quinta-feira, 10 de novembro de 2022

KFC se desculpa por oferta em comemoração a pogrom nazista


KFC se desculpa por oferta em comemoração a pogrom nazista
 
Rede de fast food enviou mensagem a clientes alemães sugerindo que desfrutassem de queijo e frango frito em celebração ao aniversário da Noite dos Cristais de 1938, que precedeu Holocausto. Empresa culpa “erro técnico”.A rede de fast food KFC pediu desculpas após enviar uma mensagem a clientes alemães informando sobre uma promoção para celebrar o aniversário do pogrom nazista da “Noite dos Cristais”, que precedeu o Holocausto e completou 84 anos na quarta-feira (09/11).

Segundo informou a imprensa alemã nesta quinta-feira, o aplicativo de celular do KFC enviou aos consumidores na Alemanha uma notificação sugerindo que eles se deliciassem com frango frito e queijo para comemorar o massacre de 1938.

“Comemoração da Kristallnacht – desfrute de mais queijo macio e frango crocante. Agora no KFCheese”, dizia a mensagem enviada na quarta-feira, usando o termo em inglês para queijo, cheese.

Cerca de uma hora depois, o KFC mandou outra notificação, afirmando que a primeira mensagem foi enviada devido a “um erro em nosso sistema”: “Lamentamos muito, vamos verificar nossos processos internos imediatamente para que isso não aconteça novamente. Por favor, desculpe este erro.”

O caso ocorre num momento em que se registra um aumento de atos antissemitas no mundo. Somente na Alemanha, mais de 2.700 incidentes foram registrados em 2021, incluindo 63 agressões e seis casosde violência extrema.

 

“Noite dos Cristais”

 

Em 9 de novembro de 1938, o regime nazista instigou a população a aterrorizar e agredir os judeus, em um pogrom (massacre genocida organizado) generalizado.

Centenas de sinagogas foram incendiadas em todo o Império Alemão, e estabelecimentos comerciais judaicos foram saqueados. Aproximadamente 100 judeus foram mortos e cerca de 30 mil foram levados para campos de concentração na noite do dia 9 para 10 de novembro.

Marco vergonhoso da história alemã, o pogrom foi chamado cinicamente pelos nazistas de “Noite dos Cristais”, em alusão às vitrines e janelas quebradas. A data é considerada um prelúdio ao Holocausto, uma nova e violenta escalada na perseguição nazista aos judeus, visando sua expulsão e extermínio. Cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

ek/av (AFP, AP, ots)

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/kfc-se-desculpa-por-oferta-em-comemoracao-a-pogrom-nazista/

 

Conheça a Arrow ONE, primeira van 100% elétrica produzida no Brasil


Crédito: Arrow Mobility

A Arrow ONE conta com 250 quilômetros de autonomia (Crédito: Arrow Mobility)

Com o propósito de otimizar as entregas do e-commerce, a startup Arrow Mobility, de Caxias do Sul (RS), desenvolveu a Arrow ONE, uma van 100% elétrica.

O veículo possui um sistema patenteado, o One Shot Loader, que permite o carregamento das mercadorias com apenas um movimento. Segundo a empresa, isso agiliza as entregas e a transformação da van para o transporte de passageiros.

“O mecanismo prevê uma plataforma que será carregada do lado de fora do veículo e depois será inserida dentro da van, de forma automatizada”, explica Julio Balbinot, head de Estratégia e Marketing da Arrow Mobility. “Nós colocamos o motorista e a sua carga como protagonistas do projeto do veículo e não o contrário”, completa Balbinot.

O conceito Walk-in van permite que o motorista tenha acesso à carga sem precisar descer do veículo. Com uma capacidade de carga de 17 metros cúbicos, 50% acima de uma van tradicional, a Arrow ONE conta com 250 quilômetros de autonomia, frenagem regenerativa e tempo de recarga total de menos de três horas.

 A van está sendo apresentada na Fenatran, feira do setor de transporte rodoviário de cargas e logística da América Latina até sexta-feira (11), de 12h às 21h, no São Paulo Expo, na Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km.

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/conheca-a-arrow-one-primeira-van-100-eletrica-produzida-no-brasil/


Lula diz que estatais serão respeitadas e que Petrobras não será ‘fatiada’


Crédito: Agência Petrobras

Lula criticou o volume de dividendos pagos pela Petrobras a acionistas: "A ideia é esvaziar o caixa da Petrobras para que a gente não possa fazer nada" (Crédito: Agência Petrobras)

O presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quinta-feira, 10, que as estatais serão “respeitadas” no novo governo e que a Petrobras não será “fatiada”. Durante encontro com parlamentares aliados no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, o petista também disse que os bancos públicos voltarão a ser bancos de investimentos.

Em seu discurso, Lula criticou o volume de dividendos pagos pela Petrobras a acionistas. “A ideia é esvaziar o caixa da Petrobras para que a gente não possa fazer nada”, acusou o presidente eleito.

Lula também afirmou que o governo atual quer “esvaziar” o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para acabar com a capacidade de investir do banco de fomento.

“Muitas coisas consideradas como gastos devem ser consideradas como investimentos”, declarou o presidente eleito. “A coisa mais barata em um País é cuidar dos pobres. A coisa mais cara é pagar o sistema financeiro o que o Estado lhe deve”, emendou.

Lula também reforçou o discurso de valorização da educação e contra o armamento no País. “Não quero arma, quero livro, não quero cadeia, quero escola”, disse. “A democracia e a civilidade estão de volta”, acrescentou, ao afirmar que a dívida com a Educação é grande e que haverá dentistas nas escolas novamente em seu governo.

O presidente eleito declarou que vai voltar ao governo sem mágoas e ressentimentos, mas com “muito compromisso”. “Pessoas já estão acreditando que a democracia voltou de braços abertos”, disse Lula.

Também afirmou que o Congresso pode ter defeitos, mas que era muito pior quando a Câmara e o Senado foram fechados na ditadura.


