundo a ABEEólica.

“Estamos tendo pelo menos três reuniões por semana com novos investidores relativos a offshore. Por mais que o recurso seja vento, estamos falando de grupos distintos”, afirmou Gannoum.

No mundo todo, a geração eólica offshore soma 35,3 GW de capacidade instalada, segundo o último levantamento global do GWEC, com dados até o fim de 2020.

A Europa ainda é o principal mercado para a tecnologia, com cerca de 70% da potência global, mas a China vem crescendo a passos largos — em 2021, o país ultrapassou o Reino Unido como o maior parque gerador offshore, somando 26,79 GW de usinas conectadas, mostra o GWEC.

No Brasil, as eólicas offshore ainda não são competitivas, em termos de preços, em relação a outras modalidades de geração. No entanto, o setor aposta que a fonte ganhará espaço mesmo assim, considerando a necessidade de o país diversificar suas tecnologias de geração de energia e próprio potencial dessa nova indústria em meio à transição energética, com projetos associados ao hidrogênio verde.

Segundo o Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a geração eólica offshore pode chegar a 16 GW até 2050 no Brasil caso haja uma redução de 20% no Capex (investimento) dessa fonte.

(Por Letícia Fucuchima)