O número é menor que os 5,79% registrados no ano anterior, e ficou abaixo do teto da meta pela primeira vez desde 2020.
A
meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado
ligado ao Ministério da Fazenda, para este ano era de uma inflação de
3,25%, mas com uma margem de tolerância que poderia ir de 1,5% até
4,75%.
Em dezembro, a inflação do país foi de 0,56%, sexto mês seguido em alta.
Tanto
o número do ano quanto o do mês vieram acima do esperado pelo mercado,
de 0,48% e 4,56%, respectivamente, segundo pesquisa da Reuters.
Transportes foram maior impacto do ano
O grupo de transportes teve o maior impacto anual na inflação do ano, quando a gasolina acumulou alta de 12,09%.
Com
o maior peso entre os subitens do IPCA, a gasolina exerceu no ano a
maior contribuição individual (0,56 p.p.) para o resultado geral. “Vale
lembrar que a gasolina teve o impacto da reoneração dos tributos
federais e das alterações nas cobranças do ICMS”, diz o gerente do IPCA,
André Almeida.
Dentro do grupo transportes, o IBGE destaca ainda as altas de emplacamento e licença (21,22%) e das passagens aéreas (47,24%).
Do
lado das quedas, o destaque fica para automóveis novos (2,37%), cujos
preços desaceleraram em relação a 2022 (8,19%), enquanto os dos usados
recuaram 4,80%.
“Como os preços dos automóveis subiram em 2022, o IPVA refletiu essa alta no ano seguinte”, diz André.
O segundo maior peso do índice foi o grupo de Alimentação e bebidas (1,03%), que tem o maior peso no IPCA.
Esse
grupo ajudou a segurar o índice de 2023, destaca André. “Houve quatro
quedas seguidas no meio de ano, o que contribuiu para esse resultado. A
queda na alimentação no domicílio reflete as safras boas e a redução nos
preços das principais commodities no mercado internacional, como a soja
e o milho”, diz.
No
grupo, o destaque fica para os preços da alimentação no domicílio
(-0,52%), com a deflação do óleo de soja (-28,00%) do frango em pedaços
(-10,12%) e das carnes (-9,37%).
Outros grupos de destaque no acumulado do ano foram Saúde e cuidados pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%).
Clima impactou preço de alimentos em dezembro
Todos
os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em dezembro. A
maior variação (1,11%) e o maior impacto (0,23 p.p.) vieram do grupo
Alimentação e bebidas, cujos preços sofreram com o clima.
“O
aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do
país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in
natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a
essas variações climáticas”, explica André Almeida.
O
especialista destaca a quinta alta consecutiva no preço do arroz, que
sofreu com o clima desfavorável, e o feijão, pressionado tanto pelo
clima adverso quanto pelo aumento do custo de fertilizantes.
O
grupo transportes foi o segundo maior impacto de dezembro, com destaque
para passagens aéreas (8,87%), que continuaram subindo pelo quarto mês
seguido.
Por outro lado, todos os combustíveis pesquisados
(-0,50%) tiveram deflação: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%),
gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).
“Pelo fato de a
gasolina ser o subitem de maior peso entre os 377 pesquisados pelo IPCA,
com essa queda, ela segurou o resultado no índice do mês”, ressalta
André. Em dezembro, os preços desse combustível caíram pelo terceiro mês
consecutivo.