Coleção de arte de Paul Allen é vendida por recorde de US$1,5 bi em leilão


Crédito: Wikipedia

Paul Allen: falecido cofundador da Microsoft tinha Cézanne, Van Gogh e Klimt na sua coleção (Crédito: Wikipedia)

Por Lisa Richwine

 

 (Reuters) – Cinco dezenas de obras de Paul Cézanne, Vincent van Gogh e outros artistas reverenciados arrecadaram 1,5 bilhão de dólares na quarta-feira, em um leilão de parte da vasta coleção de pinturas e esculturas acumulada pelo falecido cofundador da Microsoft Paul Allen.

O total representou a maior quantia já arrecadada em um único leilão de arte, de acordo com a casa de leilões Christie’s em Nova York. A renda será doada para causas filantrópicas de acordo com os desejos de Allen, que morreu em 2018.

Vários dos lances vencedores quebraram recordes anteriores para artistas individuais e muitos excederam os preços de venda estimados pela Christie’s.

Entre as obras mais caras vendidas estava “As Modelos”, do pioneiro pontilhista Georges Seurat, um óleo sobre tela de 1888 representando três mulheres nuas. A obra arrecadou 149,2 milhões de dólares, incluindo taxas, um recorde para uma peça de Seurat.

“Monte Sainte-Victoire visto de Bellevue”, de Cézanne, uma paisagem colorida pintada de 1888 a 1890, foi vendida por 137,8 milhões de dólares, outro recorde. E uma pintura de Gustav Klimt de 1903, “Birch Forest”, estabeleceu a marca mais alta para uma obra de Klimt, vendida por 104,6 milhões de dólares.

Outras vendas notáveis incluíram o preço mais alto por uma pintura de Van Gogh. O “Pomar com cipestres” do artista foi vendido por 117,2 milhões de dólares.

Pinturas de Georgia O’Keefe, Claude Monet, David Hockney, Andrew Wyeth e Pablo Picasso também foram vendidas, juntamente com esculturas de Alexander Calder e Max Ernst.

Peças adicionais da coleção de Allen serão oferecidas em leilão nesta quinta-feira.

 

(Reportagem de Lisa Richwine)


O que é análise PEST e como aplicá-la no seu negócio?


A análise PEST é um modelo analítico que facilita o entendimento sobre os fatores externos que podem impactar as operações da sua empresa. Muito utilizada para a expansão de negócios, a análise PESTEL, como também é conhecida, pode ser muito útil para companhias de todos os tamanhos.

PEST de rockcontent.com

Para investir corretamente os recursos de uma empresa, é necessário compreender suas particularidades e o cenário em que ela está inserida. Trata-se de uma tarefa que, sem um direcionamento, pode ser bastante complexa. Para realizá-la, é uma boa ideia seguir técnicas e métodos já conhecidos e comprovados.

Ferramentas analíticas como a análise SWOT e as 5 forças de Porter são utilizadas para evidenciar os pontos fortes e fracos do negócio, além de identificar suas oportunidades e ameaças. Entender esses fatores é fundamental para a tomada de decisões eficientes.

Uma das metodologias mais utilizadas nesse sentido, muitas vezes em colaboração com as já citadas, é a análise PEST. Que tal conhecer mais sobre ela? Neste artigo, você vai descobrir:

Acompanhe!

O que é análise PEST?

 

Análise PEST é um modelo analítico que tem como principal função proporcionar uma visão mais macro da companhia. A ideia parte do entendimento de que fatores externos, como a situação política e econômica do país, causam impactos significativos nas operações da empresa.

A ideia, então, é separar esses fatores em tópicos e, em um exercício de pesquisa e raciocínio, listar as tendências relacionadas a eles que podem ter algum reflexo no negócio. Para isso, é preciso entender quais são os elementos externos considerados relevantes para essa análise.

PEST é um acrônimo que une as palavras Política (P), Economia (E), Social (S) e Tecnologia (T). Alguns especialistas, porém, acreditam ser importante adicionar dois fatores: Ambiental (A) e Legal (L).

Sendo assim, a nomenclatura pode variar. É comum se referir à ferramenta como matriz PESTAL, com a adição das duas letras extras. Além disso, environment é a palavra utilizada em inglês para se referir ao meio ambiente, o que, com a substituição do “a” pelo “e” gera o nome Análise PESTEL.

Quando e por que realizar a análise PEST?

Você pensa em lançar um novo negócio ou expandir suas atividades para outros mercados? Se a resposta for sim, a realização de uma matriz PEST pode ser fundamental para o futuro do empreendimento. A simplicidade da ferramenta e o conhecimento que ela possibilita a tornam uma pedida frequente no estudo de mercado.

Naturalmente, não só as novas empreitadas que podem se beneficiar desse modelo. Manter-se atualizado em relação aos fatores externos da empresa é o papel básico de um gestor, já que, sem isso, é inviável tomar decisões realmente efetivas.

Portanto, a compreensão possibilitada pela matriz pode ser apontada como o seu principal benefício. A partir das informações geradas pela realização do estudo, é possível montar e otimizar estratégias capazes de elevar o desempenho da empresa e, consequentemente, o lucro. Confira os principais motivos para isso!

Identificação de oportunidades

Visto que proporciona um mapeamento completo dos fatores externos, a matriz PEST é uma excelente aliada na busca por novas oportunidades. Ao visualizar a empresa em um cenário mais macro, os gestores podem vislumbrar caminhos pouco explorados ou mercados com boa possibilidade de crescimento.

Aqui, o interessante é que a efetividade da análise não é diminuída de acordo com o setor em que é implementada. Isso porque, devido ao modelo que abrange diversos fatores, é possível dar mais ou menos peso a determinados elementos.

Por exemplo, se o seu negócio é relacionado à área de TI, os dados levantados sobre tecnologia serão mais relevantes do que os sobre política. Então, a partir de um entendimento da sua própria empresa, você pode direcionar a análise PEST para aumentar a efetividade dos insights obtidos.

Então, ao aplicar maior foco no fator tecnológico, você pode se antecipar a tendências e inovações com o potencial de impactar o mercado em um futuro próximo. Em outras palavras, trata-se de uma excelente forma de adquirir vantagem competitiva.

Prevenção de ameaças

Se as oportunidades precisam ser identificadas com antecedência para serem aproveitadas, as ameaças devem ser previstas e evitadas. A abrangência promovida pela matriz PESTEL facilita a identificação, em todas as frentes, de situações que possam prejudicar os planos da empresa.

Mais uma vez, é necessário entender os fatores mais relevantes para suas operações e focar no seu desenvolvimento. Dessa forma, você pode se preparar com maior eficiência para realizar as mudanças necessárias para superar tais ameaças.

Um exemplo muito comum está relacionado com as empresas que lidam com tratamento de dados de clientes. Desavisados podem ser pegos de surpresa pela Lei Geral de Proteção de Dados, que em 2020 vai mudar a forma como esse procedimento deve ser conduzido. Quem realizou uma análise PESTEL, contudo, pôde se preparar com folga.

Quais são as diferenças entre a análise PEST e a SWOT?

 

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Como estamos falando muito de identificação de ameaças, oportunidades e análise de fatores externos, você pode ter se lembrado da análise SWOT. Embora seja semelhante à análise PEST e tenha objetivos parecidos, a metodologia, também conhecida como matriz FOFA, apresenta diferenças notórias.

A principal diz respeito aos elementos observados em cada método. Enquanto a PEST foca os fatores externos e busca ampliar ao máximo a visão do que cerca a empresa, a SWOT leva em conta os aspectos internos, como o clima organizacional e a produtividade dos colaboradores.

É por isso que o uso dos dois modelos em conjunto é bastante recomendado. É verdade que a análise FOFA envolve também elementos externos. Ainda assim, a profundidade alcançada por ela nesse quesito não se equipara aos resultados possibilitados pela matriz PEST.

Como fazer uma análise PEST?

Bem, nesse ponto já estão claros os motivos pelos quais você deve realizar a análise PEST, concorda? Mesmo que você já faça uso de outros modelos, adicionar essa ferramenta à sua estratégia vai maximizar sua compreensão sobre o cenário em que sua empresa está inserida e elevar sua capacidade de tomar decisões eficientes.

Para iniciar seu estudo, é preciso definir os fatores que serão trabalhados e, então, realizar um brainstorming com as ameças e as oportunidades para cada um deles. Para facilitar sua compreensão, vamos nos aprofundar em cada um dos elementos e citar perguntas que podem ser realizadas para enriquecer a análise. Continue lendo para conhecê-los!

Fatores políticos

A situação do cenário político tem impacto direto no setor privado. Afinal, um governo que interfere muito na economia pode criar desafios para um negócio manter a rentabilidade das operações. Da mesma forma, uma política que crie tarifas de importação pode impactar a matéria-prima utilizada em determinados setores.

Os exemplos são muitos. O importante é ter em mente quais fatores políticos podem influenciar sua empresa e tentar compreendê-los e antecipá-los. Um governo com medidas para potencializar o turismo, por exemplo, pode gerar grandes oportunidades para agências especializadas no serviço.

Algumas perguntas que podem ser trabalhadas nos fatores políticos são:

  • Quando serão as próximas eleições e quais impactos elas poderão trazer?
  • Como o governo lida com questões de proteção ao consumidor?
  • Quais são as restrições que o governo impõe ao seu setor?
  • Quais são os prováveis vencedores das próximas eleições e como eles poderão influenciar o comércio?
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Fatores econômicos

Os fatores econômicos podem ser divididos em duas categorias: macroeconômicos e microeconômicos. Os primeiros são os que contemplam as condições gerais de oferta e demanda na economia. A falta de interesse em um item, por exemplo, pode significar que ele não é mais tão relevante para o mercado.

Já os elementos microeconômicos são mais voltados para a individualidade dos consumidores. Por exemplo, uma situação econômica próspera, em que o público tem um aumento na renda mensal, pode indicar uma abertura para serviços mais selecionados e preços mais robustos.

Alguns exemplos de perguntas para abordar o fator economia na análise PESTAL são:

  • A economia está estagnada, em crescimento ou em declínio?
  • O nível de renda da persona está crescendo ou diminuindo?
  • A taxa de desemprego está alta ou baixa?
  • As taxas de câmbio estão estáveis ou apresentam muitas variações?
  • Os consumidores têm acesso fácil ao crédito?

Fatores sociais

Se você conhece boas práticas de marketing, sabe que a segmentação demográfica do público é essencial para o desenvolvimento da estratégia da empresa. Entender o contexto social em que a persona está inserida possibilita a criação de campanhas que possam engajá-la e transformá-la em cliente.

Da mesma forma que abre possibilidades, esse entendimento pode ser valioso para evitar erros. É preciso conhecer as crenças, normas, costumes e culturas que envolvem seu público para não criar materiais que sejam considerados ofensivos ou inapropriados.

Entender os fatores sociais da audiência da empresa também pode ressaltar oportunidades. Em cidades que sofrem com a violência, por exemplo, produtos e serviços de segurança podem encontrar um público mais receptivo. A seguir, confira alguns exemplos de perguntas para essa etapa:

  • Como está o crescimento populacional e qual é a média de idade?
  • Quais regiões contam com maior volume populacional?
  • Como a cultura da população influencia suas decisões de compras?
  • Existe alguma demanda sendo gerada pela situação social?

Fatores tecnológicos

Com a transformação digital consolidada, todas as áreas da empresa são afetadas pela tecnologia, desde a produção até a distribuição. Por isso, o entendimento sobre esse fator é crucial. Entender as principais tendências tecnológicas pode gerar oportunidades de entrada em mercados ainda pouco explorados.

Da mesma forma, essa compreensão pode evitar que sua empresa invista no desenvolvimento de produtos que podem se tornar obsoletos em um curto espaço de tempo. Além disso, trata-se de uma excelente forma de mapear o mercado em busca das soluções mais eficientes para os seus desafios operacionais.

Confira algumas questões relevantes que podem ser trabalhadas:

  • Existem tecnologias disponíveis para automatizar os processos de sua empresa?
  • Quais inovações tecnológicos podem afetar diretamente sua indústria?
  • Seus competidores contam com uma tecnologia mais avançada que a sua?

Se você estiver trabalhando com a análise PEST, esse é o último fator a ser analisado. Contudo, se você quer incluir as duas letras extras e aplicar a análise PESTAL, mais dois elementos precisam ser considerados.

Fatores Ambientais

A relação com o meio ambiente é, mais do que nunca, extremamente importante para a gestão empresarial. Um dos principais motivos para isso foi a mudança na relação entre marcas e consumidores.

Na era do marketing 4.0, conceito introduzido por Philip Kotler, o público espera que as companhias com as quais se relaciona sejam um reflexo de seus próprios ideais. Isso, unido ao crescente alerta global para a escassez de recursos naturais, obriga as empresas a darem atenção ao fator ambiental.

Então, em uma análise PESTAL, é importante enumerar os elementos relacionados à ecologia. Companhias que adotam políticas prejudiciais à natureza podem sofrer com a rejeição do público e até receber punições legais. Sendo assim, confira algumas perguntas relacionadas a esse fator:

  • Nossos clientes dão preferência aos produtos sustentáveis?
  • Nossas operações afetam o meio ambiente de que maneira?
  • É possível reduzir os danos causados à natureza?
  • Existem fontes de energia renováveis que possam ser implementadas?
  • Como é a regulamentação ecológica do mercado?

Fatores legais

Entender a legislação do ambiente em que opera é fundamental para a empresa não sofrer com problemas legais que, além de representar danos financeiros, podem prejudicar a credibilidade perante o público. Portanto, é preciso ficar atento não apenas à lei vigente, mas também às alterações que estão por vir.

Durante uma matriz PESTAL, os fatores legais são muito ligados aos direitos dos consumidores e à regulamentação das relações de trabalho. A seguir, confira algumas perguntas que podem guiar sua análise:

  • Existe alguma legislação pendente que possa impactar a empresa?
  • A companhia opera de acordo com a legislação vigente?
  • As normas da lei do consumidor são atendidas?
  • Atuamos de acordo com as leis trabalhistas?

E aí, deu para entender como devem ser trabalhados cada um dos fatores desse modelo de análise? Continue a leitura para conhecer um case de sucesso relacionado a uma das companhias mais valiosas da atualidade!

Como a Amazon utilizou a análise PEST para ampliar seu sucesso?

Nada melhor para ilustrar um novo conceito aprendido do que observar exemplos de sucesso, concorda? E é impossível negar que a Amazon é bem-sucedida em praticamente todos os aspectos. Como a gigante americana chegou a esse patamar? Isso tem a ver com a realização de uma análise PESTEL.

A Amazon foi uma das pioneiras no e-commerce, iniciando suas atividades nos Estados Unidos. Hoje, contudo, a empresa de Jeff Bezos é famosa em escala global, atuando em diversos países. É claro que isso é excelente para seus resultados, mas, ao mesmo tempo, gera um desafio cada vez maior.

É que ao operar em países e culturas diferentes, a companhia precisa se manter atualizada em relação aos diferentes costumes e os diversos fatores externos que a influenciam em cada território. Para que você entenda melhor, vamos falar dos elementos mais relevantes na análise PEST da Amazon.

Fatores políticos

Os principais fatores políticos que influenciam nas operações da Amazon e empresas semelhantes são:

  • esforços governamentais em segurança cibernética;
  • regulamentação dos produtos;
  • estabilidade política dos países em que opera;
  • apoio do governo ao e-commerce;
  • tarifas relacionadas com exportação e importação.

Fatores econômicos

Os elementos econômicos que devem ser considerados pelos executivos da Amazon em uma matriz PEST são:

  • estabilidade econômica dos mercados em que opera;
  • variação de renda per capita nos países em que opera;
  • boom dos investimentos chineses em comércio digital;
  • variação das taxas de câmbio.

Fatores sociais

Como qualquer outra companhia, a Amazon deve considerar os fatores sociais em suas análises PEST. Confira os principais:

  • aumento da disparidade de riqueza;
  • nível de poder aquisitivo da população;
  • crescimento dos hábitos de compra online.

Fatores tecnológicos

Como suas operações dependem de tecnologia, essa é uma das partes mais importantes de uma análise PEST da Amazon. Os principais elementos são:

  • nível de obsolescência dos artigos tecnológicos;
  • aumento da eficiência de TI;
  • desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial;
  • aumento na taxa de crimes virtuais;
  • aumento da preocupação com dados de usuários;
  • tendências como o uso de drones para entregas.

Quais são as melhores dicas para aplicar esse framework?

Para que você alcance o máximo potencial da análise PESTEL, algumas práticas são importantes. Para começar, antes de analisar os fatores externos que influenciam sua empresa, faça o dever de casa. Observe os processos internos da sua companhia e certifique-se de entendê-los perfeitamente.

Afinal, de nada adianta se antecipar às ameças externas se o trabalho cotidiano da sua companhia não atinge níveis satisfatórios de produtividade. Por isso, utilize ferramentas como a análise SWOT para mapear suas operações e identificar pontos que possam ser melhorados.

Além disso, para otimizar a realização da matriz PESTEL, garanta um conhecimento prévio do seu público. A criação de uma persona para representar seu cliente ideal é um procedimento importante para você entender melhor como os fatores sociais relacionados ao seu público-alvo podem impactar seu negócio.

Opte, também, por investimentos em tecnologia que facilitem o armazenamento e a análise de dados. Uma matriz bem-feita vai gerar uma enorme quantidade de informações que precisam ser guardadas em um lugar seguro para que sejam acessadas quando você achar pertinente.

Como se trata de um processo que envolve brainstormings, busque envolver toda a equipe. Afinal, quanto mais cabeças se esforçarem para encontrar informações relevantes, mais rica será a análise. É preciso, porém, que todos os envolvidos sejam instruídos e saibam exatamente o tipo de insight que procuram.

Depois, é só identificar os fatores mais importantes que foram levantados e pôr mãos à obra. Mais importante do que o processo de análise é a execução das medidas consideradas adequadas para lidar com as ameaças e as oportunidades encontradas.

Realizar uma análise PEST pode ser o que você precisa para otimizar os resultados de sua empresa, expandir suas operações para novos mercados ou abrir um novo negócio. A grande abrangência proporcionada pela matriz gera um entendimento completo sobre tudo o que pode influenciar o empreendimento.

Depois de entender como funciona a análise PEST de macroambiente, conheça ainda mais sobre o cenário tecnológico atual e descubra como a Transformação Digital pode influenciar no seu negócio!

 

https://rockcontent.com/br/blog/analise-pest/

terça-feira, 8 de novembro de 2022

ONU defende pacto de solidariedade climática


António Guterres afirma na COP27 que mundo está em estrada para inferno climático 
 
 
Pacto amplia esforços para reduzir, na atual década, as emissões mantendo, dessa forma, os países em linha com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5º acima das temperaturas pré-industriais

 

 

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu nesta segunda-feira (7) um "pacto de solidariedade climática" entre os países participantes da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27). Segundo ele, essa é a alternativa que resta para evitar, como consequência, o "suicídio coletivo" do planeta. "Nosso planeta está se aproximando rapidamente do ponto de inflexão que tornará o caos climático irreversível. Estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé no acelerador", disse Guterres no discurso de abertura das atividades. Ele defendeu que, durante os trabalhos da COP27, seja feito um "pacto histórico de solidariedade climática" entre economias desenvolvidas e emergentes. Esse pacto implica, disse, a ampliação de esforços para reduzir, na atual década, as emissões mantendo, dessa forma, os países em linha com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5º acima das temperaturas pré-industriais.

"Trata-se de um pacto no qual os países mais ricos e as instituições financeiras internacionais deverão fornecer assistência financeira e técnica para ajudar as economias emergentes a acelerarem sua própria transição de energia renovável", afirmou. De acordo com o secretário, o pacto buscará acabar com a dependência de combustíveis fósseis e visar à eliminação do uso de carvão como combustível de usinas até 2040. "É também um pacto para fornecer energia universal, acessível e sustentável a todos e em que economias desenvolvidas e emergentes se unam em torno de uma estratégia comum, combinando capacidades e recursos em benefício da humanidade".

Citando as duas maiores economias do mundo, Guterres declarou que os Estados Unidos e a China têm a responsabilidade de "juntar forças" para tornar esse pacto uma realidade. "É a nossa única esperança de cumprir as metas climáticas. A humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer. Ou faremos um pacto de solidariedade climática, ou teremos um pacto de suicídio coletivo", argumentou. "As atividades humanas são as causas dos problemas climáticos. Portanto, a ação humana tem de ser a solução, de forma a restabelecermos ambições e reconstruirmos a confiança, em especial entre o Norte e o Sul", completou.

 

Adaptação

 
Para evitar um "destino terrível", Guterres disse que todos os países do G20 [grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo] devem acelerar a transição já nesta década. "Os países desenvolvidos devem assumir a liderança, mas as economias emergentes são também fundamentais para isso". Ele lembrou que, atualmente, há cerca de 3,5 bilhões de pessoas vivendo em países "altamente vulneráveis aos impactos climáticos" e que, durante o encontro de Glasgow, os países desenvolvidos se comprometeram a dobrar seu apoio à adaptação para US$ 40 bilhões por ano até 2025.

"Precisamos de um roteiro sobre como isso será implementado e devemos reconhecer que é apenas um primeiro passo, porque as necessidades de adaptação ultrapassam US$ 300 bilhões por ano até 2030", afirmou ao defender que metade do financiamento climático deve ser dedicado a medidas de adaptação. "As instituições financeiras internacionais e os bancos multilaterais de desenvolvimento devem mudar o modelo de negócios, fazer sua parte para aumentar o financiamento de medidas de adaptação e atuar como alavanca para mobilizar mais financiamento privado destinado à ação climática", acrescentou.

O secretário-geral ressaltou que os países que menos contribuíram para a crise climática têm "colhido turbilhões semeados por outros países". Ele se referiu assim a desastres ambientais potencializados pelas mudanças climáticas, causadas por outros países. "Em muitos casos, esses países são pegos de surpresa, impactados por eventos inesperados ou para os quais não haviam se preparado. É por isso que estou pedindo a cobertura universal dos sistemas de alerta precoce dentro de cinco anos. E é por isso que estou pedindo que todos os governos tributem lucros das empresas de combustíveis fósseis", disse.

Segundo Guterres, os valores arrecadados por meio dessas tributações devem ser direcionados aos países que sofrem "perdas e danos causados pela crise climática", à luta contra o aumento dos preços de alimentos e em favor do uso de energias renováveis. "A boa notícia é que sabemos o que fazer e temos as ferramentas financeiras e tecnológicas para realizar o trabalho. É hora de as nações se unirem para a implementação. É hora de solidariedade internacional. Uma solidariedade que respeite todos os direitos humanos e que garanta espaço seguro para os defensores do meio ambiente e para todos que venham a contribuir à nossa resposta climática. Não esqueçamos que a guerra contra a natureza é, em si, uma violação massiva dos direitos humanos".

Sobre os conflitos que estão ocorrendo no mundo – entre eles a guerra na Ucrânia –, o secretário disse lamentar o derramamento de sangue e a violência praticada. Ele, no entanto, ressaltou que esses conflitos não podem prejudicar as ações e os planejamentos para os problemas que envolvem a questão climática. "Não podemos aceitar que nossa atenção não esteja voltada para as mudanças do clima. É claro que devemos trabalhar juntos para apoiar os esforços de paz e acabar com o tremendo sofrimento, mas a mudança climática está em uma linha de tempo e em uma escala diferente. Essa é a questão definidora de nossa era e o desafio central do nosso século. É inaceitável, ultrajante e autodestrutivo colocá-la fora das prioridades", afirmou. Para Guterres, muitos dos conflitos atuais estão ligados ao crescente caos climático. "A guerra na Ucrânia expôs os riscos profundos do nosso vício em combustíveis fósseis, mas as crises de hoje não podem ser uma desculpa para retrocessos", concluiu.

*Com informações da Agência Reuters.

 

Quando seu negócio praticará Greenovation?


O conceito de inovação verde, apresentado por AMANHÃ há mais de uma década, se tornou ainda mais relevante com o agravamento das mudanças climáticas e a afirmação de uma agenda ESG 
 
A Ambipar entende que o papel do consumidor final é a chave numa economia circular em que o desperdício seja o mínimo possível

 

Em meados de abril, a companhia de gestão ambiental Ambipar anunciou a criação da Universo, um empreendimento pensado para ser uma espécie de show room de negócio sustentável. A ideia é comercializar produtos de uso diário desenvolvidos com materiais reciclados a partir dos resíduos provenientes de indústrias clientes da Ambipar. Também utilizará materiais originados de sua operação de pós-consumo, como na foto ao lado. A linha de produtos da nova empresa, que recebeu um aporte inicial de pouco mais de R$ 2 milhões, é ampla. Inclui luminárias de alumínio e plástico PET reciclados, shampoo e condicionador feitos das sobras de colágeno da indústria farmacêutica e o "ecoálcool" feito de rejeitos de açúcar, milho e arroz, por exemplo. Em sua linha têxtil, a Universo busca mostrar as possibilidades de fabricar tecidos a partir do uso de matérias-primas sustentáveis, como tecidos de casca de banana, amido de milho e plástico biodegradável.

Nas palavras do diretor executivo Vinícius Campion, a Ambipar entende que o papel do consumidor final é a chave numa economia circular em que o desperdício seja o mínimo possível. A Universo teria sido criada com o propósito de dar opções de consumo mais consciente para itens de casa e do dia a dia. "Desta forma, chegamos para ajudar a completar o circuito de economia circular com produtos atrativos e com design de alto nível, que capturem a preferência dos consumidores", diz Vinícius. Além de inovar na própria concepção do negócio, a companhia também trabalha para entregar produtos altamente disruptivos. "Já estamos trabalhando com modelagem em 3-D e impressão de objetos com fibra de amido de milho também em 3-D.A inovação de processos produtivos e uso de resíduos como matéria-prima é uma necessidade para podermos avançar no tema da economia circular", sustenta o executivo.

O case que abre esta reportagem revela que o conceito de Greenovation, antecipado por AMANHÃ há doze anos, não apenas tornou-se realidade, como se solidificou e mostra-se vital para os negócios. Ainda mais diante dos constantes alertas de organismos internacionais preocupados com as consequências das mudanças climáticas e seus impactos para o futuro do planeta. No livro Greenovate! – Companies Innovating to Create a More Sustainable World, escrito por Hitendra Patel, Tyler McNally e Ronald Jonash, que foi Capa de AMANHÃ em junho de 2010, o termo é definido como tudo aquilo que cria e captura valor ao atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. "A sustentabilidade passou do status de desejável para mandatório. O tema abordado em Greenovate era focado em inovações relacionadas a essa que até então era uma tendência macro e hoje já é uma realidade com todo movimento global em práticas ESG", sentencia Patel ao refletir sobre os ensinamentos do livro mais de uma década depois. "Observando um dos nossos programas globais, o Innovation Olympics, observamos uma crescente preocupação pela geração de valores sociais e ambientais nas soluções de inovação", revela. A percepção do especialista é uma unanimidade entre os acadêmicos e gestores ouvidos para esta reportagem.

 

Caminho sem volta

 
Para Luciana Hashiba, que se dedica à educação para inovação na FGV EAESP, já faz algum tempo que as empresas no Brasil têm dado mais atenção ao Greenovate. Ela, que é especializada na linha de gestão de operações e competitividade nos temas colaboração e desempenho, inovação e sustentabilidade, vem reparando especialmente em duas formas que as organizações têm encontrado para isso. "Um dos caminhos é remediar o que já está feito, ao reduzir impacto ambiental do que já existe. Outro é começar a desenvolver a inovação já partindo desses princípios, que é um pouco mais raro", situa. "Já existem empresas fazendo isso e outras terão de entender e começar a desenhar produtos e serviços preocupando-se com sustentabilidade", defende Luciana.

Outro incentivo tem relação direta com o caixa. A BlackRock, a maior administradora de ativos do mundo, com um recorde de US$ 10 trilhões sob gestão, desde 2020 coloca a sustentabilidade no centro da estratégia de investimento. E a partir deste ano, quem investir em fundos da companhia será informado do impacto do seu portfólio sobre o clima do planeta. "Cada vez mais fundos ou mesmo bancos na concessão de crédito, por exemplo, vão olhar com lupa alguns critérios para investir em empresas inovadoras. Um deles é ter práticas ESG comprovadas por métricas", prevê Philippe Figueiredo, analista da unidade de inovação do Sebrae Nacional. Na visão de Figueiredo, o processo inovador deve, inclusive, abarcar as vertentes Social (Social) e Governance (Governança), além de Environmental (Ambiental), que formam a conhecida sigla em inglês. "Ao se depararem no mercado com um celular inovador, os consumidores vão perguntar se ele é realmente menos impactante para o meio ambiente, quão ética é a fabricante em suas relações com a sociedade, se o board da companhia leva em conta a diversidade etcetera", enumera.

De acordo com o estudo A Evolução do ESG no Brasil, realizado pelo Pacto Global em parceria com a Stilingue, investimentos ESG estão no centro da estratégia das maiores instituições financeiras pelos próximos três a cinco anos. Além disso, tanto Millennials (nascidos entre 1981 e 1995) quanto membros da geração Z (até 2010) revelam forte interesse por investimentos sustentáveis. Nos últimos anos, 78% dos Millennials e 84% dos Zs declararam optar por esse tipo de aplicação. "Neste sentido, o clamor vem da maior percepção sobre o posicionamento e a responsabilidade das empresas acerca de problemas que atingem a vida cotidiana, como por exemplo as mudanças climáticas, a diversidade e inclusão, o apoio às vítimas de uma guerra, ou a mobilização pelo combate à pandemia", nota Fabrício Luz Lopes, gerente executivo de tecnologia e inovação do Sistema Fiep, do Paraná. "O que se destaca é a crescente busca por empresas capazes de gerar valor a partir de um propósito que faça sentido para sua cadeia, o que só é possível tendo a inovação e a sustentabilidade como nortes", diagnostica.

É o que pensa, também, André Pereira de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV. Especializado nas áreas de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável e sustentabilidade e inovação, ele prega um conceito mínimo para que determinado produto ou serviço seja considerado inovador. "Se inovar é fazer melhor, e creio nisso, é preponderante levar em conta aspectos ambientais e também sociais", opina. "Quando uma inovação qualquer entrega um resultado melhor, mas com efeito negativo do ponto de vista dos impactos na biosfera, não deveríamos levar em conta também este aspecto negativo?", questiona. Carvalho usa o exemplo da mobilidade nos grandes centros urbanos para embasar seu raciocínio. As SUVs, que costumam ter porte avantajado, além de interior espaçoso, são pouco eficientes sob o olhar da sustentabilidade já que utilizam combustível fóssil, são pesadas e utilizadas para levar, em média, uma pessoa de 70 quilos de um ponto a outro. "Naturalmente existe um componente mercadológico de inovação, mas será que uma cidade com mais SUvs é sustentável realmente?", pontua.

A locadora de automóveis Movida tem apostado na sustentabilidade como modelo de negócios. A companhia oferece carros elétricos na frota, hoje a maior de veículos de passeio 100% eletrificados do país (são cerca de 800 carros). "Acreditamos que o carro elétrico é, e será, o ponto central na revolução da mobilidade urbana. Nossa meta é eletrificar a frota em 20% até 2030 e reduzir em 30% a emissão de gases de efeito estufa", anuncia Renato Franklin, CEO da Movida. Para viabilizar o negócio, a marca inaugurou em São Paulo, em dezembro do ano passado, a primeira loja direcionada para o ecossistema de mobilidade elétrica, onde são disponibilizados carregadores rápidos e ultrarrápidos para os clientes. "Um dos próximos passos é expandir a frota de veículos híbridos e elétricos e instalações de carregadores para o Sul do país", antecipa. Outro projeto que vai ao encontro de soluções sustentáveis é o Movida Cargo, serviço de locação de veículos utilitários para empresas e que também conta com frota elétrica. O objetivo é impulsionar a mudança de cultura na sociedade, enxergando a mobilidade como peça de uma economia colaborativa e como instrumento de inclusão social, contribuindo para a geração de empregos. A Movida defende que toda inovação deve estar associada também à sustentabilidade. Nesse sentido, a companhia implementou processos totalmente digitais reduzindo a geração de resíduos. A retirada do veículo na loja passou a ser feito por meio da abertura de contratos pelo tablet, recurso hoje disponível em todas as unidades da marca. O resultado não poderia ter sido melhor: no ano passado, mais de 70% da receita da companhia nasceu de processos iniciados no meio digital.

As empresas estão gradativamente adicionando componentes de sustentabilidade aos seus produtos. Recentemente, a Ambev anunciou que o Guaraná Antarctica é o primeiro refrigerante no Brasil a ter toda a sua produção de garrafas com PET 100% reciclado. Já a cerveja Colorado lançou a primeira garrafa de vidro totalmente reciclada, em escala industrial, pois 100% do conteúdo utilizado para a produção da embalagem passa pelo processo de reciclagem. Ou seja, toda garrafa desse produto já foi uma garrafa antes. Esse feito é pioneiro pela complexidade do processo. Essa foi a primeira garrafa a utilizar 100% de cacos de vidro para sua produção (as garrafas tradicionais têm em média 50% de material reciclado).

A Nestlé é outra companhia que também tem feito progressos nesse sentido. A marca substituiu todos os canudos plásticos das bebidas por alternativas de papel, retirou o filme plástico externo da caixa de bombons Especialidades, criou uma embalagem para Nescau Orgânico que dispensa o uso de tampas plásticas e também lançou uma embalagem de sachê da marca Mucilon com menos plástico na composição e totalmente desenhada para ser reciclada. "São, todas elas, soluções que demandam investimentos em tecnologias que vão do redesenho das embalagens a ajustes de processos produtivos e equipamentos na fábrica", diz Barbara Sapunar, diretora de comunicação e sustentabilidade da Nestlé Brasil. A multinacional suíça tem o compromisso de reduzir e eliminar o desperdício na cadeia de embalagens e está intensificando suas ações para tornar 100% de suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025 – hoje, 97% das embalagens são desenhadas para serem recicladas ou reutilizadas.Mais ainda: ao lidar com alimentos, a companhia também consegue dar pitadas "green" ao portfólio. Nos últimos dois anos, a marca tem investido constantemente em inovações de origem vegetal. As cápsulas Nescafé Dolce Gusto, por exemplo, ganharam versões vegetais. Ainda em 2021, Kitkat trouxe ao mercado sua versão Vegan, o primeiro lançamento com certificado vegano da marca em uma versão com ingredientes à base de plantas e produzido com cacau 100% sustentável.

 Comportamento amigo do meio ambiente: campanha da Ikea destaca solução sustentável para móveis sem uso ou que necessitem de alguma reparação
 
 
 Plantando "inovabilidade"


Por vezes, estar dentro de uma cadeia industrial que naturalmente está em contato com o meio ambiente facilita a conexão com a inovação. Esse é o caso da Suzano, tido como uma referência pelos analistas entrevistados por AMANHÃ. Desde a criação da Suzano S/A em 2019, fruto da fusão da Suzano Papel e Celulose com a Fibria, a empresa que já nasceu como a maior produtora mundial de celulose adotou o termo "inovabilidade" que significa, segundo a própria companhia, "inovação a serviço da sustentabilidade", como recorda Cesar Bonine, gerente executivo de P&D da Suzano. "Quando analisamos as megatendências e a vocação e o papel que a Suzano tinha e tem para o planeta e para as mais de 2 bilhões de pessoas atendidas diariamente com nossos produtos, percebemos a importância da inovação e sua ligação direta com a sustentabilidade", conta. "Considerando a natureza do negócio, a árvore plantada, entendemos que a inovação e sustentabilidade estão totalmente conectadas", completa. Exemplo disso são os produtos que alinham conceitos de uso racional de recursos, como água na indústria e nos cultivos florestais, conservação ambiental, controle biológico de pragas e doenças, entre outras ações práticas que a empresa define como intensificação sustentável. "Isso faz com que maximizemos a produção, os recursos naturais e possamos disponibilizá-los para outros usos", detalha Bonine. Mais recentemente, com a demanda para substituição do plástico por soluções mais sustentáveis, a companhia iniciou um novo ciclo de desenvolvimento de produtos para esse fim, copos e canudos de papel e uma linha de embalagens flexíveis, tanto para a indústria de cosméticos quanto para a de alimentos. Esses novos desenvolvimentos estão alinhados ao compromisso de longo prazo de oferecer 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável, até 2030, para substituir plásticos e derivados do petróleo.

A Ikea, marca global de móveis e decoração, tem lançado mão do reaproveitamento de materiais, entre outras práticas ligadas ao conceito de economia circular, para cumprir a missão de oferecer design acessível à maioria das pessoas em todo o mundo. Em abril, a Ikea lançou na Europa uma campanha que tem por mote dar utilização a objetos de segunda mão, com o propósito de estimular os clientes a encontrarem uma solução sustentável para móveis de que já não precisam, ou que necessitem de alguma reparação. A iniciativa destaca os serviços de circularidade da marca disponíveis durante todo o ano. Um dele é a área circular, que permite ao cliente poupar no preço e reduzir no desperdício ao comprando artigos em segunda mão. Outro serviço é o programa segunda vida, por meio do qual móveis usados da Ikea podem ser revendidos pelo cliente, que recebe um cartão de reembolso e, também, o serviço de ferragens grátis em loja. "Queremos criar uma maior reflexão sobre a dinâmica de compra e venda, potenciando comportamentos mais amigos do ambiente ao prolongar a vida de móveis que temos em casa, dando-lhes uma segunda vida, ou encontrando a melhor solução para os nossos clientes", afirma em nota a AMANHÃ Mónica Sousa, responsável de marketing da Ikea em Portugal.

Praticar Greenovation não é só para os grandes. Duas empresas do Paraná mostram que é possível, sim, unir os conceitos de sustentabilidade e inovação, independentemente do porte. A Beckhauser Equipamentos Pecuários, de Maringá, adotou soluções que lhe valeram, no ano passado, o primeiro lugar na categoria micro e pequena indústria do Prêmio Sesi ODS. Além da estação de tratamento dos efluentes, a indústria implementou um sistema de reuso da água e de tanques para captação de água da chuva. Dependendo do fluxo das chuvas, o sistema permite uma economia de quase 600 mil litros de água por ano. "É uma inovação no processo produtivo que gera sustentabilidade ambiental e econômica", avalia Fabrício Luz Lopes, gerente executivo de tecnologia e inovação do Sistema Fiep.

A Tecnotam, fabricante de embalagens industriais de médio porte, com sede em Balsa Nova, é outro exemplo. Seu trunfo é ter desenvolvido a Be Back, uma plataforma integrada que possibilita controlar todo ciclo de vida das embalagens: envase do produto (produtor), utilização pelo cliente (consumidor), coleta e recuperação da embalagem vazia (recuperador) e seu retorno ao produtor. Nos últimos três anos foram contabilizadas mais de 50 mil embalagens que passaram pelo ciclo da logística reversa, evitando o descarte irregular e potenciais contaminações de solo e água.

Entre as startups, a sustentabilidade é um elemento inseparável dos esforços de inovação. Criada em 2018, a Athena Agro, sediada em Cacique Doble (RS), desenvolve soluções para a identificação de pragas através de inteligência artificial. Para aprimorar a tecnologia, atualmente busca investidores anjos – como são conhecidas as grandes empresas e clientes que firmaram parcerias com as startups para o desenvolvimento do projeto. "A sustentabilidade é um dos pilares da Athena. É a base fundamental, principalmente no setor do agronegócio", atesta Felipe Consalter, um dos fundadores e CEO da companhia.Um dos grandes objetivos da Athena Agro é reduzir o uso de defensivos na produção a partir de uma arquitetura de inteligência artificial e de redes neurais capaz de identificar as pragas através de imagens que utilizam a própria câmera do celular. Ao identificar a praga, o produtor recebe recomendações de como combatê-la. Concomitantemente, a empresa contratante ganha acesso a um mapa de incidência das pragas na região, podendo criar um plano de forma mais eficiente para reduzir os custos da produção e com defensivos menos lesivos ao meio ambiente.

Imbuída desta mesma visão, outra startup, a Data Ocean, fundada em 2020 em São Paulo vem avançando a passos largos em sua missão de desenvolver uma plataforma de dados para descomplicar a gestão de transportadoras, permitindo a elas redução de custos e ganho de eficiência. Um de seus fundadores, Marcos Antonio Amorim Filho, vê uma longa perspectiva de atuação à frente. "O setor de transporte é um dos principais emissores de dióxido de carbono no país. A ineficiência dele é gigantesca. Em média, 40% do transporte roda com caminhões vazios, simplesmente por ineficiência de logística", assinala. "Como temos acesso a todos os dados, calculamos qual é a emissão e a conectamos com empresas de crédito de carbono, para que as transportadoras neutralizem ali o CO₂", conta. Em resumo, a Data Ocean colabora de duas formas para incrementar a sustentabilidade do setor: possibilitando a compensação do crédito de carbono e, de outra parte, ao trazer mais inteligência operacional. "Permitindo mais inteligência de rota, a gente diminui a quantidade de veículo transportando de maneira desnecessária e ineficiente". Criada em 2020, a startup já passou por um processo de aceleração, na qual é cedido um percentual em troca de investimento e a capacitação dos empreendedores, além de receber um aporte de venture capital do Vale do Silício. Mais uma prova que inovar de olho na preservação do planeta traz excelentes resultados. Resta, agora, só perguntar quando seu negócio também será Greenovate.

 

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